6.11.06

A garra do Escorpião, por Pedro Cem

Afinal havia outra, canta uma das Cantoras mais marôtas dos nossos Verões... será a Celeste Saudade ou a Mónica Sintra? E com melopeias lá seguimos o flautista louco, tudo em fila, aos saracoteios. Afinal, além do Saddam que guerreou o Irão prêto e religioso, com armas ocidentais, até alinharem um milhão de mortos, há também o Kim Tira-a-mão-do Pudim, na Coreia do Norte. A diferença não é no bigode. É que o Kim, em vez de petróleo, tem vazio gelado. O Saddam, em vez de vazio, tem petróleo ardente. E a lição é simples, qualquer um a aprende: se tiveres uma bomba atómica, mesmo pequenina e fores suficientemente maluco e determinado para a atirares, ninguém se vem meter contigo. Pedes desculpa ( sem que ninguém ouça) dizes que queres voltar a negociar e até decides quem é que se senta ou não à mesa. Se não tiveres a bomba atómica, invadem-te o país, soltam a besta nas tuas ruas e ainda acabas num Tribunal a amaldiçoar o Juíz, com vista para uma fôrca. A lição está dada. A virtude é a vantagem do mais forte. Virtude é o nome do mentiroso mais ligeiro. Eu tenho a impressão que Dirigentes como Madeleine Albright, que se repescam agora dizendo até que acharam Kim Tira-a-mão do Pudim inteligente, são personagens do "Sexo e a Cidade". Dá-se-lhes um empurrão e desfazem-se em vermes. Só nos faltava que sejam eles a alternativa.
Mas a lição tem outra, por trás: se a alternativa é entre a Tortura do Sono e uma Pesadelo acordado, então um país que tenha riquezas naturais é maldito e outro, que não as tem, é um condenado. Tirem-me deste filme de Terror! Qualquer pretexto é bom para fazer um Homem sofrer, na fôrca... além de execuções só há condenações. Vivemos na Idade do Assassínio e os prazeres ecológicos que nos prometem só acredita neles, quem é louco. É sim senhor, é tempo de nos deixarmos da palhaçada a que chamamos Ciência e encararmos a sério um saber mais antigo, que nos diz que estamos na Idade das trevas, com ou sem Bush. A Democracia é a Besta e a Liberdade é a Morte. Se quiserem um termo de comparação para se aperceberem que estão nas trêvas, fechem os olhos e sonhem ainda com um Amor amigo e carinhoso, com um dia de Sol, que a todos alumia, com um rio de água que se pode beber e um vento que se pode respirar. Sonhem com um bébé nos braços, um cão e um gato pousados nas vossas pernas. Não temos todos direito a isso? Temos mas estragámos tudo com a maldita música dos flautistas loucos, por queremos algo mais no Universo, uma musicazinha.
Sim, Saddam não pode ser morto. É preciso que se rquebre o círculo inconsolável. Eles queriam também matar o Fidel Castro, o Putine, o Mugabe, o Kadhaffi só para depois podermos desejar fazer o mesmo ao Bush, ao Blair, ao Howard e aos outros. Um eterno desejo de vingança a que chamam liberdade a quem agora têm o topete de chamar justiça. Por esta vingança até se fazem filhos, quando o melhor, assim, era nunca os fazer, bébés que nascem como bolas de fogo.
Dar um mínimo de crédito à Administração que depois da Guerra Irão-Iraque ( um milhão de mortos) provoca uma Guerra Civil iraquiana que já vai num número quase igual, é aceitar sujeitá-la a sufrágio, como quem aceita concorrer à Câmara Municipal contra o Imperador Nero, na lista A e o Procônsul Pilatos na Lista B.
Tratam-se de heréticos, presos de alucinações diabólicas na contemplação de imagens religiosas, ao entrarem nas capelas da idade Media, que estão hipnotizados, seguindo o flautista louco que os conduz à terra originária dos servidores do Inferno e pelo qual estão fascinados: o Irão.

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