6.7.08

Novilíngua


O futuro ou já o presente?
Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem direitos e se n vai á escola latrá os seus motivos pq isto tb é perciso ver q á razões qd um aluno não vai á escola. primeiros a peçoa n se sente motivada pq axa q a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas.
Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto montanhoso? ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? ou cuantas estrofes tem um cuadrado? ou se um angulo é paleolitico ou espongiforme? Hã?
E ópois os setores ainda xutam preguntas parvas tipo cuantos cantos tem 'os lesiades', q é um livro xato e q n foi escrevido c/ palavras normais mas q no aspequeto é como outro qq e só pode ter 4 cantos comós outros, daaaah.
Ás veses o pipol ainda tenta tar cos abanos em on, mas os bitaites dos profes até dam gomitos e a malta re-sentesse, outro dia um arrotou q os jovens n tem abitos de leitura e q a malta n sabemos ler nem escrever e a sorte do gimbras foi q ele h-xoce bué da rapido e só o 'garra de lin-chao' é q conceguiu assertar lhe com um sapato. Atão agora aviamos de ler tudo qt é livro desde o Camóes até á idade média e por aí fora, qués ver???
O pipol tem é q aprender cenas q intressam como na minha escola q á um curço de otelaria e a malta aprendemos a faser lã pereias e ovos mois e merdas de xicolate q são assim tipo as pecialidades da rejião e ópois pudemos ganhar um gravetame do camandro. Ah poizé. tarei a inzajerar?


Verdadeira ou falsa, esta composição de um aluno do CEF-9ºANO reflecte uma parte do ensino secundário na novilíngua que corresponde ao "fechamento da mente portuguesa". Eric Blair (aka George Orwell) analisou o fenómeno no "1984" em 1952. Anthony Burgess escreveu o mesmo em 1962 no Orange Clockwork que deu origem a um dos grandes fimes da história do cinema e de Stanley Kubrick. Allan Bloom em 1992 analisou o fechamento da mente americana. A crise há muito que anda por aí. Agora, até estamos no momento de catársis , de reconhecimento maciço do que se passa. A nossa época já não acredita em ideologias porque a ciência desmistificou os respectivos fundamentos unilaterais; mas - há sempre uma mas - continua a viver e pensar segundo categorias ideológicas sem um pensamento matricial capaz de acolher contributos dispersos por metodologias diversas.

16 comments:

Luis Miguel da Fonseca Barrocas said...

Inde dizem q a Kultur ñ é necessaria.
De Bach a Camões vai uma grande distância, anacrológica. Né?

Luis Miguel da Fonseca Barrocas said...

A psique do sujeito está em relação directa com processos institucionalizados, mas mais do que abordar a realidade social por esta via podemos compreender a acção humana em termos de processos mentais assentes em categorias racionais e sentimentos, quer presentes numa colectivade enquanto Nação, quer no sujeito enquanto pessoa.

mch said...

A "distância, anacrológica".. eh eh eh. está muito bem , Luís,... !

Luis Miguel da Fonseca Barrocas said...

Estaremos perante uma "geração,anacrológica"?
A "máquina" e a "memória" parece que não se misturam bem.
Um simples Blade Runer, de Ridley Scott ilustra bem o caso; apesar de todos os fins comerciais paralelos.
Um The All Seeing Eye, de Wayne Shorter, de algum modo, alia-se à confusão "desorientada" dos nossos dias, mas sem uma "visão orientadora" em termos simbólicos (Voegelianos)de uma recuperação da realidade.
Será que o "olho" míope porque apenas "um" é o do Big Brother? E de qual deles?
Nesta "Metropolis" falta um coração que medeie entre as mãos e o cérebro ou poderemos estar entregues a uma "sinfonia de improvisadores" gritantes que vão "remixando", no meio-das-noites-a-partir-de-quarta, alguma música decerto não remasterizada.

Um abraço.

Luis Miguel da Fonseca Barrocas said...

Questões prévias: como avaliaram, até então, os professores este aluno? Como corrigiram os seus erros? Como emendaram as suas falhas? Como foi avaliado o processo educativo quer dos professores quer dos alunos?
Como foi (se foi) avaliado quem "avalia"?
Quem "avalia" o quê?
Como falaram os professores entre si (acerca do aluno e do seu estado); e mesmo só uns com os outros?
Como falou a sociedade aos professores?
Que esperamos agora do aluno?!

mch said...

Tudo perguntas legítimas mas resata saber se o texto é verdadeiramnete de um aluno ou s é fake. Em qualquer dois casos a situação é representativa.
Agora a preocupação deve ser com os processos de alta execução da lingua, Uma lingua e a sua norma tem que se aprender sempre a partir das realizações superiores. Assim, não vale a pena dedicar demasiado tempo a escalpelizar os enviesamentos. Este até tem muita piada, aparte ser chocante.

Luis Miguel da Fonseca Barrocas said...

Num poemar...


A palavra
Procurava
Num poema
A vi
Encostada


Em mim procurava
Num poema
A encontrei
Recostada


Toquei-a
Com um tocar
Sem lei
E assim
A fui
Sem fim…

Com seus dedos me tocou
Como um lavrador cultivando a sua terra
De sentidos à vista…


Num gesto a semeei
Como um fruto de um poemar
Como um acontecer
Que há que semear…

Oh! Se me olhasse e visse palavra
Seria sempre um poemar!

Instituto da Democracia Portuguesa said...

Enviado pela minha amiga Teresa:

Por acaso acho que o texto foi totalmente forjado, percebe-se isso porque os alunos dos CEF's (e muitos dos outros) a escreverem assim também dariam muitos pontapés na organização sintáctica e nem saberiam escrever mal algumas palavras (por exemplo 'pipol', nem saberiam o referente...). Mas, não era impossível, eu tenho textos reais muito mais 'obscenos' de alunos de 11º.ano, ilegíveis, incompreensíveis.

Anonymous said...

Salta à vista que o texto é um fake do princípio ao fim. Não é muito dificil fazer um pastiche daquilo a que Barthes chamaria grau zero do estilo sms. E não só é um fake e um pastiche como é uma caricatura, e como estas "inzagerada."

Anonymous said...

Eu fui o aluno que escreveu o texto
Desculpem ter escrito mal a palavra people
Deite-me às quatro da manhã
A ler...

Anonymous said...

Pois sim pois sim. E eu fui o professor que o aprimorou.

Luis Miguel da Fonseca Barrocas said...

Fazendo minhas as palavras do Professor Mendo: viver e pensar segundo categorias ideológicas sem um pensamento matricial capaz de acolher contributos dispersos por metodologias diversas" será talvez o factor que explique a crise que atravessamos. Gostaria de realçar o esquecimento actual da importância da Ciência Política (nomeadamente da Nova Ciência Política)como um dos factores explicativos da crise. A aliança entre a nobreza de carácter, o conhecimento científico-tecnológico, a participação política social (veja-se por exemplo o artigo de Guido Dorso e também o da Sociedade Civil do Professor)poderá ser um meio de ultrapassar esta mesma crise. Foi o que aconteceu hoje no Fundão, por meio do IDP, em que contributos novos para uma relação entre o local e o global foram analisados. A nobreza de carácter, o conhecimento rigoroso e fundamentado e a participação política foram concretizadas. Mais exemplo destes sejam dados e com a excelência dos trabalhos desenvolvidos por Dom Duarte Pio, arquitecto Ribeiro Teles, Professor Doutor Mendo Henriques, Professor Frederico Brotas de Carvalho, entre outros ilustres convidados. Por uma construção de Portugal alicerçada em tais valores vale a pena continuar a lutar.

Anonymous said...

Pensamento matricial? Matrix again? Ou pensamento patricial? Pater/Patrix again?

E quem dá licenciaturas/mestrados/doutoramentos em "nobreza de carácter"?

Nenhuma mulher presente entre os ilustríssimos convidados. Clube do Bolinha?

Luis Miguel da Fonseca Barrocas said...

No Fundão (Cova da Beira) é importante uma aliança do género referido, assim como noutras regiões do país. O homem é um ser mimético que se guia e é influenciado por modelos (vejamos o exemplo das crianças em relação aos pais), vejamos o indivíduo em relação à sociedade. Além do mais,O o carácter desenvolve-se socialmente e não se adquire por mero diploma.
O facto de não haver uma mulher não retira pertinência às questões, ao valor das mesmas e ao facto de haver órgãos que tragam um contributo social. Estaremos contentes com a sociedade que temos? É nela que vivemos.
Um exemplo foi referido neste colóquio que é representativo do país em que vivemos: 300 km de comboio em Portugal demoram 3 h e 40 m, pelo menos do interior para os grandes centros urbanos, quando não mais. Noutros países da Europa, os mesmos 300 Km fazem-se em 1h e 25 m, sendo o bilhete mais barato; e isto desde há 20 anos para cá no resto da Europa. Alterar esta situação, em Portugal, parece impossível pois nós nem donos das linhas férreas somos (parece que são os espanhóis). O país precisa de organização, de um fio orientador na sua linha de acção, e não apenas de um "vai-e-vem" (que na maior parte dos casos vai mas não vem; ou demora tanto a ir que nem vai), não matricial, conforme somente às circunstâncias; e a nem todas ou de todos.

Anonymous said...

A dança ou a filosofia? Eu vou pela dança, pela mulher e pelo vinho. E é natural que longe de uma mulher os homens ponham as grandes barbas do pensamento a funcionar, e "reflictam" e tracem linhas. Penélope ri-se, ao fundo, das linhas. Ela é a que tece destece, a grande mãe ordenadora e a grande desordeira ao mesmo tempo, mimoseada pelo epíteto de Puta, de anarka, de "perigo". Deixai pois os patriarcas nos seus jogos, que à sombra se ocultam na folhagem os...

mch said...

"Peço-vos, minha senhora Alice, que me digais. Não está esta casa tão longe do céu quanto a minha? "

Segundo os biógrafos, foi assim que Tomás Moro iniciou a última conversa da sua vida, na prisão, com a sua Alice.
E a boa senhora Alice respondeu cheia de bom senso penelopiano e também com uma pontinha orgiástica de que nos fala a Alice "goes said":: "Bom Deus, Bom Deus, senhor, mas nunca mais ireis deixar esta casa?".
Portanto, cara Alice, as suas linhas estão certíssimas e poderosamente alicianas, mas não muito aliciantes nem subtis. Isto por aqui não há patriarcas nem matriarcas em despique uns com outros separados por diferenças imaginárias. Há apenas um blog em busca de verdades que se engana quando é preciso e que acerta, às vezes até inesperadamente. Fez bem em trazer o seu carinho maternal e matricial, as danças e os arbustos... ( bush , não..) Olhe que isso já ocorreu antes a outros e outras. Mas não tome isso por elixir da felicidade. Não existe. O que há é a procura da felicidade.