7.2.05

Contra o sectarismo no Iraque

O debate corrente sobre as eleições no Iraque está viciado quando, antes de se falar na nação iraquiana, se começa a falar de sunitas, shiitas e curdos. Afinal são todos árabes e iraquianos e 95% muçulmanos.
As eleições do Iraque foram um bem, uma prática democrática, além de fazer parte do plano americano para legitimar a sua estratégia na região. Mas o principal defeito das eleições é contribuírem para o sectarismo no país em vez de reforçarem o nacionalismo. È muito mau que os iraquianos tenham entrado no processo eleitoral, como candidatos ou eleitores, numa base sectária, religiosa ou étnica.
Estas eleições foram projectadas para restaurar uma segurança e estabilidade ao serviço da ocupação americana do Iraque, uma missão que está a ficar obsessiva. É errado dizer que os árabes Sunni boicotaram as eleições, como se constata pelo facto de eles quererem participar no processo constitucional. É mais correcto afirmar que eles têm uma visão nacional. A ocupação dos E. U. incentivou a divisão virtual de Iraque em três entidades. O norte trabalha para separar-se e estabelecer o estado independente do Curdistão. O sul quer uma entidade sectária apoiada pelo Irão. O Iraque central tem uma visão nacional, até porque tem sunitas e shiitas. O que o Iraque precisa, como qualquer nação, é de um partido nacional que ultrapasse o sectarismo, em vez de cair nas mãos dos pró-iranianos shiitas.

No comments: