Alguns anos antes de morrer, no final de uma entrevista com
Robert
Cubbage , Walker Percy foi questionado sobre o segredo da
sua escrita :
“Se um escritor tem um segredo, não é que ele tenha algo de especial,
mas
que ele tem um nada de especial. Nestes tempos, acho eu, um escritor
sério tem de ser um ex-suicida, uma nulidade , um nada,
zero. Ser um
nada é a condição de fazer qualquer coisa. Esse é o segredo.
As pessoas não sabem que escrever bem é simplesmente uma
questão de desistir,
de se entregar, de deixar ir . Tu dizes: " Tudo está
perdido . Pára o baile.
Rendo-me. Nunca voltarei a escrever. Admito a derrota total.
Estou acabado."
O que te estou a dizer é que nada sei de nada. É uma questão
de ser tão
lamentável que Deus fica com pena de ti, olha para baixo e
diz: " Ele está feito num oito. Vamos deixá-lo fazer um
par de boas frases. "
( Percy,
l987 “Writing in the ruins”, Notre Dame
Magazine, autumn, p.31 )
É fácil substituir "filósofo" por escritor, pelo menos do tipo socrático. Sobretudo quando se tentar
escrever sobre a humanidade.
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