31.7.06

Got'a dance, by Gene Kelly, Fred Astaire and Ginger Rogers ( de André Bandeira)


But why doesn't she look at me, when she passes by? And whenever she passes by, the whole world is filled with Grace, only because of Love. She doesn't walk, she dances and I can't dance by her side 'cause I fear Grace. The widows of every Mayo Square dance alone and in that beautiful scene of "Zorba, the Greek", Anthony Quinn, devastated as he was for his young son's death, pulls Alan Bates to the seaside and begins to dance with him, the way Greeks do, as brothers in arms, with empty hands challenging the wind of Destiny. And what about that young and scared norwegian who was kidnapped in Kashmir and finally was the only one who ended up beheaded? He was a dancer, who dared to go there to study the mixture of cultures, which were neither muslim nor indian, and sitll they couldn't let a dancer quiet in his chair. Did he ask for his last three minutes of dancing alone in the Universe, so that Heaven might cry?

Got'a dance, Got'a dance! I don't know what to say, I don't know how to judge, my mind is humble and insufficient for condemning the guilty. But my body moves, it raises from the chair, my arms want to wave in the air. What shall I do? I cannot stop, I just cannot stand still.

Go everybody to the center of Beyrouth and Telaviv, and dance between Israelis and the Hezbollah. You Taliban, get out of the ranks where is forbidden to dance and begin to dance, even if it is only two of you. Like Priscus and Verus who had to fight each other in the quarry so that the gladiators sponsors could notice them, and release them to the arena where they fought each other till dawn, and the Public had to award freedom,finally, to both of them. Or like the besieged from Sagaste, who, though starving and thirsty, decided to get out of the walls and face Scipio, the African, dancing. You soldiers, get out of the ranks, don't lesson to the bombs, neither to shots, nor to your commanders, throw your helmets down and begin to dance. 'Cause I don't know how to speak, but my body is my mind and my mind is my body. And I know that when the paramedic, raised the first child's limb, from the rubble of Qanah to the stretcher, this Sunday, he raised the holy body of Christ. It was in Qanah where Jesus danced, where Jesus was gay and happy. So, Got' a dance. Even the nuns and monks are dancing, even the Pope is dancing! You' ve never seen a blind man or a person on a wheelchair dancing, or even a deaf. But I did. You may have seen the Maori dancing their impressive war dance, but you didn't see the maori families dancing when they visited each other over the South Pacific Islands, something which happened once in a lifetime. But Heaven saw it! Let's go to the South of Beyrouth and dance, dance till we fall exhausted to the ground.

Olmert says his people was losing the pleasure of life, because of Hezbollah's missiles. So, open the doors, go to the streets and come out dancing, be brave enough to dance, 'cause the birds in the sky don't fly, they dance. And leaves don't shiver, it is trees which dance. And compared to dancing, be it the touching jewish way, shoulder to shoulder, or the heartening arabic way, so subtle, only seeing a child sleeping like an angel, is better.

Come on, Fred Astaire, raise from the dead, and show them how it is.

Got'a dance!

30.7.06

Para ler e guardar, por Pedro Cem

Acredito que o céu romperá amanhã. Com o Sol. Acredito que, no fim dos tempos, nem um cabelo da nossa cabeça se perderá, nem a do monge que não tem cabelo, nem dentes. E sorri ainda. Acredito que o homem que sofre hoje nos hospital, com a Morte no sangue descendo como uma canoa no Nilo, em direcção ao seu porto, sofre porque vale a pena. Para que os Anjos cantem em côro, na Madrugada e no Crepúsculo. Acredito que a Pobre Gisberta morreu num poço por todos nós e que os moços que a mataram, (eram treze) vencerão a sua dor de vergonha que lhes velará o Sol por muito tempo.

Acredito que no meio da dor, sejam culpados ou inocentes quem a provocou, um Anjo poderoso, um pássqro gigantesco como Maiastra dos Romenos, cobrirá o céu e nos dará um segundo para pensarmos. Bendita sejas Condoleezza Rice por seres mulher, e por seres Negra porque ser Negro é belo. E só uma mulher negra perceberia isso. Por te terem assassinado uma amiguinha quando eras nova, com uma bomba da Ku Klux Klan te lembrarás que os inocentes têm um lugar no céu e nós cá na terra sempre tristes. Que o barco negreiro perdido no mar, chegou a algum sítio e que Zombie e António Conselheiro vencerão os colorados federais, porque a eles vieram os guerreiros de El-Rei S. Sebastião, saídos do mar nas suas armaduras de coral. E que eles não combatem com armas mas com tsunamis perfumados de mar azul onde espumam flores. Acredito que só na Tristeza a Fatalidade se repete, seja em Qana ou onde for . E que haverá um Armistício e que o fantasma de Raúl Indipwo aparecerá cantando que os « Homens fizeram uma acordo final… ». Acredito no Amor e que na Dor aprendemos alguma coisa, e que todos estes inocentes mortos não morreram em vão e que o Amor maior que os aguarda a todos os inocentes, que caíram neste montes de Torres Gémeas e de betão no Sul do Libano, é um Amor que não morre. E que ele aí vem, como os assobios dos companheiros de Robin, na floresta, como a voz de mulher que chama Januszick, o lôbo bandido da floresta . Como os fora-da-lei dos pântanos de Hebei. Como o canto do Muezzin que chama os fiéis da Paz, como o galo negro que anuncia o Sol, como o velho cantor de blues que olha em silêncio a plateia e, no silêncio, a sua mão desce em chuva sobre o rio das cordas, como o melodia feminina, de mãe, de irmã, de amor que senti hoje, pela primeira vez, na tua voz, Condie…

29.7.06

Gilead! Gilead!, por André Bandeira


Erev tov Gilead, onde quer que estejas, Adonai, shalom sheLo im ata…foste caçado quando andavas à boleia. Eu percorri tantos lugares à boleia, com o Sérgio Venezuelano, com o Gustavo, com o João de S.Tomé. Se nos tivéssemos encontrado talvez também andássemos à boleia juntos. Caminhos de pobre maçarico, caminhos de Deus…

Agora que estás numa cova do Hamas, com as bombas a explodirem ao lado, deves ter as dimensões que temos do nosso pobre corpo. Sabes que arrebentou um petroleiro no mar do Líbano? E o mar, amor azul se fez negro. Somos aquele pequenino caranguejo na maré negra mexendo as patitas como o Pianista do Ghetto, à procura da voz de Deus que soa entre duas teclas. Não diziam os mártires do Holocausto « Apesar de tudo, música ! « ? Como aquela canção yiddish em que um pobre Gilead como tu e eu, recordava ter dançado um dia num salão com lustres, a amada junto ao peito, e depois saíu e viu uma arvorezinha, pequenina como nós, toda florida . Há dias de sorte, até para um Judeu, como eu e tu. Como são pequeninas as maravilhas da vida. Talvez te sintas como Mordechai Vanunu que passou treze anos na solitária por ter gritado ao Mundo que o teu Israel tinha a bomba atómica. Porque era o seu Dever. O seu Dever. Mordechai, sim, como o insubmisso do ghetto, porque não se tem um nome impunemente, nas praias de Israel.

Possas sair Gilead, desse buraco, possas passar entre as bombas e as armas, como o nosso Povo pelo Mar Vermelho. Não quero voltar ao Egipto, não quero voltar ao Egipto. Agarro-me a esta Aliança como a um tronco, perdoem-me não ver bem. Se não houvesse Deus, se Deus morrese, se tivesse ido para um lugar de onde não volta, ainda me agarraria ao seu tronco, porque talvez o universo se comovesse e Deus voltasse. Como aquele macaquito abandonado que se agarrava a um urso de peluche arrebentado.

Passou mais um shabbath, apaga a vela que não existe. Agora acendo-a eu, num lugar onde procuro todos os Domingos um Messias que era pobre e azarado como tu. Sobreviverá esta humilde chamazinba? Para o ano que vem, lá nos vemos em Jerusalém.

28.7.06

Blogs e Livro

Recuperando tempo perdido, adicionamos blogs que têm dialogado aqui no Duas Cidades. Viva a Liberdade Digital!

Interregno
Sesimbra e Ventos
Café Portugal

E agora o livro
“Salazar e a Rainha” (D. Amélia), de Fernando Amaro Monteiro, foi lançado no passado 6 de Julho na SHIP, em Lisboa, com umas 200 pessoas na assistência, uma apresentação do livro escrita - e melhor declamada - por Carlos Pinto Coelho, um improviso fantástico de Dom Duarte de Bragança sobre o autor e palavras de um editor malcriado que afirmou “também era autor”. O autor, do alto dos seus de 72 anos de envolvimento na acção monárquica, em que avulta a Revolta da Sé, em 1959 soube responder de luva branca ao dislate e contou com simplicidade a sua história.
A pesquisa nos Arquivos Salazar na ANTT de abundante correspondência trocada, permitiu a Amaro Monteiro um contributo sério para a história dos movimentos monárquicos na I República e a II até 1950. È uma história edificante pelos que resistiram e pelos que traíram. Ficam retratos dos dirigentes monárquicos que abdicaram, Lugares-Tenentes de D. Manuel II e de D. Duarte Nuno de Bragança.
Amaro Monteiro prova que Salazar impediu a restauração monárquica de um modo muito sui generis resultante do espantoso faro político para liquidar a tradição com gestos de deferência. Manipulou tudo e a história da Causa Monárquica é sobretudo a de uma abdicação dos monárquicos perante o Estado Novo. A sua vocação seria a de "primeiro-ministro de um rei absoluto" o que nem D. Manuel II nem D. Duarte Nuno aceitariam. Amaro Monteiro resume bem: os lugares tenentes da Causa representavam Salazar junto ao Rei e não este junto aos monárquicos.
Uma particularidade do livro é o contributo para a história do regicídio, aliás nas primeiras páginas. Em resultado do pedido de Salazar ao ministro Santos Costa em 1953 sobre o famigerado processo do regicídio. Em resposta, o estudo de Rodrigues Cavalheiro, traça a síntese possível na época - mas que hoje conhecemos melhor - do que é talvez o mais importante processo de justiça portuguesa no século XX, completo na instrução mas nunca levado a juízo.
Esperemos pelo segundo volume sobre “Salazar e o Rei“ para o qual o autor tem particular autoridade para lembrar o episódio da frustrada proclamação de 1959 em que D. Duarte Nuno falaria das "liberdades públicas perante a força, a autoridade e as largas funções que caracterizam o Estado Moderno".

27.7.06

dEUS, por Pedro Cem

Todos gostamos das questões morais, porque elas nos reconhecem como pessoas capazes de decidir sobre as nossa vidas, nomeadamente, o que nos vai acontecer para futuro. E depois de muito decidirmos, julgamos que nunca pecámos aparatosamente. Vemos até as asneiras que fizemos, como grandes « decisões » das nossas vidas.

Podemos ir de carro ou de combóio, de avião ou de bicicleta. Podemos até não ir . Mas temos que tirar as consequências. Nada há nada na nossa mente que não venha em séries e essas séries podemos tirar-lhes ou pôr-lhes uma peça mas elas lá seguem. Quando um homem comanda a série, damos-lhe o lugar de Chefe, às vezes para o meter longe das nossas vidas e não nos perturbar. A vida é complexa e este Chefe já fala sozinho.

Entretanto veio-nos uma grande aflição: as coisas não nos correm bem. E então recorremos a Deus. Nunca Deus foi tantas vezes incomodado com os nosso pedidos. Andamos de credo na boca ou até alternamos isso com uma tranquilidade budista, de vez em quando, quanto a tudo o que nos vai acontecer. Deus nunca esteve tão perto de nós. Só que nós queremos ser quem vai ter com ele e não que Ele venha ter connosco.

Depois desta abundância de Liberdade, o Ocidente passou a sentir uma grande Secura. Mas felizmente que há gente programada com uma força de vontade de ferro, vinda das selvajarias medievais indianas e programada com lavagens ao cérebro heréticas, para que o reino da Liberdade tenha a sua coroa, ainda antes de cair. E quando não há força de vontade, há um labôr de Castor, que acumula piscinas de dinheiro como o Tio Patinhas, a par de uma secura ainda maior. Os ricos são infelizes e os pobres sofrem.Os ricos lá conseguem sofrer e os pobres ser menos infelizes. Nunca se viu tanta aflição e há razão para isso. O que temos são números que complicadas máquinas nas esquinas, nos fornecem. Nem o ar que temos é nosso, que o diga o doente cardíaco que antes correu pela rua do Stress.

Como nos deixámos enterrar nisto, é culpa nossa. Mas ainda temos tempo de procurar uma alternativa. Talvez começando, por atender às pessoas concretas que nos rodeiam . Confiar menos em ideias, sonhos, imagens, estilos, poses: deixar de estar morto, que as pessoas até parecem almas do outro mundo à nossa volta e sair da morte em que caímos. O resto, Deus ajudará. A Terra continuará a girar depois dela sairmos.

26.7.06

Outra Guerra Diferente


O conflito entre Israel e Hizbollah faz parte da chamada Guerra de quarta geração em que os Estados enfrentam forças não estatais. Este facto desencadeia a estranha reacção - ou falta de reacção - da comunidade internacional
Israel quer o que disse general Dan Halutz quando ameaçou "fazer andar para trás o Líbano 20 anos." Desencadeou um ataque já formatado até que o governo do Líbano desarme o Hizbollah, uma tarefa que o exército israelita não conseguiu realizar em 18 anos de ocupação. Vem daqui a necessidade de Ehud Olmert de acusar o Líbano de "actos de guerra” e fazer-lhe exigências impossíveis de cobrir a fronteira quando a marinha e força aérea israelitas são desencadeadas contra a Hizbollah.
Para a Hizbollah vencer basta sobreviver com força suficiente para uma nova ofensiva a coberto do estado libanês dentro de um mês, um ano, o que for. Donde o desespero israelita de ataque em força.
Onde estão os dirigentes árabes, calados no Cairo, em Riad, e Jordânia enquanto o povo libanês é massacrado? Nenhum quer arriscar a defender a Hizbollah que tem ramificações congéneres e dentro das respectivas fronteiras.
Onde estão os cristãos? Por que razão está o papa Bento XVI virtualmente isolado entre dirigentes cristãos ao falar contra o que está sendo feito aos cristãos e muçulmanos libaneses e na condenação do ataque de Israel ao Líbano, à luz do direito internacional e do humanitarismo. Ver as declarações do Núncio António Franco em Jerusalém.
Onde está Bush mais silencioso do que habitual – tirando a *** palavra na cimeira do G8 que mostra “ estes governantes que nos governam” - e que apoiará abertamente os israelitas durante um período indeterminado – segundo boas fontes? O plano para a democracia no Médio Oriente cai por baixo porque ele apoia o governo libanês de Saronio – completamente de rastos e não apoia a vitória democrática do Hamas – que sempre esteve de rastos, a ponto de atacar Israel através de túneis.
Onde está a União Europeia, com as missões Solana de diálogo e mais diálogo desacompanhado de uma clara luz ao fundo do túnel?
Por quê tanto silencio quando Israel persegue uma política consciente de punição colectiva de inocentes? Porque além dos erros morais há um erro profundo intelectual sobre o Médio Oriente; em vez da guerra entre Estados é uma caçada aos agentes da guerra de quarta geração: Como a invasão do estado iraquiano foi feita em nome de ter relações com um agentes da Al Qaeda. Tudo isso mostra que a Comunidade internacional precisa de poliarquias regionais mais fortes e incisivas para estabelecer a segurança e defender as populações. O mundo é mais complicado que o factbook da CIA e as prescrições dos tratados europeus e as surata do Corão. Só o sofrimento faz ver isso

23.7.06

O direito à auto-terminação, por Pedro Cem

A Ministra dos Negócios Estrangeiros de Israel é uma mulher bonita de se ver. Tem umas madeixas loiras sempre a caírem sobre o rosto que ela tem de afastar com as suas mãos longas, cinematográficas. Tem uma ar pouco à-vontade, com as suas roupas sóbrias, de cerimónia satânica numa Universidade da Nova Inglaterra... quero dizer, meio de rapaz, típicas dos pubs de encontros simpáticos, em Greenwich Village, Nova Iorque.
Disse ela ontem, que um Estado que não consegue sancionar a sua soberania dentro das fronteiras ou onde existem grupos terroristas dentro do seu território, ou milícias, não pode ser aceite. Receitou bem a cartilha. A Espanha tem um grupo terrorista no seu território, o Reino Unido também, o Governo de Bagdhad tem de lidar todos os dias com várias milícias, o de Kabul fê-las renascer para segurar a polícia. Existem milícias, constitucionalmente, nos EUA. E acrescenta Gideon Meir, porta-voz do MNE israelita, que a ameaça do Hezbollah, diária, sobre o povo de Israel, essa é que é desproporcionada. Ai que alucinação do Sr. Geir não tem proporção!
Parece-me que a Sra. Livni não está à vontade nas suas roupas. Tem um ar distinto, quase frio, mas um sorriso caloroso, e aquelas mãos nasceram para afagar (já agora um homem que não esteja, correlativamente, vestido de roupas femininas).
Espero que ela vá amar alguém, ser bonita para um jardim, escrever poemas ou fazer filmes e que experimente um desses vestidos claros e longos, à moda de Israel, que lhe fica muito bem. Não sonhe ser Golda Meyr, que não nascera tão bonita.
Tenho pena que queira ser homem, de tão torcida que é, num cargo onde os homens tentaram aprender com as mulheres. Como se o direito à auto-determinação do Líbano, da Espanha ou dos EUA seja equivalente a escolher entre matar em segredo ou não dormir de noite, com bombardeamentos colaterais e parando aviões com prédios cheios de inocentes.
A Sra. Livni, se calhar, não deve gostar do próprio pai pois nãO nascíamos se os nossos pais não interferissem entre si mas também não crescíamos se eles não nos deixassem, depois, em paz. A Sra. Ivni não vai parar enquanto não encontrar uma pose definitiva frente às câmaras, ou enquanto não for homem. Irá à Síria e ao Irão para cantar, com voz de veludo, que "não é aceitável", acompanhada ao órgão Estaline. Os seus promotores julgarão que nos enganam com a lógica da guerra preventiva (que é um jogo de suposições como o foi a dissuasão nuclear) para evitar piores males. Como se tudo não estivesse programado, há muito tempo, para arder em toda a região, ao som da tabuada da democracia, ou do ditado militar. E ainda querem envolver a comunidade internacional neste fogo regional, para o qual têm muitos litros de gasolina.
Em breve teremos um Grande Iraque onde a arma é o voto do povo, com eleitores passivos e activos, idos nas urnas, todos os dias.
Realmente a solução é a mesma que já ouvimos na Alemanha dos anos 30: sem a auto-terminação de todos os colaterais, sem os colaterais todos a irem como cordeiros para o duche, não haverá auto-determinação dos especiais, nem pureza de sangue. Auto-determinação, já agora, até da antiquada condição de mulher.
Assim, uma destas noites, um médico vai decretar ao modo do general que quer deixar o Líbano, o Irão, o Iraque e a Síria em vida vegetativa: que se desligue uma máquina para ligar outra. Ora já não é a cabeça de Sharon que pensa, mas a máquina. Se já sabíamos que não se pode pensar como os ideais, os ideais têm de pensar como nós e liga-se à máquina quando a nossa mente estoura. A vida é como é, faça-se a comparação, tire-se a metáfora: a vida, como é. E depois, vá-se mais longe: a vida é como...ou "é a vida!".
Vivemos um sonho, em que não se acorda da magia do palavreado. Por isso se tem que ligar a cabeça à máquina. Faz-se-lhe uma máscara mortuária e, sem honra mas com glória, metemo-la num busto.Tínhamos a cabeça suja de sangue, o nosso pensamento afogava-se no sangue, guardámo-la numa urna de pó. E só resta aos mortos-vivos este sonho de sarcófago, de ter um calhau erguido, em que o alívio de tanto sangue é a areia que lavará o busto do nosso cérebro em curto circuito, quando o vierem derrubar. Cairá como a ânfora romana, herméticamente fechada, que só tinha dentro, afinal, ar e pó...
Ah, zombies vaidosos, loucos de posar, sem lugar onde descansarem a cabeça!

22.7.06

Fatuma, por André Bandeira

Dizem que havia e há uma Fathima negra que incita as viúvas chechenas a morrerem em combate. Este ciclo não tem fim e arrasta-nos com melopeias de sereia para a cegueira total, porque o negro das fátimas negras nos dá relâmpagos de luz na periferia do olhar. Isto porque o olhar não se semicerra, a respiração não pulsa com os pássaros, e o nosso interior não repousa na sombra, em equilíbrio com a luz de fora, acendendo uma candeia quando a noite vem. O Buda histórico não recolheu ainda as pernas e depôs os braços no núcleo da nossa matéria, quando o devia ter feito há muito tempo, como a velha capela no centro da nossa aldeia. Pelo menos para os que não passam nesta vida impunemente, abraçando-se ao veludo negro.

Assim…lembro-me duma bela Mulher que não tinha bem consciência disso e me pregava a licenciosidade. Era casada e mãe. Tive de fugir dela durante muito tempo. Como muitas outras, não me perdoava, eu não me ter sacrificado no altar do suor e das lágrimas, dos sangues menstrual e sacrificial, em suma, de não ter feito o que ela queria, mesmo que ela não o soubesse bem o quê. De repente, o homem larga à tareia na mulher e não se liberta de nada, apenas a liberta a ela de todo o Poder que tem, só por uns instantes. Todo o meu amor a uma Mulher ideal, feito de compreensão mútua e elevação não é para esta Fathuma negra. Na verdade é pôr-me a correr semi-nu na savana, à frente das leoas que acordam com a Lua.

Ora o mundo está cheio deste sabor a desdém de várias mulheres que juraram vingar-se e que embruxam afanosamente. Contudo, as Fátimas negras buscam o direito ao amor e à paz, morrendo gazeadas no ombro do jovem terrorista que não acredita, nem a faz acreditar que há setenta jovens à espera deles no paraíso. A luta pela Liberdade nasce nos extremos do Islão mas o seu bálsamo não se sente e o cinismo gelado de certa gente em Israel satisfaz-se em organizer esta carnificina, abanando as chamas de uma fogueira perpétua. Há pessoas inocentes a morrer, quando tinham laboriosamente canalizado e saneado a paz. Na festa informativa não lhe damos nem um milésimo da atenção que daríamos ao nosso avô, nos cuidados intensivos do hospital durante a canícula. Tudo em nós é colateral como uma alucinação de drogado. A empresa do ódio gera a opressão da frieza. A frieza gera a orgia do festejo.

E por trás disto tudo, há uma Fatuma negra que se vestiu de côr-de-rosa, incitando-nos desgovernada a que a mordamos. Para que ambos caiamos na lama com ela, já que não a podemos amar. Valha-nos Sta. Teresa de Ávila.

19.7.06

Deus, não sujes as minhas mãos de sangue!, por André Bandeira


Quando Zidane deu uma cabeçada no peito do jogador italiano, todos se retiveram como quem assiste a um gesto dos deuses do estádio. E começou ali outro desafio que já vinha de antes, que sobreviveu depois. A mãe de Zidane divulgou uma receita sobre moelas, a propósito. Todos perguntaram se Zidane tinha ouvido a fórmula da bomba atómica ou uma surata dum Livro Sagrado ou um pregão genealógico, coloquiando os ouvintes, depois, sobre até que grau de parentesco.

Mas todos continuaram a seguir este desafio, porque parece que, quando nos fascinamos com pudins nas montras, com corpos bem-feitos nas Televisões, com carros de luxo e com efeitos especiais no Cinema, o único direito humano que reconhecemos, é o direito à explosão.

Aí estão os homens exercendo o seu direito à explosão, mais uma vez, cabeça ao peito, peito à cabeça, escudo ao dardo, dardo ao escudo. O direito à explosão não é a explosão, embora ela mate e estropie dezenas de pessoas por dia. O Direito é essas costas direitas e sabor a sal que fica na boca depois de se explodir.

Oh, Senhor Buda, Príncipe dos vagabundos, dá-me a realização do rio que corre, a mansidão do Sol que se apaga e se volta a acender, a brancura da mão do pedinte. Nada em mim expluda ou impluda, o vento me agregou como as nuvens do céu, o vento as dispersou. As minhas mãos não ficaram sujas de sangue. Nunca terei os olhos verdes daquela bela Mulher ao pé dos meus, mas eles foram belos na mesma e iluminaram o Mundo. E em dois pardais se transformaram...o seu riso ecoa eternamente pelos ramos do Tempo.

16.7.06

Quem era Basayev, por Pedro Cem

Um dia conheci um checheno, na Jordânia. Rapaz novo, enorme, de pernas grandes como duas colunas, olhos e cabelo ligeiramente claros, uma voz humilde, tranquila, retida. Tinha uma posição qualquer na Administração jordana que se via bem que era um lugar na caravana beduína, dada por ser órfão de tudo menos de Allah. Ele não era daquele lugares, nem daquelas temperaturas, não dançava se calhar à mesma música. Contudo, falava-me do lado de lá duma barreira, porque eu representava o Ocidente e ele tinha encontrado refúgio entre os seus Aliados, num lugar longínquo, sem árvores. Por fim entendemo-nos quando, depois de nos enumerarmos todos os nossos acidentes, concluímos de cabeça baixa, pensativos, que éramos ser humanos, do Planeta Terra. E assim dissemos adeus.

Basayev morreu. Já tinha um pé no outro lado. Nascera para morrer assim. Segundo o seu comando, por pisar uma mina por engano, entregou o que faltava ao Criador. O Comando tinha razão: os Serviços secretos russos apenas espalharam mais umas minas e, desta vez, uma acertou em gente importante. Mas Bassayev tem sucessor, Omarov, capaz de fazer tanto mal como na escola de Baslan, abraçando-se nesse amplexo fatal, malévolo mas cheio de balalaikas e amores românticos com que os modernos opričnicky se abraçam aos misteriosos vostokskyludi, como os nossos franceses nas Arabias, ou os nosso David Crockett no Faróeste, aos nativos e miscigenados cheios de magia. Que chorem as mães.

Não duvidem que, entre milhões de muçulmanos Basayev é um herói de pele clara e Omarov, um ruivo herói viking que se juntarão ao « Olimpo universal » do Deus único. Não duvidem que eles já cultivam o seu Forte Alamo, uma derrota que é vitória futura, na revolta em 2004, de Mazar-i-Shariff, onde durante três dias « cem túlipas negras » (como ficaram conhecidos quando os seus cadáveres ficaram abandonados e enlaçados no pátio da prisão porque a Aliança do Norte tinha medo dos fantasmas que sairíam da masmorra) mantiveram as tropas especiais norte-americanas em respeito, combatendo num metro de água gelada que lhes foi injectada, como Kubis e Gabchik na Praga de 1943, com cadáveres a flutuar e escrevendo versetos do Corão, a sangue, na parede. Entre eles, combatia um jovem de boas famílias americanas, John Walker Lindh.

Tudo o que se passa nos outros lados, são apenas batalhas do que eles crêem ser o Armagedão. E Putin não matou o seu Bin Laden. Só uma Liberdade cínica resolveria isto com a morte dos Bin Ladens. Uma civilzação julga. E divinamente, não condena à morte.

14.7.06

Woman, by André Bandeira

(ao Papa em Valência. Fumando um cigarro com José Luís Zapatero)

Fighting a tiger is not inviting to recall whom I loved. When love shuts the door, the door shuts in a cloud and the cloud vanishes over the horizon. We survive because love fights till death, but it never dies.
M. came out speaking to me, one day, about marriage and my heart was blessed. But I cheated on her as someone who drinks a glass of chilly water in a hot day and closes his eyes for a moment, diving deep into freshness. When I came to the surface I crawled ashore, resplendent and smashed by the burden of having seen stars and paradise trees at the same time. I tried for twenty days to remove that mammoth laid on me and, finally I confessed my trespass. I lost her but I moved from one century to the other without getting old in a sole eve.
Later I dated A. four springs in a row. This time it was A. who cheated on me with a friend of mine, who chose to be my friend and pray, in his own way, for our happiness. She didn’t manage to say it, neither that she was barren. When I realized it, I gathered strengths to overcome that obstacle because I thought that marrying her, for a childless life, wouldn’t work. But it ceased working before that because she was looking into my face and not into my heart and the heart mirrored in my face was her intellect.
Then I got married. I became a father, one day. And when I laid my baby girl on the sofa of a lone November house, she began to move her little fingers and, thereafter, they didn’t stop pulling the strings of my heart.
I remember other women I fancied about on getting married, having children and looking back over a corridor of time with gratefulness.
At a distance from the struggle with a tiger, it stands a woman’s face. Women laugh among them at these sayings, and we beckon. But if we were not different who could ever come to the rescue of each other? All those women lie beyond our thoughts, as the tide recedes from the tranquil toes.
It is true that giving birth to a new life could only come from two beings, always new to each other. And how vain it would be to come out in the starry night and command the stars to kneel at our feet. A new being can only happen by accident. Therefore, only by accident could love happen. If man was not a woman’s accident and vice-versa, both would be of the same essence, revolving and fading as a butterfly in a parched cocoon.
So I thank the women by whom I never qualified as husband and I do not regret the dive we did together in order to escape an island round with water.

The traits of a woman’s face catch the lightning and stripes of the tiger as if a fortunate island emerged from the sea under the shipwrecked and slowly opened her eyes, dried from tears, the eyelids made of birds.

Pad' Zé - O Cavaleiro da Utopia", de João Mendes Rosa


Acabei de receber hoje "Pad' Zé - O Cavaleiro da Utopia", de João Mendes Rosa, edição da JF de Joanes, no Fundão, 2000. Agradeço ao autor. Primorosamente bem escrito, antes de mais! E para além do objecto próprio de estudar o folgazão das Beiras - o homem das anedotas do dr. Assis, das pilhérias de Coimbra, do estudante que organizava a turma a rir por bancadas das piadas do dr. LAranjo, Alberto António da Silva e Costa (Pad' Zé) foi-me revelado como advogado e jornalista ,incansável nas pilhérias e sedento de uma " sociedade republicana " onde a lealdade desse às maõs à inteligência. Felizmente morreu antes de ver o resultado do 5 de Outubro.
Deixei para outra altura as leituras sobre os episódios chamemos-lhe de "para além da porta Férrea", a cultura sui generisde lentes, sebentas e tertúlias do que foi durante séculos o único campus universitário português, onde ser futrica era estar a mais numa cidade cujo coração vivia compassado pelo toque da "cabra". Tudo isso fica para depois, até porque a minha aldeia é a Universidade de Lisboa, e tenho presente o célebre comentário de Fernando Pessoa sobre a lusa Atenas.
Mas lancei-me qual Zidane e li compulsivamente os capítulos em que Mendes Rosa lança luz abundante sobre a preparação, a execução e sobretudo, o encobrimento do Regicídio. Desde o livro de Sanches de BAena, prefaciado pelo dr. António Reis, agora Grão-Mestre do GOL, que não se fazia tanta luz sobre um tema decisivo do séc. XX.
Mendes Rosa - amigo de velha data e velhas cepas - escreve com fibra de historiador, com alma de literato, com ganas de jornalista e com astúcia de detectuive. São parágrafos sucessivos em que as citações exumadas daqueles inconcebíveis jornais republicanos - "O Mundo" (O imundo, claro) "O Século" - e do memorialismo abundante e fervente da época, nos deixa pasmados pelo rigor da concatenação dos argumentos e pelo brilho das metáforas. Podemos chorar com os crimes de sangue da Carbonária - que " suicidava " os arrependidos", os " temerários"; ou podemos rir com os " gatos-pingados da eloquência democrática" que vinham cobrir-se de penas após encomendados assassinatos. Mendes Rosa passeia-nos com mão de cicerone dantesco pelo relativo inferno do fim de século português que se arrastou séc. XX adentro. Quem quiser sentir de perto o Pad Zé, natural de aLDEIA DE Joane, poderá ir ao Cemitério dos Prazeres, Gavetão Municipal nº305. Talvez lá vá um dia! Depois de ler o resto do livro! Por este, obrigado ao historiador João Mendes Rosa, professor em Salamanca e exercendo o seu mester no Fundão.

11.7.06

Cabeça e Coração, por André Bandeira

O Coração e a Cabeça, partes do corpo que representam atitudes em relação à Vida. A Cabeça ao Coração. Assim Zinedine Zidane nos deu uma amostra. O engraçado é que, nesse esforço máximo que é uma final mundial da indústria e do espectáculo de massas, mais a do prestígio nacional reduzido à sua versão mais superficial, passou-se algo de mágico. O italiano pagou a uma bruxa para lhe ensinar uma frase que fizesse o campeão francês descontrolar-se, sendo que a bruxa já nem se lembra que filtro vendeu,nem a quem, nem para quê. O campeão mordeu o isco e saíu, passando de lado, com o seu ar circunspecto de homem do Norte de África ao lado da taça dourada, filmado em grande plano, de costas para ela, como um rapazito em cuecas a ir à casa-de-banho. Nesse momento já se sabia que o jogo estava perdido. Quer dizer: não se sabia, mas as pessoas passaram a desejar, todas, que o Drama se consumasse. Todas, franceses e italianos, jogadores, público e telespectadores. Porquê? Porque o que desejamos é a consagração de um herói. Quando o herói se retira, o jogo passa a ser outro, sem fim, porque é que ele reagiu assim, o que é que lhe disseram, foi racismo contra orgulho árabe, fidelidade à França ou à Família, provocação, o que foi, afinal..?

Ora, se o jogo de futebol é ainda o altar onde idolatramos o Homem e onde o sacrificamos, para nos purgar de nós mesmos, então fomos todos levados. Levados por nós mesmos. Queremos que as coisas se revelem como julgamos que elas são. E hão-de ser sempre como as recordamos, com drama, tragédia, violência, suor, lágrimas e pele molhada. Tal como no amor, tal como na guerra. Porque queremos amor e guerra. E todos os estádios, todas as mesas de jogo, todas as corridas e competições desaguam aí. Temos que soltar o bicho que há cá dentro. Quando o único bicho que soltámos foi o Burro! Burros! Em vez de nos ordenarmos por dentro, metemos a cabeça no coração, num golpe que vai fazer moda. Os nossos heróis são um italianeco agarotado e um francês nu, dois garôtos afeminados a brigarem uma lata. E pagamos-lhes milhões porque pensar ou rezar é uma chatice. Desistimos de meter o coração na cabeça, mergulhamos de cabeça no coração, saímos relaxados do duche da vida, não lhe acrescentámos nada.Ah, mas quem é que nos ensinou esta porcaria?! Basta de nos achincalharmos com este tipo de distracções.

7.7.06

Portugal começa amanhã, às cinco da madrugada, por André Bandeira

Portugal não é uma cerveja nem um trocadilho de publicidade. Portugal não é uma equipa de futebol, antes ou depois de ganhar. Não é uma toalha, um lenço, uma côr maluca do cabelo ou uma maquilhagem mais ou menos de filme. Portugal não é uma confraternização depois do jogo, ou antes, à volta de um Televisor. Portugal não é “aqui estou eu!”. Portugal não vale uma missa, em que entro, me ajoelho e me levanto, canto uma ou duas canções, molho os dedos na água benta e me limpo de alguns maus pensamentos, para depois ir fazer o que faço sempre. Portugal não é as costas quentes para bater nos outros que não são Portugal. Se não se lembram, aprendam que Portugal é esforço, sacrifício e também tragédia e até um pouco mais tristeza, uma tristeza inexplicável que não tinge os rostos de outras Nações. E, por isso, de vez em quando, Portugal é uma alegria infantil, quase, uma tranquilidade, imaculada do medo. Por isso Portugal é senhor da Tristeza, domador do Monstrengo que está no fim do Mar, surdo barquinho frágil, flutuando com a brisa nas barbas do Adamastôr. Portugal não é reconhecimento em vida e, ao invés, é tremenda guerra e batalha enquanto a vida dura. Portugal é quase, quase uma maldição, porque africano e atlântico, celta e viking, roçou o fogo do Inferno. Quem está disposto a ir com Orfeu e com Jesus a essas profundezas e acompanhá-los até fora, sem olhar para trás, sabe que essa é a gotinha de orvalho que Portugal condensou na mão de Deus, o seu pequenino presente acrescentado ao Universo. Não saberemos nunca o que verdadeiramente se esconde por trás dos olhos de um português e essa é a nossa bandeira.

Portugal não é uma rasteira na Grande área. Portugal não é uma rasteira. Portugal é renúncia, oração e grandeza na noite da viagem, em direcção à luz da madrugada...

6.7.06

Caídos de pé.

Segundo os especialistas e mesmo l'Équipe, Portugal dominou o jogo mas jogos ganham-se com golos.
Assim, acordem Deco e retirem PAuleta para o próximo jogo pelo terceiro lugar.
É ainda espantoso o apupo a Ronaldo pelos ingleses em Munique. O futebol tornou-se também um concurso e um ranking de personalidades individuais - além das colectivas.
Ihateronaldo.com. tem 600.000 hits em quatro dias. O ódio despejado lembra o dos velhos piratas ingleses. " Como eles dizem, "it sucks". Aconselho visita e resposta. Eu fiz. O dr. MAdaíl que vá pedindo providências; não basta a boa definição que deu do jogo. Caídos de pé. Não seja pedestre.

5.7.06

Dia Nacional da Língua Portuguesa no Brasil

O Brasil no artº 13 da Constituição declarara a língua portuguesa como idioma oficial,
e acaba de criar seu dia próprio para celebrar o idioma nacional
Através da Lei nº 11.310, de 12 de Junho de 2006, o presidente Luís Inácio Lula da Silva sancionou o projecto de lei do Senado n. 149/04, da autoria do senador do PSDB pelo Amapá, Papaléo Pães que institui o dia 5 de Novembro como Dia Nacional da Língua Portuguesa no Brasil. O dia foi escolhido por ser o aniversário de nascimento de Rui Barbosa, um dos mais ferrenhos defensores da língua portuguesa no Brasil. Ao adoptar a medida, o Presidente brasileiro declarou que a intenção era a de valorizar e preservar a língua portuguesa como “importante laço de consolidação da unidade nacional. A lei foi publicada no Diário Oficial do Brasil no último dia 13 de Junho de 2006.

Sobre uma Homilia, por André Bandeira

Havia uma Mulher que sofria de perdas de sangue. Depois de se ter arruinado com vários médicos, não se conseguia curar e os hebreus tomavam a sua doença como impura. Foi procurar Jesus, no meio da multidão. Os apóstolos diziam que não valia a pena. Mas ela conseguiu tocar-Lhe as vestes e curou-se. Jesus perguntou quem lhe tinha tocado as vestes e os apóstolos diziam-lhe: “Oh Mestre, no meio de tanta gente como vamos saber?”Mas Jesus voltou-se e viu quem era, no meio da multidão. Talvez o sofrimento desta Mulher também tivesse tocado o coração de Jesus e o milagre o tivesse abanado tanto a ele como a ela. Depois Jesus foi procurado por Jairo, o Chefe da Sinagoga que lhe pedia desesperado que o Mestre lhe salvasse a sua menina, quase a morrer. Os Apóstolos, de novo, diziam-lhe; vai-te embora que ela está morta já. Mas Jesus seguiu-o e disse à menina: ‘Levanta-te Tabeeta”. E ela levantou-se e viveu. Tabeeta quer dizer pequena gazela. Teria doze anos, a idade da puberdade.

Num Mundo de revolta e seccionamento, este episódio faz-me ver que a pequena Gazela, na idade de sofrer a impureza cíclica, se levantou e que a Mulher se curou. Por mais misteriosa que seja a natureza pagã da condição Feminina, com tanta História e que se pretende fazer renascer hoje, sob a forma de Diana, de Juno, de Minerva, de Vénus, uma coisa ela tem de comum com a Natureza Masculina. Sobre as duas pernas se erguem ambas as condições e sobre elas têm de caminhar para viver. Imagino Jesus, ao ver a pequena Gazela, erguendo-se nas suas pernitas frágeis e aguentar-se nelas de novo. E sobre esta natureza comum de caminhantes, somos irmãos, o Homem e a Mulher. Aguentando-nos nas canetas somos tão fracos e tão fortes, uns como os outros.

4.7.06

sentimento de pertença , por Fernanda Leitao

O Portugal-Inglaterra encheu-me as medidas. Ricardo à baliza, foi ali mais do que ele, foi a vontade de todos nós. Cristiano Ronaldo, o menino que beijou a bola como quem diz “tu não me falhes”, foi ali mais do que ele: foi a crença ingénua do povo que somos. O brasileiro Scolari, rubro de entusiasmo, quase dançando, foi mais do que um grande treinador, foi ali o fio invisível que une o mundo lusófono, esse que existe onde dois seres humanos se entendam em português.

Quando o jogo acabou liguei para um amigo de Angola, como eu, o Orlando, que vive na mesma cidade que eu. Respondeu-me com a voz embargada de quem chorava. Eu fui até ao lindo e castiço Mercado de São Lourenço, em frente da minha casa, para esvaziar a tensão. Era o 1 de Julho, Dia do Canadá, e o mercado estava apinhado de pessoas alegres e descontraídas, a comprarem e petiscarem. De repente, dei com os olhos num rapagão todo embrulhado numa bandeira portuguesa, com a cara pintada com as cores da bandeira, que berrava a plenos pulmões em inglês: “O meu Portugal ganhou”. E todos aqueles estrangeiros o felicitavam, lhe davam abraços e palmadas nas costas. Fui direita a ele e disse-lhe apenas: “Lá ganhámos”. O rapagão abraçou-se a mim com as lágrimas a saltar dos olhos. E eu quase chorei. Éramos dois desconhecidos que pertenciam a uma mesma Pátria, com um sentimento de pertença sem reticências a um destino comum.


Novo Hino de Portugal... em inglês claro

O blog do momento é p Worldcupblog.org
Aí se expõe a comunidade internacional.
Para quem só acredita na língua inglesa Dina excreveu o que bem pode ser o hino sombra de Portugal em inglês.

My Portuguese Pride
I Will Not Hide
My Portuguese Race
I Will Not Disgrace.
My Portuguese Blood
Flows Hot & True.
My Portuguese People
Will Always Stand By
Through Thick And Thin.
Till The Day We Die.
Our Portuguese Flag.
Rises Higher Than The Rest
Because Everyone Knows
PORTUGUESE ARE THE BEST!!!

:-)

Força Portugal!

3.7.06

O Vencedor é da velha Europa

Regressado de conferências nos EUA, começo pelo inevitável: o nacionalismo pedestre do campeonato do mundo tem uma dimensão e força tais que o tornam uma linguagem global, e mesmo a linguagem global. Na Europa, como no Canadá, em África, no Japão, na Al-Jazeera o destaque são enormes. Murcha... está a angloesfera!
Duas coisas se destacam.
Força Portugal! e Viva a Comunidade Internacional! “Ricardo... é nosso!” E Scolari, também. Dos 32 treinadores presentes na Alemanha, 15 são estrangeiros, incluindo o nosso herói. Em segundo lugar, seja qual for o vencedor do Alemanha 2006, será um vencedor da Velha Europa, aquela a quem Rumsfeld pediu desculpa em Munique 2005, dizendo que era uma frase do “old Rumsfeld” a sua idiotice de 2003. Bandeiras à janela, parece haver em todo o mundo. Mas esta democracia à varanda parece ser a melhor coisa que os povos inventaram para dizer que estão vivos e que contem com eles na ordem internacional.