19.9.05

Teorias revisitadas: Hobson


John Atkinson HOBSON (1858-1940) pertencia à ala esquerda do partido liberal britânico; favorecia uma política social que tornasse o liberalismo atraente para os trabalhadores. Combateu na guerra dos Boers. No seu livro "Imperialism" publicado em 1902 demarcava-se dos efeitos das doutrinas imperialistas em nome de uma política de reformas sociais. A expansão imperial resultava do enorme aumento dos investimentos britânicos no ultramar. A busca de oportunidades lucrativas de investimento por parte da City resultava da saturação do mercado interno. Na Europa, havia poupanças extra e consumos escassos, mais competição e menos ganhos. Donde a relação directa entre a expansão dos investimentos britânicos e o baixo nível de vida dos trabalhadores na Grã-Bretanha. O comércio britânico com as colónias tinha uma importância marginal em comparação com o comércio com os países industrializados da Europa e não custeavam de modo algum os enormes custos dos armamentos e da administração implicados na criação do império. Ou seja, o imperialismo moderno era produto da competição aguda entre o capital nacional em excesso que não encontrava uso lucrativo no mercado interno europeu. Em suma, o imperialismo era anti-económico. Para o caso português na luta pela África, uma tese semelhante de carácter histórico foi apresentada por RJ HAMMOND, em Portugal and Africa 1815-1910: A Study in Uneconomic Imperialism, (1966)

18.9.05

Teorias revisitadas : imperialismo I


A “Americanização do Iraque”, muito comprometida, está a provocar a “Iraquianização da América” que felizmente, também deverá falhar. O seu a seu dono, ou seja: as comunidades de cidadãos que mantêm a coragem e o saber têm de responder às urgências da situação internacional sem perder de vista que são comunidades nacionais. A enorme confusão instalada enquanto o mundo vive uma situação sem precedentes e os conceitos não são renovados, obriga a revisitar as teorias. Começo pelas teorias do imperialismo.
Segundo a concepção liberal original, a difusão mundial do comércio, indústria e civilização era uma “actividade missionária” que não requeria soberania política, salvo em casos excepcionais. Mas este processo do crescimento económico foi distorcido pelos privilégios monopolísticos concedidos pelos Estados a determinadas companhias. Com a adopção de tarifas proteccionistas no fim do século XIX (Alemanha 1879; França 1890 e EUA 1899) passou a encarar-se a aquisição de territórios novos como mais valia económica. A desaceleração do crescimento económico, a queda dos preços dos produtos, e a diminuição dos ganhos despertaram os apetites coloniais. Um dos opositores deste imperialismo, o nacionalista austríaco, apoiante do Programa de Linz mas depois afastado pela sua origem judaica, Heinrich Friedjung dirá mais tarde, em “Das Zeitalter des Imperialismus 1884-1914”, Berlim, 3 tomos, 1919-22,. define-o de modo político "Os centros urbanos ganharam uma nova paixão: saíram dos seus países até aos confins do mundo, e inventaram o nome ressonante de "imperialismo" para uma ânsia que sempre existira mas que nunca tinha sido tão poderosa." As grandes nações tinham que ter grandes impérios, como a Inglaterra. Era uma fórmula para fortalecer “o espírito nacional”, com variantes sobre a “superioridade da raça branca” e da sua “missão civilizadora”.