27.10.08

Liza Veiga, uma estrela mal conhecida!

Liza Veiga canta MArcos Portugal, com A Orquestra de Camra de Cascais.
Em qualquer país do mundo, esta diva já estaria a actuar para multidões.

O album homónimo "Liza Veiga", vem da produtora Chiado Records produções ou NZ produções onde canta também os Beatles, Procol HArum, etc..

Se tivessemos uma politica cultural a sério seria apoiado
Parabens Liza ! Canta, até que a voz doa...:!

16.10.08

IX - (Re)leituras : Truman, de David McCullough, por André Bandeira

Esta é um biografia do Presidente norte-americano Truman, e que foi prémio Politzer em 1980. Porquê Truman? Porque os neoconservadores que fizeram do mandato de Bush Jr. um "erro ideológico" se reclamaram de Truman.
Qual é a principal qualidade de Truman, que era maçon, aceitou contribuições da Ku Klux Klan sem as assumir, decididu o lançamento de duas bombas atómicas mas proibiu a terceira e começou a sua carreira ligado à máfia irlandesa?
A principal qualidade de Truman, como o seu nome indica, foi o Trabalho. Sim, o seu nome diz "verdade" e a verdade na América da sua época, foi o Trabalho. Por isso, Truman era de Esquerda porque ninguém pode trabalhar como ele trabalhou e não deixar o coração, um pouco, nesse Moloch poderoso que é o Trabalho. Ora porque Moloch é um Titã, dos tempos arcaicos, só pode, como qualquer Titã, estar, à esquerda ou estar à direita, quer dizer, descentrado. Este Mmoloch está à esquerda, sendo irrelevante a posição de um gigante.
O mesmo se está a passar agora. O neto do movimento dos Direitos cívicos (quer dizer: anti-apartheid) que Truman institucionalizou vai provavelmente vencer as eleições norte-americanas, no mês que vem e é apenas a metade mais densa de uma mesma coisa, onde talvez a simples vantagem da juventude é decisiva.
Portanto, Obama é neto da bomba atómica e filho de J.F.Kennedy, o que significa que estamos ante uma linhagem de ferro, o ferro da espada.
Truman diz que a decisão que mais lhe custou a tomar foi a da Guerra da Coreia ( que inchou e queimou Mac Arthur) e não a da bomba atómica (que amaldiçoou o seu criador, Oppenheimer). Diz-se que a Coreia prolongou a fabulosa máquina industrial-militar( um Moloch) da América na Segunda Guerra Mundial, permitindo ao Democrata Truman cumprir o seu programa social de Esquerda. A bomba atómica foi apenas mais um golpe horrível e sabemos que os ataques convencionais, como o bombardeamento de Tóquio, deixaram tantos mortos quanto Hiroshima e Nagasaqui juntas, numa geurra horrível. A Coreia deu origem ao Vietname, e o Vietname, por sua vez, deu origem ao Terceiro-Mundismo de Chávez e Ahmenidejad.
Mas qual foi a qualidade de Truman, sem ser um Moloch? Truman resistiu a tudo e levou com tudo. O que fez durante oitenta e oito anos e oito meses foi ignorar a má-sorte. De facto, a sua asserção de que nunca teve má-sorte tem o eco duma bomba. Quer dizer: ele não teve sorte, nem boa, nem má.
Truman morreu depois de escorregar na banheira. Teve um acidente de trabalho.
E, por incrível que pareça, tendo sido um empresário falhado, duma linha de empresários falhados e passado para a política com uma "mão irlandesa", mesmo assim, fez rigorosamente o que é permitido fazer a um homem nesta era sêca como a lua: trabalhou continuamente. E, nessa indiferença à Fealadade do Mundo -- da qual foi também um personagem -- Truman tem todo o mérito.

11.10.08

Escutar Marcos Portugal

"Sugiro a primeira audição moderna da ária Beatissimae Virginis, dos Responsórios da Imaculada Conceição (a 4 vozes e orquestra) de Marcos Portugal, executados a partir dos manuscritos existentes na Área de Música da Biblioteca Nacional de Portugal. O maestro Ricardo Bernardes esteve em Lisboa, este Verão, a consultar e copiar estes manuscritos e a 27 de Agosto já estava em Washington a executar a obra. Um exemplo a seguir!"

Do Blog A Biblioteca do Jacinto

http://abibliotecadejacinto.blogspot.com/2008/09/amrica-antiga-2.html


9.10.08

VIII - (Re)leituras -- Bosquejo de Europa, de Salvador de Madariaga, por André Bandeira

Ora aqui está um livro com espírito, com sabedoria. Na parte que nos interessa, Madariaga, da família de Solana, entra no campo chutando para a canela do adversário: os portugueses são espanhóis. Dá-nos um lugar autónomo entre "Gregos e Turcos" e "Judeus e Ciganos".Contudo, quando se trata de falar de espanhóis, que coloca num clube dos 5, na Europa, já não se refere ao braço direito da "Hispânia", que seria o lírico Portugal, nem o braço esquerdo (a levantina Catalunha), só fica o corpo, Castela/Andaluzia ( diga-se que este corpo, com os cabelos no país Basco e o baixo-ventre na Andaluzia, não tem pernas para andar).
Madariga, que escrevia do México, em 1951, altura do bem sucedido desenvolvimentismo franquista, tem humor, elegância, imaginação europeia. É culto, informado e veraz. Certamente que, num salão europeu, arrancaria uns suspiros e fixaria uns olhares da carneiro-mal-morto de algumas europeias. Não sei se durariam o tempo da Melanie Grifith e do António Banderas, mas, nesse tempo, não se conhecia o divórcio.
Enfim, também nos vem com um esclarecimento, útil de reler, porque já nos esquecíamos: a América Latina não é Hispano-América por causa do Brasil, e não é Ibero-América por causa do Haiti.
No meio de tanto "mikado", lá vou retirando as varinhas e fico com a ideia de que os seres humanos se fixam em vários pontos da terra, outras vezes imigram e vão ficando mais ou menos isolados, mais ou menos miscigenados. Isto não que dizer que tudo é uma misturada. Quer dizer que nada é definitivamente de ninguém. No fundo, o que Salvador de Madariaga diz é que a Europa na sua diversidade, é ainda muito dominadora.
Salvador de Madariga é, claro, um percursor da União Europeia, mas a sua "Hispânia" altaneira e esperta, é tão neurótica quanto muitos europeus. Ora Portugal, ainda tem um Império para velar, porque Tristeza tem-na muita, vinda de não se sabe de onde, vinda de não sei quando, mas neurótico, Portugal não quer ser. Nem que, para isso, se meta a bóiar num deserto azul, martelado pelo Sol.

3.10.08

Uns e Outros


A recente decisão do General Ramalho Eanes de abdicar de receber os retroactivos a que tem direito (num valor total de cerca de um milhão e trezentos mil euros) e que os Tribunais entenderem serem-lhe devidos pelas suas pensões públicas é mais um exemplo que ele nos dá de que um povo é uma comunidade de iguais e de desiguais. O acto do General Eanes contrasta com os dos 3200 pobrezinhos que receberam casas no Lisboagate desde que o vereador Pedro Feist começou o bodo, desde o tempo do eng.º Abecasis e que atravessou qual Bloco de Cimento de Esquerda e Direita das Casinhas. O acto do General explica algum ostracismo que lhe vota boa parte da classe política e banqueira. E merecia um acto de Homenagem, uma manifestação pública de apreço. Eu começo por aqui. E se continuarmos com outras pessoas e noutros lugares, algo de bom poderá sair.