18.11.06

Aforismos em Novembro, por Pedro Cem

1- Quando a Amnésia o atacou, voltou a arranjar um Ideal pelo qual viver e morrer. Se se voltou a esquecer de alguma coisa, nunca mais se esqueceu do principal.

2 - A linha da sua vida sofreu muitas quebras. Mas sempre que a olhava, mudava de plano onde a linha se reflectia e, por isso, linha mais recta que aquela, não havia.

3 -- Quis ser filósofo para triunfar na vida. Desperdiçou o Saber que estava todo escrito antes, o qual era o chão do lago, cuja superfície lhe reflectia o rosto.

4 -- Do geral para o particular, e vice-versa, é como antes para depois e vice-versa.

5 -- A força da democracia não é democrática. Espalha-se porque é invejada. Retrai-se se é imposta.

6 -- Porque me reservo o direito extremo de matar, não posso concordar com o Aborto.

7 -- Quem reflecte, perde sempre a primeira e a segunda votação.

8 -- O meio-caminho entre o zero e o infinito é o maior número que se conseguir imaginar, porque imaginação também tem sono e, a certa altura, não diz nada de jeito.

9 -- A média de tudo não cabe em tudo. E quando a metem lá, explode com tudo.

10 -- A Liberdade como um fim em si é igual à Ditadura do Paradoxo.

11 -- Na Internet falta a Comunicaçao não-verbal. Na rua, falta a comunicação verbal. Na Internet viciamo-nos em nervoso miudinho. Na rua, viciamo-nos em miudinhas pelo que a Internet acabará transformada numa rua de lanterna vermelha.

12 -- Se cada instante, olhos nos olhos, pode mudar a Eternidade, é melhor que aprendamos a perder em tudo o que não forem instantes, para podermo-nos fitar, olhos nos olhos.

13 -- Um disparate é um bom despertador. Um disparate continuado é como um biombo entre nós e uma tarde clara. Guardar uma tarde clara no pensamento é como querer meter um biombo entre a Terra e o Sol e, por isso, os iluminados vivem em eclipses.

14 -- Entre Ségolène e Sarkozy, qualquer pessoa honesta vota em Le Pen.

No comments: