18.11.06

Velhos são os trapos, por Pedro Cem

Se a coligação de Centro-Direita vencer as eleições na Holanda, na próxima semana, as poucas holandesas que usam burka, não poderão andar vestidas assim, na rua. Isto tornará a Holanda, o país com a legislação mais restritiva de toda a Europa, sobre o assunto. Qual assunto? Uns dirão que é o fundamentalismo islâmico, outros que é o dos hábitos de vestir de algumas pessoas. A Holanda já tem uma lei avançada sobre a Eutanásia e legalizou um Partido, o NVD, que defende a pedofilia, além de ser o único país da Europa onde se podem vender legalmente drogas leves, em pequenas quantidades. Em Portugal, a Imprensa e a atenção, voltam-se para o referendo sobre o direito de abortar até às dez semanas.

Como o tempo mudou! O tempo em que se tinha de entrar em certos lugares só com gravata e aquele em que se não podia dar um beijo em público ou ir nu para a praia. Em certos lugares em França, as moças muçulmanas, não podem entrar com o jilbad, uma espécie de túnica, em vez do uniforme. Em Inglaterra, a Professora -- aliás competente -- que usava o hijab, ou lenço que só deixa ver os olhos, foi suspensa do trabalho e perdeu a acção em tribunal.

Está visto que estas orientações contraditórias não podem prevalecer. Mas a Lei muda ao sabor das maiorias políticas, nunca houve tantas Leis a dispôr sobre tantas coisas e também nunca houve tantas práticas que prosseguem independentemente da Lei, nomeadamente o negócio rendoso de importar subdesenvolvidos para todos os fins: trabalho escravo, prostituição, transplantes, pedofilia, solidão.

O primeiro remédio que se afigura para isto, não é fazer uma discursata sobre os "limites da Liberdade", ou sobre os limites da Lei. Há que encarar de frente a fonte de todas estas coisas. Os Muçulmanos dizem buscá-la em Deus, conforme a Lei revelada no Corão e na sua Tradição e nós (quem somos nós?) no palavreado e num turbilhão de sensações e subsídios que mudam mais rápido que a própria sombra. Sim, senhor, pois o que falta mesmo é a vontade de um Rei, nesta Nação, que dissesse o que lhe agradava e o que lhe desagradava. E que fosse essa a expressão da Nação.

A unidade da expressão, quando fosse necessária ( e isso notar-se-ia por formas democráticas e não democráticas que fossem reconhecidas não apenas por nós mas também pelos nossos antepassados) havia de se pronunciar, estabelecendo o ponto a partir do qual funcionaria o bom-senso. Quem não quer admitir o uniforme de um colégio, funda outro colégio. Quem não quer endossar o uniforme das Forças Armadas, faz objecção de consciência. Mas quem quer andar nu pela rua, alargue a sua sensibilidade e descubra por que é que isso pode magoar os outros. Quem quer andar todo coberto pela rua, que ande, excepto quando a Autoridade lhe exigir a identificação, podendo esta aceitar certa especialidade de tratamento se tiver tempo e meios para isso.

Num mundo ao qual se dá a volta em 24 horas, as distâncias têm de ser perservadas. Nós não somos um avião e temos direito de resistir a quem nos quiser embarcar.

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