30.11.06

D. Duarte e a Democracia, por Luís Aguiar Santos

O livro D. Duarte e a Democracia – Uma Biografia Portuguesa, de Mendo Castro Henriques, foi apresentado em Lisboa por Manuel Alegre e no Porto por Paulo Teixeira Pinto. Creio poder afirmar que a escolha destas duas personalidades para o lançamento do livro pretendeu demonstrar que o Duque de Bragança pode unir aquilo que é aparentemente contraditório. Não menos importante é a sensação, transmitida por estes eventos, de que é possível entre nós vencer os velhos facciosismos de que se alimentam as falsas causas e os pequenos ódios históricos que envenenam a nossa relação com o passado e uns com os outros.

Daquela possibilidade foi exemplar o discurso proferido pelo ex-candidato presidencial socialista no Teatro Gymnasium, no Chiado, a 22 de Novembro, desmistificando ideias feitas sobre o senhor D. Duarte e, em grande medida, sobre a memória histórica da instituição real e o seu significado na actualidade. É rara a capacidade demonstrada por um republicano socialista como Alegre de dizer o que, estranhamente, mesmo entre alguns “monárquicos”, nem sempre parece muito evidente: que o herdeiro da Coroa de Portugal encarna tanto uma tradição dinástica quanto uma tradição de liberdades civis e políticas, nomeadamente aquelas que, aperfeiçoadas sob a monarquia ao longo do século XIX, a república autoritária de 1933 se esforçou por denegrir, desprestigiar e fazer esquecer – o Estado de Direito, as liberdades de expressão e de associação, o moderno parlamentarismo ou as eleições pluripartidárias.

No discurso de Alegre, tal como na nova biografia por si várias vezes elogiada, ficou patente que o Duque de Bragança tem sabido manter a causa real acima de facções – mesmo de facções monárquicas –, apenas se comprometendo com aquilo que entende ser o interesse nacional e esse património já antigo, embora não contínuo, de direitos, liberdades e garantias. Independentemente das preferências de cada um relativamente à forma da chefia do Estado (electiva ou dinástica), um retrato mais claro do Duque de Bragança e da causa real nele encarnada podem agora colher-se no novo livro de Mendo Castro Henriques – e no discurso de Manuel Alegre.

5 comments:

Luís Aguiar Santos said...

Um abraço, Mendo.

JSM said...

Aproveito para dar os parabéns ao Autor pela iniciativa do Livro, aliás amávelmente anunciado em devido tempo.
Também concordo com o sentido deste postal: não podemos fazer duma coisa positiva, uma coisa negativa.
A monarquia surgiu na história para incluir, não para excluir.
Saudações monárquicas.

JSM said...

Aproveito para dar os parabéns ao Autor pela iniciativa deste Livro, aliás, em devido tempo anunciado.
Também concordo com o sentido deste postal: não podemos transformar uma coisa positiva, numa coisa negativa. A monarquia surgiu na história para incluir, não para excluir.
Saudações monárquicas.

mch said...

Caro Interregno. Esse propósito de incluyir é o que passou a animar O Blog das Causas. Veja, divulgue. Mande coisas,
Abraço

Anonymous said...

Mendo,

Eu também me tenho esquecido ( na verdade esqueci-me) do Blog das Causas.

Um feliz Primeiro de Dezembro.

André