18.8.08

Saakashvili, criminoso de guerra e aventureiro tem ser julgado!

Boa parte do que se vê e ouve na comunicação social portuguesa sobre a Geórgia sofre da doença infantil do jornalismo: fontes viciadas; blogues políticos nem comento, porque não tenho tempo para ler.

As fontes que interessam ( ocidentais em Moscovo) permitem traçar em 18 de Agosto um quadro fiel embora incompleto do que foi o conflito da Geórgia.
Centenas de cidadãos ossetos mortos (as reivindicações russas de milhares são exageradas), Tskhinvali em ruínas, centenas de soldados Georgianos mortos, forças armadas Georgianas destruídas, milhares de deslocados, o mundo em agitação, por causa das ambições pessoais de um cleptocrata asiático, Saakashvili, disfarçado de democrata ocidental.
http://www.militaryphotos.net/forums/showthread.php?t=139150&page=69

Analistas militares dizem que a guerra esteve tremida durante dois dias.. A Ossetia sul é separada da Rússia pelas cadeias de montanhas mais altas da Europa, e a única estrada atravessa o túnel vulnerável de Roki. Não havia força do exército do russo em Ossetia sul. Nenhuns tanques. Foram precisas 24 horas para mover os tanques através do túnel, enquanto Tskhinvali era pulverizada pelo bombardeamento em tapete Georgiano e o exército Georgiano ocupava toda a região. A força aérea Georgiana tem alguns Su-25 aviões de ataque ao solo similares ao A-10 com quatro toneladas de bombas. Poderiam ter tapado a entrada ao túnel de Roki durante dois dias antes dos russos estabelecerem a superioridade aérea. Mas a estupidez, ou erro estratégico, ditou a vitória russa.

No primeiro dia do conflito, o exército Georgiano controlou quase todo a Ossetia sul, e defendia-se o sufiiente para abater quatro aviões russos. Mas os Georgianos nem tentaram obstruir o túnel de Roki. Se quisessem ganhar, concentrariam os esforços em capturar ou obstruir a entrada ao túnel, em vez de destruir Tsinkhvali. " A menos que os oficiais sejam recrutados em hospitais pisquiátricos, nunca poderiam pensar em manter o território que conquistaram. Não se sabe porque iniciaram a invasão, mas não queriam conquistar a Ossetia."
Diz-se que a Geórgia atacou a Rússia para captar simpatia ocidental e entrar para a OTAN. Saakashvili (a) pensou que os E.U.A. se apressariam a ajudar; e (b) pensou que pôderia vencer. Há uma opinião geral que o ataque foi muito estúpido. Os E.U.A. não têm força na região; levariam semanas a mobilizar e já estão presos no Iraque e no Afeganistão"

A outra teoria, que Saakashvili pensou na vitória é mais crível e mostra aventureirismo.

A explicação real é a fragilidade de Saakashvili. Quase foi corrido do poder no Outono de 2007. Aguenta-se com o apoio de algumas cliques neoconservadoras norte americanas, cada vesz mais isoladas. A sua reivindicação principal é que só ele é respeitado no Ocidente. A sua propaganda é, que se for corrido, o Ocidente não apoiará a Geórgia contra os russos. Tal como os generais argentinos com as Malvinas, fugiu para a frente, para uma aventura militar. Os Georgianos odeiam-no pelas suas provocações. " É um outro incidente de Khurcha [onde as forças Georgianas metralharamum autocarro cheio de eleitores na frente das câmaras de televisão no dia de eleição mas à escala internacional.
http://www.geotimes.ge/index.php?m=home&newsid=11796,
Agora que morreram centenas de soldados Georgianos e já não existe a maioria do equipamento e da infra-estrutura militares, a Geórgia depende mesmo do Ocidente! Mas a Rússia é o maior parceiro comercial; e onde vive 20% da população. Saakashvili tem de ser preso, julgado por um tribunal internacional e deixar que georgianos e russos façam a paz, consolidada em inúmeros interesses comuns.

9.8.08

Silly Season II

Já passou muito tempo desde que Mary Ann Evans " tinha de arranjar um nome de homem "George Eliot" para fazer passar os seus escritos fantásticos de mulher. Em estilo ligeiro, pungente mas igualmente maravilhoso é o que faz a jovem cantora francesa Rose. Tem estilo.

7.8.08

I - Apontamentos, por André Bandeira

1 - Leio "A Imitação de Cristo" e confesso ter medo de assumir aquilo tudo. Diz Tomás de Kempîs que "não te falta o bom conselho e a força", quando as coisas estão de feição. Mas mal "uma tribulação te bate à porta" já me sinto fraco...

2 - Na Missa tardia onde vou, há de tudo, claro, à entrada da Igreja acompanhando os passos de Jesus que cai e, muitas vezes, tenho de combater os pensamentos maliciosos ou atrevidos que me mordem como moscas. Reconheço que clips, videos, notícias, revistas e até livros fizeram em torno de nós, como que um "esqueleto nervoso" que se articula quando julgamos dominar-nos completamente. Não é nossa culpa mas não podemos ignorar. Tudo me é lícito, dizia S. Paulo. Mas nem tudo me convém...

3 -- À entrada da Missa tardia onde chego atrasado, segue uma mulher à frente e outra atrás. Dizem que a missa é lugar de mulheres. Eu sou responsável por uma e também por uma menina que o será, um dia. Num relance, tento perceber: a mulher da frente é uma belga que deve ter sido bonita, em tempos, guardou um toque "hippie" na sua clareza. A de trás é escura, emigrante. Refulge o seu olhar de marfim na sombra de ébano, com o brilho de medo rasando em volta. Lembro-me então: na missa se acolhe uma grande fragilidade humana, como nas horas de visita de um hospital e estas duas mulheres lembram-me que é grande fragilidade, desde tempos imemoriais, transportar dentro delas, esta casquinha de noz no oceano do universo, a que chamamos vida.

4 -- Relembro as mulheres orgulhosas, violentas, das ruas da minha civilização, mas não quero criticar, pois o mundo já está tão cheio de lágrimas. Lembro-me das pobres mulheres de Mogadischiu que estavam a varrer a rua, quando uma bomba as atingiu. Não faço raciocínios fáceis sobre quem pôs lá a bomba, nem tão-pouco, teorias da conspiração. Não há de certeza nenhuma crença que justifique a violência sobre esta coisa tão frágil que é a vida, sobretudo a vida destas pobres mulheres miseráveis que varriam a rua para ganhar uns tostões que uma Organizaçao internacional lhes oferecera.

5 -- Ouço o meu coração a bater, à noite, na solidão, como se tivesse um animalzinho aninhado ao peito. Parece que ele já não corre muito bem, como dantes usava correr. Lembro-me de um chavão: de tanto bater, um dia parou. Um coração a bater num ponto qualquer do Universo, que coisa tão frágil! Está certo que olhe para o chão, mesmo quando vou com pressa, para não pisar um insecto, fugindo em ziguezague à minha frente.