O que Saramago declarou recentemente, dói. Dói a quem o ouve e o detesta, dói aos indiferentes, dói a quem gosta dele e dói porque Saramago não faz apenas doer. Dorido que é, aflige. Além das declarações, o resto da entrevista é, evidentemente, perturbado.
Pode ser inquietaçao conspiratória, mas agora parece claro o "contrato" que está por trás do Prémio Nobel, mesmo que o premiado não o saiba. Tanta moda do Fernando Pessoa ( que afinal, para quem leu Walt Whitman, não é assim tão original), tanta moda do Sebastianismo ( que nada tem de surpreendente para quem não quiser ser ignorante e espreitar um pouquinho para o Islão), tanta lança partida por Camões ( que é genial mas, de certeza que Dante ou Petrarca não lhe ficam atrás) e tudo se fixa numa "marca Saramago" que é uma versão prolixa e maçuda tão válida como um êxito cinematográfico com 15 minutos de brilho mundial, em troca do esquecimento de 900 anos de influência. Eça de Queirós era prolixo, não merecia talvez o Prémio Nobel do seu tempo, mas não era maçudo e todos ganhamos humanamente em o ler.
Quando Portugal perdeu o Euro, alguns gregos ficaram admirados com a mansidão da nossa reacção e até com a confraternização continuada dizendo que, se fosse em Atenas, não seria certamente assim. Os gregos não perceberam que o nosso Euro não teve um único skin-head a pôr um polícia em coma ou um "tiffosi" a disparar à queima-roupa sobre outro, tudo isto entre coiratos e bifanas e até vários árabes que só vieram ver a bola e gostaram.
Dizia um poema de Jorge de Sena sobre Camões " Podereis roubar-me tudo...", as imagens, as metáforas, e todos as outras jóias de uma Língua Portuguesa que também outros, até jogadores de futebol, ajudaram a fazer e é hoje a sexta Língua mundial. O poema termina dizendo aos ladrões que só uma coisa nunca conseguirão roubar: "Os recessos de Amor para que sois castrados".
Saramago tem um problema de Amor. E nós deixamos-lhe que roube a Língua Portuguesa, pouco nos importando com os seus problemas interiores.
Há quem diga que este "não te rales", que este desportivismo, vai perdendo Portugal. Há quem ache que um rei espanhol é melhor que esta república portuguesa. As nações não são eternas e - ah! -- a Eternidade é agora.
Muitas previsões apontam para o que Saramago diz, é bom que nos vamos habituando. E o facto da " marca Saramago" afixar este reclame de Verão, só para se degradar, não ajuda.
É preciso saber que o Amor à Pátria, que é uma forma de Amor, assenta numa sensibilidade amorosa que é anterior à Pátria e, sem esta sensibilidade, não há Pátria nenhuma que aguente. Talvez um Portugal seduzido pela Hispânia, voltasse a ter Amor, Amor que teve, Amor que o fez.
Lamento, mas aqui tenho de traçar uma fronteira: o Ser espanhol não nos deu lições de amor e talvez seja interessante dizer que Portugal matou e queimou mas Portugal nunca cometeu um Genocídio, como o conhecido e meticuloso biogeógrafo Jared Diamond o expôs muito claramente. E com este Jared Diamond, não houve qualquer contrato, apesar de ser também uma marca.
22.7.07
16.7.07
A transição democrática e Lisboa 2007
Imagem retirada de http://oam.risco.pt/blogger.html
A Itália mudou o sistema partidário em 1991, a França está a mudar desde 2003. Em Portugal, a transição começou com a votação de 1.200.000 portugueses em Manuel Alegre. É nesta tendência europeia e nacional que se inscrevem os resultados das eleições intercalares de Lisboa (15-07-2007) que anunciam a tendência irreversível para a exaustão do actual sistema partidário, se não mesmo do regime de representação consagrado pela Constituição da República.
A abstenção de 62,6% em Lisboa é um cartão amarelo mostrado pelos eleitores à alternância do Bloco Central. Os dois independentes, Helena Roseta e Carmona Rodrigues, somaram 27%. E independente é Sá Fernandes perante o BE, como independentes são muitos dos candidatos das numerosas listas candidatas. Quando Jerónimo de Sousa diz que a CDU é a 3º força partidária não é só ele que fala: é a voz da ortodoxia do regime a querer silenciar a vitória dos independentes.
A vitória dos independentes é o lado positivo destas eleições de Julho de que a abstenção maciça foi o reverso negativo. Os seus resultados revelam um novo eleitorado democrático, que “já não vai em cantigas”. Nas novas redes da população urbana, existem matrizes de informação e de superação dos medos e das ideologia que estão fora do controlo dos partidos políticos e que têm capacidade de influenciar a agenda política nacional. O caso mais recente em Portugal era o da rejeição do erro da Ota. Agora são as máquinas partidárias actuais a serem julgadas conforme as suas expectativas arrogantes.
É por isso que o PS também perdeu as eleições ou, como se diz classicamente, teve uma vitória à Pirro. António Costa solicitou durante a campanha a maioria absoluta. Fez uma campanha limpa mas sem rasgo, mas teve menos votos que Carrilho e falhou estrondosamente a maioria absoluta. Agora terá de escolher a “passadeira” por onde quer desfilar. A amarela de Carmona Rodrigues leva-o a acordos pontuais. A passadeira vermelha que lhe foi estendida pelo secretário-geral do PCP, com piscadela de olho a Manuel Salgado, ressuscita a frente popular. As outras passadeiras multicolores, de Roseta e Sá Fernandes são ainda mais difíceis e tudo anuncia a ingovernabilidade destes dois anos até 2009.
O PSD de Marques Mendes que criou a crise sem ter uma solução à vista perdeu 90.000 votos em Lisboa e é o maior perdedor. Continuará a pagar a crise de governação de Lisboa com juros ainda incalculáveis para o Partido. A sua maioria na Assembleia Municipal de Lisboa, legítima em termos formais, tornou-se ilegítima em termos políticos.
Quanto aos outros partidos, do ponto de vista do Bloco Central, são todos pequenos. E por isso, tanto faz que a CDU tenha dois vereadores como que o CDS-PP não tenha nenhum. Com outras campanhas e outras personalidades e empenhamentos os resultados seriam diferentes mas nunca seriam alternativos. A população gosta de coerência no discurso e não gosta de facadas nas costas.
Os resultados eleitorais de Carmona Rodrigues e Helena Roseta significam o fim à vista do Bloco Central. O Partido Social Democrata e o Partido Socialista já não mobilizam como dantes os eleitorados tradicionais, que têm crescentes dúvidas sobre as opções económicas e sociais do Governo ( escutem-se as vaias ao Primeiro Ministro) e nada ouvem de construtivo da Oposição. As duas direcções – a de Governo sem oposição e a de Oposição desgovernada - abdicaram de defender interesses nacionais evidentes e parecem subservientes a cálculos económicos a curto prazo.
Claro que as pressões do regime para que os independentes de Lisboa regressem ao rebanhos partidários serão fortíssimas. Eles não têm um caminho fácil. Terão diante de si dois caminhos: ou avançar para a criação de novos partidos, a pedido do número crescente de votantes descontentes com o Bloco Central, ou manter-se activos na refundação da democracia económica e social, como garantia futura de liberdade e independência nacional. Agora que os saramagos voltam a dizer que devíamos ser iberistas, está por fazer o caminho da transição democrática de que depende o futuro português como nação independente e parceiro europeu a corpo inteiro.
A Itália mudou o sistema partidário em 1991, a França está a mudar desde 2003. Em Portugal, a transição começou com a votação de 1.200.000 portugueses em Manuel Alegre. É nesta tendência europeia e nacional que se inscrevem os resultados das eleições intercalares de Lisboa (15-07-2007) que anunciam a tendência irreversível para a exaustão do actual sistema partidário, se não mesmo do regime de representação consagrado pela Constituição da República.
A abstenção de 62,6% em Lisboa é um cartão amarelo mostrado pelos eleitores à alternância do Bloco Central. Os dois independentes, Helena Roseta e Carmona Rodrigues, somaram 27%. E independente é Sá Fernandes perante o BE, como independentes são muitos dos candidatos das numerosas listas candidatas. Quando Jerónimo de Sousa diz que a CDU é a 3º força partidária não é só ele que fala: é a voz da ortodoxia do regime a querer silenciar a vitória dos independentes.
A vitória dos independentes é o lado positivo destas eleições de Julho de que a abstenção maciça foi o reverso negativo. Os seus resultados revelam um novo eleitorado democrático, que “já não vai em cantigas”. Nas novas redes da população urbana, existem matrizes de informação e de superação dos medos e das ideologia que estão fora do controlo dos partidos políticos e que têm capacidade de influenciar a agenda política nacional. O caso mais recente em Portugal era o da rejeição do erro da Ota. Agora são as máquinas partidárias actuais a serem julgadas conforme as suas expectativas arrogantes.
É por isso que o PS também perdeu as eleições ou, como se diz classicamente, teve uma vitória à Pirro. António Costa solicitou durante a campanha a maioria absoluta. Fez uma campanha limpa mas sem rasgo, mas teve menos votos que Carrilho e falhou estrondosamente a maioria absoluta. Agora terá de escolher a “passadeira” por onde quer desfilar. A amarela de Carmona Rodrigues leva-o a acordos pontuais. A passadeira vermelha que lhe foi estendida pelo secretário-geral do PCP, com piscadela de olho a Manuel Salgado, ressuscita a frente popular. As outras passadeiras multicolores, de Roseta e Sá Fernandes são ainda mais difíceis e tudo anuncia a ingovernabilidade destes dois anos até 2009.
O PSD de Marques Mendes que criou a crise sem ter uma solução à vista perdeu 90.000 votos em Lisboa e é o maior perdedor. Continuará a pagar a crise de governação de Lisboa com juros ainda incalculáveis para o Partido. A sua maioria na Assembleia Municipal de Lisboa, legítima em termos formais, tornou-se ilegítima em termos políticos.
Quanto aos outros partidos, do ponto de vista do Bloco Central, são todos pequenos. E por isso, tanto faz que a CDU tenha dois vereadores como que o CDS-PP não tenha nenhum. Com outras campanhas e outras personalidades e empenhamentos os resultados seriam diferentes mas nunca seriam alternativos. A população gosta de coerência no discurso e não gosta de facadas nas costas.
Os resultados eleitorais de Carmona Rodrigues e Helena Roseta significam o fim à vista do Bloco Central. O Partido Social Democrata e o Partido Socialista já não mobilizam como dantes os eleitorados tradicionais, que têm crescentes dúvidas sobre as opções económicas e sociais do Governo ( escutem-se as vaias ao Primeiro Ministro) e nada ouvem de construtivo da Oposição. As duas direcções – a de Governo sem oposição e a de Oposição desgovernada - abdicaram de defender interesses nacionais evidentes e parecem subservientes a cálculos económicos a curto prazo.
Claro que as pressões do regime para que os independentes de Lisboa regressem ao rebanhos partidários serão fortíssimas. Eles não têm um caminho fácil. Terão diante de si dois caminhos: ou avançar para a criação de novos partidos, a pedido do número crescente de votantes descontentes com o Bloco Central, ou manter-se activos na refundação da democracia económica e social, como garantia futura de liberdade e independência nacional. Agora que os saramagos voltam a dizer que devíamos ser iberistas, está por fazer o caminho da transição democrática de que depende o futuro português como nação independente e parceiro europeu a corpo inteiro.
14.7.07
Jornal de Campanha III
MPT: Slots disponíveis, ruído controlado e segurança são razões para manter a Portela
Participantes na conferência do Movimento Partido da Terra (MPT), que marcou esta sexta-feira o encerramento da sua campanha para as eleições de domingo, defenderam que o ruído e o risco de despenhamento não são razões para fechar o aeroporto de Lisboa.
Sobre a possibilidade de uma catástrofe, no caso de um avião comercial se despenhar sobre Lisboa, membros da lista liderada por Pedro Quartin Graça, disseram que a probabilidade baixou, em 20 anos, de 25 para 0,6 por milhão de aviões que sobrevoam a cidade.
Os candidatos independentes, o professor universitário Mendo Castro Henriques como o engenheiro civil Frederico Brotas de Carvalho, acentuaram que também no caso do ruído o efeito é hoje muito inferior devido aos motores mais silenciosos utilizados pelas aeronaves comerciais de última geração.
A pista principal da Portela tem mais de quatro quilómetros e os aviões de nova geração, incluindo os que são usados pelas empresas de voos de baixo custo (low cost) apenas precisam de 2,2 quilómetros para se imobilizarem, explicou o engenheiro.
Assim, se fosse possível aquelas aeronaves aterrarem apenas a partir de meio da pista, isso permitiria que sobrevoassem a cidade a uma altura superior a mais do dobro do que fazem actualmente, com a consequente diminuição de ruído.
De resto, a condenação da construção de um novo aeroporto na OTA foi severamente criticada, tendo Castro Henriques classificado a ideia como um «embuste», já que a Portela está longe de estar esgotada e um novo aeroporto naquela localidade pouco mais capacidade teria que o actual.
Com a ampliação da área de estacionamento, a Portela, que atinge os 40 lugares actualmente, ficará com capacidade para 60 aeronaves na placa, número que será muito pouco superior na OTA, reforçou Frederico Carvalho.
Outro aspecto reforçado pelos defensores do actual aeroporto de Lisboa é a sua capacidade estar longe de esgotada. Presentemente, a média de aterragens e descolagens é de 36 por hora, enquanto a capacidade pode ir até aos 44, 45 movimentos, sustentaram. Foram apresentados os mapas com folga de slots.
O cabeça-de-lista, Pedro Quartin Graça, fez questão de salientar o empenho que a sua candidatura pôs na questão do aeroporto, recordando que a primeira e última iniciativas da campanha foram sobre o tema.
Diário Digital / Lusa
Sobre a possibilidade de uma catástrofe, no caso de um avião comercial se despenhar sobre Lisboa, membros da lista liderada por Pedro Quartin Graça, disseram que a probabilidade baixou, em 20 anos, de 25 para 0,6 por milhão de aviões que sobrevoam a cidade.
Os candidatos independentes, o professor universitário Mendo Castro Henriques como o engenheiro civil Frederico Brotas de Carvalho, acentuaram que também no caso do ruído o efeito é hoje muito inferior devido aos motores mais silenciosos utilizados pelas aeronaves comerciais de última geração.
A pista principal da Portela tem mais de quatro quilómetros e os aviões de nova geração, incluindo os que são usados pelas empresas de voos de baixo custo (low cost) apenas precisam de 2,2 quilómetros para se imobilizarem, explicou o engenheiro.
Assim, se fosse possível aquelas aeronaves aterrarem apenas a partir de meio da pista, isso permitiria que sobrevoassem a cidade a uma altura superior a mais do dobro do que fazem actualmente, com a consequente diminuição de ruído.
De resto, a condenação da construção de um novo aeroporto na OTA foi severamente criticada, tendo Castro Henriques classificado a ideia como um «embuste», já que a Portela está longe de estar esgotada e um novo aeroporto naquela localidade pouco mais capacidade teria que o actual.
Com a ampliação da área de estacionamento, a Portela, que atinge os 40 lugares actualmente, ficará com capacidade para 60 aeronaves na placa, número que será muito pouco superior na OTA, reforçou Frederico Carvalho.
Outro aspecto reforçado pelos defensores do actual aeroporto de Lisboa é a sua capacidade estar longe de esgotada. Presentemente, a média de aterragens e descolagens é de 36 por hora, enquanto a capacidade pode ir até aos 44, 45 movimentos, sustentaram. Foram apresentados os mapas com folga de slots.
O cabeça-de-lista, Pedro Quartin Graça, fez questão de salientar o empenho que a sua candidatura pôs na questão do aeroporto, recordando que a primeira e última iniciativas da campanha foram sobre o tema.
Diário Digital / Lusa
8.7.07
Jornal de Campanha II
Lisboa Não Pode Viver Só de projectos imobiliários
OS candidatos do MPT com Pedro Quartin Graça numa visita ao vale de Santo António – Chelas - acompanhados por órgãos da comunicação social. A urbanização da EPUL, outorgada em 2004 a Bernardino Gomes está sob o olho da Polícia Judiciária e poderá haver mais arguidos. O plano de construção é medonho e vai contra tudo o que o urbanismo deve ser.
A cidade de Lisboa não pode limitar-se a viver de projectos imobiliários, "como se de um jogo do monopólio se tratasse". Para ser competitiva a cidade tem de possuir actividade criadoras de riqueza, mesmo que isso signifique projectos cuja rendibilidade não é imediata.
Segundo os estudos demográficos, urbanísticos e sociológicos, para se tornar competitiva a nível internacional, a capital precisa de apostar nas actividades económicas baseadas no conhecimento, como a banca e as telecomunicações.
Um antigo eixo de criação de riqueza da cidade do início do século passado - o eixo Beato-Marvila-Chelas - estarem a ser alvo de "projectos imobiliários desgarrados, construídos em cima dos restos que sobraram das antigas fábricas", em vez de estes locais serem aproveitados para desenvolver actividades económicas baseadas no conhecimento.
Além disso, o eixo Beato-Marvila-Chelas tem uma densimetria forte de palácios, mosteiros, quintas. Muitos datam do séc. XVI e XVII em que a aristocracia desceu para as praias de descarga das especiarias – como a Rua do Açúcar, em Xabregas, que podem ser pólos de circuitos turísticos, pólos de conhecimento e de habitação de qualidade.
Os grandes nomes da arquitectura internacional contratados pela Câmara de Lisboa para desenvolver projectos na capital estão a trabalhar apenas para alguns: para os que irão usufruir do resultado dos projectos imobiliários que lhes foram entregues.
Uma cidade ingovernável
Lisboa confronta-se neste momento com um problema de ingovernabilidade que radica na existência de nada menos de 53 freguesias na cidade, umas com uma área minúscula e praticamente sem habitantes, como é o caso das freguesias da Baixa, e outras gigantescas, como Benfica. A questão tem vindo a ser discutida pelos vereadores da Câmara de Lisboa e pelos deputados municipais.
A segunda parte do mega-estudo sobre Lisboa apresenta a dramática perda de população da cidade nos últimos anos que tem vindo a ser mal acompanhada por uma entrada de novos habitantes: entre 1996 e 2001 a cidade ganhou 53 mil pessoas mas os novos não chegam para repor os que saem. Por cada habitante novo havia dois a ir-se embora em 2001.
Um quarto dos novos residentes é proveniente do estrangeiro e 60% frequenta um estabelecimento de ensino. "Uma das grandes mais-valias da cidade são as suas escolas".
A estrutura familiar dos novos residentes tem dimensões menores do que é tradicional: 1,7 pessoas por família. Mas nada disto impede que Lisboa continue a ser das cidades mais envelhecidas da Europa e a mais envelhecida de Portugal. Nalguns bairros a percentagem de idosos ultrapassa a da cidade. Em Alvalade 45 por cento dos habitantes tem mais de 65 anos.
E não é por falta de casas que Lisboa não tem mais gente. Na década de 90 o número de alojamentos vagos aumentou 60 por cento, percentagem que se eleva aos 72,4 por cento quando se fala dos alojamentos vagos que nessa altura se encontravam fora do mercado de venda ou aluguer.
Inverter esta situação implica grandes transformações, imaginação e muito dinheiro. Só assim será possível reabilitar os milhares de prédios degradados em toda a cidade. "Qual a percentagem dos impostos pagos pelos munícipes que ficam na cidade?".
7.7.07
6.7.07
Devolução, por Pedro Cem
Toda a gente sabe que faz bem olhar-se ao espelho. É uma prova de vida e um aproveitamento da ligeira luz que emana do rosto, a qual, de outro modo, se desperdiçaria. Narciso apaixonou-se por si próprio, não porque se viu ao espelho mas porque se imaginou para além do espelho. A filtragem da Realidade pelo Eu, contudo, passou a ser uma duplicação da Realidade, uma carga excessiva que incluímos e que nos provocou uma vertigem pelo esforço imprevisto e, portanto, uma súbita aproximação da Lonjura, contra a qual reagimos homologamente à ressaca.
Ora ser um "Narciso do vício" não é nunca, como Narciso, afogar-se no lago, mas viciar-se no preliminar do espelho, na reflexão do Eu que pode ser elevada à escala televisiva se, entretanto, o nosso engenho doentio montar um jogo de espelhos. Nesta Televisão multicanal do Eu, o Eu ficou com Império mas ninguém lhe reconheceu a Propriedade, sobretudo em direitos de autor.
Então o Eu tornou-se imperial e, com a Democracia, passou à Tirania dos universos subjectivos paralelos. Finalmente, com a sondagem de opinião e a Astrologia, passou à Tirania Absoluta ( aquela que já não se preocupa sequer em ser amada) ou seja, as dos universos infinitos paralelos.
Como proceder? Voltar às luzes mais antigas. É de evitar, porém, o regresso súbito do Filho pródigo à casa do pai corrector porque o sado-masoquismo é outro fantasma do Eu -- o excesso de alimárias na noite fazem do cemitério um cabaret, revogam as trevas e suprimem o Dia feito de dias em que todos nascemos e declinamos, como o urso que hiberna ou a andorinha que parte.
Em que consiste a Devolução? Para já, em devolver o limite da soberania a quem sempre pertenceu: ao Soberano. Um Soberano é um busto que absorve a luz no meio do jogo de espelhos. É um Indivíduo reduzido ao mínimo, refractado na luz das suas visões narcísicas e que "faz cabeça". Uma forma em forma de ser Humano, a única com quem podemos dialogar, sem nos imitarmos num constante desfazamento temporal, como na imagem do espelho. Por isso é tão importante ter um bom Soberano e, se não o há, há que o fazer.
Em vez de um Chefe emergente, como um Dux ou ditador republicano que tem de fazer da vida uma guerra permanente para justificar o lugar, pedimos um chefe convergente onde o estado de guerra é excepcional. Enquanto a Democracia inventa a máxima de que "as Democracias não se guerreiam entre si", as guerras de clãs e de máfias substituem os Estados fracos da Democracia onde os Soberanos incontáveis são fortes, seja um drogado com uma seringa à frente duma dona-de-casa ou um espertalhão político a trepar para o tôpo.
Por fim, organizar a devolução das cinzas à terra e devolver o pó, ao pó.
Quer isto dizer que "Soberano" é o nome de um funeral, ou de uma festa de despedida para um suicídio anunciado?
Não. Dar o "pó ao pó" é fertilizar em época de semear. Não é acumular fertilizantes por alguém que "era capitão da sua alma"" e explodir com 157 inocentes ( se Timothy McVeigh era capitão da sua alma, ninguém é capitão do mar sem fim). Nem é um crematório (limpeza étnica, sanidade moral, revolução administrativa) pois os vazios que se utilizam numa correcta política da morte são apenas câmaras ou bôlhas de gás numa concentração tôsca, vagueando no Cosmos. O verdadeiro Vazio emerge de todas as coisas, vai muito para além da nossa percepção e tudo o que se pode fazer é rezar a uma dádiva em contínua fluência: até a Providência nos matar de fartura.
Quer isto dizer que tudo se reduz à busca da melhor oração ou do melhor truque místico?
De-volver não significa apenas volver mas saber a arte de volver.
As pessoas que gritavam pela Revolução julgavam quebrar as tábuas da Lei, sem saber que gritavam para que tudo voltasse ao mesmo lugar. Os que gritavam pela Reacção gritavam para que tudo voltasse ao mesmo lugar, só que a partir dum ponto mais antigo ou mais lento. O círculo era vicioso como as cismas de Narciso.
O Devolucionário volta a si mesmo, ainda que já esteja ultrapassado e sobretudo porque está ultrapassado (bendito seja!) pois só assim consegue deixar de se alienar, de ser um outro: passa a ainda não ser. Se "já não fosse", nem sequer era ultrapassado. Era apenas extinto. Como numa canção antiga da luso-brasileira Geninha Melo e Castro, o "Devolucionário" fica no "ainda não" o que não é mau conselho para os esquerdistas precipitados, uma consolação para os eunucos de Deus e, sobretudo, uma palvra de esperança para a "coisa amada" de Camões que busca o "amador" e está no seu, muito justo, direito de viver direita.
Tornar-se no que se é, quando já não se é, é como escutar, por entre os silêncios de que a Música está cheia, um ritmo vibrando desde sempre debaixo dos pés. Devolver é deixar para trás e partir de viagem.
Mas o devolucionário é um Viajante célebre. Se compramos um bilhete e esperarmos sempre no mesmo lugar à hora marcada, para darmos um passo e entrarmos da carruagem certa, podemos muito bem cair para o abismo. Isto porque nunca saímos dum cais para um combóio. Passamos sempre de um combóio para outro, quando compreendermos que somos maquinistas de um pesado combóio de percepções, carregado de inércia, o qual partiu e se alongou há muito tempo.
Devolver significa dar, abdicar do extra que somámos ao todo, com o nosso Eu (um extra do Todo é apenas uma ferida aberta). Com isto retornaremos ao EU essencial que se está continuamente a desfolhar como num Outono das Colheitas eternas.
E aqui está a Devolução, na Natureza, na Opressão, na Dor e até para Portugal.
Ora ser um "Narciso do vício" não é nunca, como Narciso, afogar-se no lago, mas viciar-se no preliminar do espelho, na reflexão do Eu que pode ser elevada à escala televisiva se, entretanto, o nosso engenho doentio montar um jogo de espelhos. Nesta Televisão multicanal do Eu, o Eu ficou com Império mas ninguém lhe reconheceu a Propriedade, sobretudo em direitos de autor.
Então o Eu tornou-se imperial e, com a Democracia, passou à Tirania dos universos subjectivos paralelos. Finalmente, com a sondagem de opinião e a Astrologia, passou à Tirania Absoluta ( aquela que já não se preocupa sequer em ser amada) ou seja, as dos universos infinitos paralelos.
Como proceder? Voltar às luzes mais antigas. É de evitar, porém, o regresso súbito do Filho pródigo à casa do pai corrector porque o sado-masoquismo é outro fantasma do Eu -- o excesso de alimárias na noite fazem do cemitério um cabaret, revogam as trevas e suprimem o Dia feito de dias em que todos nascemos e declinamos, como o urso que hiberna ou a andorinha que parte.
Em que consiste a Devolução? Para já, em devolver o limite da soberania a quem sempre pertenceu: ao Soberano. Um Soberano é um busto que absorve a luz no meio do jogo de espelhos. É um Indivíduo reduzido ao mínimo, refractado na luz das suas visões narcísicas e que "faz cabeça". Uma forma em forma de ser Humano, a única com quem podemos dialogar, sem nos imitarmos num constante desfazamento temporal, como na imagem do espelho. Por isso é tão importante ter um bom Soberano e, se não o há, há que o fazer.
Em vez de um Chefe emergente, como um Dux ou ditador republicano que tem de fazer da vida uma guerra permanente para justificar o lugar, pedimos um chefe convergente onde o estado de guerra é excepcional. Enquanto a Democracia inventa a máxima de que "as Democracias não se guerreiam entre si", as guerras de clãs e de máfias substituem os Estados fracos da Democracia onde os Soberanos incontáveis são fortes, seja um drogado com uma seringa à frente duma dona-de-casa ou um espertalhão político a trepar para o tôpo.
Por fim, organizar a devolução das cinzas à terra e devolver o pó, ao pó.
Quer isto dizer que "Soberano" é o nome de um funeral, ou de uma festa de despedida para um suicídio anunciado?
Não. Dar o "pó ao pó" é fertilizar em época de semear. Não é acumular fertilizantes por alguém que "era capitão da sua alma"" e explodir com 157 inocentes ( se Timothy McVeigh era capitão da sua alma, ninguém é capitão do mar sem fim). Nem é um crematório (limpeza étnica, sanidade moral, revolução administrativa) pois os vazios que se utilizam numa correcta política da morte são apenas câmaras ou bôlhas de gás numa concentração tôsca, vagueando no Cosmos. O verdadeiro Vazio emerge de todas as coisas, vai muito para além da nossa percepção e tudo o que se pode fazer é rezar a uma dádiva em contínua fluência: até a Providência nos matar de fartura.
Quer isto dizer que tudo se reduz à busca da melhor oração ou do melhor truque místico?
De-volver não significa apenas volver mas saber a arte de volver.
As pessoas que gritavam pela Revolução julgavam quebrar as tábuas da Lei, sem saber que gritavam para que tudo voltasse ao mesmo lugar. Os que gritavam pela Reacção gritavam para que tudo voltasse ao mesmo lugar, só que a partir dum ponto mais antigo ou mais lento. O círculo era vicioso como as cismas de Narciso.
O Devolucionário volta a si mesmo, ainda que já esteja ultrapassado e sobretudo porque está ultrapassado (bendito seja!) pois só assim consegue deixar de se alienar, de ser um outro: passa a ainda não ser. Se "já não fosse", nem sequer era ultrapassado. Era apenas extinto. Como numa canção antiga da luso-brasileira Geninha Melo e Castro, o "Devolucionário" fica no "ainda não" o que não é mau conselho para os esquerdistas precipitados, uma consolação para os eunucos de Deus e, sobretudo, uma palvra de esperança para a "coisa amada" de Camões que busca o "amador" e está no seu, muito justo, direito de viver direita.
Tornar-se no que se é, quando já não se é, é como escutar, por entre os silêncios de que a Música está cheia, um ritmo vibrando desde sempre debaixo dos pés. Devolver é deixar para trás e partir de viagem.
Mas o devolucionário é um Viajante célebre. Se compramos um bilhete e esperarmos sempre no mesmo lugar à hora marcada, para darmos um passo e entrarmos da carruagem certa, podemos muito bem cair para o abismo. Isto porque nunca saímos dum cais para um combóio. Passamos sempre de um combóio para outro, quando compreendermos que somos maquinistas de um pesado combóio de percepções, carregado de inércia, o qual partiu e se alongou há muito tempo.
Devolver significa dar, abdicar do extra que somámos ao todo, com o nosso Eu (um extra do Todo é apenas uma ferida aberta). Com isto retornaremos ao EU essencial que se está continuamente a desfolhar como num Outono das Colheitas eternas.
E aqui está a Devolução, na Natureza, na Opressão, na Dor e até para Portugal.
5.7.07
"Scooter" Libby
O caso de "Scooter" Libby é intrincado. O bloguista Patrick Foy foi um dos que previu - a 26 de Junho pp. - que Bush teria de comutar a pena, para que não se abrisse o saco azul da revelações.
Para quem como eu considera a sociedade americana a mais equitativa da terra, é chocante como o governo americano é dos mais corruptores. Vamos ver a sequência. Libby será perdoado?
Também achei estranho que neste blog a fotografia "Gotcha" que pus a ilustrar a prisão de Libby tenha desaparecido. Bem sei que era um link. Mas caramba! Não há coincidências, não!
“Scooter’s” Can of Worms
Posted by Patrick Foy on July 03, 2007
Since we last addressed the topic, Irving “Scooter” Libby was assigned a federal prison number. It certainly looked like he was headed for a Federal correctional facility, all because he refused to tell the truth about what was happening inside the Cheney Regency in the aftermath of “Operation Iraqi Freedom”. But now--surprise! surprise!--Scooter has just been handed a stay-out-of-jail card by the White House. Surely none of Taki’s Top Drawer readership will be amused or amazed. The free pass is perfectly reasonable in view of the close relationship among the co-conspirators involved.
In response to certain readers’ comments to my Bush & Cheney: It’s Time to Resign article of June 26th, I wrote, “Libby’s conviction convicts Cheney directly and Bush indirectly of malfeasance--unless we assume that Bush is totally out of the loop. I see no choice for Bush but to pardon Libby. I do not see how Cheney can allow his chief henchman to sit in jail. Libby might talk to prosecutors or, almost as bad, write a tell-almost-all book.” In short, this “commutation” of Scooter’s jail time was to be expected, for the simple reason that those handing out the free pass may well have been complicit in the crimes for which Scooter was convicted. Under these circumstances, sending “Scooter” to the Big House would have been unseemly.
I suggested, instead, that Cheney and G.W. resign. They have chosen to issue a commutation, with a full pardon probably coming later. This commutation is in contrast to “Bubba” Clinton’s pardon on January 20th, 2001 of “Scooter” Libby’s long-time client, the New York/Israeli fraudster Marc Rich. That outrage came as a bolt out of the blue to most innocent bystanders. What both pardons do have in common, of course, is corruption and brazenness. They stink to high heaven, and for good reason. We are witnessing rot at the very top of the American political Establishment. The good news is that it might wake up and shake up whatever honest individuals might be left in Washington and in the country at large.
The kickoff to the current “Scooter” affair was the outing of CIA undercover agent Valerie Plame Wilson. The CIA requested in the summer of 2003 that the Justice Department look into the matter. It could normally be assumed that high-level White House officials would not be involved in blowing the cover of a CIA operative who has been working across town, specializing in global non-proliferation of WMD. Most especially, it might be expected for this Administration, because G.W. and Cheney had loudly proclaimed the necessity of going to war to protect the country from WMD, albeit nonexistent ones. Certainly few could conceive that such mischief directed against the CIA might happen at the direction of, or in connivance with, the Vice President of the United States--and for purely inside-the-beltway political reasons. All such assumptions, expectations and imaginings would be a mistake.
“Scooter’s” supporters like to argue that it was the rough-and-tumble, voluble Deputy Secretary of State, Richard Armitage, who was in fact the guy who off-handedly spilled the beans to reporter Robert Novak when he informed Novak that Valerie Plame was married to Ambassador Joseph Wilson and that she was a CIA agent--so what’s the big deal? Something like that did happen, granted, but it is almost beside the point when viewed in context. The Justice Department investigation quickly turned upon the larger issue of just what kind of nefarious campaign of disinformation and character assassination was being conducted behind the scenes at the White House in the wake of Wilson’s revelations in the New York Times with respect to the bogus connection between Niger “yellowcake” uranium and the regime of Saddam Hussein. The White House, meaning the Regent Cheney, went into attack mode just as soon as that article hit the newsstands and the talk shows. What Wilson asserted instantly deflated the WMD threat of Saddam Hussein almost to zero. “Scooter” was the Regent’s chief-of-staff as well as an assistant to the cut-out occupying the Oval Office. It is reasonable to assume that “Scooter” was engrossed in the vindictive campaign to discredit Wilson and his wife, and that he was doing it at the direction of Cheney.
Thanks to god-awful bad luck for Cheney and his “neocon” network in control of the Executive Branch, Federal prosecutor Patrick “Bulldog” Fitzgerald ended up in charge of the investigation. Last Friday, June 29th, the Associated Press reported that Fitzgerald soon realized there was something peculiar going on. There was more to the case than just the outing of Valerie Plame. The “Bulldog” was confronted with the fact that he, his staff and the FBI were being routinely snookered by “Scooter”, who was arguably the third or maybe even the second most powerful individual inside the White House. Fitzgerald no doubt wondered why “Scooter” would want to deceive the grand jury and the FBI, especially since he (Fitzgerald) already knew about Armitage’s gossipy conversation with Novak. To quote the AP:
Midway through his CIA leak investigation, Special Prosecutor Patrick Fitzgerald was pretty sure of two things: First, he wasn’t going to charge White House aide I. Lewis “Scooter” Libby with revealing a covert operative. And second, he thought Libby’s testimony was a bunch of lies.
Documents unsealed in the case Friday revealed that when Fitzgerald subpoenaed New York Times reporter Judith Miller in 2005, he was already building a perjury and obstruction case against Libby, the former chief of staff to Vice President Dick Cheney. ‘Libby’s account of conversations has been largely inconsistent with every other material witness to date,’ Fitzgerald wrote in court documents.
As noted in passing on June 26th, the only conceivable reason for “Scooter” not to tell the truth, to deliberately commit perjury, would be that he was attempting to cover something up for his boss, the Regent Cheney. We now know that Regent Cheney occupies a separate universe within the Executive Branch of the Federal Government, answerable to no one, including the FBI, the Congress and the U.S. Constitution. This is not speculation. We know it to be true because “the Office of the Vice President” has stated as much, only in different words. This being the case, why should Cheney’s chief of staff be expected to be straightforward with any outside inquiry? Like his boss, “Scooter” would feel the same entitlement to stonewall, conceal and obfuscate. It would only be natural. In fact, it would be a badge of honor in service to the cause.
And what was there to conceal that was so important that it required perjury and obstruction of justice, both of which deliberately stymied Fitzgerald from getting to the bottom of the affair, which prevented him from connecting the dots linking Karl “Valerie Plame is fair game” Rove with the talking figurehead in the Oval Office with Armitage over at the State Department and back to “Scooter” Libby and to the all-powerful but completely unaccountable Regent himself, Dick Cheney? Perhaps what these characters needed to hide at all cost was the fraudulent nature of the war itself, in all its “neocon” ramifications, the very subject about which Ambassador Wilson had just barely touched upon. Perhaps “Scooter” and Regent Cheney and Cheney’s Cabal were terrified that “Bulldog” Fitzgerald might stumble upon a can of worms, and inadvertently open it. About which, more anon.
Posted by Patrick Foy on July 03, 2007
Since we last addressed the topic, Irving “Scooter” Libby was assigned a federal prison number. It certainly looked like he was headed for a Federal correctional facility, all because he refused to tell the truth about what was happening inside the Cheney Regency in the aftermath of “Operation Iraqi Freedom”. But now--surprise! surprise!--Scooter has just been handed a stay-out-of-jail card by the White House. Surely none of Taki’s Top Drawer readership will be amused or amazed. The free pass is perfectly reasonable in view of the close relationship among the co-conspirators involved.
In response to certain readers’ comments to my Bush & Cheney: It’s Time to Resign article of June 26th, I wrote, “Libby’s conviction convicts Cheney directly and Bush indirectly of malfeasance--unless we assume that Bush is totally out of the loop. I see no choice for Bush but to pardon Libby. I do not see how Cheney can allow his chief henchman to sit in jail. Libby might talk to prosecutors or, almost as bad, write a tell-almost-all book.” In short, this “commutation” of Scooter’s jail time was to be expected, for the simple reason that those handing out the free pass may well have been complicit in the crimes for which Scooter was convicted. Under these circumstances, sending “Scooter” to the Big House would have been unseemly.
I suggested, instead, that Cheney and G.W. resign. They have chosen to issue a commutation, with a full pardon probably coming later. This commutation is in contrast to “Bubba” Clinton’s pardon on January 20th, 2001 of “Scooter” Libby’s long-time client, the New York/Israeli fraudster Marc Rich. That outrage came as a bolt out of the blue to most innocent bystanders. What both pardons do have in common, of course, is corruption and brazenness. They stink to high heaven, and for good reason. We are witnessing rot at the very top of the American political Establishment. The good news is that it might wake up and shake up whatever honest individuals might be left in Washington and in the country at large.
The kickoff to the current “Scooter” affair was the outing of CIA undercover agent Valerie Plame Wilson. The CIA requested in the summer of 2003 that the Justice Department look into the matter. It could normally be assumed that high-level White House officials would not be involved in blowing the cover of a CIA operative who has been working across town, specializing in global non-proliferation of WMD. Most especially, it might be expected for this Administration, because G.W. and Cheney had loudly proclaimed the necessity of going to war to protect the country from WMD, albeit nonexistent ones. Certainly few could conceive that such mischief directed against the CIA might happen at the direction of, or in connivance with, the Vice President of the United States--and for purely inside-the-beltway political reasons. All such assumptions, expectations and imaginings would be a mistake.
“Scooter’s” supporters like to argue that it was the rough-and-tumble, voluble Deputy Secretary of State, Richard Armitage, who was in fact the guy who off-handedly spilled the beans to reporter Robert Novak when he informed Novak that Valerie Plame was married to Ambassador Joseph Wilson and that she was a CIA agent--so what’s the big deal? Something like that did happen, granted, but it is almost beside the point when viewed in context. The Justice Department investigation quickly turned upon the larger issue of just what kind of nefarious campaign of disinformation and character assassination was being conducted behind the scenes at the White House in the wake of Wilson’s revelations in the New York Times with respect to the bogus connection between Niger “yellowcake” uranium and the regime of Saddam Hussein. The White House, meaning the Regent Cheney, went into attack mode just as soon as that article hit the newsstands and the talk shows. What Wilson asserted instantly deflated the WMD threat of Saddam Hussein almost to zero. “Scooter” was the Regent’s chief-of-staff as well as an assistant to the cut-out occupying the Oval Office. It is reasonable to assume that “Scooter” was engrossed in the vindictive campaign to discredit Wilson and his wife, and that he was doing it at the direction of Cheney.
Thanks to god-awful bad luck for Cheney and his “neocon” network in control of the Executive Branch, Federal prosecutor Patrick “Bulldog” Fitzgerald ended up in charge of the investigation. Last Friday, June 29th, the Associated Press reported that Fitzgerald soon realized there was something peculiar going on. There was more to the case than just the outing of Valerie Plame. The “Bulldog” was confronted with the fact that he, his staff and the FBI were being routinely snookered by “Scooter”, who was arguably the third or maybe even the second most powerful individual inside the White House. Fitzgerald no doubt wondered why “Scooter” would want to deceive the grand jury and the FBI, especially since he (Fitzgerald) already knew about Armitage’s gossipy conversation with Novak. To quote the AP:
Midway through his CIA leak investigation, Special Prosecutor Patrick Fitzgerald was pretty sure of two things: First, he wasn’t going to charge White House aide I. Lewis “Scooter” Libby with revealing a covert operative. And second, he thought Libby’s testimony was a bunch of lies.
Documents unsealed in the case Friday revealed that when Fitzgerald subpoenaed New York Times reporter Judith Miller in 2005, he was already building a perjury and obstruction case against Libby, the former chief of staff to Vice President Dick Cheney. ‘Libby’s account of conversations has been largely inconsistent with every other material witness to date,’ Fitzgerald wrote in court documents.
As noted in passing on June 26th, the only conceivable reason for “Scooter” not to tell the truth, to deliberately commit perjury, would be that he was attempting to cover something up for his boss, the Regent Cheney. We now know that Regent Cheney occupies a separate universe within the Executive Branch of the Federal Government, answerable to no one, including the FBI, the Congress and the U.S. Constitution. This is not speculation. We know it to be true because “the Office of the Vice President” has stated as much, only in different words. This being the case, why should Cheney’s chief of staff be expected to be straightforward with any outside inquiry? Like his boss, “Scooter” would feel the same entitlement to stonewall, conceal and obfuscate. It would only be natural. In fact, it would be a badge of honor in service to the cause.
And what was there to conceal that was so important that it required perjury and obstruction of justice, both of which deliberately stymied Fitzgerald from getting to the bottom of the affair, which prevented him from connecting the dots linking Karl “Valerie Plame is fair game” Rove with the talking figurehead in the Oval Office with Armitage over at the State Department and back to “Scooter” Libby and to the all-powerful but completely unaccountable Regent himself, Dick Cheney? Perhaps what these characters needed to hide at all cost was the fraudulent nature of the war itself, in all its “neocon” ramifications, the very subject about which Ambassador Wilson had just barely touched upon. Perhaps “Scooter” and Regent Cheney and Cheney’s Cabal were terrified that “Bulldog” Fitzgerald might stumble upon a can of worms, and inadvertently open it. About which, more anon.
1.7.07
Jornal de Campanha
1 de Julho - Jornal de Campanha - Intercalares de Lisboa 2007 – Bairro dos Lóios
Mendo Henriques ( candidato independente pelo MPT)
A assistência não é grande mas é interveniente. Os representantes das candidaturas às eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa estão lá todos. Convidados pela Associação Tempo de Mudar, e a Comissão de Moradores do Bairro dos Lóios, para um debate sobre o tema da Habitação para Marvila e Lisboa. Umas 150 pessoas a assistir, e 11 candidatos no palanque
Lóios e as Amendoeiras ficaram mais na mira dos Lisboetas depois que a Rádio Televisão Portuguesa se mudou para a avenida que sai do bairro do Relógio. Marvila tem todos os tipos de habitações. Tem até um edifício que ganhou prémios internacionais: a enorme estrutura distendida e chamada por motivos óbvios a “pantera cor de rosa”. Foi projectada nos anos 70 por Gonçalo Byrne como se fosse uma aldeia urbana. Mas para conhecer os problemas dos Lóios basta comparar as histórias de dois prédios. O 231 está em excelentes condições, e pertence a uma cooperativa de inquilinos. O outro, mesmo pegado, o 232, é ainda da Fundação D. Pedro IV, e é uma desgraça. Há semanas atrás, um rapaz abriu a porta do elevador no 4º andar e caiu 25 m, ficando em coma no hospital, porque o elevador estava no 5º andar. A mãe veio falar do caso, cheia de dignidade. Não tinha ressentimentos mas exigia melhoria de vida para todos.
Os moradores das Amendoeiras e Lóios têm outras razões de queixa. Os equipamentos deixam muito a desejar. As renovações, como a da praça Raul Lino, não foram a contento. O Centro de Saúde está construído há 4 anos mas ainda não abriu. A CML equipou-o mas a ARS do Ministério da Saúde em todo este tempo não instalou médicos e pessoal. É uma vergonha governamental e um vexame para os habitantes.
Há uma boa notícia. Em Janeiro de 2005 o Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado (IGAPHE) transferira, "a título gratuito, para a Fundação D. Pedro IV, um valioso património constituído por cerca de 1400 fogos dos bairros dos Lóios e Amendoeiras, em Marvila". Sucederam-se as calamidades. Já um relatório de 2003, da Inspecção-Geral do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social defendera a extinção da Fundação D. Pedro IV. Mas, após dura reivindicação dos moradores durante dois anos, a Assembleia da República aprovou a 21 de Junho de 2007, por unanimidade, a reversão para o Estado dos 1400 fogos da Fundação D. Pedro IV. É preciso esperar até 12 de Julho para ver se o prometido é cumprido.
Para muitos, foi apenas "uma meia vitória". A transferência de propriedade poderá ocorrer sem " melhoramento nas condições de habitabilidade dos bairros, extremamente precárias”. E a Fundação impôs um regime de rendas que se traduziu em aumentos de encargos insuportáveis para um grande número de famílias". Os aumentos da denominada "renda apoiada" oscilariam entre "os 2000 e os 4000%".
Foram dados como estes que os candidatos ouviram de Eduardo Gaspar, presidente da Associação Tempo de Mudar, do Bairro dos Lóios. Convidados a participar no evento de 1 de Julho, pelas 16h00, no recinto do equipamento gerido pela ATM, os representantes de todas as candidaturas falaram, escutaram e responderam.
Há candidatos com trabalho de militância de mais de dez anos. Manuel Figueiredo da CDU apoia, de há muito tempo, as reivindicações de Marvila. José Sá Fernandes (BE) andou por ali à chuva em protesto pela abertura do Centro de Saúde. Outros como Manuel Monteiro (PND) declaram pouco perceber do bairro. Camara Pereira (PPM) falou da importância da Junta de Freguesia mas depois desapareceu. Mas quais são as grandes questões?
Afinal Lisboa tem uns 560.000 habitantes e perde 30 por dia. 1.500.000 de habitantes pendulares vêem dos subúrbios nela trabalhar cada dia que passa, como lembrou a candidata de “Lisboa com Carmona”. Antonio Carlos Monteiro, do CDS-PP considerou que em dois anos pouco se poderia fazer. Helena Roseta (Independente) acha que se devem arregaçar as mangas e buscar soluções para quem quer comprar e para quem não tem dinheiro para isso. Após Garcia Pereira (MRPP) ter dado o mote, Frederico de Carvalho (MPT) tratou da questão estratégica de Lisboa: “O que é espantoso é o que se prepara com a terceira travessia do Tejo para Chelas e o vale de Marvila”. A ser feita a travessia Chelas Barreiro, vai-se martirizar o vale com dezenas de quilómetros de betão em viadutos e túneis.”
Sobram sempre mimos para todos. Monteiro acha que Roseta, “a bastonária dos Arquitecto” os deve chamar à pedra. Sérgio Lipari, (PSD) é considerado “administrador da Gebalis”. Nunca o foi e após seis meses no pelouro da habitação, propõe-se retomar a ideia das parcerias publico privadas para dar qualidade ao edificado em Marvila; “não preciso do governo para nada”. Mas a maior parte das baterias foram assestadas sobre o grande ausente António Costa, do PS, considerado “arrogante”. O arquitecto Manuel Salgado, defende-o com lealdade mas sem entusiasmo e diz que “as coisas só começam a 1 de Agosto”. Não leva palmas.
Por responder ficam muitas questões de pormenor, “as pequenas grandes coisas”. As promessas no ar não resolvem os problemas dos 18.000 habitantes destes bairros a corpo inteiro, reivindicativos e consequentes. Mas os moradores de Marvila podem estar certos que a sua mensagem foi transmitida. Cá fora o sol esplendoroso que ameaçava bronzear os assistentes deu lugar a um céu toldado de onde vieram gotas. Que sucederá no dia 12 à resolução da AR?
Mendo Henriques ( candidato independente pelo MPT)
A assistência não é grande mas é interveniente. Os representantes das candidaturas às eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa estão lá todos. Convidados pela Associação Tempo de Mudar, e a Comissão de Moradores do Bairro dos Lóios, para um debate sobre o tema da Habitação para Marvila e Lisboa. Umas 150 pessoas a assistir, e 11 candidatos no palanque
Lóios e as Amendoeiras ficaram mais na mira dos Lisboetas depois que a Rádio Televisão Portuguesa se mudou para a avenida que sai do bairro do Relógio. Marvila tem todos os tipos de habitações. Tem até um edifício que ganhou prémios internacionais: a enorme estrutura distendida e chamada por motivos óbvios a “pantera cor de rosa”. Foi projectada nos anos 70 por Gonçalo Byrne como se fosse uma aldeia urbana. Mas para conhecer os problemas dos Lóios basta comparar as histórias de dois prédios. O 231 está em excelentes condições, e pertence a uma cooperativa de inquilinos. O outro, mesmo pegado, o 232, é ainda da Fundação D. Pedro IV, e é uma desgraça. Há semanas atrás, um rapaz abriu a porta do elevador no 4º andar e caiu 25 m, ficando em coma no hospital, porque o elevador estava no 5º andar. A mãe veio falar do caso, cheia de dignidade. Não tinha ressentimentos mas exigia melhoria de vida para todos.
Os moradores das Amendoeiras e Lóios têm outras razões de queixa. Os equipamentos deixam muito a desejar. As renovações, como a da praça Raul Lino, não foram a contento. O Centro de Saúde está construído há 4 anos mas ainda não abriu. A CML equipou-o mas a ARS do Ministério da Saúde em todo este tempo não instalou médicos e pessoal. É uma vergonha governamental e um vexame para os habitantes.
Há uma boa notícia. Em Janeiro de 2005 o Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado (IGAPHE) transferira, "a título gratuito, para a Fundação D. Pedro IV, um valioso património constituído por cerca de 1400 fogos dos bairros dos Lóios e Amendoeiras, em Marvila". Sucederam-se as calamidades. Já um relatório de 2003, da Inspecção-Geral do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social defendera a extinção da Fundação D. Pedro IV. Mas, após dura reivindicação dos moradores durante dois anos, a Assembleia da República aprovou a 21 de Junho de 2007, por unanimidade, a reversão para o Estado dos 1400 fogos da Fundação D. Pedro IV. É preciso esperar até 12 de Julho para ver se o prometido é cumprido.
Para muitos, foi apenas "uma meia vitória". A transferência de propriedade poderá ocorrer sem " melhoramento nas condições de habitabilidade dos bairros, extremamente precárias”. E a Fundação impôs um regime de rendas que se traduziu em aumentos de encargos insuportáveis para um grande número de famílias". Os aumentos da denominada "renda apoiada" oscilariam entre "os 2000 e os 4000%".
Foram dados como estes que os candidatos ouviram de Eduardo Gaspar, presidente da Associação Tempo de Mudar, do Bairro dos Lóios. Convidados a participar no evento de 1 de Julho, pelas 16h00, no recinto do equipamento gerido pela ATM, os representantes de todas as candidaturas falaram, escutaram e responderam.
Há candidatos com trabalho de militância de mais de dez anos. Manuel Figueiredo da CDU apoia, de há muito tempo, as reivindicações de Marvila. José Sá Fernandes (BE) andou por ali à chuva em protesto pela abertura do Centro de Saúde. Outros como Manuel Monteiro (PND) declaram pouco perceber do bairro. Camara Pereira (PPM) falou da importância da Junta de Freguesia mas depois desapareceu. Mas quais são as grandes questões?
Afinal Lisboa tem uns 560.000 habitantes e perde 30 por dia. 1.500.000 de habitantes pendulares vêem dos subúrbios nela trabalhar cada dia que passa, como lembrou a candidata de “Lisboa com Carmona”. Antonio Carlos Monteiro, do CDS-PP considerou que em dois anos pouco se poderia fazer. Helena Roseta (Independente) acha que se devem arregaçar as mangas e buscar soluções para quem quer comprar e para quem não tem dinheiro para isso. Após Garcia Pereira (MRPP) ter dado o mote, Frederico de Carvalho (MPT) tratou da questão estratégica de Lisboa: “O que é espantoso é o que se prepara com a terceira travessia do Tejo para Chelas e o vale de Marvila”. A ser feita a travessia Chelas Barreiro, vai-se martirizar o vale com dezenas de quilómetros de betão em viadutos e túneis.”
Sobram sempre mimos para todos. Monteiro acha que Roseta, “a bastonária dos Arquitecto” os deve chamar à pedra. Sérgio Lipari, (PSD) é considerado “administrador da Gebalis”. Nunca o foi e após seis meses no pelouro da habitação, propõe-se retomar a ideia das parcerias publico privadas para dar qualidade ao edificado em Marvila; “não preciso do governo para nada”. Mas a maior parte das baterias foram assestadas sobre o grande ausente António Costa, do PS, considerado “arrogante”. O arquitecto Manuel Salgado, defende-o com lealdade mas sem entusiasmo e diz que “as coisas só começam a 1 de Agosto”. Não leva palmas.
Por responder ficam muitas questões de pormenor, “as pequenas grandes coisas”. As promessas no ar não resolvem os problemas dos 18.000 habitantes destes bairros a corpo inteiro, reivindicativos e consequentes. Mas os moradores de Marvila podem estar certos que a sua mensagem foi transmitida. Cá fora o sol esplendoroso que ameaçava bronzear os assistentes deu lugar a um céu toldado de onde vieram gotas. Que sucederá no dia 12 à resolução da AR?
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