20.9.07

Guerra Junqueiro e Hitler - AS RELIGIÕES POLÍTICAS

Num jornal de nome de prenúncio fascista, " Pátria" Nova". 16-2-1908 Guerra Junqueiro publicava um elogio aos regicidas com um estilo próprio do melhor Hitler em Munique com os seus discurso Blut und Erde. Cá temos a versão lusitana das religiões políticas, a religião civil republicana com este Hino de Guerra Junqueiro ao "ódio e ao sangue purificador do solo".
A violência nazi é incomparavelmente maior nos actos. Mas a violência verbal de Junqueiro é muito superior. "Brandos costumes? " País de Poetas?"

"O partido republicano nem organizou nem aconselhou o atentado. O atentado foi obra única de dois homens. E contudo, as balas de morte partiram da alma da nação. Foi um atentado nacional. Um raio esplêndido e pavoroso, exterminador e salvador. O raio condensou-se em duas almas, apenas, mas a electricidade que o gerou saiu da alma de nós todos. Todos nós somos cúmplices"." Lamento de olhos enxutos, a execução do monarca. Mas, se tivesse o dom de o ressuscitar, não o levantaria do seu túmulo. Deploro, angustioso, a morte do príncipe. E diante do cadáver dos homicidas, descubro-me, ajoelhando-me, com frémitos de terror, lágrimas de piedade, e , porque não hei-de confessa-lo? de admiração e de carinho. Mataram? é certo. Ferozes? sem duvida. Mas cruéis por amor, ferozes por bondade. Os que matam por amor, sacrificando o próprio corpo, são duros, mas são bons.Abjectos e miseráveis são os que por egoísmo e covardia, calando e cruzando os braços, deixammorrer os inocentes. São heróis os dois regicidas portugueses. Libertaram, morrendo, sacrificando-se. Idealidade, valor, desinteresse, abnegação. Heróis. Mataram um grande criminoso e o seu filho inocente. É horrível, mas para eles, na sua concepção da historia, materialista e fanática, o filho do Rei era a vergôntea da arvore, e a arvore de má sombra, queriam corta-la pelo tronco. Ideia barbara e cruel. Mas a violência desumana do acto formidável, remiram-na os algozes heróicos, lavando com o próprio sangue, o sangue inocente que verteram. mataram com atrocidade, e com atrocidade forammortos. Expiaram a dívida, purificaram o acto. E o solo assim purificadosurge-nos grande e luminoso, na essência intima. Deu-nos a paz que fugira da Pátria. Deu-nos a alegria que se evolara das almas. Libertou-nos, harmonizou e serenou. Hoje, nesta hora de liberdade e clemencia, pode dizer-se que são eles os dois regentes do Reino."

4 comments:

Luís Aguiar Santos said...

É o texto de um louco e não há muito mais a dizer.

mch said...

Mau cro luis Aguiar:
Voce está completamente errado nessa avaliação do Junqueiro. O probelma não é se ele é louco; é se é louco o pais que o escutou "religiosamente". Durante dezenas de anos, o país esteve suspenso do verbo inflamado do vate republicano, seguia-lhe as pisadas e desde 1890 que ele incitava a que o caçador simão fosse caçado... Até o Sérgio sentiu necessidade de rebater Junqueiro; e use o fernando catroga - rebatendo-lhe os rpessupostos- para saber o que foi a religião civil republicana en portugal

Luís Aguiar Santos said...

Concordo, mas uma coisa pressupõe a outra. Não sei se percebi a menção à religião civil republicana e ao Fernando Catroga.

Anonymous said...

A religião civil republicana ainda existe e de que maneira, um pouco à maneira da França, diluindo-lhe uns poucos de pirinéus por cima. Apresenta sinais de robusta artrite, e reúne em patuscadas solenes uns quantos vultos que se sentem grão-sacerdotes do ideário republicano.
A "religião da pátria" foi (retomada, relançada) pelos entusiastas à roda da vermelha e verde bandeira, e tem o seu Credo no Hino Nacional, bastante suicida e tremendista, em sintonia com o pathos heroicista da era, de resto. Grande charanga melodramática para activar a adrenalina nacional gasta por séculos de sifílis hereditária e alcoolismo crónico e consanguinidade escalante, além de muita falta de letras e de higiene elementar do corpo, das emoções e da fala.
Não é que eu seja adepto do sistema monarquico, mas reconheço que os últimos Reis foram dos melhores que tivemos. Guerra JUnqueiro para profeta da república tinha barba qb e alguma pose, mas neste texto vê-se forçado a quadrar o círculo para justificar o que foi de facto um crime.
Eu gostaria que a República tivesse nascido doutro modo, não digo mais brando, apenas não criminoso. A sua fábula de expiação do sangue pelo sangue cheira a velha treta antigo-testamentária, a códigos aracicos de honra mafiária.

Feroz? Ser feroz por bøndade, matar por amor, não é bondade nenhuma nem amor nenhum, é claramente psicopático. Por isso acho que o Guerra Junqueiro como diz o sr. Aguiar estava doido, e o MCH também tem razão, o país estava doido, e não menos furiosamente do que ele.

O pior é que continua.

Salema Seabra