Portugal não é uma cerveja nem um trocadilho de publicidade. Portugal não é uma equipa de futebol, antes ou depois de ganhar. Não é uma toalha, um lenço, uma côr maluca do cabelo ou uma maquilhagem mais ou menos de filme. Portugal não é uma confraternização depois do jogo, ou antes, à volta de um Televisor. Portugal não é “aqui estou eu!”. Portugal não vale uma missa, em que entro, me ajoelho e me levanto, canto uma ou duas canções, molho os dedos na água benta e me limpo de alguns maus pensamentos, para depois ir fazer o que faço sempre. Portugal não é as costas quentes para bater nos outros que não são Portugal. Se não se lembram, aprendam que Portugal é esforço, sacrifício e também tragédia e até um pouco mais tristeza, uma tristeza inexplicável que não tinge os rostos de outras Nações. E, por isso, de vez em quando, Portugal é uma alegria infantil, quase, uma tranquilidade, imaculada do medo. Por isso Portugal é senhor da Tristeza, domador do Monstrengo que está no fim do Mar, surdo barquinho frágil, flutuando com a brisa nas barbas do Adamastôr. Portugal não é reconhecimento em vida e, ao invés, é tremenda guerra e batalha enquanto a vida dura. Portugal é quase, quase uma maldição, porque africano e atlântico, celta e viking, roçou o fogo do Inferno. Quem está disposto a ir com Orfeu e com Jesus a essas profundezas e acompanhá-los até fora, sem olhar para trás, sabe que essa é a gotinha de orvalho que Portugal condensou na mão de Deus, o seu pequenino presente acrescentado ao Universo. Não saberemos nunca o que verdadeiramente se esconde por trás dos olhos de um português e essa é a nossa bandeira.
Portugal não é uma rasteira na Grande área. Portugal não é uma rasteira. Portugal é renúncia, oração e grandeza na noite da viagem, em direcção à luz da madrugada...
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3 comments:
Pois não. Tem toda a razão.
Concordo; è uma definição de Portugal
Se palavras houvessem para dizer Portugal, estas são uma delas.
Amen.
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