27.12.05

Filosofia Política e pensamento matricial

Começo hoje a publicar em série a minha comunicação no recente do Congresso Internacional de Filosofia em Braga. Para os mais distraídos, a Faculdade de Filosofia de Braga, sob o impulso de Porf. João Vila-Chã, reuniu mais de trezentos especialistas ( dos quais metade portugueses, metade do resto do mundo) e publicou os resumos das comunicações num número especial da Revista Portuguesa de Filosofia que comemorava 60 anos
Apesar de não ser matéria muito bloguítica, aqui fica para os interessados.

1. A experiência de vulnerabilidade

Os acontecimentos históricos do nosso início de milénio, a culminar tendências de longo curso encetadas na segunda metade do séc. XX, tornam premente que a filosofia política apresente as experiências decisivas, as questões relevantes e as respostas orientadoras da humanidade contemporânea, adiadas pela sabedoria convencional. Esses elementos dispersos nas obras dos verdadeiros pensadores do século XX - criadores de verdades e destruidores de mitos - dificilmente encontram eco numa época como a nossa que já não acredita em ideologias - porque a ciência desmistificou os respectivos fundamentos unilaterais - mas que vive e pensa recheada de detritos ideológicos sem um pensamento matricial capaz de acolher contributos de metodologias diversas.
Para os “optimistas” a última década caracterizou-se pela expansão da democracia, tecnologia, economia de mercado, sociedade de informação e tentativas de paz pelo direito. Para os “pessimistas” - os “optimistas informados” - persistem as tendências negativas: guerra não declarada, genocídios, pobreza, novos fundamentalismos, degradação ambiental, desemprego, esvaziamento do significado do trabalho, e doenças sociais de que o SIDA e o consumo das drogas são óbvios exemplos.
As ilusões que as tendências históricas podem ser sintetizadas por um determinismo sobre “o sentido da história” não desapareceram na última década. Alguns usaram as fórmulas optimistas de "nova ordem" e de “fim-da-história”, com evidentes ecos hegelianos filtrados pelo “hobbesianismo primário” das correntes anglo-saxónicas. Também surgiram as visões pessimistas do “choque de civilizações”, uma variação pós-hegeliana culturalista. Os “transitólogos”. falaram de “compromissos pragmáticos” - a transição das sociedades já não para “amanhãs que cantam” mas para os mercados ditos “livres”. Em todas esta variantes, a persistência positiva das comunidades ocidentais foi justificada e legitimada - em contraste com o defunto totalitarismo soviético - não pelas suas virtudes sociais e políticas, mas pela satisfação das ambições materiais dos seus cidadãos.

26.12.05

Today's Joseph and Mary would face 15 checkpoints By Stephen Farrell

THE road from Nazareth to Bethlehem begins by dropping down from a ridge south of Galilee into the Jezreel Valley, looking out across Jordan and Samaria.It is a 90-mile route defined by the journey of Mary and Joseph 2,000 years ago. Any direct route that foot passengers would have taken in the era of Caesar Augustus, retraced today, inevitably draws you into the tangled skein of modern Middle East politics, through Israel and the occupied West Bank, past Hamas strongholds and extremist Jewish settlements lying Islamic cheek by Zionist jowl. But first you slam into a checkpoint. The first, that is, of 15 Israeli military roadblocks and mobile checkpoints that now control passage along the roads south from Nazareth to Bethlehem. Here politics and religion collide once more, with Palestinians emitting howls of outrage at the 30ft-high Israeli wall that was completed just before Christmas.

‘Now in those days a decree went out from Caesar Augustus to register all the empire for taxes. This was the first registration, taken when Quirinius was governor of Syria. Everyone went to his own town to be registered. So Joseph also went up from the town of Nazareth in Galilee to Judea, to the city of David called Bethlehem, because he was of the house and family line of David’
Luke ii, 1-15

24.12.05

Operação Vijay, por Valmiki Faleiro

O General Vassalo e Silva, Governador Geral da Ìndia com o General Pran Nath Thapar, CEME indiano, no campo de prisioneiros em Panjim, Goa.
Natal de 1961
Com uma semana de atraso sobre a data da invasão de Goa, aqui fica uma posta longa do independentista goês indiano VAlmiki Faleiro; uma lição de como a história deve ser vista de todos os Ângulos.
Para Faleiro, Goa obteve a sua primeira independência em 1510 contra os muçulmanos de Ismail Adil Khan, o Hidalcão das crónicas portuguesas contra o qual lutaram o grão-capitão de mar e guerra Afonso de Albuquerque e sua frota, auxiliado pelos hindus do capitão Thimmayy. As profecias indianas diziam que, de paragens distantesa, a libertação viria de *firangis* , nome de todos os europeus no próximo e Médio Oriente.
Goa teve a sua segunda independência em 1961. O que para Portugueses é a "invasão de Goa", para os indianos é a Operação Vijaya, assim chamada para evocar o Império Hindu de Vijayanagar, para nós op Reino de Bisnaga, comandando por um general Goês, o Vice Marechal do Ar Pinto, da família Pinto do Rosario de Porvorim.
E segundo FAleiro, Goa aguarda a terceira independência , desejavelmente sem uso da força ou de conquista militar ... para a livrar do que chama os "frutos da democracia": corrupção total, valores públicos falhados e desgoverno.
Assim se move a história, para eterno desmentido do inadvertido americano que disse que a história chegara ao fim. E como nota pessoal, lembro-me que a minha primeira memória política, tinha eu 7 anos, era a dos sinos da catedral de Goa que soavam compulsivamente na "Emissora Nacional" no longínquo Natal de 1961.

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18 December 1961 Early morning, two Indian Air Force planes strafed the Emissora de Goa, the powerful radio
transmitting station, at Bambolim and the civilian airfield at Dabolim. The previous night, mechanized columns of the
Indian Army had crossed the international border and now advanced towards Panjim, as retreating defenders dynamited bridges to delay their advance. An Indian Navy fleet, led by INS Brahmaputra, sailed up the Zuari estuary to take on a lone frigate berthed at Mormugao and, unexpectedly, on a spirited sea observation post at Sada Headland, Vasco da Gama.
Goa’s 'Second Liberation' was well and truly underway. Achieved, like the first in her checkered modern history, by
military might, but mercifully, with little bloodshed. The 'Third Liberation', with any hope, shall come about bereft of
brute force.
Lest my multiple 'Liberation' theories be summarily dismissed as FF (flights of fantasy) by Goa’s extant FFs (Freedom
Fighters) -- yes, extant, and heaven bless, they will remain so for another two and three-quarter centuries! -- may I elucidate.
But not before noting an oddity. *Freedom fighters* did not accomplish Liberation. 'Operation Vijay' staged by the Indian Armed forces, did. Under the command of a Goan, Air Vice Marshall Erlich Pinto, of Porvorim's illustrious Pinto do Rosario stock. Have *tamarapatras* been doled out to the families of Naval sainiks and Army jawans who lost their lives at Mormugao, Nani Daman and Anjediva?
Goa's *First Liberation* had come precisely 451
years before, almost to the month, on 25th Nov.
1510. Unable to bear the confiscatory taxes and
other crushing miseries heaped upon Hindu Goa by
Muslim Bahamanis from 1469 and by Adil Shahis from
1498, our ancestors conspired to throw them out.
And awaited deliverance. By *firangis* from distant
shores, as foretold by a soothsayer.

The only bulwark to the ascendant Muslims -- the Hindu Vijayanagar Empire -- was crumbling in the face of the
onslaught. They could barely hold fort around their home base in Tamil Nadu. Far-flung territories like Goa had fallen to the Muslim sabre and lay forsaken.

Beaten but not broken, a Vijayanagiri sea captain lay licking his wounds in Honavar. Our Hindu ancestors approached Thimmaya to canvass help from the Portuguese, by then established on the Malabar coast.

On 17th February 1510, Thimmayya guided Afonso de Albuquerque's small fleet up the Mandovi. The assault was
vicious, but the victory brief. On 23rd May 1510, Ismail Adil Khan, the ruling prince of Goa, fending off Marathas
with 60,000 soldiers, pushed out Albuquerque and his ragtag band. The *firangis* anchored off Penha de Franca/Aguada, where Hindus of Taleigao helped them with provisions, and thence, in August that year, with receding monsoons, to the isle of Anjediva. Awaiting reinforcements.

It was a long wait. Sail vessels took five months
to reach India from Portugal. Food and water were
soon exhausted. Every rat on board was hunted and
relished. When rats were extinct, Albuquerque and
his men chewed on leather and abominable stuff, to
stave off starvation. Sails were laid out to
collect rainwater.

A buoyant flotilla of six vessels finally arrived. Captain Thimmayya urged immediate attack, while Ismail Adilcao was
again away. By dusk of 25th November 1510, after three days of fierce battle, Albuquerque had 6,000 Muslims put to the sword. The streets of Old Goa turned into rivulets of blood. But Goa was Liberated! As *liberated* as the eventual need for a *Second Liberation*.

It's beyond this column's space to dwell on the 451 years. Be it only clear that I've grown by the advice: keep the
windows open; retain what is good, chuck what is not.

>From 1787, our ancestors attempted to chuck the Portuguese. Goans, some now converted to Catholicism -- but not, as ignorantly perceived, to anti-nationalism -- clamoured for freedom (see box, below.) Goa’s pro-Portugal fringe was not a Catholic monopoly, if you please; anti-nationalism, if so it can be dubbed, transgressed barriers of creed and embraced those of class, like the largely Hindu mineowners and the landed gentry. But that's beside the point.

Goa could have been freed two centuries before, but neither Marathas nor the Peshwas obliged. In 1668, Shivaji tried but gave up easily. In 1683, Sambhaji surrounded vital forts and almost went for the jugular. But as the Portuguese viceroy lay supine before St. Francis Xavier’s relics, the Moghuls unexpectedly attacked the Marathas and Sambhaji retreated.

In 1739 the Peshwa, BhajiRao-I strategized a three-pronged attack: by Jayrama Sawant Bhonsle from the North, Rajah of Sondha from the South and his own Maratha general Venkat Rau from the East. Venkat captured most of Salcete but when within striking distance of the capital of Portugal's empire in the east, traded Goa's freedom for a tribute of eight lakh rupees!

Some Goans still profess undying love for
Maharashtra. Their dreams of replacing one yoke
with another -- thro' merger with Maharashtra --
were foiled by people like Purshottam Kakodkar and
Dr. Jack de Sequeira, the real FFs of modern Goa.

The Portuguese could have been forced out even as late as in 1956, before the "Goa Issue" boiled into a major spat at the UN. But Nehru, more concerned with his pacifist image abroad, preferred diplomatic persuasion. Western nations, particularly the USA, worked towards peaceful resolution (had Salazar accepted one US initiative, Goa might have turned into another HongKong -- but then, if wishes were horses, beggars would ride!)

My thoughts today go to Air Vice-Marshall Pinto. And his men who died subduing a vastly outnumbered, outflanked and ill-equipped adversary ... even as the ghost of Afonso de Albuquerque, the *Liberator* of 1510, lay beached near Siridao, now in the form of a frigate.

But Goa was, again, Liberated! As *liberated* as the need *for a Third Liberation*. This one, heaven permit, without *the use of force or a military takeover ... to deliver us from the *fruits* of democracy: all-pervasive corruption, plummeting public values and gross mis-governance. Amen!

Goan Catholics, clergy and laymen all, dear *Desh-premis*! -
Valmiki Faleiro

23.12.05

Natal...ainda com muros; enviado por Isabel Luna

Questionário, por Luís Coimbra

Aqui vai um pequeno questionário para averiguar a vossa posição no espectro político, se mais à esquerda, se mais à direita, se ao centro. Façam-no, é engraçado! depois podem comparar com o do sócrates, do manuel alegre e do joão soares...
http://www.publico.clix.pt/sites/bussola/files/questionario.htm

James Blunt, Paz, guerra e amor, por esta ordem


James Blunt foi o cantor sensação de 2005 com o seu Back to Bedlam. Take No Bravery foi escrita no Kosovo em 1999, quando este oficial da Household Cavalry, um dos mais elitistas regimentos do Exército Britânico, usava a sua guitarra no exterior do tanque Scimitar durante a Peacekeeping Mission da KFOR. Tinha 22 anos. Saído capitão das fileiras, achou que fazer música era melhor que fazer a guerra. Todo o álbum é um pouco fatalista, diz ele, tal como a canção.
Mas quem ouve JAmes Blunt concorda que ele veio dar novo alento às letras das canções. Com ele não é só o ritmo que embala mas os conteúdos que elevam. Pela primeira vez desde Leonard Cohen há alguém em palco e nos videoclips que sabe falar decentemente de paz, guerra e amor. Em primeiro lugar porque andou por lá. Por essa ordem. "Je ne crois que les témoins qui se font égorger", disse Blaise Pascal.

We Need To Be Told by John Pilger


John Pilger exagera. Mas só isso ajuda a memória dos mortos por ordem do Estado que já nem podem exagerar. A arte do jornalismo reside em saber exagerar a verdade para que esta não seja soterrada pelo enxurro de banalidades quotidianas. Vale sempre a pena lê-lo!

"The propagandist's purpose," wrote Aldous Huxley, "is to make one set of people forget that certain other sets of people are human." The British, who invented modern war propaganda and inspired Joseph Goebbels, were specialists in the field. At the height of the slaughter known as the First World War, the prime minister, David Lloyd George, confided to C.P. Scott, editor of the Manchester Guardian: "If people really knew [the truth], the war would be stopped tomorrow. But of course they don't know, and can't know."

With British-supplied Hawk jets and machine-guns, Suharto's army went on to crush the life out of a quarter of the population of East Timor : 200,000 people. Using the same Hawk jets and machine-guns, the same genocidal army is now attempting to crush the life out of the resistance movement in West Papua and protect the Freeport company, which is mining a mountain of copper in the province. (Henry Kissinger is "director emeritus.") Some 100,000 Papuans, 18 per cent of the population, have been killed; yet this British-backed "project," as new Labour likes to say, is almost never reported.

What happened in Indonesia , and continues to happen, is almost a mirror image of the attack on Iraq . Both countries have riches coveted by the west; both had dictators installed by the west to facilitate the passage of their resources; and in both countries, blood-drenched Anglo-American actions have been disguised by propaganda willingly provided by journalists prepared to draw the necessary distinctions between Saddam's regime ("monstrous") and
Suharto's ("moderate" and "stable").

Since the invasion of Iraq , I have spoken to a number of principled journalists working in the pro-war media, including the BBC, who say that they and many others "lie awake at night" and want to speak out and resume being real journalists. I suggest now is the time.
http://www.lewrockwell.com/pilger/pilger32.html

20.12.05

Um “Mal francês” no Mundo moderno por André BAndeira

Se Marcel Proust não tivesse existido, nada disto teria acontecido, nomeadamente a programada destruição do carácter por já trinta anos de Educação pública. Não sei mesmo se as sucessões de Revolução Impressionista, Cubista, Surrealista na sala de aula e, fatalmente, de Revolução psicadélica no recreio, foram mais que a vingança da frustração dos professores. Não digo isto porque Proust seja o culpado ( ele foi de certeza uma grande vítima) ou porque não houvessem outros grandes espíritos “gay”, como Óscar Wilde. Este aliás, descreve bem a sua “passagem” em Crescent Street de onde saía, feliz, com a sua linda mulher: ao ver os prostitutos na fonte de Eros percebeu que aquele era o flanco por onde o mastodonte vitoriano apodrecia mais depressa. Depois, bastou deduzir...

Do que sei de Marcel Proust, retenho dois episódios, um importante, outro sintomático:

O primeiro é aquele que lhe traz o criado do Ritz, Vesti, quando a sua obra já conseguiu o reconhecimento. Vesti, diz que o Corriere della Sera anuncia que “Em busca do Tempo perdido” (designação geral da Obra da sua Vida) é um romance que “se trepa, trepa sem saber onde a escada acaba mas, de lá de cima, podem-se ver sempre mais coisas”. O outro é o diálogo com o negociador inglês, de Versalhes, Harold Nicolson, também em Paris, num restaurante da moda, durante o qual discutem homossexualidade, reconhecendo-se aquele que foi o grande teórico da Diplomacia do séc. XX , como “não percebendo muito do assunto” e respondendo-lhe Proust que ser “gay” não é uma questão de natureza, mas de “sensibilidade”.

O que um episódio quer dizer, é que o simples criado, certamente grato pelas perdulárias gorjetas de Proust mas conhecedor como só os que velam clientes solitários conhecem, sabia o valor iniciático da homossexualidade. Talvez fosse italiano da Magna Grécia e mais antigo, talvez fosse humano como um italiano e soubesse que a consagração de Proust, no jornal do regime, significava que a Minerva Itália o tinha aceite. Ou seja, o simples criado sabia que Proust estava autenticado para o Parnaso.

O que o outro episódio quer dizer é que o pragamático Nicolson não tinha sensibilidade para distinguir os vários sentidos de “délicatesse”.

No primeiro caso, a contida voz do Povo quebra o silêncio, coroando um extremado ( pela luta pelo reconhecimento e as invejas dos outros "gay") já doente Proust. No segundo caso, a voz do Poder, leva uma resposta elíptica que o deixa de fora, a falar sozinho.

No drama de Proust, que vai desde o tardo-romantismo até Picasso, o qual, uma vez, lhe desvelou à frente um cenário cubista, azul e violeta (encomendado por Jean Cocteau, como encenador teatral e deixando Proust fascinado como se o que visse à frente materializasse algo a que já não tinha forças para se atrever) avulta, acima de tudo, um certo tipo de côr.

A mim, desde pequeno, me fascinam os tons violeta de certas flores moribundas, os tons estranhos dos crepúsculos portuenses onde fui nado e que se não decidem entre a Europa do Norte e a do Sul. Não nego que vi um estranho dia raiar por um Globo de absinto verde, em plena noite e sei que alguém como Proust poderia sobreviver uma eternidade sem ver a luz do dia, apoiado como foi por uma legião de amigos fiéis, porque as suas “noites eram muito mais belas que os dias” dos contemporâneos.

Sei da existência de tons musicais ( de resto, meticulosamente doseados por uma das Educações mais antigas da História, a chinesa) que, ao contrário de nos viciarem, nos despertam para um mundo real do qual não temos o direito de sair nunca mais. Decerto que a realidade da Primeira Guerra mundial, que gerou Hitler e Mussolini, em que pelo menos um batalhão de bravos, alemães, russos, ingleses e franceses preferiu ser fuzilado pelos próprios camaradas, como amotinado, a massacrar-se num dos maiores absurdos da História Humana, não era senão um sonho do diabo.

Decerto que as perversões de Proust no fundo do poço de Sodoma não se arvoravam a ser uma revolta politicamente correcta mas, ao menos, constituíram um fecho inviolável da sua não-colaboração. Enquanto alguns dos mais viris pederastas se faziam morrer como heróis, na trincheira, Proust – que só não o fez por ser demasiado frágil – sofria os horrores dos seus amores inviáveis, fatalmente, até à exaustão.

Lembro-me de uma discussão que tive com um “gay”, invocando a série inglesa “Upstairs, Downstairs” em que um lorde pintor é gozado educadamente por um artista faminto, mas com génio, que lhe explica que se não pode “fazer da vida uma forma de arte”. Ora o “gay” espetou-me com Proust na cara e eu fiquei sem saber o que responder.

Se Proust fez da vida uma forma de arte e segui-lo é ser iniciado nas miríades de pormenores dos entretantos que fazem a substância humana (onde, por exemplo, o Feminino/Masculino, não passa de uma cortina de fumo) e ninguém pode recusar esse cálice, então tudo o resto é Burocracia ou Loucura. Até Deus é Burocracia e o bom Abade Meugnier, celebrou sempre missa pelo inconvertido Proust, depois deste morrer.

Mas, Proust, de que serve tudo isso, se nós não viemos da Terra, mas viemos do Céu e a ele voltaremos?

"1,000 Days In Iraq" by Michael Sullivan

"1,000 Days In Iraq" compiled by Daniel Enemark Tuesday marks the 1,000th day of the war in Iraq. Apart from the debate over its purpose and progress, here are some basic facts about the conflict.

Casualties
2,149 US forces have been killed, including 44 women.
15,880 US soldiers have been wounded.
On average, 37 US soldiers a month are shipped home because of '"psychiatric" problems.
201 non-US Coalition forces have been killed in Iraq, including 98 from Britain, 27 from Italy, 18 from Ukraine, 17 from Poland, 13 from Bulgaria, and 11 from Spain.
25,000 to 30,000 is a rough estimate of the number of Iraqi civilians who lost their lives for war-related reasons since May 2003.
An estimated 3,700 Iraqi police and military have died since June 2003.
Sources: The Brookings Institution, GlobalSecurity.org, The Wall Street Journal, Iraq Minister of Interior

Causes of death: Of the 2,149 US troop casualties, the largest number resulted from hostile fire (some 693). Other major contributors: Improvised Explosive Devices (636); accidents, friendly fire, and other 'nonhostile causes' (393); helicopter losses (126); car bombs (111). S ource: The Brookings Institution.

Insurgent strength: 3,500 is the lowest estimate of full-time insurgents. US military estimates put the range between 8,000 and 18,000 "core" insurgents. Iraqi intelligence officials believe the number of insurgent sympathizers could be as high as 200,000. Source: "Iraqi Force Development" by Anthony Cordesman, Center for Strategic and International Studies

Troop levels: 160,000 US troops are currently deployed in Iraq.
1.05 million troops have been stationed in Iraq or Afghanistan since Sept. 11, 2001.
32.6 percent of American troops have been sent to Iraq or Afghanistan for two or more tours of duty.
23,000 non-US or Iraqi soldiers are serving as part of the Coalition forces.
Sources: US Department of Defense, The Brookings Institution

Contractors; As of March 2005, more than 20,000 individuals were working for private contractors in Iraq.
6,000 of these were guarding individuals, escorting convoys, or performing other security roles.
286 private contractors have been killed.
As of July 2004, the US had paid out more than $50 billion to civilian contractors. Among the largest contracts: Kellog, Brown & Root, a subsidiary of Halliburton ($10.8 billion); Parsons Corp. ($5.2 billion); Fluor Corp. ($3.8 billion); Washington Group International ($3.1 billion).
Sources: P.W. Singer "Outsourcing the War in Iraq" in Foreign Affairs, The Center for Public Integrity

Journalists:75 journalists have been killed in the war; 2 are missing.
Source: Reporters Without Borders

Iraqi Opinion: 64 percent of Iraqis predict their lives will improve in the coming year; 69 percent believe the nation will improve.
Source: Oxford Research International for the BBC (November 2005)

The mailbag: Up to 400,000 pounds of mail is delivered to US service members in the Gulf each day. It arrives on its own 747.
Source: US Postal Service

17.12.05

Votos de Natal Politicamente Correcto


Tendo recebido desejos equivalentes de meus amigos americanos, adapto para a língua de Fernando Pessoa os meus votos de Bom Natal e Bom Ano Novo, em politicamente correcto:

Queira aceitar, por favor, sem qualquer obrigação, decorrente ou implícita, os meus/nossos melhores votos para uma celebração do feriado do Solstício de Inverno que seja ambientalmente consciente, socialmente responsável, sem stress, nem adições e neutro quanto a questões de género, praticado dentro das tradições mais agradáveis da confissão religiosa que escolher, ou práticas laicas de sua escolha, respeitando, naturalmente, as tendências religiosas ou laicas de outras tradições, ou a sua escolha de não seguir quaisquer tradições religiosas ou laicas.
Eu /Nós fazemos votos de um início do ano de calendário geralmente aceite como 2006 que seja fiscalmente bem sucedido, pessoalmente realizador, e medicamente descomplicado, com o respeito devido aos calendários escolhidos por outras culturas cujas contribuições à humanidade também são notáveis (sem implicar que a contribuição do Cristianismo ou de Portugal é particularmente notável), e independentemente da raça, credo, cor, idade, estado físico, estado civil, ou orientação sexual.

NOTA: Aceitando este voto, aceita os seguintes termos: Este voto está sujeito a esclarecimentos ou remoção. É livremente transferível sem alteração,para o remetente. Não implica qualquer promessa do remetente para executar realmente qualquer dos desejos que formula para ele/ela ou outros, sendo de nulo efeito onde proibido pela lei, e revogável se o remetemte assim o entender. Este voto é válido pelo período de um ano, ou até à emissão de um voto posterior, e a validade é limitada à recolocação deste voto ou à emissão de um voto novo conforme vontade do remetente.

15.12.05

A Destruição do Ensino..... em França, por Laurent Lafforgue.


Laurent Lafforgue Professor de MAtemática no IHÉS, membro da Académia de Ciências de Paris, nomeado para o Conselho NAcional de Educação de França em Novembro de 2005, foi convidado a demitir-se do Conselho, a 21 novembro de 2005, na sequência de carta confidencial que circulou por inconfidência e que aqui se reproduz um excerto.

"Depuis un an et demi que j'ai commencé à m'intéresser sérieusement à l'état de l'éducation dans notre pays – en lisant tous les livres de témoignage d'instituteurs et de professeurs que j'ai pu trouver, en recueillant systématiquement tous les témoignages oraux ou écrits d'enseignants avec qui je peux être en contact, en interrogeant moi-même des jeunes pour jauger ce qu'ils savent ou ne savent pas – je suis arrivé à la conclusion que notre système éducatif public est en voie de destruction totale.(...)"

"Cette destruction est le résultat de toutes les politiques et de toutes les réformes menées par tous les gouvernements depuis la fin des années 60. Ces politiques ont été voulues, approuvées, menées et imposées par toutes les instances dirigeantes de l'Éducation Nationale, c'est-à-dire en particulier: les fameux experts de l'Education Nationale, les corps d'Inspecteurs (recrutés parmi les enseignants les plus dociles et les plus soumis aux dogmes officiels), les directions des administrations centrales (dont la DEP et la DESCO), les directions et corps de formateurs des IUFM peuplés des fameux didacticiens et autres spécialistes des soi-disant "sciences de l'éducation", la majorité des experts des commissions de programmes, bref l'ensemble de la Nomenklatura de l'Education Nationale. Ces politiques ont été inspirées à tous ces gens par une idéologie qui consiste à ne plus accorder de valeur au savoir et qui mêle la volonté de faire jouer à l'école en priorité d'autres rôles que l'instruction et la transmission du savoir, la croyance imposée à des théories pédagogiques délirantes, le mépris des choses simples, le mépris des apprentissages fondamentaux, le refus des enseignements construits, explicites et progressifs, le mépris des connaissances de base couplé à l'apprentissage imposé de contenus fumeux et démesurément ambitieux, la doctrine de l'élève "au centre du système" et qui doit "construire lui-même ses savoirs". Cette idéologie s'est emparée également des instances dirigeantes des syndicats majoritaires, au premier rang desquels le SGEN"

Cabinda 2 - Futungo 1, na Liga Vaticana

Cabinda - A Paróquia da Imaculada Conceição, em Tchiowa, foi reaberta no dia da sua padroeira, 8 de Dezembro, após ter sido encerrada durante cinco meses na sequência de incidentes ocorridos no interior da Igreja, provocando igualmente a suspensão do seu pároco, o padre Jorge Casimiro Congo.

Segundo apurou o Ibinda.com junto de testemunhas que assistiram à reabertura da Igreja Imaculada Conceição, «uma grande massa populares afluiu à igreja». Porém, as mesmas testemunhas constataram que «estradas contíguas estavam abarrotadas de polícia e na assembleia era notória a presença de inúmeros agentes da segurança à paisana». Dom Eugénio Dal Corso, administrador apostólico de Cabinda, marcou presença no local.

De acordo com várias fontes, durante a ocasião, houve uma acesa troca de palavras entre Dal Corso e o bispo Paulino Madeca. No entanto, observadores adiantaram que «contrariamente à sua vontade, Dal Corso foi forçado a abrir a igreja e a levantar a suspensão que, anti canonicamente, infligiu aos padres Brito e Congo».

14.12.05

Retrato de Condoleezza Rice


Tookie Wiliams, vejo a tua cara, que já não tem o sorriso e os elogios da mamã, se alguma vez a tiveste, se alguma vez ela te teve. Vejo-a com os rostos dos que mataste, alguns deles de costas, a desfocarem-se do teu como espíritos navajos. É a última foto antes de levares a injecção fatal na penitenciária de St. Quentin. E vejo cada minuto que perdeste ou ganhaste tentando reabilitar-te e reabilitar os teus, todos os teus, até a mim. Não chegarás ao Templo de Sião, protegido pelo Negus de Ouro, na Etiópia dos justos. Vejo o teu rosto como qualquer um vê o seu próprio, reflectido no espelho, com uma grande dor de barriga, ou uma súbita notícia de cancro ou quando um Amor acabou, subitamente, de um modo grotesco.

Tookie Williams é o meu rosto no espelho. Por cada minuto que perdi ou que ganhei fazendo a Morte de Woody Allen esperar ( aquela que lhe respondia ao “ desculpa lá, tenho de ir. Havemos de nos ver...” com um “Não te preocupes.”) enquanto arranjava um sentido para tudo o que fez na vida, primeiro matando, depois salvando. Como o japonês que rabiscava os factos de um avião a cair e os guardou, para glória da Humanidade, numa pasta que sobreviveu à catástrofe. Como todos os coronéis Aureliano Buendía a olhar a vida inteira para trás, num segundo, frente ao pelotão de fuzilamento.

Sim, Tookie, o teu rosto cheio dum sofrimento sem fim e de uma dureza igual ( sem fim) como King Kong falando no ecrã, de igual para igual, a todos nós. Nada sei da Justiça, falhei em Direito, se calhar não cresci, ou sou tão liquefeito e tonto que não sei vingar-me, acometido que fui dum Alzheimer divino, mas tenho o teu rosto em frente ao meu, Tookie e, por favor, meus irmãos americanos... arranquem-me os olhos!

“É Verão e a vida é fácil”, diz a canção que o meu amigo Chico Varela cantava.

Se bem que vestida com imitações melhores dos costureiros parisienses, Condie ainda caminha como uma menina de côro nas festas Gospel dos EUA.

Se Ariel Sharon dizia, com setenta anos, que não conseguia deixar de olhar para as pernas dela, eu compreendo-o, não por ele ter apenas setenta anos, mas porque ambos se agarram à vida como os condenados da “Montanha mágica” de Thomas Mann. Ambos adiam para sempre o transformar definitivamente do sofrimento, em Passado. Ambos vivem com visões de um Messias que ainda não veio.

E uma tão falta de Eternidade (mesmo uma simples eternidade vazia budista que, depois de o Mundo todo se somar em zero, deixa uma borboleta entrar e pousar-lhe em cima do ombro) dá-lhes a ambos os dons do efémero.

De facto, Condie tem umas belas pernas, como se pode ver pela delicada curvatura sob o joelho, que a saia programadamente descobre, em passos cadenciados. Deve fazer exercícios para permanecer magra mas isso só a deixa como a certos afro-americanos cansados de responder a bocas, de evitar violências e de manter a dignidade, 10.000 anos antes da Redenção.

Não tem nada de Motown, nada de Rap, mas o que mais me magoa é que não tem nada de Soul, uma das maravilhas do Mundo, aquilo que os negros americanos criaram "fazendo nascer uma flor na marca de cada chicotada" ( Levi Condinho, por agora, poeta menor). Nada, nela, tem Rythm and Blues, nada que grite “gerappa”, como James Brown, ao receber o mote das fugas aos negreiros nas florestas de África, dos campos de algodão, das fugas das prisões, das ruas da Droga, do Desprezo e do Crime

O modo como Condie caminha, equilibrando-se com passos de “good girl” sobre uns sapatos de acutilante chinesinha é ainda um modo bonito de andar mas curvou-lhe certamente a coluna. O queixo pende, já gasto, como esses janotas de Harlem, tão caribenhos, mantendo a sua superioridade sexual até ao fim.

Por isso, algo nela também é teimoso, quando o olhar se trai, de esquina e não pode asseverar o halo de sorriso bonito, cheio de delícias, em frente às câmaras.

Condie é bonita mas demasiado extremada pelo fôlego. Condie é amável mas demasiado vencedora da dor, como se a tivesse atirado, definitivamente, para trás das costas, com silogismos luteranos. O que apenas vai mal nela é que, sendo uma mulher de “cabelo duro”, forçou uma moldura negra, sem o brilho das sarças vigorosas e que lhe parte metade do rosto.

E, quando caminha, é ainda uma menina, equilibrando-se nos saltos altos para se juntar ao côro que, quando começar a cantar a Deus, até às pedras, aquecerá o coração. Quero ouvir-te a tocar piano, Condie...

Basta, Condie, de tanto ressentimento!

12.12.05

If George Best had a Cross... by André Bandeira


George Best was an Irishman from the North, a place where Protestants usually have the best jobs in every walk of life. That means that if he had been a construction worker, he would at least have a stable job. If he had been a peasant, he would have had, at least, a plot of land.

But he chose, as Protestant, to kick the ball, with Catholics, in soccer fields. Maybe he did it to prove that Catholics were not the best in one of the few jobs generally left over to those who had nothing better to do. Sometimes, a man is a prisoner of his own condition, sometimes there is a wall of steel between you and your neighbours, and you just may run along it, without ever being able to leap.

And he proved he was the best. As the legend tells, he won in the Manchester United, in many stadiums, bars, pubs and women of England.

But he lost in his own liver. They took it out from him, replaced it with another one and warned him, solemnly: if you keep on drinking, you will die.

He kept promising, promising he would not, but he did not make it. His smile and his slight body began to inflate till his eyes became sleight as the ones of a Mongol, from the centre of Asia. His eyes were always smiling.

George Best had chosen, as an oath or a curse, to be drunk most of his mature life, on Earth.

In a world which applies what the old Arab legends tell about, U-Bar - the arrogant capital of the nomads, the one of thousand alabaster columns, once upon a time destroyed by an earthquake - that “his habitants committed not only all possible sins, but also invented new ones to commit”, Best kept washing his hands out of Reality, with alcohol.

Maybe George Best, if he had a Cross on the wall of his School room when he began sweating, unable as he was to face the wall of protestant teachers and began dreaming of just get out to kick the ball, he could have drunk a little less.

After facing those ones who kept cursing him to be always “the Best”, he just couldn´t avoid killing the Reality and throw it into a flask full of alcohol and stay there, looking from the outside at a slow-motion solute.

After one glass, the tidy protestant lawns, turned into real soccer fields, after two, the difference between haves and have-nots became a match where everybody could score and be happy, even if he didn’t win, even if he was a catholic, even if he was an Irish renegade.

My God, Best! How could you ever be sober in such a world?

You, Best, slight and thin, with Chinese eyes, who have been an hero besides Negroes with a sad smile, as Eusébio, or a shining laugh as Pele, or even managed to have a smile back from a harsh Hun as Puskas. For the first time, among them, you certainly felt yourself to be free and equal, on your own merits...

Maybe if you ever had a Cross in the wall of your School yard, a point in the wall where to hold your Eskimo eyes, when so many voices kept giving you contradictory orders and you just dreamt of start running out, towards a boundless soccer lawn, Reality wouldn’t have been so dry!

Hey, Best, I need a drink!

Maybe you would have begun screaming as an Irishman, no matter from the North, or from the South, from the East or from the West, when a keeper, this last week-end, in Messina, Italy, as the supporters began to call him “nigger”, took the ball in his hands, walked to the centre of the field and stopped the match.

Than he began to gesture, as a fishmonger in the marketplace and said in his tiny, inaudible voice, while facing a full stadium: “ I am from Messina, this is my land. How can you insult me? How can you?”

Just as you, Best, when you used to fall and jumped again to be kicked down again, a sole man against the throng.

And the throng, Best, never had a chance...

Israel -strike on nuclear Iran, by Uzi Mahnaim


12/11/05 "The Times" -- -- ISRAEL’S armed forces have been ordered by Ariel Sharon, the prime minister, to be ready by the end of March for possible strikes on secret uranium enrichment sites in Iran, military sources have revealed.
The order came after Israeli intelligence warned the government that Iran was operating enrichment facilities, believed to be small and concealed in civilian locations.
Iran’s stand-off with the International Atomic Energy Agency (IAEA) over nuclear inspections and aggressive rhetoric from Mahmoud Ahmadinejad, the Iranian president, who said last week that Israel should be moved to Europe, are causing mounting concern.

9.12.05

Educação para a Cidadania no Islão : já começou!

The Organisation of the Islamic Conference statement urges decisive action to fight "deviant ideas".
"The meeting in the holy Muslim city of Mecca in Saudi Arabia called for changes in national laws to criminalise financing and incitement of terrorism. It also called for new school curricula to purge extremist ideas. "Islam is the religion of moderation. It rejects extremism and isolation. There is a need to confront deviant ideology where it appears, including in school curricula. Islam is the religion of diversity and tolerance," the statement added.
HÁ qualquer coisa de novo Nesta declaração. O direito secular nas nações muçulmanas pode ser reforçada pelo direito natural contido no Corão e na Sunna. O contributo do direito natural para a secularização da vida pública pode ter na religião um apoio e não um obstáculo. Assim sucedeu na Europa de Suárez, Grócio, Hobbes, Rousseau e Kant, a partir do séc. XVII. Para que a secularização da vida pública, em marcha no mundo muçulmano desde o séc. XIX, encontre na religião um aliado, a primeira condição é que seja repudiada a Shari’a, na forma histórica em que foi transmitida. A segunda é que as relações internacionais abandonem o triste conceito de “choque de civilizações”.
Os muçulmanos podem começar a ler Francisco Suarez e reler Avicena e Averroes. Para falar à sec. XXI: precisam de educação para a cidadania nas escolas. E parece que a vão introduzir

8.12.05

Sophie Scholl - o Filme


A mim diz-me muito o drama da resistência dos dois jovens irmãos Scholl ao nazismo. Decapitados ( agradeço a correcção de Paulo Cunha Porto) em Fevereiro de 1943, eles foram dos poucos alemães a colocar a consciência acima da conveniência. Fiz o meu estágio de doutoramento em Munique, no Geschwister Scholl Institut fuer Polititische Wissenschaft, assim chamado em homenagem aos dois irmãos e onde Eric Voegelin quis voltar à Alemanha. Assim , como cantam no Die Toten Hosen, Munique tem mais para se orgulhar que o famigerado Bayern. Apesar de tudo foi da Universidade e do Exército - não na Igreja, nem na fábrica - que veio a resistência. Os supremos realistas do espírito sabem porque é assim. Fico à espera que o filme chegue a Portugal.

6.12.05

Condi Rice is telling Europeans.... by Paul Craig Roberts

On Nov. 14, 2005, Middle East expert Juan Cole reported that the 9/11 Commission Report revealed that captured al-Qaeda members Khalid Sheik Mohammed and Abu Zubayda informed the U.S. government that Osama bin Laden prohibited al-Qaeda operatives from cooperating with the secular Arab nationalist Saddam Hussein. In the run-up to the Iraqi invasion, this critical information was withheld from Congress and the American people. Instead, the Bush administration worked to create the belief that Saddam Hussein was responsible for the Sept. 11 attacks.

The Bush administration has made it abundantly clear that it believes, with no apologies, that the ends justify the means. Lying is simply a means to an end. What Condi Rice is telling Europeans is "pay no attention to our lies; just accept that we are liars for a good and proper cause."
Who will trust this woman who won't answer a question but says "trust me"?

Catholic Neo-cons now want peace, by Lew Rockwell

The freedom to change one’s mind is a human right, and we can only celebrate when someone rejects moral error in favor of truth. For that reason, we can hail the crowd of intellectuals and politicians who are turning from their support of the War on Iraq toward skepticism and rejection.
Far more problematic are the intellectuals, particularly religious intellectuals such as Michael Novak, Jerry "God-is-pro-war" Falwell, and the Rev. Richard J. Neuhaus.

The net is filled with rumors that Fr. Neuhaus, for example, is inching toward an antiwar stance, which, again, we can only praise. Fr. Neuhaus played a very important role in urging people to mute their consciences, ignore the Vatican, and march in lockstep with the Bush administration.

But let’s look back. As the blood lust of the Bush administration increased, many religious Catholics were getting nervous, since there was no sense in which an attack on Iraq could be reconciled with Just War teaching. It was not a defensive war, not a last-resort war, not a proportionate war, not a war aimed only at the military, and it was not authorized by the competent authority. It was an imperial adventure to satisfy the longings of a lunatic, and it has ended in complete catastrophe, economically and morally.

5.12.05

Do not be stupid Mr. Prashan!

Dear editor of Forum Portugal_Goa

I was surprised that the Goa Forum carried such a piece as the one written by Mr. Shankarnarayan
Do not be stupid Mr. Prashant Shankarnarayan; and please do not use fuzzy logic to associate Portugal with a haven for criminals. After all, it was the Portuguese Police, not the IU police, that captured Abu Salem in a very difficult operation. It was the Portuguese Court that authorized his extradition to India. What the Portuguese Supreme Court asked India was not to execute Mr. Abu Salem because of the abolition of the death penalty in Portugal since 1869. It was the French author Vitor Hugo that coined then his formula " We salute Portugal as a newfounland of Mercy".
In Portugal and in Europe we are sorry that countries like United States, Indian Union and PAkistan keep the death penalty. Some spiritual evolution and consideration for the 1948 Human Rights Declaration is missing.

So again, be not stupid Mr. Prashant Shankarnarayan. Worry yourself that India has fascists like Mrs. Uma Bharti, a senior member of India's Bharatiya Janata Party (BJP) and be more enlightened about what is happening in Europe and Portugal. We discovered India some 500 hundred years ago, It is time you discover us.

Mendo Castro Henriques

Why do criminals prefer Portugal?
By: Prashant Shankarnarayan
December 4, 2005
Mid-Day, Bombay,
http://www.mid-day.com/news/city/2005/december/125049.htm
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Portugal comes under the Schengen zone. A person with a Schengen visa can move around 15 countries within Europe, without border checks.
Portugal is in the news, thanks to Abu Salem. But the mafia don is not the only one who sought refuge in this European country. There were many others before him and the reasons behind this human smuggling are history and legalities.

4.12.05

Operação Carlota - Comemora quem pode!


Discurso pronunciado por el Presidente de la República de Cuba Fidel Castro Ruz, en el acto conmemorativo por el aniversario 30 de la Misión Militar cubana en Angola y el aniversario 49 del desembarco del Granma, Día de las F AR, el 2 de diciembre de 2005.

"A mediados de octubre de 1975 .... sólo había en Angola 480 instructores militares. Un pequeño grupo de ellos, en los primeros días de noviembre, junto a sus bisoños alumnos del Centro de Instrucción Revolucionaria de Benguela, enfrentó valientemente al ejército .... de los sudafricanos ---perdieron seis carros blindados y otros medios.
Fue en ese momento cuando Cuba, en coordinación con el presidente Neto, decidió el envío de tropas especiales del Ministerio del Interior y unidades regulares de las FAR en completa disposición combativa. A diez mil kilómetros de distancia, tropas cubanas herederas del glorioso Ejército Rebelde entraban en combate con los ejércitos de Sudáfrica, la mayor y más rica potencia en ese continente, y contra Zaire, el más rico y bien armado títere de Europa y Estados Unidos.
Se iniciaba lo que dio en llamarse Operación Carlota, nombre en clave de la más justa, prolongada, masiva y exitosa campaña militar internacionalista de nuestro país.
Nunca un país del Tercer Mundo había actuado en apoyo de otro pueblo en un conflicto militar más allá de su vecindad geográfica.
A finales de noviembre la agresión enemiga había sido detenida en el norte y en el sur. Unidades completas de tanques, abundante artillería terrestre y antiaérea, unidades de infantería blindada hasta nivel de brigada, transportadas por buques de nuestra Marina Mercante, se acumulaban rápidamente en Angola, donde 36.000 soldados cubanos iniciaron una fulminante ofensiva. ... El 27 de marzo el último soldado de Sudáfrica abandonó el territorio angolano. En la dirección norte, en pocas semanas las tropas regulares de Mobutu y los mercenarios fueron lanzados al otro lado de la frontera con Zaire."

O Avante de Sharon. Mudar é possível... em Israel


O supremo realismo dos estadistas acima das ideologias partidárias. Para isso é preciso ter estofo de herói. A 3 de Dezembro o trabalhista Shimon Peres abandonou o partido Labour para se juntar ao novo partido do ministro Ariel Sharon, que abandonara o Likud para fundar o Kadima (AVANTE). Dizem que emergirá como o maior no próximo parlamento. É uma movimentação nova para a paz com os palestinianos, a começar depois das eleições de Março. Sharon evoluiu e favorece uma solução baseada em dois estados. Acabou o Grande Israel. Suportou a retirada de Gaza, e o "mapa internacional" para negociações da paz. Ao contrário dos neo-conservadores e dos neo-louçaneiros, em Israel os estadistas são mais fortes que os políticos.

Debate quente - Novo aeroporto ou não...em GOA !


REDO DABOLIM, UNDO MOPA
We recently examined the whys & wherefores that an airport at Mopa, on Maharashtra's doorstep, will spell economic ruin for *aam Goenkars*. Irrespective of whether Mopa will be an alternate, or can be in addition, to Dabolim.
Plain persuasion, in elementary English, seems to impress neither our rulers nor the ruling party. Or does it?
Minister Luizinho Faleiro now declare that Dabolim "will" (Rane) and "must" (Luizinho) continue. But with an important rider: Mopa *can* also go ahead! The official line adopted by their party is equally bizarre, even if reflective of the hidden agenda:
"Dabolim will stay, but no way can Mopa can go, either!" the ruling Congress seems to ruse.

Bandeiras a apodrecer

As bandeiras que ainda por aí restam a apodrecer dizem muito de nós. Dizem como somos maníacos e dados a irrelevantes repentes de alma. Dizem como amamos o espectáculo do momento mas não a preservação a longo prazo. Dizem aquilo é um trapo, não um símbolo, e como trapos tratamos todos os símbolos. Dizem que preferimos não tomar decisões, em particular se há mais de uma opção. Dizem que temos muito passado, pouco presente e nenhum futuro, porque é assim que gostamos de viver.É impressionante o que um trapo velho e mudo nos pode dizer.
Extraído com vénia de http://serportuguesterque.blogspot.com/

24.11.05

Kali-tuga A Idade Do Ferro, por Christopher Jones e Ron Hilton

According to the ancient Hindus, we are now in a period known as "kali-yuga" or the Iron Age. It is known for its breakdown in spirituality, and the complete degeneracy of the human race. Kali-yuga is characterized by a shift in human attitudes away from intelligence, and traditional values towards lust, greed and the dominance of money. This degeneracy is instrumentalized by the a secretive group of the powerful to subjugate and enslave the majority of mankind with among other things, promiscuous sex. (read:pop culture+globalization). Abortion, the tolerance of homosexuality, and transvestitism are considered degenerate practices. In particular, abortion is a sign of the breakdown in the traditional role for women, who during the kali-yuga become greedy prostitutes. It is amazing just how closely our western societal breakdown has followed the descriptions of kali-yuga and the secret war to ensalve mankind by th One-worlders, like Bernard Baruch.

RH: Well. In my ignorance I read up about kali yuga, and, as usual, found the most lucid acount in Wikipedioa:
According to most interpretations of Hindu scriptures, including the Vedas, the Kali Yuga (lit. Age of Kali , also known as Iron Age) began at the end of Krishna's bodily lifespan (approximately 5100 years ago, 3102 BCE) and will last exactly 432,000 years ­ placing its conclusion in the year 428,899 CE (it began with a year 0). Kalki, the 10th and final avatar of Vishnu, is expected to appear at this time, riding a white horse and wielding a flaming sword with which to strike down the wicked. Kali Yuga is the last of four Yugas­upon its conclusion, the world will 'reboot' into a new Satya Yuga (Golden Age). This involves the end of the world as we know it and the return of Earth to a state of paradise. Kali Yuga began at midnight (00:00) on 18 February 3102 BCE according to the Surya Siddhanta, which is an astronomical treatise that forms the basis of all Hindu and Buddhist calendars. Kali Yuga is sometimes referred to as the Iron Age because it was also the time when forging iron was discovered. Throughout the Kali Yuga, human civilisation degenerates further.

RH:Christopher is trying to show that the present evil of globalization is part of kali yuga, the period which began in 3102 BCE and will last until 428,899 CE. In other words, the world went to the dogs a very long time ago, long before the present dogs of globalization and pop culture. While I cannot make sense of Christopher's chronology, I agree with his argument about pop culture as a manifestation of the contemporary world, but I do not bring the Vedas into the argument. I am surprised that Vishnu will return on a white horse, like Napoleon. I prefer Christ's donkey. Perhaps the white horse is the source of the four horses of the Apocalypse, but they were horses of a different color.

23.11.05

How a White House "Cabal" Hijacked U.S. Foreign Policy, by Colonel LAWRENCE WILKERSON

COL. LAWRENCE WILKERSON: Well, it just reinforces my position that we cannot afford to be, as a country, as a people, seen as tolerating torture in any way, fashion or form, or unusual and degrading punishment as the International Convention Against Torture delineates it. It just undercuts our image. It undercuts our credibility. More important than that, it undercuts our political values and who we are.
And let me just give you a broader context for why that is so important. This is not a conflict of bombs, bullets and bayonets. This is not a conflict where the military should be the leading instrument. Yes, we had to go to Afghanistan because we had no choice. Al-Qaeda was resident there. The people who actually plotted and the people who planned the 9/11 tragedy were resident there. We had to go after them. The Taliban would not give them up. We had to go after them. The military instrument was appropriate there.
But the military instrument is not appropriate to this wider conflict, because this wider conflict is a conflict of ideas. It is our ideas, which are the political values upon which America is based, indeed, upon western liberalism is based, and the ideas of Osama bin Laden and Abu Musab al-Zarqawi and other evil people like those. And if we think that this conflict can be won with bombs, bullets and bayonets, we are sadly mistaken. I was a soldier for 31 years. You do not fight ideas with bombs, bullets and bayonets. You fight them with your ideas, because your ideas are better. And so, when you detract from the better of your ideas, when you give people in the world, especially the millions of moderate Muslims who might be sitting on the fence right now in this conflict, when you give them reason to doubt your credibility, to doubt your ideas, give them reason to criticize you, you're actually defeating yourself. And we just can’t continue to do that sort of thing, because this is a war of ideas, and we're going to win it with our ideas, triumphant over the ideas of people like bin Laden and Zarqawi.

19.11.05

Balada Triste para o 1 º de Dezembro, por André Bandeira


(Fernando Botero, mujer llorando)

1 – Não chores Maria, Mariazinha de Portugal, porque já não tens nada, nem um tostão ( só tens o cartão). Não chores sobre a enxada, não quero ver a tua cara triste ao lado da figueira partida pelo relâmpago. Tantos anos a trabalhar, a bulir, a limpar chãos, a virar frangos. Tens as mãos secas. Tudo só para poderes ter uma casinha, e dois filhitos e um pouco de piedade do teu homem. Talvez umas fériazitas na praia e um Natal feliz.
Não chores Maria, Mariazinha de Portugal, que já nem há horizonte para crestares mais a tua pele modesta e humilde na esperança de amealhares uns tostões.
Segura, segura o teu filhinho, não vá ele comer a granada que terás que dar ao Sultão para chegares cada vez mais cansada e cada vez mais tarde. Não virá um Emir bom que, no meio da caçada, se condoa da tua fadiga...

2 – Os valores não são as constantes da conjuntura mas as constantes das constantes. Se um Homem, na sua vida, puder lutar em campo aberto, por um único valor que seja, já se pode considerar afortunado.
Se alguns de memória curta (ou por ignorância deliberada ou por encobrimento) julgam que “Valores” é apenas vencer a próxima curva de uma corrida sem partida nem chegada, onde os atletas entram e saem a qualquer momento, então é porque é um bicho... e um bicho encurralado no seu próprio uivo.
Os valores implicam Ordem mas a Ordem não é uma coisa que alguém se lembra de repente. Ela já existia antes, apesar da Autoridade que se ridiculariza, da desolação dos Soldados, da venalidade dos Juízes. O país tem uma Ordem de há nove séculos, não fomos nós que a inventámos. Sim, connosco os Antepassados também votam.
Depois, a Ordem implica uma batalha (do Toro) interior. Que ninguém pense que, sem auto-disciplina e um certo número de renúncias, poderá alguma vez adquirir a Ordem (ou o que resta dela) nacional.

3 – “Valor” significa invejar aquele que se atirou à água para salvar alguém e não se salvou a si mesmo. E invejá-lo como quem se apaixonou e nem consegue dormir.
O princípio de que nenhum ponto se dá sem nó, que tudo o que se pensa tem intenções pérfidas, que de tudo se faz uma história sórdida, é apenas a falta de ar com que nos pretendem fazer cavalos dum motor de explosão, por saturação. Respira fundo, pois. Eles vêm aí. Levanta-te da cama, pois. Eles estão dentro do perímetro.
A Ordem de Portugal é municipal mas o país ficou reduzido ao município de Lisboa e os outros municípios são pequenas Lisboas. Por isso, é preciso partir para a Serra, fazer Serras levantarem-se do subsolo das cidades.

4 – O dia-a-dia não é neutral. Os dias cada vez ficam mais curtos e a noite do olhar não amanhece. Nem o trabalho, nem o modo de vestir, nem o convívio de homens e mulheres que nada têm a ver uns com os outros, às vezes 18 horas por dia, são neutrais. O trabalho, o dia-a-dia é já uma batalha onde a derrota (a despromoção, o despedimento, o ostracismo, a doença profissional) são veras resistências à tortura.
É preciso algo que una todos os infantes nesta frente. É preciso criar redes de apoio, de socorro, santuários e covas de lobo. O dia-a-dia já é ardente. Quando nos olhamos ao espelho, de manhã, tenhamos a coragem de dizer: “ meu nome é Combate”.

5 – É preciso enfrentar a venalidade moral e o luxo asiático que alguns continuam a exigir. Não tomemos o repente pela coragem, nem a seita pelo abrigo. Depois do ciclo dos Fundos Comunitários há que aprender o que só um povo de 9 séculos sabe: que tudo ainda é verde e novo e que só no Desconhecido o Sol aconchega a Memória.

6 – Não chores Mariazinha de Portugal, olhando envergonhada a renda humilde, na orla da tua saia. Eles apregoam e gritam na feira, voam as mãos dos vigaristas sobre os copos trocados e retrocados, mas quem vai contar a história és tu, mesmo do teu último fôlego. Se cais sobre a enxada, o coração não pára. O Sol, a bendita chuva e a santa neve te levantarão.
Hão-de vir quarenta, Maria. Hão-de vir quarenta cavaleiros, do estertor da desolação e da vergonha. Os pés nus dos peões no campo de Aljubarrota hão-de, a uma ordem misteriosa, fixar-se todos ao mesmo tempo, no chão, quando no silêncio não se ouvir senão o tropel.
Hão-de vir quarenta, Mariazinha. Como um feixe negro no meio da seara. Como um souto de pinheiros queimados, no alto do monte.

13.11.05

Who is who against Bush, by Robert Whealey

There were a number of voices against Bush,and 21 others in the Senate as of October 2002 including: Senator Robert Byrd,Senator Ted Kenndey,Senator Carl Levin,Senator Russell Feingold. Since then Sen John Kerry is calling for U.S. withdrawal. In 2003-2004 other opponents were:Rep Dennis Kucinich, Rep, Jim McDermott, Rep. John Conyers,Gov. Howard Dean,Gen. Wesley Clarke,Scott Ritter, USMC, Gen Scowcroft of the NSC, Pres Jimmy Carter, Gen. Odom.
By 2005,Col. Lawrence Wilkerson (C/S to Colin Powell.} Military strategist Anthony Cordesman. The opposition is growing every day. The Democrats in 2002 to 2004 were
mostly frightened mice, but they were never "pro Bush." In 2005, some Democrats are discovering that they do have a backbone. They may take the House of Representatives in 2006.

11.11.05

Stockmarket, by Tor Guimaraes

In an effort to forecast whether a market or stock price will go down or up, people have availed themselves of a wide collection of tools and methods which fall in
three different categories:

Fundamental Analysis (FA)
FA uses financial accounting methods and tools, and a thorough understanding of a company's business model to establish the value of a company and the price of a share. It looks at a large collection of factors which may impact the present value of a share. Some of the professionals in this group are Cody Willard, Jim Cramer, James Altucher, Chris Edmonds, Arne Alsin, Tero Kuytinen. Many people in this group see TA as voodoo analysis because they don't understand it.

Technical Analysis (TA)
TA in its purest form completely ignores FA because it assumes that at a given time it would be impossible to know all the relevant factors determining the value of a share. Instead, TA looks at the footprints that the share price has left in a graph against various units of time such as weekly, daily, hourly, etc. To validate the movements in price, TA looks at volume of transactions at various price levels. Also, TA seeks to identify recognizable patterns such as Cup-and-Handle, Head-and-Shoulders, Bull-Flags, etc in the price charts which indicate likely movement and a
particular direction. Some patterns such as the formation of triangles in price channels may indicate forthcoming price volatility in either direction. Some of the professional in this group are Gary Smith, James de Porre, Dick Arms, Ken Wolff, Chris Schumaker, Alan Farley, Dan Fitzpatrick, and Jeff Cooper.

Indicator Analysis (IA)
IA is based on a large collection of measures deemed relevant as indicators of direction for various market indices, market sectors, and ETFs. Some of these measures are the number of stocks making new highs/lows, overbought/oversold oscillators, the Arms Index, the put/call ratio, and the VIX. Many indicators are used to complement TA thus many of the professionals in this group also use TA, including Dick Arms, Helene Meisler, and Richard Suttmeir-

5.11.05

Israel prepares next US President: Hillary

Hillary Clinton to visit Israel: Senator Hillary Clinton will travel to Israel next week and meet with Prime Minister Ariel Sharon to discuss security issues, her office said Wednesday. The trip is her second to the country since becoming a senator. Her husband, former president Bill Clinton, is scheduled to visit next week as well, and will be a featured speaker at a mass rally marking the 10th anniversary of the assassination of prime minister Yitzhak Rabin. Senator Clinton, a member of the Senate Armed Services Committee, is traveling as part of the U.S. delegation to a conference beginning November 11 to discuss relations between the two countries. She also plans to tour a portion of the security fence near Jerusalem. The fence has been the focus of international debate, and Clinton has supported Israel's right to construct it.

2.11.05

AMERICA ALONE - An evaluation by Ron Hilton


Loneliness , by MArc Chagall

Stephen Halper & Jonathan Clarke, AMERICA ALONE, The Neo-Conservatives and the Global Order (Cambridge University Press, 2004, pp. 369) is an interesting case of trans-Atlantic cooperation. Stephen Halper, an American and a Stanford graduate with doctorates from both Oxford and Cambridge, is a Fellow of Magdalene College, Cambridge, and director of the Donner Atlantic Studies Programme in the university's Centre of International Studies. He served in the White House and the State Department under Nixon, Ford, and Reagan. The book is therefore not written by Democrats with a visceral hatred of Republicans. Jonathan Clarke, an Oxford graduate, served in the British foreign service and is now a Foreign Affairs Scholar at the CATO Institute in Washington, D.C. Their timely book has been well received because it expresses the annoyance of US conservatives that power has been seized by a group of secretive neo-conservatives who have their own agenda for the new global order. There is a list of leading figures (p. 14) beginning with I. Lewis Libby, who has hit the headlines. Among those listed is WAISer James Woolsey. He is described (p. 29) as "like Gingrich, more an ideological fellow-traveler than a founding member". Wolfowitz said the campaign against al-Qaeda would involve "removing or ending states·" (p 204). "James Woolsey was even quicker off trhe mark, saying that Iraq should be the target". . Does he have any comment about the book? The financial network is described, with the Hoover Institution enjoying the patronage of the John M.Olin Foundation. Both Donald Rumsfeld and Condoleezza Rice are "Hoover alumni".
For WAIS, chapter 8, "America: Perception and Counterperception", has a special importance, since it documents the disparity between the US vision of itself anc the perception of it in other countries. Harsh criticism of America is nothing new, as is evident rom Frances Trollope, The Domestic Manners of Americans (1832). The excellent bibliography includes Paul Hollander, Anti-Americanism:Critiques at Home and Abroad, 1965-1990. The detailed index facilitates consultation,
This important book has created quite a stir. Its ultimate assessment will
depend on the turn of events. It discusses talk of a fourth world war, but
what that would involves is not quite clear. If the US succeeds in establishing solid governments in Afghanistan and Iraq, the neo-conservatives will boast that their policy was the right one. If not, this book will be regarded as prophetic. The danger is that, even though Afghanistan and Iraq may be stabilized, Iran will be there with its neo-conservatives and its president who wants to "remove a state". Then what will our neo-conservatives do, if they are still in power?

1.11.05

American Tragedy, by John Lapp


Last Friday we witnessed an explosion, an event that, like Watergate, will shape politics and the way we see government in America for years to come. This is a solemn time, and gives us a moment to remember what men can do when they abuse the power given to them by our nation. The first indictment was handed down in the investigation initiated by the CIA, and "Scooter" Libby, the right-hand man of the Vice President, faces five counts of perjury and obstruction of justice in connection with a profound betrayal of national security -- the outing of a covert CIA agent.
Karl Rove remains under investigation, and as Republican Senator Trent Lott put it this weekend, "If this is going to be ongoing, if he has a problem, I think he's got to step up, and, you know, acknowledge that and deal with it." It's easy to forget that President Bush long ago promised to fire anybody involved, a promise that undermines White House credibility every day Rove continues to work there.
The desperate spin and attacks from the Republicans have already begun, and we must remind America of the facts behind this case, and what makes these indictments so monumentally important. We've put it all into a video; we are asking you to watch it and spread the word by forwarding it to everybody you know:
Watch the Videohttp://whatcounts.com/t?ctl=F97F93:2AA074B

PS:
The White House announced on Monday the elevation of John Hannah to replace Libby as Cheney's national security adviser. Earlier in the day it announced that Libby would be arraigned Thursday in federal court on charges of perjury, making false statements and obstruction of justice. He was expected to plead innocent.
The White House also announced that David S. Addington, who's been Cheney's legal counsel, would assume Libby's duties as chief of staff. Like Hannah, Addington has played a quiet, though influential, role in the vice president's office. The Washington director of Human Rights Watch accused Addington of helping draft policies that led to the abuse of prisoners in Iraq and Afghanistan.

31.10.05

Todos os Santos - All Saints

O Dia de Todos os Santos, 1 de Novembro, comemora os que tiveram uma vida santa sem serem oficialmente reconhecidos pela Igreja, e o Dia dos Finados comemorou todos os restantes falecidos. Os nossos pais entram numa destas categorias. "A Minha mãe (ou o meu pai) foi uma santa(o)" podemos escutar a alguém ou a nós mesmos. Eu irei ao cemitérios depor flores nas sepulturas dos meus pais, uma expressão do respeito e saudade que tenho.
Os EUA transformaram a Véspera de Todos os Santos, na data no Halloween, com "ameaças e truques", com que os jovens vândalos quebram janelas e pegam fogo às casas. A festa transformou-se em grande negócio, em segundo lugar após o Natal em termos de vendas. Dois dias solenes do calendário cristão psssaram para os interesses comerciais. A combinação de divertimento e ganância entra na globalização cultural. A pesquisa do Google de All Saints fornece as garotas um pouco atrapalhadas que enciman este post. É assim...
Na UNESCO a França fez aprovar a 20 de Outubro uma resolução sobre a diversidade cultural, condenando a propagação do cinema americano como imperialismo cultural e por razões comerciais. Somente Israel votou com os EUA. Os EUA podem defender o Haloween como parte da sua herança cultural. Mas esperemos que os americanos não se esqueçam de lembrar nestas datas os seus pais e mães. Muitos também foram santos…

30.10.05

UNESCO 141 - EUA 2

António Lopes Ribeiro e Elias KAzan- Há espaço para todos...
The world is ganging up on Hollywood.
In a slap in the face to the U.S., member states of U.N. cultural body UNESCO have voted to protect their film businesses against creeping globalization -- in other words, Hollywood.
The vote, a Franco-Canadian initiative, was passed by 191 states: Only Israel and the U.S, which recently rejoined UNESCO after a 19-year absence, opposed it. Four countries abstained, including Australia.
Move could spark quotas on film and music imports, particularly in countries like France, where, in the first nine months of 2005, U.S. pics took 57.4% of the market share while Gallic films took 37.4%.
The Convention on the Protection and Promotion of the Diversity of Cultural Expressions gives member states the right to act against what they see as encroachment on their cultural identity.

A cultura fica excepção na globalização. Não é o mercado que manda mas sim o Estado. Os interesses das indústrias cinematográficas nacionais ficam mais protegidos, dirão os sub-marxistas sofisticados que comandam o "pensamento único". Mas , se fosse só isto não seria melhor transformar essas indústrias em sucursais das americanas? Ao contrário dos sub-marxistas, penso que a cultura nasce do que experimentamos como telúrico. Em resumo; vale a pena aturar um Manuel de Oliveira para que um dia possa surgir mais um António Lopes Ribeiro...

19.10.05

After Fidel Castro , by Tim Ashby

Tim Ashby tells us about Fidelito, the son of Fidel Castro: If Raul survives Fidel, he will succeed the elder Castro, although I predict that a junta will actually wield power, probably including Alarcon, Lage and Valdes. The military will remain a potent force, but it is more concerned about managing the 65% of the Cuban economy it controls rather than taking over the government.
Randy Black is absolutely right about the truly dire economic conditions inside Cuba today. Fidel's putative successors are acutely aware of this and are eager to open up the economy to ease social tensions. Expectations will be heightened to a breaking point after Fidel's demise, and to stave off a popular revolution the next government will almost certainly seek to restore relations with the US, have the embargo lifted, open up Cuba to foreign direct investment, and allow Cubans much wider latitude to practice private enterprise.
"Fidelito'' - Fidel Castro Diaz-Balart (yes, a first cousin of the Cuban-American congressmen who are his father's bitter opponents) studied nuclear physics in the Soviet Union in the 1970s and subsequently served as executive secretary of the Cuban Atomic Energy Commission from 1980 to 1992. He divorced his Russian wife about 15 years ago and remarried a Cuban. Fidelito works as a consultant for the Ministry of Basic Industries. He reportedly lives quite modestly although he has a large security detail. Fidelito bears a striking resemblence to his father, yet is not considered to be Fidel's political heir. A US Interests Section diplomat told me that Fidelito went with some European friends to a popular Havana nightclub and was made to wait in aline outside with tourists. When one of Fidelito's companions asked why he did not invoke his father's name or order his security guards to get them inside, he shrugged and ! muttered "I can't do that."

15.10.05

Fundamentalist or Radical? The al-Zawahiri letter

WASHINGTON (Reuters) - U.S. intelligence officials who released a letter purporting to be from an al Qaeda leader to insurgency leader Abu Musab al-Zarqawi this week said on Friday they could not account for a passage that has raised doubts about the document's authenticity.

Letter from al-Zawahiri to al-Zarqawi. October 11, 2005. ODNI News Release No. 2-05
Today the Office of the Director of National Intelligence released a letter between two senior al Qa'ida leaders, Ayman al-Zawahiri and Abu Musab al-Zarqawi, that was obtained during counterterrorism operations in Iraq. This lengthy document provides a comprehensive view of al Qa'ida's strategy in Iraq and globally.
The letter from al-Zawahiri to al-Zarqawi is dated July 9, 2005. The contents were released only after assurances that no ongoing intelligence or military operations would be affected by making this document public.
The document has not been edited in any way and is released in its entirety in both the Arabic and English translated forms. The United States Government has the highest confidence in the letter's authenticity.
Al-Zawahiri's letter offers a strategic vision for al Qa'ida's direction for Iraq and beyond, and portraysal Qa'ida's senior leadership's isolation and dependence.
Among the letter's highlights are discussions indicating:
* The centrality of the war in Iraq for the global jihad. * From al Qa'ida's point of view, the war does not end with an American departure. * An acknowledgment of the appeal of democracy to the Iraqis. * The strategic vision of inevitable conflict, with a tacit recognition of current political dynamics in Iraq; with a call by al-Zawahiri for political action equal to military action. * The need to maintain popular support at least until jihadist rule has been established. * Admission that more than half the struggle is taking place "in the battlefield of the media."

Teorias do Imperialismo IV - Rosa Luxemburgo



Em 1913, ROSA LUXEMBURGO publica " A Acumulação Do Capital". Enfrenta o já então velho problema de todos os marxistas: saber porque não se realizou a previsão de Marx sobre a queda do capitalismo. Marx descrevera a acumulação do capital como um "sistema fechado"; mas havia sectores ainda não explorados pelo capitalismo. A falta de capacidade aquisitiva das massas empurrava cada vez mais o capital para as colónias, mesmo na sua maturidade. Esta necessidade aumentava a concorrência entre os países capitalistas e levava à guerra. Luxemburgo evidenciou o papel do militarismo. "Esta procissão triunfal do capitalismo em todo o mundo, acompanhada por todas as formas de força, roubo e infâmia tem um aspecto positivo: criou as premissas para a derrocada final, estabeleceu a autoridade mundial capitalista que será necessariamente sucedida pela revolução socialista mundial".

14.10.05

Voyage au bout de la nuit, por José Adelino Maltez


Em seguida, visito o chamado "Portal do Governo ", tentando saber em que país efectivamente vivo e deparo com estes mimos ainda não pós-modernos:
Nome oficial - República Portuguesa (Mentira! A primeira palavra da Constituição é Portugal).
Fundação da Nacionalidade - 1143 (Mentira! A nossa autodeterminação data de 1140! Castela e o Papa ainda não mandam cá dentro!)
Instauração da República - 1910 (Deviam meter coisas bem mais profundas, optando entre 1820 e 1974...)
Sistema Político - democracia (Deviam dar um pedacinho mais de especificidade...mais de 95% dos países do mundo podem meter tal coisa, incluindo o Vaticano, por causa do conclave)
Símbolos Nacionais - Bandeira Nacional e Hino Nacional (Querem coisa mais de chefe de repartição? Que tal falar na armilar e nas quinas?)
Língua - português (existem também duas pequenas áreas onde se falam mirandês (derivado do asturo-leonês) e barranquenho. O português é ainda língua oficial noutros sete países e é falado por mais de 200 milhões de pessoas (Camões e Pessoa, apesar de não serem pós-modernos, dariam mais sal à coisa...)

12.10.05

Ao pé da janela de Miguel de Vasconcelos com Álvaro de Vasconcelos e José Calvet de Magalhães

Mostrar os Dentes sem Rir
“ Durante os anos todos da minha carreira, nunca precisei de mentir” Embaixador José Calvet de Magalhães, Curso de Adidos de Delegação, em 1988
Diz-se que um Ministro dos Negócios Estrangeiros não é um Diplomata, no livro ”Conversas com José Calvet de Magalhães – Europeístas e Isolacionistas na Política Externa Portuguesa”, de Álvaro de Vasconcelos ( Bizâncio, Lisboa, 2005). Subentende-se também que um Diplomata não é Ministro pois não lhe cabe definir a Política Externa.
Ao longo de todo o livro, o falecido Embaixador Calvet de Magalhães mostrava opiniões muito marcadas sobre alguns personagens, polarizados em “isolacionistas” ou “europeístas”. Parece que – como se verá mais adiante – devido a um subtil paradoxo de ideias, que se preferiu discutir pessoas, com todos os riscos do subjectivismo. Mas a Experiência, por si só, ou não é Sabedoria, ou sabe esconder esta última muito bem e não é uma agenda geopolítica, com um pressentimento inquieto, quem a desoculta.
Dá-se no livro um conceito agressivo de nacionalismo, defendendo mesmo o entrevistado, a repressão de movimentos nacionalistas. Esquece-se o papel unificador e pacificador de muitos nacionalismos os quais, no livro, são livremente associados com tribalismo. Mais: as nações grandes teriam nacionalismos internacionalmente perigosos, enquanto as pequenas, tê-los-iam talvez perigosos só para si próprias.
O que é europeu é bom. Diz-se que o reino mouro de Granada tinha “muito de europeu”. Ora o Islão, desde Bali até à Sibéria teria muito em comum menos ser “muito europeu” mas se os Mouros foram expulsos de Granada, foi por alguma razão europeia que não lhes dizia respeito. Como os Almohadas e os Almorávidas, parcialmente gerados na Pérsia e na Mesopotâmia e que floresceram no Sul da Península ibérica, como os mouros negros que de lá foram até Veneza.
Álvaro de Vasconcelos lidera a conversa dizendo que, durante o Estado Novo, os inimigos do americanismo eram os mesmos do europeísmo e que, hoje, também são inimigos de Espanha. Ou seja: deixa induzir que, se formos europeístas hoje, seremos pró-espanhóis. Os salazaristas eram anti-europeus e, por isso, eram anti-americanos porque a Europa, em suma, é como a América.
Filipe II era português e Portugal sobreviveu a três reis espanhóis, diz-se. Pois. Filipe I de Portugal mandou matar um Almirante de seu nome de baptismo Diogo, que desembarcou da Índia, pouco depois, para impedir a usurpação da Coroa portuguesa. E permaneceu um personagem desconhecido, até quando, há alguns anos, um grupo de escultores, tentou erigir-lhe uma modesta estátua. Enquanto Carlos V falava espanhol com Deus, francês com as mulheres e alemão com os cavalos, Filipe não falava nem português, nem asturiano, nem catalão.
O entrevistado era contra a Europa da ponderação dos votos porque queria uma Federação de Nações, à americana, em pé de igualdade. Então como é possível federar se as Nações são tão más e o nacionalismo péssimo, sem que se faça um Directório? O entrevistado é, claro, um idealista. Mas Franco Nogueira também era, só que mais aguerrido. No Idealismo do entrevistado tudo é óbvio até o paradoxo, que ele confunde com Lógica, por ser claro. Confundir claridade com verdade é um erro antigo e entregar aos outros paradoxos bem formulados é uma arte retórica e cortante.
Mas Álvaro de Vasconcelos explica-lhe que a ponderação dos votos é importante para legitimar a Federação europeia. Pois é: a democracia pode agora transformar o Homem em Mulher, o feto em aborto e o abeto em cinzas. Diz muito bem Vasconcelos que estamos como alguns intelectuais lusos, na iminência das invasões francesas. Sim, podemos até chegar a estar como a Casa dos 24 na iminência da invasão espanhola, como os pomos de Adão dos notáveis de Lisboa ante a tesoura de Fernão Vasques, em 1385, ou Miguel de Vasconcelos perto da janela. Sim, ao contrário dos revolucionários republicanos de Nápoles, em 1793, como o Almirante Caracciolo que se lhes juntou quando já estavam perdidos, como Gennaro Serra Di Cassano ou a nossa “Lénor” Fonseca Pimentel que não esperaram pelos franceses para dar o cabedal ou que o deram definitivamente, mesmo depois dos franceses partirem. A questão é de carácter e não de política.
Os federalistas estão em dúvida.É que uma Nação se faz de luta, com carácter, em vontade e circunstância. Um Amor não acaba porque a Beleza passou.
As Nações não se medem aos palmos. Se o Embaixador (de quem guardo a mais grata memória e cujo exemplo - citado acima- me forneceu argumentos em situações difíceis da vida) achava óbvio que tudo o que era europeu era basicamente bom, talvez não se tivesse posto nos sapatos de Franco Nogueira. Assim talvez tivesse reparado no que este vira: nem tudo o que era nacional, era europeu.
Mas como poderia o Embaixador Calvet de Magalhães querer que as Nações europeias se federassem em pé de igualdade? Na América, os Estados tinham de americano e em comum a Idade da Pedra, enquanto na Europa da Reconquista, quem sabia grego eram não-euroupeus, circunstancialmente adiantados quatro séculos.
Em suma: os que querem fugir das determinantes nacionais, passam-nas em silêncio, outros são mesmo capazes de as deturpar. Uns dizem-se descomplexados porque não aprenderam a dançar. Os outro permanecem simples e herdarão a Terra sem precisarem de a federar.
No tempo de D. João V, um terço da população de Lisboa era negra. O Fado é uma canção de origens directamente africanas. Somos gregos e fenícios, romanos da diáspora, celtiberos que se estenderam de Marrocos à Líbia e Atlantes por pressentimento.
No livro, os interlocutores acabam por concordar que, se a Diplomacia é fazedora de Paz, a Política Externa também inclui a Guerra. Koffi Annan não diria mais. Mas já o clássico Harold Nicholson falava em “Kraftprobe” e “Shop-keeping” na Diplomacia, muito antes de se passar à Guerra, que foi assunto sobre o qual não discreteou.
Diplomacia não significa dizer apenas o que é agradável de ouvir, mostrar os dentes sem rir. Franco Nogueira foi um grande Diplomata, não nos queiram induzir o contrário.
O luso-tropicalismo não era a solução mas decerto que continua a fazer parte dela. Hoje, Portugal e Espanha não liderarão nenhum processo de ibero-americanismo, apesar das línguas de origem peninsular crescerem pela América acima, porque fizeram precipitademente uma opção europeia, cujos contronos não estavam definidos ( e assim permanecem). Contudo, a Latinidade não acabou com a tragédias como a de Mussolini.
Filipe II era português mas D. Miguel era espanhol, diz-se no livro. Pois, D. Miguel foi o líder porque D. Pedro era tão mau que foi reinar para o Brasil depois de ser corrido a pedrada pelo povo de Lisboa, e ter deixado apenas o coração, quando já ninguém o queria, no Porto. Insinua-se que Salazar era miguelista. Sim. E também o Povo que suportou Salazar, que cria em Spínola e que votou em Sidónio Pais ou em Eanes. O Rei é apenas uma forma de representação da Nação, entre outras, quando a Nação é, por si, já uma forma de representação. Mas esta, como outras formas de linguagem, não se votam ao dia, tipo preço do peixe na lota.
É bom pensar que Portugal é atlântico muito antes do que se pensa. Que somos fugitivos do Mediterrâneo a quem moderámos os impulsos frios e pagãos com as brumas de Avalon, com a ternura infinita africana e a sua inveja incendiária, pondo em tudo um Coração gaélico. Estas são as fontes puras de Portugal que nos reflectem e que não votámos. Atlânticos para além da Europa e Globais para além do Atlântico, como alternativa ao Mediterrâneo, além da Europa, num Mar sem fim.

Is Google taking over the universe? By Michael Bazeley, Mercury News



In a short, seven-day span recently, Google revealed plans to partner with
NASA on research, offered to provide free WiFi to the city of San Francisco and announced it would collaborate with Sun Microsystems in creating desktop software for office workers.

Seemingly every week brings a new announcement from the Mountain View Googleplex, each one bigger than the last and each provoking wide-eyed speculation -- and confusion -- about the 7-year-old company's ambitions.

Collectively, Google's unexpected ventures have elevated it into perhaps the most talked-about and influential company in the tech world. What Microsoft was to the PC era, Google is to the Internet era.

Speculation about its future abounds. Will Google blanket the Earth with free WiFi so it can serve targeted advertising to people and entice them into using its services? Will it upend Microsoft's business by releasing a Web-based competitor to Office? Is it headed to the moon?

``Their company mission is to organize all the world's information,'' said Peter Weck, chief technology officer with job search site Simply Hired. ``They take that seriously and in the broadest sense.''

11.10.05

Sampaio e a Corrupção; a Europa e a Turquia; Eu e Tu. Por André Bandeira


[Mudado de país, de posto e acompanhando a nova estação do ano, André Bandeira retoma as suas crónicas no Duas Cidades depois das eleições republicanas (ou republichinas) do 9 de Outubro.]

Chegou a bruma e vem o frio, no relógio e no calendário. Mesmo que o sol brilhe e as temperaturas sejam altas, os relógios de ponto vagueiam como um risco na superfície de um lago.

O Eu, como ilusão de refúgio, o Eu como um ponto de fuga que escape ao paradoxo Kantiano insolúvel de outros Eus e que os abafa pela vertigem e pelo barulho. O som e a fúria.

O Eu, ponto fictício. Quanto mais eu, mais vazio, quanto mais vazio, mais fraqueza, quanto mais fraqueza, mais mal. O vazio espraia-se com a descida das águas. Tudo é possível e impossível ao mesmo tempo. Todos correm aos títulos para sobreviverem e o pânico do vazio que inunda o fim da tarde nunca gerou tanto ressentimento e tanto ódio. Os Títulos como “dôtô” ou “Directô” são pequenas libertações de ar belicosas, de peitos tensíssimos e o “eu-eu” , ao fundo, é como um latido despeitado.

Sampaio fala da corrupção, como um Tu a que todos se poderiam dirigir mas que já não tem autoridade pois, cego, não vê o seu próprio Eu socialista, silencioso, de boca cheia e mãos sujas. O eu socialista misturou-se no Nós, nostra, cosa nostra. Sampaio prega no deserto, cego, e desfasado, pela luz dos holofotes, pelos brilhos do orvalho jornalista.

Três arguidos, três mulheres de César foram reeleitos. Em Parvoar mandam os parvoeiros, e os irmãos Escobar, em Medelin, na Colômbia, também resolviam os problemas do dia-a-dia.

Mas a corrupção começou na carne. Noticias vertiginosas, cenários mundiais diferentes todos os dias fazem dos sentidos uma loucura miudinha, de espasmos, de fomes, de esvaimentos e pululares répteis.

Deve ser de novo, um Homossexual masculino quem comanda. Com a masculinidade em desvario, que troca o duelo original pelo xadrez de quem fica ou não fica por cima.

De tanto esperar, a liberdade já se rasga e seca. A bisnaga deixa de ser a cornucópia das abundâncias para se no incauto espetar como um detrito de metal.

Mas o Mundo quer ver o fundo ao tacho. A mãe, sem pai ao comando, defende o filho, que é bonito ( e os Homens não se querem bonitos). Com tantas promessas de fim da História e Paraíso na Terra, ninguém é capaz de se levantar de manhã sem ter arrecadado algo. A Morte, claro que há-de vir mas o que todos querem é honrarias e pedras preciosas. Ah, isso da Morte trata-se depois com os Seguros.

Não, Macbeth não sacia a sua sede de sangue. Nem o furacão o demove, porque nele dançam as bruxas e o vodu branco floresce. Continuemos onde tínhamos ficado: se “guerra” fria não é guerra, voltemos ao ponto em que os russos se espraiaram pela Europa e abandonaram o Irão, quando ainda não tinham forças para comprar beduínos, pretos, índios, bonzos e paxás

O homossexual masculino que comanda já se sujou tanto que a água onde mergulha vira sangue. Tanto se escondeu que só nos resta, para salvar o danado, sair a rua, de corda ao pescoço e dizer” Eu sou homossexual também! Eu sou o pior dos pecadores!”. Aí podemos como no belíssimo filme “Jacob, o Mentiroso” ( o melhor papel de Robin Williams) ser mártires de mentira na mão, em nome de uma verdade inapreensível. Talvez só assim possamos restaurar o verdadeiro Amor, um Amor de Homem pela Beleza sem fim, sempre virgem, e pura e digna. O Amor que guia o Cavaleiro andante, por entre a floresta de espinhos, trespassando o dragão como o Sol rompe entre as nuvens.

Este feminino e este Masculino balizam a nossa breve passagem pela Terra. Benditos os amantes infelizes, os esposos desapontados que ainda puxam o cobertor sobre o filho adormecido, os namorados pobres, os enjeitados valentes. Bendito o que é rejeitado e ainda se ajoelha em louvor, bendito o que há-de amar uma pedra.

Porque desta cisão, desta tragédia renasce o direito e o esquerdo, o alto e o baixo, o perto e o longe. Bendito o desejo ordenado, bendito o espontâneo que salta, benditos os que alinharam de madrugada.

O Mundo não deixará de ser o que é, só porque as nossas mentes se distorcem de pesadelo. Ele é conduzido humildemente por S.José que conduz a Providência, que é mula, tenaz e humilde, levando o nosso Rei e Sua Mãe à garupa.

10.10.05

US' quandary: An answer to Randy Black - MCH


To put it briefly, I accept Randy Black’s caveats about Gen. Odom; maybe he is wrong in his conclusions. Yet, I absolutely sustain Gen. Odom’s diagnosis. “The [Irak] war was never in the U.S.' interests and has not become so”.
If, ever, was a rule of thumb for empires, I would risk one. “There is one moment when, as imperial interests go wild they become contrary to originary national interests.” When did Napoleon experienced the ill-will of the French? Why did Alexander turned back at the Indus? Why did Hitler experienced the “20 Juli” revolt from the Wehrmacht officers?
Now, these examples are from the past, an affirmation which is not exactly a solecis; it enhances the fact that we are living in an unprecedented situation. Traditional empires had adversaries and they were supposed to confront them with all hardpower at their disposal. “Terrorism” is not an actor; Al Qaeda is significant but it not the Wehrmacht neither the Japanese Imperial Navy. [Incidently, Randy Black’s alusions to US-induced democracy in Japan and Germany miss the point as Germany had a liberal Constitution since the 1848 Revolution and Japan showed an extraordinary adaptation to liberalism since the Meiji era. There is not this kind of preconditions for democracy in Middle East.]

Back to my point, the US benefit presently from an undisputed leadership in the world stage and they deserve it as the “ land of the free”, to put it in a benevolent way. Now, “the land of the free” can not become an empire because it does not desire it neither is programmed for it. The quandary is obvious. The United Sates arrived at the tragic state of their existence as a political community. European nations experienced it long ago: when you do not have where to go, you must sort it out inside yourselves; that was the experience of European major wars that become global wars. The European Union was conceived to put an end to 714 Peace Treaties of European history….as the polemologist Gaston Bouthoul says.
Now the US have this kind of problem as their relationship to international law has become problematic. Increasingly, the US is using various mechanisms in its domestic legislation, administration, and judiciary, to weaken the role of consent in international law and to enlarge the scope of unilateral decision. The blunt distinctions between States, such as democratic and non-democratic, and the labelling of “rogue” and “failed” states belonging to the ‘the axis of Evil is part of a “pecking-order” criterium and not of International Law. In many cases US predominance translates into treaty law through negotiations, sometimes with threats of sanctions. David Westbrook called attention to Michael Byers and Georg Nolte’s compilation of the Goettingen Seminar “ United States Hegemony and the Foundations of International Law”. We can find there an excellent assessment of US’s quandaries from “a more animated than usual” International Law approach.
Here, I am just trying to convey a feeling, not a political science theorem, qed.