19.7.10

XLVIII - (Re)leituras -- Cristiano Ronaldo pai, por André Bandeira

Cristiano Ronaldo anunciou sucintamente que foi pai. Já tinha avisado. Anunciou, pediu poucas perguntas e guardou a identidade da mãe. Conhecemo-lo pelas muitas namoradas que teve. Não foi o brilhante jogador que esperávamos no Mundial. Mas foi pai, pai solteiro, sem discutir, sem fugir às responsabilidades, sem dizer que não tinha idade, que não tinha uma situação familiar, tenho a certeza que não pediu à mãe do bébé para abortar. Foi pai e acolheu o menino que lhe nasceu, como uma bênção do Céu. É certo que tem uma família à sua volta, a qual poderá cuidar do menino com amor e não lhe falta dinheiro para atender às necessidades dele, durante os primeiros anos de vida.
Cristiano Ronaldo não diz os disparates dos campeões que se sentam ao nosso lado e que se cruzam connosco todos os dias, como no poema de Fernando Pessoa. Diz que se arrepende de coisas que fez. E diz que herdou da sua mãe a tenacidade e de seu pai -- curiosamente -- a bondade e o amor pelas pessoas. O seu pai, humilde pessoa da Madeira, morreu com câncer e Cristiano Ronaldo tentou tudo para o salvar, embora o dinheiro que tinha não chegasse. Quis ser pai como o seu pai foi pai dele.
Tenho a suspeita que, embora Cristiano Ronaldo goze de uma situação que muitos pais não têm, antes de pensarem no aborto, não duvidou uma vez que fosse assumir aquele nascimento e, com isso, fiquei com a suspeita que Cristiano Ronaldo, na sua simplicidade e na sua nobreza, foi campeão mundial e fez Portugal campeão mundial.

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