Paulo Borges, especialista de Agostinho da Silva e Presidente da Comissão para a comemoração dos cem anos do seu nascimento, deu recentemente uma conferência sobre o tema, a que assisti. Paulo Borges é uma pessoa atenta aos sinais dos tempos e sensitivo. A mensagem que passou foi a deste seu mestre, ou seja, a de que em tempos e civilizações onde se não perde tempo e se acumulam riquezas, era bom optar por uma filosofia de vida mais lúdica, mais aberta ao imprevisível. Muitas coisas se disseram mais e esta divulgação, aqui simplificada, do pensamento de Agostinho da Silva, sugere-me que Portugal poderá encontrar nesta corrente uma forma de flutuar num tempo em que o país pode ser abertamente vendido, apesar da sua antiguidade histórica e densidade pré-histórica. E é, portanto, uma filosofia que se despoja em busca de uma resposta ou que abandona a busca técnica dessa resposta. Vejo, nos tempos que correm, um soberano riso, vindo de quem não se submete a um destino ignóbil mas vejo também quem se possa aproveitar da mensagem para investir no ignóbil. Sim, porque alguma gente tem-se sistematicamente comportado de um modo lúdico na sociedade portuguesa, embora prevendo com um cinismo assutador todos os imprevisíveis.
Não esperemos, portanto, desta vida além da morte de Agostinho da Silva, algo muito inovador quanto aos caminhos que Portugal tem percorrido, sobretudo em tempos de crise. Mas pode ser uma excelente técnica para nos furtarmos decididamente de Agressões brutais que aí estão nos invadindo.
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