28.6.05

O método Monnet contra o neo-liberalismo

No IDN, há uns três dias, tal como noutros debates, António Vitorino foi interrogado por Miguel Matos Chaves sobre qual o modelo predominante no Tratado Constitucional Europeu: federalismo ou governamentalismo, supranacionalismo ou soberania nacional? A pergunta não faz sentido porque ao colocar em alternativa dois modelos abstractos esquece que, até agora, a integração europeia baseou-se no “método Monnet”. Construir uma Europa unida com base numa série de projectos concretos, cada um conduzindo ao seguinte. Monnet esperava que isto permitisse alcançar objectivos sem grande debate público, que considerava conduzirem ao impasse. Parece pouco mas é tudo.
A arrogância dos Convencionais e o cumprimento de recados americanos não esteve no conteúdo do Tratado que nem é “federalista”. Esteve em querer impor um decisionismo do sim ou não sem ligar o Tratado a projectos concretos contra o desemprego, pelo modelo social europeu, contra o neo-liberalismo. Aí Vitorino respondeu muito bem que a parte II, 3 do Tratado não mexe uma só palha nos programas económicos. E confessou-se não-federalista. Que o debte em abstracto não interessa. É sempre bom ouvir verdades.

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