5.8.05
Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Coimbra!
O Sr. Luís Coimbra (PPM): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ao ser aqui evocada a tentativa revolucionária do 31 de Janeiro, o Partido Popular Monárquico não pode deixar igualmente de referir o significado desta data.
Portugal vivia em 1891 ainda sob a indignação provocada pelo ultimato que ameaçava o nosso Império Ultramarino e - ironia do destino - no próprio dizer desse notável causídico republicano que foi João Chagas, tinha sido, aliás, este acontecimento «... a causa única do movimento revolucionário do Porto, que sem ele nem encontraria medo idóneo em que se consumasse, nem agentes que o provocassem».
Nesta data, saudamos, porém, simbolicamente, nas pessoas do alferes Malheiro, de Basílio Teles, de Sampaio Bruno, do Dr. Alves da Veiga, de Miguel Verdial a Santos Cardoso, a inteligência, a argúcia política, a própria irreverência dessa geração de republicanos impolutos.
Todos eles acreditavam, de acordo com as suas convicções, que a implantação da República seria a melhor maneira de redimir a Pátria da incapacidade e inépcia reveladas por muitos dos políticos de então, de a libertar da corrupção que se instalara na administração pública, da confusão generalizada, estupidamente tantas vezes assacada aos «excessos» de liberdades que a monarquia constitucional proporcionara.
Triste ilusão!
Os homens do 31 de Janeiro não podiam prever que passados dezassete anos da sua tentativa revolucionária e em nome dos seus «ideais, um chefe do Estado e um grande português - el-rei D. Carlos I -, fosse (barbaramente assassinado por dois energúmenos, faz amanhã, dia 1 de Fevereiro, setenta e três anos acontecimento esse, que como os Srs. Deputados sabem, na altura enlutou a Nação inteira.
Os homens do 31 de Janeiro não podiam, de facto, prever que em tão curto espaço de tempo de vigência do regime pelo qual se tinham batido, e sob de, Portugal! viesse a sofrer o mais longo período de ditadura que a nossa história de oito séculos de liberdade regista.
Desinteressadamente esses homens valorosos do 31 de Janeiro, prelúdio do 5 de Outubro de 1910, arriscaram a vida apenas movidos pelos seus ideais, tal como muitos daqueles que em 16 de Março de 1974 avançaram das Caídas da Rainha para Lisboa em busca de um 25 de Abril traído pela revolução do quase-nada e das reformas de coisa nenhuma.
E estes, e aquedes que hoje evocamos, não podiam igualmente prever as arbitrariedades, a corrupção, as mentiras, a falta de patriotismo quando não a traição que tem caracterizado em muitos aspectos os últimos anos do regime implantado em 1910.
Mas a História acontece e só acessória ou posteriormente se faz dela juízo,
Por isso, a todos os adversários ou até mesmo aos nosso aliados que estão convictos dos seus ideais e da grandeza das suas intenções, como era o caso dos revolucionários do 31 de Janeiro, nós, populares monárquicos, manifestar-lhes-emos sempre a nossa consideração, já que é também pelo seu exemplo que cimentamos a certeza da razão do nosso combate, por um Portugal mais livre, mais justo, unais prospero e mais universalmente português. E daí, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a nossa homenagem sincera aos homens do 31 de Janeiro de 1981, efeméride aqui hoje evocada.
Intervenção na AR 1980-01-31