2.2.07

Morte ao comum dos Comunismos, por Pedro Cem

Aprendi em tempos as virtudes do Comunismo. Os seus ideais. A inutilidade de Ter. A sua imitação dos primeiros cristãos primitivos, a imitação da tribo que fomos durante milhares de anos, quando não havia nem Cristo, nem Buda. Depois percebi como a Violência, na Natureza, vem pintada de belas côres. Não aprendi nada de novo. Desaprendi apenas e, lavado, não encontrei roupa nova para substitutir a velha. Como as tribos dos reinos Hausa e Yoruba, depois de exterminadas pelo holocausto da escravatura negreira, não me restou senão fugir para a floresta e cobrir-me com ramos e folhas. Euhp!
Agora foi-nos imposto discutirmos a Vida. Num Mundo que queimámos e secámos, os mesmos que o fizeram impõem-nos agora regras milimétricas para segurar o pouco de frescor que o Mundo tem: a Ecologia. Depois de nos drogarem com tabaco, de exterminarem 60 milhões de boxers chineses que, em 5000 de História, nem imaginavam o que era fumar, podemos ser reduzidos à miséria por ser apanhados a fumar. Arghh! Depois de nos tirarem das nossas terras e dos nossos mares, de nos pôrem a viver numa colmeia humana e darem-nos um carro potente, temos que comprar um carro ainda mais potente e arriscar mais ainda a vida, diariamente, numa corrida de automóveis só para nos podermos alimentar.
Impõem-nos uma discussão sobre o direito à vida. É justo desencadear Guerras civis entre gente de outro sentir, onde morrem milhares só porque entendemos que as Mulheres deles estão oprimidas? É justo levar a Democracia e a Liberdade a outra gente que vê as coisas ao seu modo, desde há milhares de anos, e impô-lo à custa de milhares de mortos? É justo certificar a declaração de um indivíduo adulto que exige que lhe forneçam os meios para morrer? É justo impôr a relação sexual como elemento obrigatório da vida e, depois, relativizar quando começa a idade de ter sexo e de que tipo de sexo se trata?
A vida pode nascer numa proveta. Os cientistas que não se importaram de dotar o Mundo com armas nucleares capazes de destruir várias vezes a Terra, de criar fábricas que fazem desaparecer, em meses, animais que existiam na Terra há milhões de anos, que nos enchem de cancros e doenças incuráveis e que podem agora sintetizar num Laboratório formas de vida, são eles que dizem o que é ou não é vida humana.
Juntam-se uns cidadãos. Gritam e dizem que eles têm o direito de dizer quando começa a Vida e, amanhã, quando termina. Formam um Partido, vão a eleições, a sondagens, a Juristas, legitimam-se para fazer Leis e prendem a atenção dos nossos sentidos cansados, onde antes a Noite impunha o silêncio e decretava o sossego. É este o milagre e a maravilha! A Noite se faz dia!
Por causa de uma minoria de mulheres que tiveram de passar pelo sofrimento do Aborto, a esmagadora maioria das mulheres e das crianças que um dia serão mulheres ou companheiros dessas mulheres, são obrigadas à possibilidade de praticarem a destruição de uma possível forma de Vida Humana! A humanidade já não defende a Vida? A Vida abandonará a Humanidade. Irmão lôbo, que me acompanhaste pelo deserto e pela savana, em milhares de anos: por favor protege a minha tribo.
Por causa de pessoas que passaram pelo sofrimento de serem infelizes, a esmagadora maioria da Humanidade que procurou a sua forma de ser feliz, em simbiose com as outras criaturas da Natureza que a rodeavam, com os Mares e nas Terras em que se encontravam, têm de passar pelas mesma infelicidade de alguns e, por meio da Guerra, do deserto e das bombas, têm de ser livres à força! Por causa do horrível sofrimento de nossos irmãos que sofrem doenças incuráveis do corpo e do espírito, a esmagadora maioria da Humanidade tem de passar pela mesma dor, porque assim é ser livre, assim, é partilhar democraticamente as riquezas que uns têm, com aqueles que não têm, assim é ser Moderno, assim é Belo e obrigatório!
Quem discute a Vida admite que da discussão pode sair o direito a impôr a pena de morte esquecendo-se que o dom de discutir foi-lhe dado pelo dom da vida. Um feto vale menos que um cão, um pai biológico pode não ser pai, uma mãe hospedeira é apenas um armário. Admirável mundo Novo! O Dia se fez Noite!
Senhores, eu que sofro até à loucura, que não distingo a mão Direita da Esquerda, que já nem sei o meu nome, que tenho a Vida por um fio e que, se morrer agora, ninguém se lembrará de mim, não posso acreditar no vosso Paraíso. Porque o Sol se parece levantar todos os dias, sempre das mesmas maneiras, não reconheço à vossa vontade o direito de decidirem por todos nós quando e de que modo a vida de um feto, qualquer que ele seja, vai ter de terminar, mesmo que não passe de um verme sem autonomia. De que modo? O modo da Liberdade com que vocês me sujeitaram às mais bárbaras brutalidades no Passado, porque assim quisestes e assim vos apeteceu.
Com a voz que me resta, pobre bêbedo andrajoso grito o que sei: Morte ao Truísmo! Morte ao ismo! Morte ao Comum dos Comunismos!
E pego fogo a mim próprio, transformo-me em facho a arder na noite escura como o rato que vocês, miseráveis sádicos, regavam de gasolina quando eram pequenos e incendiavam pela lezíria abaixo!

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