26.5.06

Marcola, o gentil, por André Bandeira


Sim, foi do que eu mais gostei na semana. Do Marcola, com aquela cara de Mr. Spock e Belzebú a falar para a Televisão do Brasil, o chefe do PCC, Primeiro esCafageste da Capital, dizendo que, para a eleição que vem aí vai eleger deputado, seja por S.Paulo, ou pelo Rio de Janeiro ( que novidade!). Não pensem que se trata de um excesso ou de uma perversão da democracia: é a democracia mesmo, a chicotear-nos com a ditadura dos líderes de opinião e dos tribunos do que-está-a-dar! Depois, foi antes, o que mais gostei. Os alemães a dizerem que vão abrir mais casas de prostitutas para os clientes do Mundial, como se não bastassem as 400.000 prestadoras de serviços já registadas e os suecos atrás a fazerem campanha contra, eles que parece terem sido os pioneiros. Também ouvi que o Keith Richards dos Rolling Stones fez Cirurgia cerebral: o médico abriu-lhe a cabeça, fechou e disse “ não havia mesmo nada, viu?”. Entretanto, encontrei um e-mail no caixote do lixo, que dizia assim: “ Querido filho da mãe ( se é que sabes quem é o pai),
Escrevo-te esta missiva na certeza de que ainda tenhas um endereço, pois não tarda nada vais ser apagado da face da terra e só ficarão as môscas, que não zumbem tão bem como certos clérigos da minha terra mas que picam com fúria os búfalos da vossa, que estão menos armados na cabeça que metade dos vossos maridos.
Está claro que o vosso sistema, se alguma vez o foi, não funcionou. E olha que quem te avisa, teu amigo é, apesar de te querer cancelar da face da terra. A coca-cola não substituíu o vinho, como o vinho não substituíu uma bela carga de pau...de cabinda, haxixe, narguilé e algum xolé e outras delícias que dizemos ter no nosso Oriente ( embora eu não saiba bem onde é que isso do Oriente fica porque a última vez que um antigo colega da Universidade me viu, disse-me que ia para Oriente meditar e nunca mais lhe pus a vista em cima. Ouvi até dizer que andou tanto que foi mas é ter a Ocidente que o viram em Bruxelas a queimar uma fotografia minha, na praça pública...) . Os automóveis que construistes, não levam ao céu, está visto, por mais que os enchamos de gasóleo, embora levem ao outro mundo, como nas nossas escolas de condução em Bagdad. A liberdade de expressão é uma grande trêta que não chega aos calcanhares duma multidão a chicotear-se até ao sangue durante dois dias seguidos. A Democracia liberal ou é Democracia ( e nós não estamos sempre a perguntar o que quer a maioria. Perguntámos uma vez no século IX e tomámos uma decisão) ou é liberal. E, se é liberal, nunca gerou o luxo asiático dos nossos Topkapis, dos Serralhos e do Taj-Mahal. Quanto à liberdade de culto, que fique claro que não é liberdade do inculto. Culto é aquele que cultiva e não é um visionário qualquer que diz que falou com um anjo no deserto, que pode agora inventar uma nova religião. Se quiser inventar, então tem de se haver connosco, mas nós, é claro, que temos Deus do nosso lado e amamos mais a morte que vocês a vida, visto que vocês por mais que vivam não encontram uma virgem que seja, enquanto nós temos várias dezenas encomendadas, mas só mortos é que lhes podemos pedir o número de telemóvel ( às vezes pela ordem inversa).
É certo que Saddam Hussein era um tirano sanguinário e ainda bem que foi abaixo. Agora, acabem lá com ele, deixem-se de julgamentos e ponham lá o Moqtada al-Sadr que não tem nada de tirano nem de sanguinário...Assim resolveremos os problemas e talvez não venhas a ser cancelado do mapa e a gente só fica em troca, com Jerusalém e Tel-Aviv para cultivar umas couves, uns alfaces e umas cabeças de judeus.
Ah, é verdade! O Jerry do “Tom and Jerry” não é judeu, como disse para aqui, uma besta. Quem é judeu é o Perna-Longa como se vê, obviamente, com aquela mania de trincar a cenoura, que se vê claramente estar a fazer propaganda à circuncisão. Nós também somos pela circuncisão. Mas somos muito mais práticos: juntamos os miúdos todos e mandamo-los marchar para cima dum campo de minas.

Teu amigo, estendendo a mão à cooperação e esperando que vás pregar a a democracia liberal lá para a tua terra que se calhar já riscámos do mapa quando lá chegares (talvez o melhor seja ficares pelo Madagáscar, que lá os mosquitos não são circuncisados).

Ass. M. Amaneirado “

E, com isto tudo, eu seria louco se não visse, que a liberdade me reduziu a escolher entre setenta vezes sete programas de Televisão. E quando tento libertar-me desta liberdade, é claro que até o cão do Pavlov se ri ao ver-me aos saltos com setecentos vezes sete reflexos condicionados. Meus senhores: está a cair o Muro de Berlim, desta vez para o nosso lado, um muro feito de telas de Televisão, cada uma a falar sózinha. Já não há droga tão forte como aquela das más notícias que nos fazem aconchegar o rabo e dizer “não foi comigo que aconteceu, foi lá para as Arábias.”. Por isso, não se aliviem por o povo votar contra qualquer coisa. A seguir não terá outra liberdade se não fazer o contrário: votar por ela. Os alívios de hoje, são apenas os tormentos de amanhã. E, no fundo, a máquina fotográfica e o teclado do computador não são assim tão maus, porque no meio desta loucura, alguém vai escrevendo uma narrativa para que a ópera bufa tenha um fim: não é que um dia destes, um coreano, para protestar contra qualquer coisa, se deixou envolver num enxame de abelhas? É isso, mesmo, compreenderam? Estamos a ser atacados por um ninho de vêspas, com a abelha Marcola ao comando! E o coreano, que não é burro, tinha os olhos bem fechados. Olhos fechados para sair-se bem!

2 comments:

Anonymous said...

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Anonymous said...

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