27.11.06

Manuel Alegre e Dom Duarte juntos «sem complexos»

Apresentação de biografia política

«Valores nacionais comuns» levaram o ex-candidato à Presidência da República a apresentar a biografia política do pretendente ao trono de Portugal. Contra os «tabus em democracia», o republicano Alegre não é contrário a um referendo sobre a monarquia.
Um republicano entre monárquicos. Manuel Alegre apresentou esta quarta-feira em Lisboa a obra Dom Duarte e a Democracia – uma Biografia Portuguesa, de Mendo Castro Henriques.
«Com gosto» e «sem complexos», o candidato às últimas presidenciais esteve no Chiado alegando «valores nacionais em comum» com Dom Duarte. Os valores, segundo Alegre, daqueles «que não precisam de sondagens para saber se querem continuar a ser portugueses».
Na cerimónia, onde estiveram presentes Dom Duarte e Isabel de Herédia, o socialista disse que se vive «um momento em que são precisos patriotas que saibam renovar e afirmar os valores permanentes de Portugal».
Em sintonia, Dom Duarte disse que «os valores patrióticos não são um monopólio da Monarquia ou da República, da Esquerda ou da Direita». O pretendente ao trono português declarou que se deve questionar «que futuro se quer para o país, se queremos ser uma região dentro de uma federação qualquer, ibérica ou europeia» e frisou o valor da independência nacional.
«Basta perguntar aos bascos e aos catalães se não querem ser independentes. Nós que temos a independência, temos o dever de defendê-la», declarou.
Ao apresentar a obra, Manuel Alegre declarou-se «surpreendido» por alguns aspectos da vida de Dom Duarte Pio, como o facto de o pretendente ao trono ter estado em Saigão nas vésperas do 25 de Abril, de onde enviou um documento em que manifestou o seu apoio ao Movimento das Forças Armadas e à Junta de Salvação Nacional.
Alegre mostrou-se de acordo com Dom Duarte e Mendo Castro Henriques ao partilhar as «inquietações» acerca do peso dos poderes económicos no processo da globalização que, segundo o socialista, geram um «grave risco de ruptura do contrato social».
Contudo, quanto a outra «inquietação» de Dom Duarte, a União Europeia, Manuel Alegre diz que Portugal «não tem outro caminho senão manter-se no centro das decisões».
O socialista aproveitou a ocasião para recuperar uma frase proferida durante o último congresso do seu partido. Alegre criticou novamente o Tratado de Maastricht, ao dizer que o documento «nos obriga, para reduzir o défice orçamental, a tomar medidas que não permitem resolver outro défice, o social».
Já o autor da biografia editada pela Bertrand, Castro Henriques, disse que os portugueses têm que estar «preparados para as surpresas da História».
«Os mesmos que nos vendiam o Fim da História impõem-nos agora o Choque de Civilizações», ironizou Castro Henriques.
No final da apresentação, Dom Duarte fugiu aos autógrafos e às dedicatórias, para celebrar em privado o 40º aniversário de Isabel de Herédia.

pedro.guerreiro@sol.pt
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=10566


2 comments:

Anonymous said...

BOA!

Anonymous said...

E como compatibilizar isto com Teixeira Pinto no Porto? É a aliança do martelo e do cifrão?