28.2.07
27.2.07
26.2.07
Benito, ( meditação sobre o óscar de Scorcese) por Pedro Cem
todo o Mundo, guardava um silêncio de respeito e admiração, era Ghandi. Sim, o chefe de pancadarias Mussolini, admirava o teimoso pacifista Ghandi acima de todos.
Estava na Política para combater, como um homem dos operários e dos camponeses donde saíra. Mas não gostava de esmagar, quando vencia. A maior parte dos oposicionistas políticos que não atentaram pessoalmente contra ele, a família ou alguns dos amigos mais chegados, da trincheira social e da trincheira da guerra, deixou-os sair do país sem lhes tocar num cabelo. Ajudou alguns, discretamente, quando estavam no exílio. Um deles, dirigente comunista histórico, decidiu morrer com ele, em Saló. Niccoló Bombacci morreu em frente ao Lago de Como como os outros fascistas. Enquanto uns se lvantavam do chão ainda de braço estendido, Bombacci morreu de punho erguido gritando "Viva Mussolini, Viva o Socialismo!", depois de pedir ao jovem da sua terra que tinha alinhado à sua frente, para lhe disparar ao coração. Durante muito tempo, os comunistas espalharam que Bombacci, que fugira de Moscovo para morrer com Mussolini e que foi depois pendurado de cabeça para baixo na famosa estação de gasolina da Praça Loretto, em Milão, era o General De Bono, que se entregara aos ingleses. Ambos tinham uma longa barba branca. Mas não era. Os comunistas não podiam engolir algo que era como se Malenkhov, ou Molotov se tivessem juntado aos russos brancos.
Mussolini disse um dia, de uma varanda, que se o seu Fascismo não triunfasse na rua, só restava aos italianos a Anarquia. É preciso ver que este termo não era o que podia ser entendido hoje. Era muito respeitado, representava as centenas de Ateneus libertários em
Itália onde os operários prestavam ajuda uns aos outros e se tentavam cultivar, de modo a ficarem pessoas melhores, a salvarem-se da brutalidade a que a Democracia liberal e o Capitalismo os condenara. Alguns dos que lutaram até ao fim por Mussolini vinham daí.
Mas Mussolini tinha uma agenda obscura. Ele sabia que na noite negra em que íamos entrar, todos nós, não havia lugar para o coração. Tentou couraçá-lo primeiro com coragem, atrevimento, sonho, fidelidade e bater-se contra os duas pinças da Civilização do Absurdo. Por fim errou e escolheu o lado que perdeu. Curiosamente, continua vivo no coração de milhões de pessoas. Só houve uma vez na História que a Máfia teve medo de alguém. Foi com Benito.
Na sua última carta à filha que mais o amava disse.:tudo o resto é silêncio.
E é nesse silêncio que vivemos hoje em dia.
24.2.07
Quando numa época Deus entra em ocaso....
"A arbitrariedade ilegítima do espírito da época quer egoisticamente aniquilar o Mundo e o Todo de modo a que o espírito ganhe a liberdade para se espraiar no nada e para rasgar, juntamente com as cadeias, os pensos das suas feridas; consequentemente tem que desprezar quem segue e estuda a natureza. Quando a história da época fica nas mãos de um historiador sem religião nem país, então a arbitrariedade do egoísmo acaba por se lançar contra as duras e ásperas leis da realidade; preferirá evaporar-se no vácuo de fantasia onde não tem que seguir outras leis senão as regras particulares, estreitos e pequenas da construção do verso. Quando numa época Deus entra em ocaso, como o sol, em breve o mundo entrará nas trevas."
Jean Paul encontrou um estilo incomum para a sua imaginação extraordinária, com um poder surpreendente de sugerir pensamentos por meio de eventos triviais. O amor da natureza era um dos prazeres os mais profundos; as expressões de sentimentos religiosos com um espírito poético, porque as coisas visíveis eram os símbolos do invisível, e as realidades insignificantes têm os elementos que davam significado a dignidade e à vida humana. Com humor ou com as suas reflexões, uma vezes mais sérias, outras vezes extravagantes e grotescas, e salta naturalmente da percepção da inconformidade entre factos comuns para leis ideais. A personalidade de Jean Paul além da excentricidade revelava um homem de espírito puro e sensível, que desprezava a arrogância e um entusiasmo ardente pela a verdade e a bondade.
21.2.07
17.2.07
Os globalistas, por Olavo de Carvalho
De acordo com Jim Garrison, presidente do State of the World Forum (que ele fundou em parceria com Mikhail Gorbachev) e talvez o principal teórico da transmutação globalista hoje em dia, a função dos EUA resume-se à de um “império transitório” destinado a dar à luz o governo mundial e dissolver-se nele, desaparecendo como unidade identificável (v. http://www.wie.org/j24/garrison.asp ).
O projeto globalista abrange ainda uma reforma radical da mentalidade humana em escala planetária, mediante a imposição de novos critérios morais, como o casamento gay, o abortismo, o feminismo, a eutanásia, sempre de maneira rápida e inquestionada, reprimindo-se por meio do combate publicitário e judicial qualquer resistência possível. O objetivo final é a supressão da tradição religiosa judaico-cristã e sua substituição por uma religião biônica mundialista, com fortes tonalidades ocultistas e ecológicas. Graças à ação intensiva da ONU e da rede de ONGs associadas, essa parte do programa está em fase avançada de implementação. Só para dar um exemplo entre milhares: em inúmeras escolas públicas dos EUA e da Europa as crianças são obrigadas a participar de rituais consagrados à “Mãe Terra”, de inspiração nitidamente teosófica, ao passo que as orações cristãs em público são proibidas e o simples ato de carregar uma Bíblia é motivo de punição. A repressão legal ao cristianismo espalha-se rapidamente por todos os Estados americanos, enquanto as entidades religiosas tradicionais se vêem repentinamente privadas do acesso a verbas públicas concedidas generosamente a organizações gays, comunistas, islâmicas etc.
Garrison é cínico o bastante para proclamar que a liderança americana tem de ceder ante o projeto global porque, “para alcançar a grandeza, um império necessita de uma visão transcendental que possa unir os elementos dispersos num propósito abrangente. Ele tem de ser fundamentalmente construtivo e não destrutivo”.
16.2.07
Um duelo sobre o Aborto, por Jessie James
Se se é contra o Aborto, porque se é pela Vida, tem de se ter a noção de que não há nada mais certo a seguir à Vida, do que a Morte. Tem de se ter a noção de que a decisão de muita gente que aborta, é semelhnate à decisão de cortar um braço para não perder a vida, de aceitar uma operação da qual se pode não acordar, ou de denunciar à Policia um irmão que cometeu algo inadmissível.
Mais que a Morte heróica pelas suas convicções, uma pessoa deve ter a vontade heróica ( não lhe restando senão ser herói, como todos alguma vez, sem excepção, somos) de viver a vida como ela é.
O "Sim" ganhou, mas temos todo o direito de duvidar da constitucionalidade do Referendo e temos a certeza que ele não é vinculativo de acordo com as regras vigentes. Um país não é feito de maiorias de momento, por menos relativas que elas sejam. Votámos em outros dirigentes, em diferentes momentos, equilibrámos os votos e temos o direito de exigir que os eleitos actuem do modo com que lhes demos os votos. A nossa História também votou e estamos condicionados de algum modo.
Mesmo se o Presidente achar que deve promulgar a Lei, mesmo que os Tribunais achem que a Lei é constitucional, temos o dever de saber o que é que as disposições da lei Fundamental, nascida de uma ordem revolucionária que não se impõe ou legitima apenas porque passoaram 36 anos, significam. O princípio da defesa da Vida Humana não é fácil. Há quem morra por o defender ou apenas por discordar de que seja atacado. Como disse no início, a seguir à Vida não há algo mais certo que a Morte o que significa que, logo desde nascermos ( e, pelos vistos, antes de nascermos) a Morte se vai apresentando de mansinho. Há a Morte do Amor e até a "pequena Morte", há a morte estética, a morte lenta, a morte súbita, a tristeza até à morte e a morte clínica. E há mais, tanto quanto a Vida consegue exprimir aquilo para o qual não inventou palavras...
Temos o direito inteiro e o completo dever de discutir esta questão até aos fundamentos do próprio Estado e disso a que ainda se chama Portugal. Se o núcleo essencial for invadido, bater-nos-emos nos campos, nos locais de desembarque, nas nossas vidas privadas, nas nossas vidas com os outros...mas nunca nos renderemos. Se estivermos vivos.
Que interessa o que alguns, muitos, a maioria, pensa na Europa?! Portugal pensa por si próprio há muito mais tempo que essas circunscrições de decisão, retalhadas e recosidas da Europa. E nós não somos apenas europeus.
Se mesmo assim perdermos, temos pelos menos o direito de exigir um novo Pacto Social a que se chama Portugal. Ou de sair dele: na Antiguidade, as classes que não se davam, partiam a fundar uma nova Nação. Esse tempo já passou mas, enquanto estamos vivos, temos a fatalidade de viver, deste modo, cheio de riscos, em que a luz se destaca, delineada pela sombra da morte.
E nada disto significa que não respeitamos os outros, por mais estranhos ou enganados que eles nos pareçam. Não respeitaremos ninguém se não formos respeitados.
Em qualquer pacto social, todos têm de ter vontade. Mesmo quando se concorda em que não estamos de acordo, não é por maioria que se resolve. É a morte do pensamento que permite o milagre da vida, porque a vida lhe é anterior. Se isto significa que todos os fetos sobreviverão, não sei.
Mas sei que isto significa que a decisão de gerar e pôr fim a esses fetos é muitas vezes uma decisão humana. Ora, humana e misteriosa é a nossa condição.
Viver é humanizar este mistério.
As coisas não são feitas de mãos, como dizia Manuel Alegre. São feitas de caras.
12.2.07
OS PROBLEMAS DE LISBOA, Iniciativa de PQG
Mais informações no blog de Pedro Quartin Graça, o autor da iniciativa. Um apelo aqui fica para irmos às conferências que interessam a todos.
11.2.07
Depois dos resultados do referendo sobre o IVG:
Algumas mnemónicas para o Referendo de hoje
1 - Se o Sim ganhar, a vida humana até aos três meses de gestação, terá menos protecção que uma árvore
2 - Se o Sim ganhar, a vida humana intra-uterina, até aos três meses, deixará de ser considerada humana porque o Sim deve ser interpretado à luz da Constituição e a Constituição protege a vida humana
3 - A vida intra-uterina até aos três meses deixará de ser uma vida protegida porque a sua existência dependerá da livre decisão de quem aborta, a qualquer momento, em qualquer lugar do território português
4 - Quem responder Sim, acabará com os efeitos do crime de Aborto, sem que lhe fosse perguntado se acha que a interrupção voluntária da gravidez, até aos três meses, dita Aborto, deve continuar a ser considerada crime
5 - Quem responder Não, continuará muito provavelmente a considerar o dito Aborto como uma ofensa grave àqueles valores que a Lei deve proteger e, portanto, um crime
6 - A decisão por um referendo de algo que a mairia considera uma vida e talvez considere uma vida humana, será decidida de um modo dito"Pimba", como caracteriza a actual vida política portuguesa, feita de campanhas, de urgências e de uma conduçao do discurso que não deixa nem lugar para o consenso, nem para a reflexão, governada que está por reacções psicológicas dum campo da Comunicação ainda pouco conhecido, dito mediático
7 - Um referendo assim, se levar à provável ofensa de uma vida, provavelmente humana, como será a do feto até aos três meses de gestação, é provavelmente insconstitucional e gera uma ofensa aos Direitos Humanos, nomeadamente o da Vida, que abrange, claro está, o direito a nascer ( uma vida já nascida que foi ofendida por exposição a todo o tipo de violências, é, medicamente, uma vida fragilizada ou inviável)
10.2.07
Para uma inconstitucionalidade do Referendo, por João das Regras
Mas não é simples.
Se vencer o Sim, passará a haver Interrupção Voluntária da Gravidez, até aos três meses, em Portugal. Presume-se que o número de abortos em Portugal aumentará, mas os acidentes trágicos que têm acontecido até agora, é bem possível que diminuam também.
Além dos métodos contraceptivos, que muitas vezes falham, poder-se-á evitar a continuação de uma gravidez, em Portugal, sem ser incomodado pela Polícia ou os Tribunais, neutralizando uma "vida intra-uterina" com menos de três meses. Os planos do amor, ou simples relação sexual completa entre um ser humano do sexo masculino e outro do sexo feminino, com capacidade de procriarem, poderão passar a incluir a neutralização da vida intra-uterina, sem sanção jurídica, pelo menos em princípio.
O que é esta "vida intra-uterina"? É uma vida humana mas não autónoma? Se a mãe morrer, suponho que um feto até três meses não sobreviverá.
Poder-se-á considerar que, por lhe faltar esta autonomia e, cumulativamente, por não ter ainda nascido, esta vida não é ainda uma vida. É apenas uma forte possibilidade de vir a ser uma vida, pelo que a decisão de interromper a gravidez, de acordo com os mecanismos previstos na Lei, não se traduzirá num homicídio.
Podemos, portanto concluir agora, que se trata da interrupção de um fenómeno biológico chamado gravidez.
Contudo, nenhuma criança recém-nascida, quer dizer, viva, é autónoma. Abandonada, se não for tratada nem que seja por lôbos ou por uma computador sofisticado, programado por seres humanos, não sobreviverá. Uma vida autónoma, por comparação à do feto, morre, assim. Neste caso trata-se de morte. No outro, de interrupção da gravidez.
Podemos assim, dizer, que o chamado "Aborto" não é um homicídio.
Há razões para considerar o chamado "Aborto" um crime? Isso depende do que a maioria dos votantes, no dia 11 de Fevereiro disserem.
Como sucedeu com outros crimes, a vontade do eleitorado, pode decidir considerar que certos actos passam a ser crimes e decidir que outros deixam de ser crimes. O crime é, portanto, aquilo que as pessoas, numa determinada altura, consideram ser crime.
Na verdade, para o chamado "Aborto", há hoje já muitas pessoas, provavelmente a maioria dos que vão votar amanhã, que não considera que se trate de um crime, nem sequer de uma infracção. Acham até que a decisão de "abortar" deve ser apoiada com uma mecanismo complexo e caro de Saúde Pública. Acham, por outro lado, que uma grande número de abortos praticados até amanhã, são praticados em condições que o Estado deixou criar e que, ao fazê-lo ofendeu o direito de se abortar.
Se o Sim vencer amanhã, o Aborto até aos três meses será um direito.
Ora como se calcula que uma grande parte do eleitorado continuará a considerá-lo, até amanhã, um crime, é possível que, mesmo depois, continue dessa opinião. Portanto se um crime é aquilo que as pessoas consideram como tal num determinado momento, é possível que, depois de 11 de Fevereiro, muitos milhares de pessoas considerem o Aborto um crime e outros muitos milhares, um direito.
Mas um crime é algo que tem de ser declarado e punido pelos tribunais e pela Administração. Se o sim vencer, tal será proibido.
Mas um crime é algo que precisa também de ser censurado como tal. Há condutas que em determinadas épocas são consideradas como Crime pelos Tribunais e pela Polícia, mas não são consideradas como tal pelas pessoas. E vice-versa.
Portanto, haverá ainda muitos casos, em Portugal, em que a afirmação" o Aborto é um crime" continuará a ser verdadeira.
Num referendo de Sim-ou-Não é esta a realidade. O Aborto continuará a ser um Crime e um Direito como matar, por exemplo, em Guerra, continuará a ser para uns um Crime, para outros um Direito, ou até um Dever, que corresponde a esse direito.
E já que falamos em Guerra, esta diferença de opiniões continuará ainda válida quando as Guerras são declaraads e combatidas, dizendo-se " para acabar com a Guerra".
Enfim, tudo é relativo. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
O grande defeito deste referendo é que não é um referendo que muda as vontades. Muda apenas a conduta do aparelho de Estado.
Mas o Estado não é uma coisa abstracta. Ele apresenta-se conforme os seres humanos conseguem fazê-lo instrumento das suas vontades ou dos seus interesses.
Um referendo que só representa os interesses de parte da população apresenta apenas uma aspecto desse Estado.
O referendo vai assim dividir profundamente a população portuguesa. Se é certo que, durante o debate houve pessoas que mudaram ou transformaram as suas opiniões, no Referendo só poderão ter uma de duas opiniões. Ao consagrar isso, o Referendo determinará essa divisão, pondo fim a uma das finalidades directas dum debate de campanha.
O perigo da estigmtização das mulheres que abortaram, carente que ficará duma clarificação legal, poderá ainda ser maior, mais profundo, mais variado e mais difícil de evitar. Por outro lado, a sensação da injustiça dessa estigmatização, por parte das mulhers que abortarem, poderá ainda ser maior. Pode-se defender o direito ao aborto com medidas cuidadosas de segredo mas sabe-se que, numa população onde, até amanhã, grande parte do eleitorado considera o Aborto um crime, esse segredo será difícil de guardar, já que a censura, a reprovação que merece o Aborto, aos olhos de uns, só se exerce se se souber da prática de um crime. Como se presume que o Aborto aumentará, por ser mais seguro, por não ser reprimido pela administração e por passar a fazer parte do planeamento das consequências das relações sexuais, o segredo será difícil de manter. Tanto mais que, para muitos, se trata de um Direito e o direito deve, em muitos casos, ser proclamado para provar que existe porque foi exercido. Um direito sem exercício, não é realmente um direito.
As razões profundas que levam a fazer-se um Referendo de Sim-ou-não são obscuras e duvido que, quem as propôs, fosse inteiramente consciente dessas razões.
Trata-se, segundo alguns dos seus mais altos responsáveis, de melhorar Portugal, eliminando uma prática perigosa para a Saúde, a do aborto clandestino. Acreditamos que a legalização do aborto até aos três meses diminuirá significativamente este perigo.
Mas um Referendo que divide necessariamente a vontade de todos não diminuirá os maus sentimentos de umas pessoas pelas outras.
Assim como certo tipos de sentimentos e atitudes levam as pessoas a engravidarem e, às vezes, a terem de recorrer ao Aborto, também outro tipo de sentimentos levam as pessoas a dificultarem a vida uns aos outros, a odiarem-se e a romperem uma vida social menos agressiva. O facto de isto acontecer tende a tornar-se muito mais intenso, se, de um dia para o outro, se passa a deixar de considerar algo como um crime e se passa a considerá-lo um direito.
Poder-se-ia ter resolvido isto a nível da Assembleia da República, onde sentam os representantes da vontade popular? Certamente que não porque, aí desde logo, esta má-vontade de uns contra os outros aconteceria e se começaria a aprofundar, disseminando-se para fora.
A campanha do referendo permitiu muitas pessoas intervirem, mudarem de opinião e aproximarem as opiniões.
Mas o resultado do referendo, como está previsto, não ajudará neste sentido, antes porá fim ao debate, pelo menos do tipo que tinha suscitado, ou seja um debtae com uma finalidade eleitoral.
A decisão, amanhã, portanto, será, ou um Crime ( pelo menos um delito) ou um direito.
Esta ideia de mudar uma vida de uma população para melhor, aprofundando as divisões, corresponde a uma tradição política que acredita ser pela neutralização da opinião de uma grande parte do eleitorado, que se põe em prática uma boa solução.
Por outras palavras: a solução é boa independentemente da opinião das pessoas a quem se aplica. Neste caso aplica-se não só às Mulheres que vão abortar mas a todas as pessoas que intervieram no aparecimento de uma gravidez, a das que procedem à sua interrupção e das que contribuem para os mecanismos colectivos da sua efectivação.
Esta ideia de que uma solução é melhor do que as pessoas pensam dela é aquilo que o Referendo, julgando ser uma consulta às pessoas, se limita a verificar.
O Aborto sendo, sobretudo, uma questão das mulheres, pode vir a ser decidido, por exemplo, maioritariamente por Homens. O aborto, sendo uma questão das mulheres que se encontram em idade de conceberem, pode vir a ter consequências para futuras mulheres que ainda não estão nessa idade, ou em mulheres que já passaram essa idade.
O Aborto, sendo sobretudo uma questão de uma vida humana que pode decidir, pode vir a ter graves consequências sobre uma vida, possivelmente humana porque se distingue da vida da mãe, a qual não pode decidir, a não ser prosseguindo uma gestação que não constitui obstáculo para o interruptor voluntário legal. Ora, se se tratar de uma vida humana que se distingue da da mãe, ela não terá direito de espécie nenhuma, porque qualquer que seja o direito que lhe podemos atribuir, não o poderá exercer, uma vez que não pode, possivelmente ser considerada viva.
Que vida é esta "vida intra-uterina" passível de ser extinta por via do chamado "aborto"?
Só podemos chegar à conclusão das duas, uma: se é uma vida humana, é uma vida. Se não é humana, não pode ser uma vida, porque pode ser eliminada, em qualquer altura até aos três meses, sem que a vitória do sim no Referendo ponha em causa o princípio de protecção da vida animal, vegetal ou humana, da Constituição. Esta é a consequência forçosa da livre contratação do "Aborto" até aos três meses.
Portanto, a "vida intra-uterina" é apenas a vida do útero, é apenas a vida da Mulher grávida.
Reconhecemos que o conceito de Vida é duvidoso devido ao prolongamento artificial que novas técnicas da Medicina podem fazer de certas funções do corpo humano. Ou até de certas síntese feitas em Laboratório e da ideia que a Ciência tem de organismo vivo.
Reconhecemos que o facto da Guerra, da Doença, das catástrofes naturais, podem levar-nos a tomar num determinado momento, como Vida, o que já cessou de o ser. A vida é também uma realidade estatística.
Contudo, a ideia de que uma solução boa para a vida social (nomeadamente aprovando e aplicando uma medida que racionalmente conduz a menos perdas de vidas humanas entre os que decidem abortar) pode decretar que uma forma de vida é apenas uma coisa e que essa coisa pode ser retirada do útero da mulher grávida, em qualquer altura, não sei se é mesmo boa.
Mais, quando a medida se faz, neutralizando completamente uma parte importante dum eleitorado, é capaz de ser um caso em que a boa solução não olha a meios para atingir os fins. Com efeito, os meios tratam-se de realidades físicas (os fetos) que são tidos por muita gente e foram tidos por muita gente durante muitos séculos, como formas de vida.
Pode-se dizer que a intenção de quem lançou o referendo é a de neutralizar, se não uma forma de vida, pelo menos, o conceito de vida que grande parte da população tem, sendo certo que algo só é vivo, se também for considerado como tal.
Ora o Referendo pode vir a cancelar um conceito de vida, quando a vida, logicamente, não pode ser inventada ou abolida pela vontade referendada. Não foi essa a pergunta do referendo, não é isso que é perguntado aos eleitores.
Tudo se torna agora mais simples: se se pode acabar, de um momento para o outro, uma vida até três meses de existência, então é porque essa vida pode, caso o SIM ganhe amanhã, no momento em que está a ser nomeada por alguém, já não existir.
A lógica aqui é imperativa: algo que é e não é uma vida, ao mesmo tempo, não é uma vida.
Dizem, porém, que esta perspectiva já corresponde à realidade.
Ora se já é uma realidade, que o facto novo dentro do útero da mulher grávida não é uma vida, então outros factos como a de um condutor numa auto-estrada, um doente terminal, uma pessoa fragilizada, um soldado em teatro de guerra, um recém-nascido, uma pessoa com comprovadas tendências suicidas, uma pessoa desaparecida, uma pessoa com um código genético que indica propensão para doenças mortais, só é uma vida, até o provar.
E, da mesma maneira que a mulher decidida a abortar, tem de provar que está grávida, e tem de provar que é essa a sua vontade ( no caso do sim ganhar) todas as categorias de pessoas acima indicadas têm o dever de provar que estão vivas ou que querem viver, sob pena de não lhes serem reconhecidos outros direitos, como ao trabalho, ao respeito, à pensão, aos cuidados médicos, etc.
Ora como sabemos que muitas vezes, muitas pessoas se encontram nessas situações, um Estado que faz este tipo de Referendo, reserva-se o direito de fazer referendos, com perguntas semelhantes, das quais um eventual Sim pode conduzir ao extermínio de categorias inteiras de pessoas. Como aconteceu num passado não distante e como acontece nos dias de hoje.
Por isso, "Não" é a única resposta possível das alternativas expressas a uma pergunta que refere apenas a consequência (a pena, ou a despenalização) sem referir a causa ( o crime). À pergunta falta um código comum. Podem haver muitas pessoas que concordam com a não punibilidade da mulher mas que, mesmo assim, acham que o Aborto continua a ser um crime, se bem que desculpável.
Além do mais, o Não só pode ser interpretado como um Não ao Referendo. E todos os Nãos têm de ser contados como abstenções, eventualmente até para um desafio à constitucionalidade do seu resultado.
Porquê ? Porque se a resposta sim transforma um crime num acto normal de cidadania, então o Não considera que o facto susceptível de aborto dentro do útero da mãe é uma vida humana e está protegido pela sanção penal a uma crime.
O que o Não diz é que "não quer despenalizar a mulher que interrompe voluntariamente a gravidez num establecimento autorizado". A Lei ficaria, portanto, no caso do Não ganhar -- e o Não é expresso antes de se saber o resultado -- na mesma. A mesma lei que sanciona um crime contra uma vida intra-uterina. E é assim, que hoje, dia 10, está expresso.
Ora se esta "vida intra-uterina" é uma vida, portanto diferente da da mãe, não é uma coisa que pode existir ou não existir dependendo do horário da intervenção da clínica e da vontade da mulher grávida. É uma vida que existe e tem direitos, a partir do momento em que foi declarada.
Paco Ibanez... estamos tocando al hondo!
Escute Paco Ibañez cantar RAFAEL ALBERTI-
Cuando ya nada se espera personalmente
exaltante,
más se palpita y se sigue más acá de la consciencia,
fieramente existiendo, ciegamente afirmando,
como un pulso que golpea las tinieblas,
que golpea las tinieblas.
Cuando se miran de frente
los vertiginosos ojos claros de la muerte,
se dicen las verdades ;
las bárbaras, terribles, amorosas crueldades,
amorosas crueldades.
Poesía para el pobre, poesía necesaria
como el pan de cada día,
como el aire que exigimos trece veces por minuto
para ser y tanto somos, dar un sí que glorifica,
dar un sí que glorifica.
Porque vivimos a golpes, porque apenas si nos dejan
decir que somos quien somos,
nuestros cantares no pueden ser sin pecado un adorno,
Estamos tocando el fondo,
estamos tocando el fondo.
ESCUTAR
O REFERENDO DE 11 DE FEVEREIRO, por Orlando de Oliveira
2º - Porque continua a ser penalizada a IVG se for praticada após as 10 semanas? Será que passado 1 hora das 10 semanas já não é escandaloso que a mulher seja exposta a julgamento e eventualmente condenada? Ou está-se a contar com a compreensão e flexibilidade nacional, nomeadamente dos juízes?
5º - E quando se tratar de casos de menores? Se para sair do país é necessária a autorização dos progenitores para este efeito será que já possuem total descernimento?
Estas questões de pormenor trazem a reboque as questões de fundo:
1ª – Porque é feita a pergunta de forma lateral? Será porque feita de outra maneira não seria compaginável com a nossa Constituição?. Porque não se discute e assenta o que é vida e se o feto é ou não vida humana? E se o feto é vida humana porque não se começa por alterar o texto constitucional, acabando com a inviolabilidade da vida?
2ª – Se o que está em jogo é a dignidade da mulher e o simples balancear entre os direitos de dois seres vivos, então porque, por exemplo, não virá a ser despenalizada a mulher que matar o marido por este lhe ser infiél? Ou aí já não faz impressão ser uma mulher julgada? Em que ficamos? Será o machismo nacional a funcionar?
9.2.07
Estive em Outubro em Milão para uma conferência NATO. Nos muros do Castelo Sforzesco, vi esta lápide que comemora o falecimento de D.Duarte de Bragança, irmão de D. João IV e general ao serviço dos Habsburgos, impedido de vir para Portugal onde seria o comandante em chefe do exército e que morreu nas masmorras do dito castelo.
8.2.07
Sobre o Aborto, por Diógenes, o maltrapilho
Aceitar a interrupção da vida= aceitar a morte voluntária
Falhar uma sistema de contracepção=aceitar a fragilidade de um sistema de contracepção
Responsabilizar a vida humana intra-uterina pelo fracasso da contracepção= culpar a vida intra-uterina
Votar Não mas defender a despenalização da Mulher que abortou, do pai ou de quem a levou a tal = desresponsabilizar a Mulher que abortou e os co-autores
Desresponsabilizar a Mulher que abortou e os co-autores= abdicar da defesa da vida humana intra-uterina
Sujeitar-se a um referendo que contraria o princípio da vida= aceitar que a Constituição não se baseia no princípio da protecção da vida
Votar num referendo que sujeita a vida humana intra-uterina à pena de morte= legitimar a pena de morte
Legitimar a pena de morte= substituir-se à Criação
Votar no Referendo= sujeitar o direito à vida e à liberdade a uma maioria aritmética de opiniões expressas num determinado dia
Sujeitar o direito à liberdade e à vida, a uma contagem de aspectos= perder o direito à vida e à liberdade
Responsabilizar a Mulher que adquiriu voluntariamente a vida intra-uterina= dar-lhe a possibilidade de invocar várias causas de exclusão dessa responsabilidade
Dar a possibilidade de exclusão da responsabilidade, antes ou depois do Aborto = admitir a escolha entre a vida da Mulher e a vida intra-uterina
Escolher entre duas vidas = salvar, no mínimo, uma vida, em vez de perder duas
Salvar uma vida em vez de perder duas = salvaguardar o valor da vida, no mínimo
Salvaguardar a vida no mínimo = salvar o mínimo existente em duas vidas
Salvar o mínimo existente em duas vidas = o mínimo físico do feto é um máximo vital, conseguido em milhões de anos
Consagrar o princípio da vida acima de tudo= estabelecer um principio de apreciação do início de uma vida
Estabelecer um principio de apreciação do início da vida= libertar esta apreciação da arbitrariedade dos indivíduos
Libertar da arbitrariedade dos indivíduos = estabelecer um canal de comunicação entre os indivíduos
Estabelecer um canal de comunicação entre os indivíduos = criar uma realidade comum, supra-individual
Criar uma realidade supra-individual, a par da realidade individual = estabelecer um género ao qual pertence o indivíduo
Estabelecer um género, a par das espécies = permitir a existência concreta das espécies em vez de um número infinito de géneros
Impedir um número infinito de géneros = permitir um número infinito de espécies concretas
Gozar com o Marcelo Rebêllo de Sousa = introduzir um saudável riso num referendo ofensivo dos princípios da paz social
Combater um Referendo ofensivo = valorizar indivíduos como Marcelo Rebêllo de Sousa que, heroicamente, e com perdas pessoais, conseguiu, uma vez, evitar o resultado de um referendo ofensivo
Propôr uma desresponsabilização penal, caso o referendo não venha a ter um resultado ofensivo = considerar o resultado não-ofensivo tão válido como um resultado ofensivo
Considerar ambos os resultados aceitáveis= não ter opinião sobre a vida
Não ter opinião sobre a vida= não defender o princípio da vida
Defender o princípio da vida= votar não e não se conformar com o resultado do referendo
Não se conformar com o resultado do referendo = participar nele exclusivamente como oportunidade de exposição dos malefícios de um referendo sobre a vida humana
Oportunidade da exposição dos malefícios = criação de um discurso de resistência
Criação de um discurso de resistência= fortalecer o princípio da Vida Humana
Não sejamos OTÁRIOS
Não sejamos OTÁRIOS - O movimento para o referendo no Blogue das Causas
Então para que serve a OTA ? É apenas uma réplica do PNPOT errado, do país em que fecham as maternidades, em que encerram as escolas do interior, em que trancam as aldeias, inviabilizam a agricultura de qualidade, poem a monocultuta do eucalitpto e atiram para o litoral a população que sobejar depois do IVG.Basta! Referendo sobre a OTA.
6.2.07
Um post para a história!
Por "Pereira de Oliveira"
24 de Janeiro 2007
*Caveant Consules era a mensagem que em Roma o Senado enviava aos Consules quando havia perigo para a cidade. A mensagem era constituída pelas duas primeiras palavras de: Caveant Consules ne quid respublica detrimenti capiat que sigifnicava: Que os Consules velem a fim de que a República não sofra dano.
4.2.07
Não é nada comigo, por Pedro Cem
IVG O Referendo Doentio
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Referendo: «sim» continua à frente, mas a perder terreno
A apenas uma semana do referendo sobre a despenalização do aborto, o «sim» continua à frente, mas a perder terreno para o «não», que já recolhe 43,7% das intenções de voto.
O «não» encontra-se a 7,6 pontos percentuais do «sim», com 51,3%, revela uma sondagem hoje divulgada pelo Correio da Manhã.
De acordo com a sondagem CM/Aximage, realizada entre 31 de Janeiro e 2 de Fevereiro, a campanha dos defensores do «não» tem sido a mais eficaz, já que no espaço de duas semanas as intenções de voto no «não» subiram 13,9 pontos percentuais, ao passar de 29,8% para 43,7%.
O «sim», por outro lado, desce pela quarta vez consecutiva. Enquanto em Dezembro não deixava margem para dúvidas, ao conquistar 64,1% das intenções de voto, dois meses depois, o «sim» caiu para os 51,3%.
Além de perder adeptos para o «não» e para a abstenção, o «sim» parece não estar a convencer os indecisos. Isto porque mesmo com uma redução de 9,6 pontos percentuais no número de indecisos (cinco%), o «sim» não parou de cair nas intenções de voto.
Aliás, 47,6% dos indecisos revelou que está com tendência para votar mais no «não», contra 26,8% que diz estar mais voltado para o «sim». Mesmo assim, com a distribuição de indecisos, o «sim» manter-se-ia de qualquer forma na liderança dos resultados com 53,3%, enquanto o «não» atingiria os 46,7%.
Enquanto os indecisos são cada vez menos, os abstencionistas não param de aumentar, apesar de defendores do «sim» e do «não» unirem esforços na luta contra a abstenção. Segundo a consulta popular, a abstenção já atinge os 47,7%, uma subida de 2,7 pontos percentuais em relação à sondagem de 19 de Janeiro.
O eleitorado do CDS-PP é o que apresenta a maior percentagem de abstencionistas: 43,3%, enquanto o eleitorado do PS, partido que assumiu uma posição oficial a favor da despenalização e que participa activamente na campanha pelo «sim», surge em segundo lugar, com 30,6%.
Embora a maioria dos católicos praticantes, 57,4%, tencione votar «não» no referendo de 11 de Fevereiro, segundo a sondagem há um largo número que pretende votar «sim»: 35,6%. Os católicos abstencionistas ascendem a 41,9%.
Nas intenções de voto, as mulheres dividem-se entre o «sim» e o «não», sendo aliás a percentagem de abstenção mais elevada nas mulheres (48,1%) do que nos homens (47,2%.
Das mulheres inquiridas, 48,6% afirmou que irá votar «sim» no dia 11 de Fevereiro, enquanto 43,6% vai votar «não». Já para os mais jovens, não há qualquer dúvida: 64,1% dos inquiridos com idades entre os 18 e os 29 anos respondeu que irá votar «sim», contra apenas 35,9% que disse votar «não».
A sondagem da Aximage para o Correio da Manhã foi realizada por telefone numa amostra de 601 recenseados entre os dias 31 de Janeiro e 2 de Fevereiro de 2007, contando com uma margem de erro máximo de 0,020 pontos.
www.regicidio.org
O site irá publicar actualizações com regularidade, relevantes para o público em geral, mas também para todas as Reais Associações do País.
O Link: www.regicidio.org
Guardem o site nos vossos Favoritos e divulguem-no. Os preparativos para o Centenário começam agora, com um ano the antecedência!
O website deve-se a Luís Guerreiro! PArabéns Luís
3.2.07
Michael Bakunin
Na existência de Michael Bakunin (1814-1876) tornam-se visíveis profundidades de Satanismo e o niilismo que estão cobertos por restos da ordem tradicional e por véus de utopias na vida e obra de outras grandes figuras da crise ocidental. Os Pré-positivistas do século XVIII quiseram destruir as civilizações históricas mas essa vontade à destruição ficou soterrada debaixo do programa de uma civilização utilitária mundial do bem-estar. Comte quis extirpar da civilização ocidental a cristandade e a metafísica; mas a vontade de destruição ficou soterrada debaixo do programa do cientismo e sua expansão mundial. No caso de Bakunin, os andaimes tradicionalistas ou futuristas são consumidos pela paixão de destruição: o passado deve ser destruído até às raízes, e o futuro não deve sequer ser imaginado por homens maculados pelo passado. A destruição é o trabalho de uma geração de sacrifício entre duas idades; os revolucionários só podem destruir; a edificação "de um mundo novo e glorioso em que todas as dissonâncias actuais serão dissolvidas na unidade harmoniosa" fica para os que virão depois de nós. Com Bakunin existência destrutiva do revolucionário aparece desnuda.
2.2.07
Morte ao comum dos Comunismos, por Pedro Cem
Agora foi-nos imposto discutirmos a Vida. Num Mundo que queimámos e secámos, os mesmos que o fizeram impõem-nos agora regras milimétricas para segurar o pouco de frescor que o Mundo tem: a Ecologia. Depois de nos drogarem com tabaco, de exterminarem 60 milhões de boxers chineses que, em 5000 de História, nem imaginavam o que era fumar, podemos ser reduzidos à miséria por ser apanhados a fumar. Arghh! Depois de nos tirarem das nossas terras e dos nossos mares, de nos pôrem a viver numa colmeia humana e darem-nos um carro potente, temos que comprar um carro ainda mais potente e arriscar mais ainda a vida, diariamente, numa corrida de automóveis só para nos podermos alimentar.
Impõem-nos uma discussão sobre o direito à vida. É justo desencadear Guerras civis entre gente de outro sentir, onde morrem milhares só porque entendemos que as Mulheres deles estão oprimidas? É justo levar a Democracia e a Liberdade a outra gente que vê as coisas ao seu modo, desde há milhares de anos, e impô-lo à custa de milhares de mortos? É justo certificar a declaração de um indivíduo adulto que exige que lhe forneçam os meios para morrer? É justo impôr a relação sexual como elemento obrigatório da vida e, depois, relativizar quando começa a idade de ter sexo e de que tipo de sexo se trata?
A vida pode nascer numa proveta. Os cientistas que não se importaram de dotar o Mundo com armas nucleares capazes de destruir várias vezes a Terra, de criar fábricas que fazem desaparecer, em meses, animais que existiam na Terra há milhões de anos, que nos enchem de cancros e doenças incuráveis e que podem agora sintetizar num Laboratório formas de vida, são eles que dizem o que é ou não é vida humana.
Juntam-se uns cidadãos. Gritam e dizem que eles têm o direito de dizer quando começa a Vida e, amanhã, quando termina. Formam um Partido, vão a eleições, a sondagens, a Juristas, legitimam-se para fazer Leis e prendem a atenção dos nossos sentidos cansados, onde antes a Noite impunha o silêncio e decretava o sossego. É este o milagre e a maravilha! A Noite se faz dia!
Por causa de uma minoria de mulheres que tiveram de passar pelo sofrimento do Aborto, a esmagadora maioria das mulheres e das crianças que um dia serão mulheres ou companheiros dessas mulheres, são obrigadas à possibilidade de praticarem a destruição de uma possível forma de Vida Humana! A humanidade já não defende a Vida? A Vida abandonará a Humanidade. Irmão lôbo, que me acompanhaste pelo deserto e pela savana, em milhares de anos: por favor protege a minha tribo.
Por causa de pessoas que passaram pelo sofrimento de serem infelizes, a esmagadora maioria da Humanidade que procurou a sua forma de ser feliz, em simbiose com as outras criaturas da Natureza que a rodeavam, com os Mares e nas Terras em que se encontravam, têm de passar pelas mesma infelicidade de alguns e, por meio da Guerra, do deserto e das bombas, têm de ser livres à força! Por causa do horrível sofrimento de nossos irmãos que sofrem doenças incuráveis do corpo e do espírito, a esmagadora maioria da Humanidade tem de passar pela mesma dor, porque assim é ser livre, assim, é partilhar democraticamente as riquezas que uns têm, com aqueles que não têm, assim é ser Moderno, assim é Belo e obrigatório!
Quem discute a Vida admite que da discussão pode sair o direito a impôr a pena de morte esquecendo-se que o dom de discutir foi-lhe dado pelo dom da vida. Um feto vale menos que um cão, um pai biológico pode não ser pai, uma mãe hospedeira é apenas um armário. Admirável mundo Novo! O Dia se fez Noite!
Senhores, eu que sofro até à loucura, que não distingo a mão Direita da Esquerda, que já nem sei o meu nome, que tenho a Vida por um fio e que, se morrer agora, ninguém se lembrará de mim, não posso acreditar no vosso Paraíso. Porque o Sol se parece levantar todos os dias, sempre das mesmas maneiras, não reconheço à vossa vontade o direito de decidirem por todos nós quando e de que modo a vida de um feto, qualquer que ele seja, vai ter de terminar, mesmo que não passe de um verme sem autonomia. De que modo? O modo da Liberdade com que vocês me sujeitaram às mais bárbaras brutalidades no Passado, porque assim quisestes e assim vos apeteceu.
Com a voz que me resta, pobre bêbedo andrajoso grito o que sei: Morte ao Truísmo! Morte ao ismo! Morte ao Comum dos Comunismos!
E pego fogo a mim próprio, transformo-me em facho a arder na noite escura como o rato que vocês, miseráveis sádicos, regavam de gasolina quando eram pequenos e incendiavam pela lezíria abaixo!