20.3.08

Dois Pensadores

Hoje, dia dos tambores de guerra do Iraque, quero comemorar Agostinho da Silva, um profeta da paz messiànica. E porque ele não está isolado, vou buscar o que já escrevi em Aproximação e um outro avatar da sabedoria ocidental - Bernnard Lonergan"Homenagear Agostinho da Silva é combater este apartheid entre filosofias e entre filosofias e outros saberes. E em homenagem a Agostinho da Silva proponho-me aproximá-lo a um outro grande pensador, Bernard Lonergan, também à margem da tradição académica dos professores de filosofia e dos filósofos profissionais. Ambos são provocadores de ideias mais do que doutrinadores, e ambos assumem a tradição originária de apelo à sabedoria que é inseparável da experiência humana.São dois pensadores com percursos muito diferentes ­- dir-se-ia o dionisíaco e o apolíneo - mas também com muitos paralelos. O português que vai para o Brasil que é “Portugal à solta” e que regressa ao solo físico da pátria de onde nunca saiu espiritualmente. O canadiano que vem para a Europa em Inglaterra e Roma, onde adquire o saber que levará de volta para as Américas. O leigo que faz figura de profeta espiritual e o sacerdote que escreveu uma melhores hermenêuticas das ciências humanas. E nas suas diferenças, ambos peregrino por uma verdade maior.Sobre Agostinho da Silva creio que, neste Congresso, nada é preciso acrescentar mais que uma sua conhecida e deliciosa auto-definição: «Claro que sou cristão; e outra coisas, por exemplo budista, o que é, para tantos, ser ateísta; ou, outro exemplo, pagão. O que, tudo junto, dá português, na sua plena forma brasileira».Sobre Bernard Lonergan cuja obra Inteligência; um ensaio sobre o conhecimento humano, aqui anuncio como em vias de ser publicada em português, introduzo-o de uma forma ingrata às reputações contemporâneas: um sacerdote jesuíta, um professor da Universidade Gregoriana, um canadiano formado na velha Europa mas que pede que cada um de nós pense por si mesmo. "

2 comments:

Anonymous said...

Caro MCH,

"Português na sua plena forma brasileira?" diz o Agostinho com um desejo óbvio de ser universalista ou melhor dito, global e tentacular.Mas penso que seria talvez melhor que nós seguíssemos o contrário: "brasileiro na sua plena forma de português".

A verdade é que a língua é nossa, o som é deles, podem adaptá-la e tudo o que quiserem, mas não nos façam devir brasileiros. Há uma certa preséance e précedence que sem tem de seguir, senão o ecletismo à outrance prima e poderei dizer que sou alfacinha com inspiração de Kiev mas sobretudo Chelsea Borough com tendência Vénus. Ou seja n'importe quoi.

Com os melhores cumprimentos,

Gonçalo Viot de Sousa Mascarenhas

mch said...

É, concordo...Há precedências! A vantagem de Agostinho é também a sua fraqueza.