Esta terceira «Crítica», de Kant, permitia aplicar uma espécie de raciocínio cumulativo para distinguir uma coisa bela duma outra sublime. Tudo dependia de categorias novas, como se «Alma, Mundo e Deus» ou Qualidade e Quantidade não permitissem, numa cervejaria, acertar entre uma cerveja, que se oferece, e o decote da criada, que arrefece. Seguindo Thomas Kuhn,as ciências humanas exigem «categorias móveis». Por exemplo, para explicar a sentença do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, para que se retirem os crucifixos das escolas, em Itália,eu acho que a categoria móvel, neste caso, é ambulante e o seu conceito «a ambulância».Goethe já dizia que, nem sempre a percepção erra. É o juízo que erra.
Ora vamos bem analisar o programa de uma excursão da escola dos nossos filhos, em que os podemos acompanhar. Os miúdos vão ver uma cidade europeia. Passem por aquela praça e está lá uma cruz, em cima do fontanário. A seguir, eles verão o cimo daquelas ruas com estátuas, algumas delas com cruzes. As estátuas estão com «gestos cristãos», como olhar para o céu, meter a mão no peito, carregar galos e chaves do Céu, peixes e coisas assim. Claro que há campanários por toda a parte, com cruzes em cima, colocadas em pontos estratégicos da cidade. No cimo daquela colina podem ver um fulano barbudo,de pálpebras semi-cerradas e em camisa de noite, com os braços abertos. Mede cerca de setenta metros, um exagero para um monumento à candura do sonambulismo e do Inconsciente de Freud,ou tratar-se-á de um campeão de natação, por estar ao pé do rio? E, agora, podem descer do autocarro e ir beber umas cervejas naquela tasca que existe desde o Séc. XVII, enquanto os miúdos jogam «Massacre», ou «Exterminio Total» no computador. Se olharem para o decote da empregada, e repararem na cruz, a balançar entre as duas suaves curvas na gola de renda, não se lembrem do «Manual de maus costumes» da Bíblia, nem tentem arrancar-lhe a cruz porque se ele traz vinte cervejas de cada vez, já houve quem a visse com três turistas engraçadinhos, debaixo do braço. É tudo um erro de percepção, como as receitas do Psiquiatra militar Nidal Malik Hassan.São as vossas caras que ficam mal na fotografia e há que fazer uma operação estética.Quando mudarem as vossas caras que podem traumatizar os meninos da escola,o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem terá também mudado já, o seu nome, para Tribunal do Juízo Universal.Se falharem a visita da sede desse baluarte da Liberdade e da Democracia, com um triângulo de quatro lados em cima,poderão dizer, sem preocupações: «Oh, que pena! Perdemos o Juízo!"
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