12.3.06

Mestres do nosso tempo 1 - Shmuel Eisenstadt


Muito antes de se começar a falar em forças globais e globalização – muito antes quer dizer nos anos 60 – um então pouco conhecido sociólogo da Universidade Hebraica de Jerusalém, Shmuel Eisenstadt, nascido na Polónia e emigrado para Israel aos 13 anos, lançou um livro com um título não demasiado prometedor “Modernization, Protest, and Change (1966)” sobre a génese da modernidade.

Aí verificava que a maior parte do debate sobre a globalização, é extremamente desconcertante porque estava hipotecado a ideologias falidas ou obsoletas. Precisamente porque eram reconhecidas como obsoletas e falidas, tornavam-se super-estruturas de um outro discurso também estúpido e anti-científico mas que haveria de durar mais: o discurso sobre os interesses, do Estado, Classes, Multinacionais e Indivíduos.
A descrição do conjunto dos interesses torna-se a “geopolítica”. O erro do discurso “geopolítico” é que o inventário de forças e factos, maxime no factbook da CIA, é apresentado num vazio histórico. Este delírio geopolítico esquece a construção das identidades sociais.

A ideia nova trazida por Eisenstadt é que as forças globais em acção no mundo contemporâneo têm que ser situadas em termos históricos comparativos, em particular a força da modernidade. A modernidade não é uma época mas sim uma civilização que se combina com outras; a modernização não se identifica com uniformidade nem homogeneização mas apresenta-se divergente. Conforme esta nova abordagem, há características comuns atodas as modernidade, há a sua inter-relação com particularidades regionais, há antinomias internas que se desenvolvem e o resultado em processo é a co-existência de múltiplas modernidades. Assim nasceu o conceito de " múltiplas modernidades", segundo o qual cada civilização possui uma modernidade específica com acervos e fraquezas específicos.

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