26.1.05

Confissões de um assassino económico

CONFESSIONS OF AN ECONOMIC HIT MAN, by John Perkins. (Barrett-Koehler, $24.95.)

Há muito que se afirma que o FMI e o BM constituem "um império do mal." É preciso explicar isso de um modo diferente do Prof. Francisco Louçã.
As duas "instituições financeiras internacionais" foram fundadas em 1945 como "BOAS". O FMI ajudaria os países que tentavam manter as moedas ligadas ao dólar nos termos do acordo de Bretton Woods. O BM emprestaria o dinheiro dos países ricos com juros baixos aos países pobres.
Mas o processo foi corrompido quando o FMI e o BM passaram a ser controlados pelas multinacionais e seus bancos, com ajuda dos EUA , depois de o presidente Nixon, aconselhado por George Schultz e outros ter abandonado o padrão ouro em 1971.

Que sucedeu quando o FMI perdeu a razão de ser? 1) Os grandes bancos tiveram que pensar em emprestar os dólares de papel acumulados em excesso – e que sem ligação ao padrão-ouro perdiam valor todos os dias. 2) Alguém se lembrou poderiam emprestar aos países pobres e remediados, cujos governos tinham que pagar os empréstimos ou perder os ratings de crédito internacionais. 3) Se esses países não pagassem, a solução seria trazer o FMI, que procurava justificar a sua existência, para recolher o débito. Bastava convencer o Congresso Americano a encher o FMI e o BM com uns biliões de dólares, ir ao país em dívida e dizer-lhe: "Damos-lhe este dinheiro para pagar aos Bancos privados, mas vai subir os impostos e desvalorizar a moeda corrente!” Stop and Go, para o mundo girar.

Os banqueiros não são más pessoas. Mas querem dinheiro para os seus bancos e não ligam ao estado em que deixam os devedores. Apenas a existência de um contra-valor , como seja o regresso ao padrão-ouro, permitiria evitar que quem controle o dinheiro, controle o governo. A Bechtel e a Halliburton florescem mesmo que empobreçam os mais pobres países do mundo.
Há trinta anos era George Schultz, agora é Dick Cheney. Outros virão, nesta longa recta final dos EUA.

São estas as confissões de John Perkins, um soldado arrependido do exército económico cujos generais triunfam menos porque precisam agora de chamar os militares reais. Durante vinte anos , não escreveu o livro porque lhe deram 500.000 dólares para estar calado. Não morreu assassinado como Omar Torrijos, e por isso podemos ler o livro ou os resumos na net.

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