30.7.05
Vento de Leste, Vento de Oeste: ainda o RMB
Confirmam-me - e escrevem - os meus amigos americanos como Jude Wanniski - que o fim da paridade dólar yuan/RMB (raio de nome!) pode vir a ter o maior significado. O canadiano Robert Mundell que ganhou em 1999 o Nobel e economia pelo trabalho sobre " áreas de moeda comum " como o euro, vinha aconselhando a China a resistir à revalorização excessiva dos RMB, como uqeriam os economistas da inflação, do stop and go, do BM/FMI. O dinheiro não é só um meio de troca como também uma unidade de conta que permite aos produtores celebrar contratos. O melhor dinheiro é o que mantém o seu valor em termos reais. Quando uma moeda corrente flutua, as taxas de juro têm de subir para cobrir o risco.
Os países vizinhos com grandes trocas beneficiam de uma moeda comum o efeito da paridade RMB dólar. Se outros países asiáticos mudarem da paridade com o dólar para o RMB, ( a Malásia fez isso dois dias depois ) surgirá uma zona do RMB.
A menos que os EUA terminem as suas manipulações do dólar, as economias asiáticas mover-se-ão para o guarda-chuva chinês, com um "dinheiro superior" que liquidará o domínio do dólar na Ásia. Tudo isto é muito diferente do mau conselho americano a Moscovo em 1989, "a terapia de choque" que levou à inflação do rublo e à quebra da Federação soviética.
Gilberto Freyre - O processo brasileiro e 1889
"Considere-se - voltando a um nítido problema de sociologia da política - o caso da substituição do sistema monárquico-parlamentar de govêrno pelo republicano-presidencial em nosso país. Foi essa substituição resultado de uma específica revolução republicana que, para a solução radical por ela representada, aparentemente contasse com a adesão da maioria dos brasileiros? Sou dos que pensam que não. Revolução assim específica e realmente, em vez de aparentemente, radical, não houve em 1889; nem o 15 de novembro foi sua culminância.
O que explodiu a 15 de novembro foi um episódio num processo brasileiramente revolucionário que vinha já de longe. Vinha de dias remotos. Continua. Continua entre nós como continua a desenvolver-se um processo revolucionário nos Estados Unidos, outro, na Argentina, outro, na França, onde agora mesmo a sistemática presidencialista de govêrno, favorável à intervenção direta do Executivo na vida nacional, alcança novos avanços sôbre a rotina parlamentarista, constituindo-se num nôvo tipo de organização política e social, através de uma série de substituições, algumas revolucionárias, de técnicas de govêrno.
Não significou, no caso brasileiro, o episódio de substituição da Monarquia pela República, em 89, repúdio absoluto do brasileiro ao regímen monárquico e sim a alguns dos seus característicos, entre os quais o abuso de centralização de poder, contra o qual vinham se acumulando, em numerosos brasileiros das diversas Províncias do Império, vítimas daquele abuso, ressentimentos seguidos por pendores descentralizadores ou, em têrmos políticos, federalistas. Era um abuso que poderia ter sido corrigido dentro do sistema monárquico de govêrno: a idéia, aliás, de Joaquim Nabuco: o Joaquim Nabuco naqueles dias mais revolucionário do que conservador, grande participante que fôra, de modo românticamente radical, da campanha abolicionista, também ela - essa campanha - antes expressão de um processo brasileiramente revolucionário, vindo de época pré-nacional do desenvolvimento social brasileiro, do que revolução específica no sentido convencionalmente patibular ou trágico de revolução. "
In FREYRE, Gilberto. Forças armadas e outras forças: novas considerações sobre as relações entre as Forças Armadas e as demais forças de segurança e de desenvolvimento nacionais na sociedade brasileira. Recife: Imprensa Oficial, 1965.36p
O 31 de Janeiro - Henrique Barrilaro Ruas - PPM
II Legislatura - 1981-02-03
O Sr. Barrilaro Ruas (PPM): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Noventa anos depois da revolução do 31 de Janeiro, julga o PPM que é tempo de tentar esclarecer o exacto significado histórico e político desse movimento. E o único modo de o fazer é renunciar aos pontos de vista ideológicos, substituindo-os pela perspectiva nacional. Por uma coincidência que se diria preparada, o dia da revolta militar do Porto é imediatamente seguido, no calendário, pela data do regicídio. E algum reflexo deste crime sobre o acto romântico que anunciou a República vem ajudar o historiador no esforço de interpretação.
Vem de longe o respeito dos monárquicos mais conscientes pelos homens que fizeram o 31 de Janeiro, ou que o prepararam no campo das ideias. Um dos livros mais famosos de António Sardinha presta homenagem ao patriotismo e à isenção desse punhado de revoltados e vê neles o propósito de fazer da política alguma coisa mais que o serviço de interesses ou a ridícula fachada de convenções sem conteúdo: vê neles o novo arranque nacional para uma obra concreta de amor fecundo pelas comunidades, o apelo às raízes, a entrega ao bem geral. E é inegável essa faceta da revolta do Porto. A envolvê-la, dando-lhe o ardor e o fogo das grandes horas colectivas, havia o sentimento da honra ferida. Para o homem comum, o 31 de Janeiro foi o gesto heróico de um povo que acabava de sofrer o insulto e o esbulho por parte de uma das duas superpotências da época. Neste ponto, porém, importa recordar que também nos arraiais da monarquia houve o mesmo sobressalto de indignação patriótica, a começar pelo rei, que logo devolveu à rainha Vitória de Inglaterra as condecorações com que o agraciara. Ainda hoje, porém, sobressai naturalmente na história desses meses e anos dramáticos o protesto -tanto mais forte quanto mais alimentado por motivos partidários - que, por toda a parte deu cor republicana ao patriotismo magoado.
"Republicana"? Ou antes socialista? O maior nome que subscreveu e adensou o protesto, dando-lhe forma a um tempo racional e épica, foi o de Antero de Quental, com quem entrava no País, em ritmo de perfeita arte (de pensar, de escrever, de viver), o socialismo de Proudhon. Em Antero, a República era mais uma fórmula que uma convicção, mais uma roupagem que um regímen.
E, quanto ao "patriotismo magoado"... Como não lembrar que os ideólogos do 31 de Janeiro se batiam (na esteira de alguns vintistas e, sobretudo, de Félix Henriques Nogueira) pelo mais declarado liberismo?
Esse liberismo, no entanto, nascia -para esses homens- da mesma fonte que o patriotismo. As reminiscências clássicas e o culto romântico pelas estruturas tradicionais levavam os investigadores da Portugália à afirmação de valores comunitários que antecediam a zona histórica em que as fronteiras se tinham fixado dentro da Península e as dinastias nacionais começaram a desempenhar o seu papel de símbolos. Assim, o patriotismo dos revolucionários do 31 de Janeiro fazia curto-circuito: porque, sobrevoando séculos e milénios, reunia num só amor essas antiquíssimas raízes e o sentido imperial da Lusitânia desembarcada em África. Não nos escandalizemos ao ver boa gente portuguesa -daquela que a história de sete ou oito séculos ensinara a ser portuguesa - estremecer de horror diante da miragem do federalismo ibérico, que fazia as delícias (e o martírio) de um Antero de Quental, de um Oliveira Martins, de um Teófilo Braga, de um Basílio Teles, de um Anselmo Braamcamp Freire.
E houve momentos em que o conflito dos dois patriotismos - o que se revia na Restauração do 1.º de Dezembro, e o que a repudiava - se tornou sangrento e fratricida. Sucessivamente, o 31 de Janeiro de 1891, o 1.º de Fevereiro de 1908 e o 5 de Outubro e 1910 provaram a força das ideias e que essas ideias, quando se transformam em ideologias, são inimigas das pátrias e dos homens.
O Sr. Borges de Carvalho (PPM): - Muito bem!
O Orador: - O ideal que desencadeou as duas revoluções: - e que, na sua forma degradada, mofou D. Carlos e D. Luís Filipe- tinha, certamente, uma face pura: aquela em .que se reflectia o amor autêntico das pessoas e das comunidades, o apego às liberdades municipais e também o espírito crítico e o sentimento da indignação e da revolta sem o qual o homem é um ser incompleto. Mas, passados noventa anos sobre o 31 de Janeiro, setenta e três sobre o regicídio e setenta sobre a implantação da República, parece legítimo reconhecer que esse ideal se deixou contaminar pelo vírus totalitário do absolutismo ideológico e impediu os políticos responsáveis de encarar com lucidez as realidades nacionais.
É hoje evidente - como o era já em qualquer desses anos relativamente próximos, de que todos ainda sofremos- que a Nação Portuguesa sofria de gravíssima doença moral e política, que é possível descrever, aproximadamente, como crise de identidade, crise de valores comuns, crise nas relações do Poder com o povo-crise, portanto, de representatividade das instituições. Mas, perante essa crise dissolvente, os políticos precipitaram-se no diagnóstico mais fácil. A instituição das instituições, o fulcro da história política, era certamente a dinastia, era o rei, na sua imagem constitucional e, sobretudo, na imagem tradicional que ainda vivia na alma do povo. Pois bem: o remédio de tantos males estava afinal à mão do primeiro revoltado... Ninguém pode negar que o regicídio foi preparado longamente, pacientemente preparado, em mil campanhas de imprensa, escrita e desenhada, discursos de comício ou do Parlamento, até poemas de líricos da moda.
E, para tantos males de que sofria o povo, o remédio não veio da revolta vencida, nem do crime afinal impune, nem da revolução acidentalmente vitoriosa. O remédio está ainda para vir. Porque não é bastante a estrutura democrática que a Constituição nos assegura, enquanto não houver uma instituição que, sendo a mais popular de todas, seja simultaneamente a menos dependente do critério volúvel dos interesses, ou das ideologias.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Talvez seja para bem de todos os portugueses a lição a tirar destas datas históricas. O PPM quer, em qualquer caso, deixar bem expressa e nítida uma palavra de homenagem àqueles que, no 31 de Janeiro, se sacrificaram a um ideal e àqueles que, carregados de história, caíram, no Terreiro do Paço, vítimas de uma audácia assassina - e também de um diagnóstico profundamente errado.
28.7.05
China abandona o dólar
Paul Krugman (New York Times, 7/22/05).
Thursday's statement from the People's Bank of China, announcing that the yuan is no longer pegged to the dollar, was terse and uninformative - you might say inscrutable. There's a good chance that this is simply a piece of theater designed to buy a few months' respite from protectionist pressures in the U.S. Congress. Nonetheless, it could be the start of a process that will turn the world economy upside down - or, more accurately, right side up. That is, the free ride China has been giving America, in which the world's richest economy has been getting cheap loans from a country that is dynamic but still quite poor, may be coming to an end. It's all about which way the capital is flowing.
Pode ser o princípio do fim. A ver vamos.
22.7.05
A espada, o arado e o livro
Flaubert; Salammbo Dois mercenários conversam sobre os seus planos após terminar a guerra entre Roma e Cartago. Um deles sonha comprar uma fazenda e um arado. O outro responde que não precisa disso para enriquecer. Mostra um gládio e diz: “Este é o meu arado”.
Dois Povos: um aposta no sucesso de um sistema económico; o outro usa esse sucesso como meio para criar armas. Um quer apenas dinheiro, e ilude-se pensando que o outro só quer o mesmo. Há quem alimente a ilusão, apostando que ela os ajudará a obter o que quer: o dinheiro e tudo o mais – o completo domínio cultural, político, militar e económico.
“Se o Walmart fosse um país” – escreve Ted C. Fishman no seu livro China, Inc ., “seria o quinto maior mercado de exportação da China”. Setenta por cento dos produtos aí vendidos são chineses. E em todo o mundo é difícil encontrar algum adereço, roupa ou bugiganga barata, que não seja fabricada na China. Em Portugal eram lojas de trezentos. Agora são grandes armazéns.
Lenine escreveu: “O inimigo há-de vender-nos a corda com que o iremos enforcar”. Agora: O marxismo morreu? Ou transferiu-se para a América? A relação entre liberdade de mercado e interesse nacional é problemática quando não há reciprocidade na abertura dos mercados, quando um dos Estados aposta tudo na liberdade económica e o outro no crescimento do poder nacional, usando como arma a abertura oferecida pelo outro. A abertura económica é fórmula boa para as relações entre povos comerciantes. Mas, entre o comerciante e o guerreiro, a vantagem é a favor deste último. A menso que intervenha o homem do livro.
Quem é o dono da espada ? E do arado? E quem é o dono do livro, o segredo de Flaubert ao falar dos outros símbolos profundos da civilização?
21.7.05
Bispo espancado em Cabinda
(NA FOTO ) Simão Congo, Administrador de Simulambuco
O bispo de Saurimo, no Nordeste de Angola, D. Eugénio Dal Corso, um italiano de 66 anos, administrador apostólico da diocese de Cabinda desde a semana passada, foi segunda-feira espancado e impedido de celebrar missa na
paróquia da Imaculada Conceição, na capital do enclave, noticiou a Voz da América. O prelado e alguns sacerdotes foram surpreendidos na sacristia por um grupo de elementos que protestava contra a sua presença no território de Cabinda e que o colocou dentro de um armário, pois que muitos dos habitantes da região só querem um bispo natural da mesma, como o era D. Paulino Fernandes Madeca, que no princípio deste ano resignou por limite de idade.
A fúria dos agressores teria atingido igualmente na segunda-feira o pároco da Imaculada Conceição, Jorge Casimiro Congo, um dos sacerdotes mais conhecidos de Cabinda e defensor do direito do respectivo povo à autodeterminação e quiçá à independência. Já no sábado a missa a que D. Eugénio, dos Pobres Servos da Divina Providência, de Verona, presidira na sé catedral da cidade de Cabinda obrigara à presença da Polícia de Intervenção Rápida, devido a um movimento de agressão ao prelado, que desde Janeiro de 1997 é o titular de aurimo, na Lunda Sul. Devido aos espancamentos de segunda-feira, o bispo italiano foi conduzido ao hospital, a fim de receber tratamento às equimoses que sofrera num dos pulsos, no rosto e no peito, em mais uma das provas do radicalismo de certos naturais de Cabinda que não aceitaram para seu prelado o angolano D. Filomeno Vieira Dias, no primeiro trimestre deste ano designado pela Santa Sé e que ainda não conseguiu ser entronizado.
Tanto o bispo resignatário, D. Paulino Madeca, como o próprio arcebispo de Luanda, D. Damião Franklin, presidente da Conferência Episcopal de Angola e de São Tomé, renunciaram já, sucessivamente, ao cargo de administrador apostólico da diocese de Cabinda, que deveriam ocupar enquanto não se resolvesse a polémica causada pela escolha por João Paulo II, há mais de quatro meses, de D. Filomeno. O arcebispo de Luanda, ele próprio natural de Cabinda, e que tinha como auxiliar o prelado que a população não quer aceitar, chegou a ser apedrejado em Março na catedral desta terra profundamente católica, onde são mais apreciados os laços históricos a Portugal do que a actual associação administrativa a Angola.
O bispo de Saurimo, no Nordeste de Angola, D. Eugénio Dal Corso, um italiano de 66 anos, administrador apostólico da diocese de Cabinda desde a semana passada, foi segunda-feira espancado e impedido de celebrar missa na
paróquia da Imaculada Conceição, na capital do enclave, noticiou a Voz da América. O prelado e alguns sacerdotes foram surpreendidos na sacristia por um grupo de elementos que protestava contra a sua presença no território de Cabinda e que o colocou dentro de um armário, pois que muitos dos habitantes da região só querem um bispo natural da mesma, como o era D. Paulino Fernandes Madeca, que no princípio deste ano resignou por limite de idade.
A fúria dos agressores teria atingido igualmente na segunda-feira o pároco da Imaculada Conceição, Jorge Casimiro Congo, um dos sacerdotes mais conhecidos de Cabinda e defensor do direito do respectivo povo à autodeterminação e quiçá à independência. Já no sábado a missa a que D. Eugénio, dos Pobres Servos da Divina Providência, de Verona, presidira na sé catedral da cidade de Cabinda obrigara à presença da Polícia de Intervenção Rápida, devido a um movimento de agressão ao prelado, que desde Janeiro de 1997 é o titular de aurimo, na Lunda Sul. Devido aos espancamentos de segunda-feira, o bispo italiano foi conduzido ao hospital, a fim de receber tratamento às equimoses que sofrera num dos pulsos, no rosto e no peito, em mais uma das provas do radicalismo de certos naturais de Cabinda que não aceitaram para seu prelado o angolano D. Filomeno Vieira Dias, no primeiro trimestre deste ano designado pela Santa Sé e que ainda não conseguiu ser entronizado.
Tanto o bispo resignatário, D. Paulino Madeca, como o próprio arcebispo de Luanda, D. Damião Franklin, presidente da Conferência Episcopal de Angola e de São Tomé, renunciaram já, sucessivamente, ao cargo de administrador apostólico da diocese de Cabinda, que deveriam ocupar enquanto não se resolvesse a polémica causada pela escolha por João Paulo II, há mais de quatro meses, de D. Filomeno. O arcebispo de Luanda, ele próprio natural de Cabinda, e que tinha como auxiliar o prelado que a população não quer aceitar, chegou a ser apedrejado em Março na catedral desta terra profundamente católica, onde são mais apreciados os laços históricos a Portugal do que a actual associação administrativa a Angola.
20.7.05
Jantar num terraço de Roma, com o terrorismo ao fundo; por André Bandeira
Jantei com uns amigos. Importantes ( pelo menos para mim mas também para si, leitor). O primeiro: Vincenzo Macri, Procurador-Adjunto Anti-Mafia ( sim, um dos substitutos do Juíz Falcone, que foi pelos ares) actual campeão da luta contra a N’Drangheta, a Mafia da Calábria, da Magna Grécia. Homem pequeno, calado, honrado até à perdição, conhecido em Itália por ter descrito na TV um diálogo Mafioso interceptado pela polícia: ( Sub-Boss: “Fui ao monte ver o nosso depósito de vários milhões de Euros. A chuva penetrou e parte da massa está pôdre.” Boss:” Quanto achas que é a parte estragada?”, Sub-boss: “ Aí dois milhões…que devo fazer?”, Boss: ‘Queima-os.”). Ao lado estava um colega belga, com a carreira destruída por se ter oposto até ao risco da vida contra o tráfico de vistos num país de Leste. Candidato ao Prémio Rafto dos Direitos Humanos, por muitos tido como preliminar ao Prémio Nobel da Paz. Descendente de corsários holandeses e socialista honrado, sem Partido, da tradição germânica, com um toque de humanismo francês, lembrando um pouco Henri de Mann. Defendeu a tese que, se o Médio-Oriente não tem solução, é porque os judeus mandam no Governo dos EUA. Ainda um sociólogo do CeMiss, o Think-tank mais prestigiado de Itália, especialista na prevenção de conflitos. Viera com a Mulher e pareciam o símbolo da unidade de Itália. Ele, de Torino, ela siciliana.
Falou-se do Terrorismo e a conversa inspirou-me os seguintes pensamentos:
Religião, rito, prática religios, os velhos fantasmas que voltam a emergir: sim, o símbolo imediato, a purificação contra a blasfémia interior, são mais importantes que a pontualidade, que o espírito prático, que a eficácia. O símbolo tem uma eficácia perene, que sobrevive a tempos e marés. A eficácia, sózinha, esquece a possível última razão das coisas e deixa tudo em fragmentos singulares, cheios de vazio entre si. Uma Educação virada apenas para a eficácia é feita de vazios. Só aparecem unidades fragmentadas, desligadas e separadas, entre as quais medram livremente os demónios do tempo, repescando os que se julgavam adormecidos.
Bill Clinton tem uma enorme culpa em tudo o que aconteceu e vai acontecer, a começar no Iraque. A mania da legitimidade democrática ( melhor: mediática) que criou a anedota do “politicamente correcto” mentiu tanto e tantas vezes que acendeu os demónios do tempo, dentro de nós. O Partido Republicano encheu-se de descontentes, vindos de todo o lado da sociedade Americana, da esquerda liberal e tolerante, judia, de Nova Iorque até aos activistas negros, dos anarquistas liberais, de muita gente decente e de trabalho. Como Clinton viera dos descontentes de Mc Govern, dedicados à ciência e à técnica de conquistar o Poder, persistente na conquista, primeiro, do Partido por dentro. Cuidado com Hillary ( Lady Macbeth): ela representa o que há de mais inconformado nesta corrente.
Pelo vazio das unidades singulares e fragmentadas, unidas pela Razão, o sono dos sentimentos criou monstros. Com medo de sermos robotizados, abrimos as portas aos instintos mais primitivos. Ficámos rapidamente com o crime e a gestão por objectivos. Como já nos esquecemos, Mohammed Atta e os terroristas em geral, eram e permanecem recordistas de Gestão.
Abandonados entre fragmentos, tudo são “second thoughts”, pressentimentos, má-cosnciência ( má porque sistematicamente atrasada). De tanta aflição por não podermos naturalmente intuir uma realidade fragmentada, vivemos permanentemente em ressaca, às aranhas, com medo de acordar e a casa ter-se decomposto em bits singulars, levada pelo vento cósmico. Chamamos a tudo, sem saber de onde vem: ”stress”. E se tudo são “second-thoughts”, então a doutrina da “pre-emption” é justa porque os EUA sabem o que é que virá depois, sob forma de recuo, depois dos bons pensamentos exibidos, nomeadamente pelos islâmicos moderados.
Enfim: a doutrina, posta para salvar o que há de natural em nós, atribuível a muita mulher maternal e veladora da ninhada, que insistia teimosamente no êxito profissional e que se deleitou com a competição desenfreada do tempo dos “yuppies”, já tem, pelo menos, vinte anos. Isto quer dizer que os terroristas de Londres já nasceram derrotados, sem mesmo poderem alinhar para qualquer competição. Em suma: já há uma chusma de excluídos, em “ghettos”. Sim, Mário Soares tem razão no que diz.
As Revoluções morrem todas com a barriga dos 40 anos de idade. As belas Mariannes ficam irreconhecíveis. Mas todas elas podem deixar algo de válido se não perdermos a Memória.
O cérebro foi lavado pelo Actualismo desenfreado. Mas não é o actualismo de Gentile e da gente intelectual do Fascismo Italiano. É um actualismo que vem das Notícias, onde, portanto, o Sujeito é primeiro estimulado pela Realidade e não ao contrário, como defendia Gentile. É um actualismo que me proíbe, sob pena de morte, de reflectir, que me pergunta qual a utilidade dos mínimos instantes da minha vida. E, depois de os contar todinhos, um Actualismo que separa, em tom de profeta, o Bem do Mal. Ora um Bem e um Mal fragmentados um do outro, como dois produtos alternativos na estante de um Supermercado, rapidamente se misturam, por mais bruto e actualista que eu seja. É que, distinguir o Bem do Mal não está adquirido, por ser um dom da Graça e da Providência.
Tudo o que nos resta é a Memória, mesmo a querida memória da Culpa que nos lembra que caímos e fomos expulsos do Paraíso. A Memória impede a actualização constante. E a Saudade, ao menos, repõe, irresistivelemente, o Assunto. Por isso, não se preocupem de serem, por vezes, distraídos e ineficazes. Como dizia o Comandante Cervaens Rodrigues: já só tenho memória para as coisas mais antigas!
Que queriam dizer os “Velvet Underground” de David Bowie, Lou Reed, de Iggy Pop quando, tão singularmente adiantados no início da década de sessenta ( tinham lá dentro, tudo o que a música pop veio a desenvolver depois, desde o Punk, aos Beatles, aos neo-românticos Duran-Duran, ao techno de hoje) falavam em “Tomorrow’s parties”? Sabia-se que os “parties” loucos de Andy Wahrol foram verdadeiros preliminares satânicos dos pactos com o Diabo…mas seriam os “Parties” Partidos políticos?
Penso que sim. Tenho medo dos socialismos de amanhã. Blair, na senda de Clinton, gere paroquialmente o rastreio e a prevenção dos tranquilos terroristas assassinos. Mas o controle genético de quem somos ou podemos ser, já tem vinte anos nos Laboratórios. Não confiemos nos “sentimentos”, nas ‘Intuições”, no “Coração” dessas mães de ninhada ricas que governam as Chancelarias. Nem sequer nos Sonhos. Spots publicitários continuam a manipular-nos como enviados da Manchúria, em pleno sono.
O Pai, destroçado pela dor e semi-louco, de Mohammed Atta, anunciou, na sua casa do Cairo, uma Guerra de 50 anos. Não liguemos aos anúncios, venham eles de quem vierem.
Falar muito em Guerras, sem o espírito castrense que tantas vezes as evita, é preparar genocídios, durante os intervalos…
18.7.05
Acabou-se a Festa! - De Viena por André Bandeira
Visão em Viena, ao contemplar uma gravura do Kaiser Franz Joseph, a rezar
Ebbers, o antigo boss da World.Com, de sessenta anos, foi condenado para o resto da vida. Chorou. A juíza era uma mulher senhora do seu nariz e espetou-lhe com a justiça social, dos pequenos aforradores da “New Economy” ou das minorias como a dela, a das mulheres donas de casa com êxito profissional. O grandalhão, que fora porteiro de discotecas, comera e dormira muitas vezes mal mas não pertencia a ninguém conhecido, nem se escapara a tempo.
Mohammed Sadique, o gigante bom, partiu de Yorkshire em 7 de Julho, com uma mochila às costas. Não ia de Inter-Rail, a dormir nas gares. Era um rapaz escuro, feião, de bom coração, que ajudava moços aleijados a aprender a nadar ( como Baruch Goldstein curara muitas das vítimas que metralhou de costas, no túmulo dos patriarcas). A ele e aos amigos tinham-lhes fechado o campo de futebol onde os paquistanese de Segunda geração, cujos pais se limitaram a aprender ‘cricket’ como cadis e mordomos, sonhavam já com a glória mais simples e mais directa deste mundo: a de Pélé. Os mestiços da escravatura têm o Pélé, os crioulos do genocídio dos índios tinham o Maradona, os latinos ‘white trash” tinham o Che Guevara, os islâmicos em fuga, só têm o Bin Laden, porque não acreditam nem em Hussein, nem que o Mundo ficou ao contrário depois da batalha de Kerbala…
Germaine deixara há muito de acreditar na profecia Rastafari de Bob Marley, do retorno do Jah People a Siam, onde um Negus de Ouro, imortal, guardaria o Templo dos justos, e juntou-se aos modernos MRPPs, com um líder de olhos parados, como um perplexo sem Maimonides, pelas grutas de Tora Bora. Como as cem túlipas negras que foram cortadas de um só golpe em Mazar-I-Shariff quando tentavam uma Grande Evasão. Como eles, teve mais realização que a de Johnny Walker Lindh…he kept walking …até King’s Cross.
O petróleo sobe, os furacõs rugem, a terra seca ou arde, três ciclos económicos como três cavaleiros apocalípticos aproximam-se do seu ponto mais baixo em 2006/2007. Com eles vêm, ao que parece, as costumeiras manchas solares dos tempos difíceis. Donald Rumsfeld mostra sinais de impaciência. Já viu isto tudo antes mas os outros teimam e ele mexe a boca como um ancião irritado. Não tarda nada, passará apenas a exclamar, como o velho Buddenbrook: “É curioso!”.
Não sei se os terroristas não são covardes. Sei que não são medrosos. Mas covarde, sumamente covarde é a sua dominação do medo, fechando os olhos, suspendendo a respiração e adormecendo tudo com um “clique”, daqui para o Paraíso. Fim de Festa. A TV apagou-se ao cabo de um enorme sábado desocupado na poltrona que fôra estreada nos fabulosos anos sesssenta. Para os fabulosos anos sessenta só restam mesmo as festas do “OLÁ Semanário”.
Lembro-me de uma jovem empresária da “New Economy’ que, quando se pensava que a SIDA já estava dominada e com uma magreza acutilante de falta de pai, profetizava : “ O prazer vai regressar!”
Em vez do prazer, regressei eu de Viena, de um Seminário sobre África, da International Peace Academy e da Favoriten Akademie onde ouvi, de boca aberta, o seguinte:
n Arranjar um Homem, em África, com uma Kalashnikov, pronto e sapiente em usá-la, custa 70 dólares
n O processo da ONU, de pagar a bandos armadas para se desmobilizarem, começou em 1989, em Moçambique
n Os pagamentos devem ser feitos logo a seguir ao acordo de paz ( no máximo, 6 meses) a quem quer que surja com uma Kalashnikov ou uma bazuka, mesmo crianças, velhos e mulheres, para que se ganhe um tempo precioso. O perigo não são as armas ferrugentas mas as tribos em movimento. Em Angola calhou mal pela primeira vez e - disse-se - morreram um milhão de pessoas(!). Mas há que continuar, disse-se também.
n Todos os processos de paz em África estão por um cabelo. Só parece sobreviver o da África do Sul e o do Burundi ( três exércitos integrados) mas este, altamente volátil.
n Em 2003, na Libéria, foi evitada mais uma tragédia, por uma unha negra, sem que o Mundo sequer se apercebesse. Há tantas, para lá.
n Só há processo de paz com desenvolvimento sustentado e se as fronteiras forem seladas. De outro modo, os desarmados reaparecem armadas até aos dentes, crianças emergem da selva em arrastões, com Kalashnikovs novinhas em folha.
A Agenda “for Human Security” de Lloyd Axworthy prometia que o dilema Segurança/Justiça seria resolvido pela autonomia individual. O “Millenium Project” prometia uma injecção massiva de fundos para África e outras regiões degradadas. O mesmo prescrevia a “Partnership for Africa’ de Gordon Brown e, em geral, a estratégia Nacional de Defesa de Condoleezza Rice e do Pr. Bush. A União Africana de Tabo Mbeki e de Kadhaffi prometia um renascimento do Continente.
Acabou-se a festa.
Não vai haver nenhum “regresso do prazer”. Depois das manipulações racionalista e materialista, do Woodstock, da Ecologia e da ‘New Age” não restará nem um bocadinho de mente sã, ao fim de um bilhão de imagens passadas em “zapping” pelos nossos sentidos. Tudo o que parecia sagrado não permanecerá mais que um segundo na nossa mente, um fantasma virtual, como um spot publicitário: Platão, Buda, Jaina, Jesus, Moisés, Confúcio, Shun, Fu & Lu…
Nos últimos (destes) tempos aparecerão seres que se assemelharão a Messias. Serão aparentemente bons, justos e curarão com as mãos (leia-se: com os sentidos). Cada dito ou gesto na rua parecerá a intervenção de uma nova Providência ou Profecia, no quotidiano, cada momento parecerá, finalmente, o umbral do estado de Graça.
Depois de horas preguiçosas entre ruas sem nome mas cheias de bancos de parede que lançam notas de Euro a toda a hora, carros velozes que ronronam como os ribeiros do Paraíso, depois de corpos belos de jovens em frescura permanente…teremos súbitas ordálios transcendentes, que nos deixarão vitoriosos e saciados em tardes quentes, gozando as delícias de um final feliz, várias vezes ao dia. Nos semáforos piscaremos o olho e diremos” eu sou o ‘último Homem!”. Como no "Assim falava Zaratustra"!
Mas, oh Legião em que te tornaste: já contaste se tens dez pensamentos sãos dentro de ti? Ah! Não olhes para trás, Lot! Obedece uma vez na vida.
16.7.05
It seems "la cosa nostra", mamma mia...
Está a aquecer a polémica mundial em torno do livro de Gavin Menzies intitulado 1421 The year the CHinese discovered the World
As any academic trained researcher I (MCH) dislike popular historians like Gavin Mezies or Gunnar Thompson and their 1421 team; see their Hoywood-style sites http://www.1421.tv/ and http://www.marcopolovoyages.com/ . Yet, popular historians can single out exceptions and deconstruct conventional wisdom. They do not revolutionize knowledge. They just shake fragile groundings.
I think the issue in Menzies' book "1421 The year China discovered the world", is not a confrontation between fifteenth-century China's vs. sixteenth-century Portugal's discovery of the world. There was a painful process of discoveries, made up of sucesses and failures, by people from almost every Mediterranean and North European country sailing into the Atlanic. (See Samuel Elliot Morisson, The discovery of America)
The French historian Pierre Chaunu spoke abundantly about the Chinese coming to South America. And so on...
Now Menzies and Co say the Chinese went all around the world. Even Europe. They are not dealing with dimes...those "history dealers" If you see their sites, they even boast that the Chinese introduced perspective drawing and printing moving blocks in 1430 Holland. They make crazy assertions as if they were selling a product, a sort of historical elixir.
That is not history. Period. The discoveries were never a straightforward "project", like the one atributed to Prince Henry the Navigator by the romantic Englishman Henry Major. Recently, 2001, Peter Russell long-awaited biography of Prince Henry of Portugal denounced this in English Language ( The Portuguese historian who performed the same deconstruction is Duarte Leite, 1925)
The scientific issue here is that generality does no good in Human Sciences. Menzies is a conman because he insists he has an alternative vision; He could be a good fellow if he was wise enough to recognize he came out with some good footnotes to the history of discoveries.
To prove my point I introduce a quotation of Gunnar Thompson. See how he flatters the Portuguese way in order to promote his crazy anti-Columbus and pro-chinese "discovery of America". Marco Polo, Cristoforo Colon and Amerigo Vespucci. It seems "la cosa nostra" mamma mia...
HOW THE PORTUGUESE MISLED COLUMBUS by Gunnar Thompson
Summary
When Columbus reached Cuba in 1492, he actually believed that he had arrived in Asia. Why not? After all, he had found land precisely where it was indicated on his Portuguese maps. His enthusiasm for achieving the impossible—finding a western shortcut to the Orient—so impressed the Majesties of Spain that they promptly applied to Pope Alexander VI for a monopoly to preserve this “priceless” avenue of commerce.
Secretly, King John II of Portuguese was overjoyed. Thanks to the efforts of English Franciscans and the pioneering expeditions of Prince Henry, his explorers had already charted New World coastlines from Labrador to Brazil. Alone among European sovereigns, he already knew that the coast of Asia was several thousand miles beyond the shores of the new western continent.
As the misguided pageant of New World discovery continued to unfold, Portuguese rivals squandered their maritime resources in a futile effort to find an ephemeral passageway through the western mainland. First the Spaniards, then the English and the French chased after non-existent “straits” to the Pacific Ocean . Meanwhile, Portuguese mariners continued on their merry way sailing unhindered around the Cape of South Africa — the only practical route to the Spice Islands.
A reassessment of historical documents reveals the success of a grand Portuguese scheme to mislead commercial rivals. Loyal agents prepared a banquet of deception that included fake maps, secret expeditions, and well-groomed turncoats who led competing nations down the wrong pathways to glory.
14.7.05
Henrique Barrilaro Ruas, falecido a 14 de Julho de 2003
"Em todas as culturas ( ou civilizações) e apesar do espírito crítico e das revoluções da mentalidade, sempre a Monarquia guardou algum vestígio ao menos do revestimento (ou substância) do sagrado que deriva em linha recta da sua originária experiência religiosa"
H. Barrilaro Ruas - Do artigo Monarquia na Enciclopédia POLIS
Marquês de Sade, Liberto da Bastilha a 14 de Julho de 1789
"Ainda um Esforço Franceses! Já matastes o vosso rei! Falta matar o vosso Deus!" Assim se exprimia na sua Filosofia da Alcova, Donatien Alphonse François, Marquês de Sade, louco visionário do que a Revolução não podia nem queria confessar.
- "Français, encore un effort si vous voulez être républicains. Français, je vous le répète, l'Europe attend de vous d'être à la fois délivrée du sceptre et de l'encensoir. Songez qu'il vous est impossible de l'affranchir de la tyrannie royale sans lui faire briser en même temps les freins de la superstition religieuse : les liens de l'une sont trop intimement unis à l'autre pour qu'en laissant subsister un des deux vous ne retombiez pas bientôt sous l'empire de celui que vous aurez négligé de dissoudre. Ce n'est plus ni aux genoux d'un être imaginaire ni à ceux d'un vil imposteur qu'un républicain doit fléchir ; ses uniques dieux doivent être maintenant le courage et la liberté. Rome disparut dès que le christianisme s'y prêcha, et la France est perdue s'il s'y révère encore."
- Extrait du cinquième dialogue de LA PHILOSOPHIE DANS LE BOUDOIR ou Les Instituteurs Immoraux DIALOGUES Destinés à l’éducation des jeunes Demoiselles
Contra os sonhos geopolíticos!
Os sonhos geopolíticos sobre o Iraque crescem todos os dias. Os escapistas do espírito que julgam que não há terroristas e os imperialistas que só têm toda a força do mundo. Robert Whealey vem pôs pontos nos iis e traços nos tt.
Robert Whealey says: Christopher Jones and Tim Brown both seem to be floundering about Iraq in a state of confusion. Here is my reply:
1. There are no easy solutions.
2. A political solution is the only way out of Iraq.
3. Military action and police action has never caused any Muslim, Christian, or Jew to give up his religion.
4. The U.S. government can not label anybody a "terrorist" in Iraq, because the US supposedly is not sovereign in that territory.
5. The U.S. Department of Justice needs a new law defining exactly what constitutes a terrorist act in any of the 50 States. Each of the 50 states need to define what is a terrorist act in their own jurisdictions.
6. Tim Brown should drop the term "appeasement" which died an unlamented death in Britain in May 1940. I never heard of a single American politician who believed in appeasement. Republican politicians who called Senator Eugene McCarthy and Senator George McGovern from 1968 to 1972 "appeasers" were making cheap shots.
7. The Communists died in the USSR in 1991. There are Communists in the PRC who are now watchfully waiting to see the Americans waste their men and capital in Iraq. The PRC watched the US government waste its own men and capital in Indochina 1954 to 1975.
8. Christopher Jones is biased for Muslims and against Israelis and American Jews but I would not call him an "appeaser." I have no idea what he thinks about the Indochina disaster.
9. Presidents Johnson and Nixon did not know what they wanted to get out of Indochina.
10 George Bush II has no idea what he wants out of the Greater Middle East and has overreached his capabilities. This brings us back to point 1; there are no easy solutions.
13.7.05
Duarte Lima recuperou: Meditação sobre os poderosos, por André Bandeira
Soube, ao tomar um comboio do Altar para o Trono ( de Roma para Viena) que Duarte Lima recuperou da horrível doença que o afligia. Fiquei muito, sinceramente feliz!
Neste tempo de loucura sanguinária, de jovens desenraízados com uma imagem luciferiana de Deus e Governos enlouquecidos pela vã gloria de mandar, é preciso lembrar que estas doenças não acontecem só aos pobres e explorados da terra. Nem que só acontecem aos dirigentes como provas especiais de Deus. Sejam os inocentes de Bophal na India que já vão no 16ºto milhar de mortos pelos lixos tóxicos da Union Carbide, a qual se escapou com uma choruda indemnização ao Governo de New Dehli, ou os inocentes do paraíso socialista de Chernobyl ou, ainda, os inocentes do país mais livre do Mundo, onde uma das criações da "liberdade" , a Philip Morris, cancerizou os clientes, durante décadas, com um tabaco especialmente viciante...nenhum destes casos esgota as surpresas dessa grande igualizadora que é a Morte.
Espero que as lições de sabedoria que Duarte Lima recebeu durante este calvário possam ser postas ao serviço do Bem Público. Assim como Deus o permitiu sobreviver, Deus permitiu-lhe ser um dirigente político importante antes do calvário ter começado e, por isso, lhe indica que deve continuar.
Não gostava dele. Era arrogante e gelava os jornalistas, quase todos de Esquerda, nos tempos de Cavaco, com aquela sensação que antecipava algo hoje geralmente consabido: que a linguagem pública não celebra a liberdade mas que abafa, que todos os sons humanos, em vez de libertarem, prosseguem estratégias fechadas como um ovo. Quando não se diz nada, ao menos sempre se pode comunicar pelo tom de voz e por uma cara que deixa ainda mensagens humanas, quando a manipulação não chegou aí, ainda. Ora Duarte Lima gelava com o seu olhar impante, as suas respostas sibilantes.
Recusei um dia um seu favor, oferecido por uma amigo comum, como recusei depois o de um conhecido Embaixador socialista, trazido por uma namorada. Regressado do Grande Ultramar, mal com os homens e bem com o Rei (por agora, a Consciência) respondi-lhe do modo que outros me ensinaram: quem me protege, depois, dos meus protectores?
Mas estive, em espírito, com Duarte Lima, quando ele, abandonado pelos Homens e lutando talvez com a terrível tentação de que fora também abandonado por Deus, tocava órgão em Igrejas vazias.
A Morte não nos torna, nem todos iguais, nem todos diferentes. Torna-nos todos Outros, num para-além sobre o qual os discursos são de pouca valia, algo que não sabemos mas que esperamos como o pai do filho pródigo, de coração partido, esperava a sua reconciliação familiar.
Bem ou mal, alto ou baixo, belo ou feio, todos lá vão. Mas não devemos evocar a Morte como o faziam alguns dos mais belos poemas encontrados nos uniformes dos paraquedistas das SS, porque não é por invocarmos Deus a todas as horas que temos mais sorte ou por invocarmos a Morte que gerimos o azar. A Morte nivela tudo a um grau que exige silêncio e uma humildade infinita, uma confiança infinita...
É por isso que, se o Destino nos impediu de morrer agora, nos devemos concentrar nas coisas mais simples, como os japoneses arrebanhados para os aviões Kamikaze colhiam ervinhas do chão, a despontarem entre o betão das pistas de descolagem. Devemos colher até o que Duarte Lima conseguiu como figura pública, toda a sua enorme experiência política e Humana, como algo salvo das águas. Devemos ver positivamente tudo, aproveitar tudo o que existe pela riqueza enorme de tudo quanto vemos, contra a enormidade cósmica de tudo quanto não vemos, nem sabemos.
Bem-vindo sejas de volta, Duarte Lima, obrigado por teres sobrevivido, Irmão. Para lá do Marão da Morte, mandam os que lá foram!
!
12.7.05
Guerra Fria em Angola e Moçambique, por Christopher Jones, Ron Hilton e MCH
Speaking of Portuguese Africa, I said: Africa was decolonized much too quickly, and Angola and Mozambique are prime examples. The independence movement, with Soviet backing, reduced those one fairly prosperous countries to their present abject condition. One Portuguese mistake was to treat these colonies as part of Portugal; they had representatives in the Portuguese Congress; I attended a session. This grand design did not work.
Christopher Jones comments:The rush to decolonize was pushed through by the radical Marxist officers of the MFA (Movimento das Forças Armadas) whose charismatic chief was Major later General then Major Otelo Saraiva de Carvalho who fancied himself the Fidel Castro of Portugal. The nominal chief of the coup that overthrew the Salazarist regime, General Antônio de Spínola [known for his trademark monocle that he picked up at cavalry school in Nazi Germany] was in favor of exactly what you say, a slow movement towards a loose confederationm possibly including representatives of Brazil. He outlined his ideas in a book, Portugal e o futuro after returning from his tour as C-in-C of Portuguese forces in Guinea Bissau and was sacked by the Salazarist Prime Minister Marcelo Caetano- Spínola, who fancied himself as a sort of "De Gaulle" for Portugal , was just the right man in the right place at the wrong time. A pity. He was overthrown by some of the most rabid communists of western Europe, although he later returned to Portugal.
RH: Did Saraiva de Carvalho have any contact with Che Guevara in Africa?
MCH: Answering the question, it´s no, Otelo had no contact with Ernesto (Che) Guevara Lynch, a son of the so called Argentinian Good families who studied at the Marist College at Buenos Ayres. Yet he fancied himself the Fidel de Castro of Europe " if only I had strenuously studied earlier", as he put it. By the time Guevara went to his death in BOlivia, in 1967, Lieutenant Oteço was fighting in Africa against the independence movements oficially called "terrorists" by the Portuguese Government and indeed they also attacked civil population, the worst massacre being at the north of Angola, March, 16, 1961 with around 10.000 killed of which 1000 Europeans.
Now we must put into context the Portuguese resistance to African independence. It was colonialism but it also was a part of the Cold War. After Portugal leaving in 1974 the war increased mightily in Angola and Mozambique and it went on for more than twenty years. The URSS supported the MArxiost Governments the USA supported the RENAMO and UNITA movements, who practised terrorist attackx on the population. Recently an American scholar compared Reagan's embrace of the mujaheddin as "these men are the moral equivalent of our founding fathers" with the support of "terrorist" UNITA and RENAMO. So, fuzzy logic....
11.7.05
ARGUMENTOS POUCO SÉRIOS, por Carlos Luna
ARGUMENTOS POUCO SÉRIOS
O mês de Junho de 2005 fica marcada pela aparição à venda de mais um livro sobre a Questão de Olivença. O seu título é "Olivenza, las razones de España", e o seu autor é Luis Alfonso Limpo Píriz, bibliotecário na localidade.
Trata-se de um livro favorável aos argumentos de Madrid, que pedirá uma análise cuidada, impossível de concretizar para já. Todavia, o livro apresenta um prólogo/introdução de quatro páginas, assinadas por um intelectual de relevância, de nome Juan García Gutiérrez (JGG). Neste texto, há algumas afirmações de imediato polémicas e pouco consistentes, que merecem alguns reparos.
Lê-se (páginas 14 e 15) no mesmo, e traduzindo, "...nesse longo período de História que vai do Tratado de Alcañices (1297) ao de Badajoz (1801), Olivença não esteve de forma ininterrupta sob domínio português; desde 1580 com Filipe II até 1640 com o neto deste, Filipe IV, foi Portugal inteiro que esteve debaixo de domínio espanhol; e ainda foi ocasionalmente que Olivença foi retomada depois da segunda dessas datas, quando em 1658 um destacamento vindo de Badajoz a voltou a ocupar, ainda que por pouco tempo. O ocaso dos Áustrias com Carlos II fez com que a praça voltasse a mãos portuguesas, até à sua definitiva incorporação em Espanha pelo Tratado de Badajoz."
Há que interromper aqui a transcrição, e fazer desde já alguns comentários. JGG confunde os desejos com a realidade. Olivença foi portuguesa sem discussões a partir de 1297, e só esteve ocupada episodicamente por Espanha durante algumas guerras, tal como sucedeu com outras praças, e tal como Portugal também ocupou praças espanholas. O argumento, no que toca ao período de 1580-1640, é confrangedor. Portugal esteve unido à Coroa Espanhola, Olivença como todas as outras localidades lusas. Sempre como parte do Reino de Portugal... ao ponto de ter sido uma das localidades alentejanas a revoltar-se em 1637/38. E, se em 1658 esteve ocupada por Madrid (até 1668), é um facto histórico que toda a sua população, salvo trinta pessoas, resolveu refugiar-se noutras localidades portuguesas, regressando só em 1668, quando a praça voltou para Portugal. E isto quando não se podia ainda falar do ocaso dos Áustrias, que só se deu de facto em 1700. Estamos perante 504 anos de presença portuguesa...mesmo porque em 1658 Olivença foi considerada como parte do Reino de PORTUGAL, recuperada para a administração da coroa espanhola.
Não resisto a recordar que Gibraltar só veio para a Coroa Castelhana, por conquista aos muçulmanos, em 1462, ainda que em 1309 tenha sido conquistada pela mesma, mas perdida logo a seguir. Tendo sido ocupada pela Grã-Bretanha em 1704, e cedida à mesma no Tratado de Utrecht em 1713-14, só esteve integrada em Castela/Espanha durante 242 anos. A História tem ironias divertidas.
10.7.05
Ainda o Chapeleiro Louco
Ainda o Chapeleiro Louco e o Gato de Chesire de Lewis Carroll. Alice pergunta-lhes o caminho para sair do país das Maravilhas, mas dão-lhe todo o tipo de respostas excepto a verdadeira... até que Alice perde a paciência e acorda. Os mortos em Londres, Iraque e África por ordem dos governos, pedem-nos que acordemos.
Ainda o 7/7 por dois analistas
Dois bons analistas - O prof. Juan Cole, arabista da Universidade de MIchigan, EUA e o general Ivashov, dos meios anti-globalistas russos sintetizam o que há para dizer dos horrorosos atentados de Londres, de 7/7
"One can say the Iraqi resistance forces have taken military operations to enemy territory, Britain," said Colonel-General (Rtd.) Leonid Ivashov, the vice president of the Academy of Geopolitical Studies.
"Credit for the horrific bombings of the London Underground and a double-decker bus on Thursday morning was immediately taken on a radical Muslim Web site by a "secret group" of Qaida al-Jihad in Europe. Although U.S. President George W. Bush maintains that al-Qaida strikes out at the industrialized democracies because of hatred for Western values, the statement said nothing of the sort. The attack, the terrorists proclaimed, was an act of sacred revenge for British "massacres" in "Afghanistan and Iraq," and a punishment of the United Kingdom for its "Zionism" (i.e., support of Israel). If they really are responsible, who is this group and what do they want?
The group claiming responsibility for the London bombings represents itself as a secret, organized grouping or cell of "Qaida al-Jihad in Europe." It is significant that they identify themselves as "in Europe," suggesting that they are based on the continent and have struck from there into London. This conclusion is bolstered by their description of the attack as a "blessed raid."
The communiqué on the London bombing is unusual in appealing both to the Muslim community and to the "community of Arabism." "Urubah," or Arabism, is a secular nationalist ideal. The diction suggests that the bombers are from a younger generation of activists who have not lived in non-Arab Muslim countries such as Pakistan and Afghanistan, and think of Arabism and Islam as overlapping rather than alternatives to one another. The text makes relatively few references to religion, reading more as a statement of Muslim nationalism than of piety.
Obesidade Mental, enviado por Fernando Amaro Monteiro
Bouvard et Pécuchet o célebre livro de Gustave Flaubert de 1881 sobre a estupidez humana tem a tese da "obesidade mental". É uma novela sobre a vulgaridade contemporânea, a fé cega no poder redentor da técnica, indústria e comércio. A par da novela havia um conjunto de dados, que fazem parte do Dicionário das ideias recebidas que Flaubert escrevia desde 1850: compêndio das frases feitas em que uma sociedad sintetiza, com estupidez e orgulho, a sabedoria oficial e os seus preconceitos.
Vem isto a propósito de um mail que circula nos blogs portugueses ( mas que parece não corresponder a nenhum livro). Um caso mais de "a realidade ultrapassa a ficção"
Andrew Oitke publicou «Mental Obesity», que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral. Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard estudou o pior problema da sociedade moderna: «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono. As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.
Os cozinheiros desta magna fast food intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema.
Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»
O problema central está na família e na escola. «Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas. Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»
Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma: «O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.» «Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»
Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura. «O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades."
As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras. «Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia. Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o
egoísmo. Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam. É só uma questão de obesidade. O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de dieta mental.»
Vem isto a propósito de um mail que circula nos blogs portugueses ( mas que parece não corresponder a nenhum livro). Um caso mais de "a realidade ultrapassa a ficção"
Andrew Oitke publicou «Mental Obesity», que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral. Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard estudou o pior problema da sociedade moderna: «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono. As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.
Os cozinheiros desta magna fast food intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema.
Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»
O problema central está na família e na escola. «Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas. Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»
Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma: «O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.» «Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»
Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura. «O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades."
As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras. «Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia. Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o
egoísmo. Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam. É só uma questão de obesidade. O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de dieta mental.»
9.7.05
GANÂNCIA OCIDENTAL THE G8 SUMMIT: A FRAUD AND A CIRCUS" by John Pilger
Gleneagles. A cimeira G-8 está orgulhosa de ter resistido à prova de força terrorista e ter dado $50 bilhões para África. À espera dos documentos em letra miúda da cimeira, o que se sabe para já é o velho “esticão” da ajuda internacional das últimas quatro décadas. Os fundos serão dados ao longo dos anos aos bancos credores, haverá reduções noutros fundos de ajuda e serão pagos pelos contribuintes do G-8.
A grande ajuda para África seria persuadir o G-8 o IMF, o BM a pôr lá gente que baixe os impostos e contribua para a transparência. Dar dólares e euros ao continente africano para reembolsar banqueiros ocidentais não ajuda a expandir as economias esmagadas por corrupção e impostos. As políticas estúpidas do IMF promovem aumentos do imposto e desvalorizações de moeda inflacionada em África em troca de dinheiro para os governos ocidentais pagarem aos banqueiros de Nova Iorque York. A taxa de imposto é de 30% no Sudão para rendimento per capita de $5. John Pilger, do New Statesman explica isto:
Excerpt from "THE G8 SUMMIT: A FRAUD AND A CIRCUS" by John Pilger, June 22 New Statesman
There is no conspiracy; the goal is no secret. [British Chancellor of the Exchequer] Gordon Brown spells it out in speech after speech, which liberal journalists choose to ignore, preferring the Treasury spun version. The G8 communiqué announcing the "victory for millions" is unequivocal. Under a section headed "G8 proposals for HIPC debt cancellation", it says that debt relief to poor countries will be granted only if they are shown "adjusting their gross assistance flows by the amount given": In other words, their aid will be reduced by the same amount as the debt relief. So they gain nothing. Paragraph Two states that "it is essential" that poor countries "boost private sector development" and ensure "the elimination of impediments to private investment, both domestic and foreign".
The ൿ billion" claimed by the Observer comes down, at most, to 1 billion spread over 18 countries. This will almost certainly be halved - providing less than six days` worth of debt payments - because Blair and Brown want the IMF to pay its share of the "relief" by revaluing its vast stock of gold, and passionate and sincere Bush has said no. The first unmentionable is that the gold was plundered originally from Africa. The second unmentionable is that debt payments are due to rise sharply from next year, more than doubling by 2015. This will mean not "victory for millions", but death for millions.
At present, for every 1 dollar of "aid" to Africa, 3 dollars are taken out by western banks, institutions and governments, and that does not account for the repatriated profit of transnational corporations. Take the Congo. Thirty-two corporations, all of them based in G8 countries, dominate the exploitation of this deeply impoverished, minerals-rich country, where millions have died in the "cause" of 200 years of imperialism. In the Cote d`Ivoire, three G8 companies control 95 per cent of the processing and export of cocoa: the main resource. The profits of Unilever, a British company long in Africa, are a third larger than Mozambique`s GDP. One American company, Monsanto - of genetic engineering notoriety - controls 52 per cent of the maize seed in South Africa, that country`s staple food.
8.7.05
A Guerra dos Mundos, por André Bandeira
Blair disse que não vinha para o Partido Trabalhista para perder eleições. E provou-o. " He kept spinning at such a pace " que começou a ter taquicárdias. O seu presumido Mefistófeles foi para Bruxelas por assinar passaportes mas Blair ficou, com o seu ar um pouco de personagem de Lewis Carroll, a ganhar tudo aos pontos e às charadas. "He has spun" sobre as armas no Iraque, não pelo facto em si ( altamente plausível) mas pelo modo como criou uma verdade ‘transparente” e ‘accountable” para o público. Ah, Virgem Santa, que a decadente Inglaterra mostra génio, sobretudo à beira do precipício! Ah, que a decadência é luxuosa! Meu Deus, não há nada mais pobre que alguém que é apenas fiel. A minha Honra pode chamar-se Fidelidade ( para quem era orquestrado numa nuvem de fantasmas e demónios, na Alemanha dos anos trinta) mas a minha Fidelidade chamar-se Honra é uma coisa muito pobre para a Honra, por exemplo a honra de amar a Deus sobre todas as coisas.
Pois a raposa Blair, não escapa agora dos cavaleiros de casaca vermelha, à esquina de Downing Street. Depois de tantas vitórias, alguma coisa tinha de calhar mal. Até fez crer que Paris, a rival, tinha alguma vez tido possibilidades de ficar com os Olímpicos.
Todavia, olhem como o seu discurso foi fraco: primeiro, disse ‘ não nos intimidam!”, depois disse “ não mudam o nosso estilo de vida!” e rematou com “não nos dividem!”. Apesar disso, como um lance de sandbox não basta ao pugilista nervoso e desiquilibrado, porque tem de dar um quarto murro no ar, lá disse, para resumir: ” não nos aterrorizam!”. Pois não! Já dizer ‘ Eu não tenho medo!”, tem de ser provado por actos mas, depois, lembrar que “eu não tenho Terror!” realça apenas que, entretanto, já não se sente medo…passou a ser terror!
E o mesmo vale para a liturgia de cada Governante a cumprir o rito de condenar os ataques e de condenar o Terrorismo. Por cada bater com a mão no peito mais o Terrorismo se banaliza. Começa já a soar como se cada um dissesse: eu não fui ( eu nada sei ou eu não fui) atingido! Quem teve espírito, nesta conjuntura, foi o excluído turco da Europa, Erdogan, que disse que nada vale se continuaramos a chamar a um, o “meu” terrorista e a outro, o “teu” terrorista. É que infelizmente é assim: violência e Terror parecem ser instrumentos que saiem de muitas mais gavetas do que julgamos.
Que significa isto? Que são precisos actos e que há que passar a assassinar “preemptivamente” uns fulanos como aquele do Hamas que disse que a Inglaterra não se devia admirar com o sucedido, aliás como o xeique egípcio, provavelmente raptado em Itália pela CIA, que dissera ( a um jornal português) estar algo para acontecer, em Inglaterra? Não, não é isto!
Quem vai à Guerra, dá e leva e, por isso, nem sempre o tribunal é chamado para resolver certos assuntos. Mas, globalmente, o que é preciso é o que qualquer israelita educado em anti-terrorismo, sabe fazer de olhos fechados: nunca correr para o lugar onde ocorreu a explosão como mais uma vez nos incita Blair . Assim o fizeram os inocentes, automaticamente, na Baixa londrina. Mal houve um impedimento em King’s Cross e tal como um rato de laboratório, foram para um autocarro, onde um suicida nervoso, os esperava como o cão sabido espera a raposa.
Pois é. A gente precisa de espontaneidade, precisa de acorrer, chorar e socorrer o próximo. Os senhores do Big Brother não digitalizarão o meu coração que cultivo além do meu bem-estar! Ala que se faz tarde eu quero é ir tratar da minha vidinha, deixa-me chegar cedo, não vá o patrão atrasar-me a promoção!
É tempo de ver que, num mundo tenso como este, a espontaneidade não é como a do Tom Cruise nas "reprises". A espontaneidade existe também na meditação, na obscuridade, na atitute de quem Quem diz: “Vinde a mim que sou pacífico e humilde de coração”.
Que se deixe o ‘clintoniano” Blair de mantras e pim-pam-pum! É claro que King’s Cross fica perto de Samarrah e Fallujah! A violência e o Terror, há-os de muitas formas. Para africanos que sobreviveram ao Holocausto da escravatura não há milhões de ajuda G8 que saciem a sede de desforra. É verdade que a raiva faz sobreviver e isto de extrair o espinho profundamente entranhado na carne de alguns, exige muita arte e muito amor. Não basta atirar níqueis ao pobre. Se tiverem mais alguma coisa que curiosidade pensem porque é que os Massai, conscientes do mundo moderno para onde já mandam alguns dos filhos, mantêm aquelas lanças bem afiadas. Os turista perguntam-lhes e eles não respondem a rir, como se estivessem num "theme park".
Portanto que Blair não nos incite a correr para o lado da explosão porque há muito que no Ghetto de Varsóvia, os resistentes de Mordechai Anielewicz ensinaram como criar agitação para atrair os SS a uma armadilha bem pior. Eles não tinham nada a perder. Ao fim da operação, os soldados alemães recusaram-se a entrar, alegando pela única vez, da sua parte, na História da Segunda Guerra Mundial, medo dos fantasmas hebreus. Sim, a luta do Ghetto tinha sido tão genialmente concebida que, mesmo depois de acabar, ainda pairavam atiradores nas mentes dos SS extremados e convencidos que era "canja" limpar os sub-humanos.
Sair do Iraque? Não. Sair da coligação e fazer uma nova, porque reconstruir o Iraque é muito, muito mais duro e vai custar muitas mais vidas que a peneirenta parada do maior Exército do Mundo fez por cima dum ditador fora de prazo.
E se vai aí morrer muita gente, que se mude a razão porque vai morrer, como aquela do pobre Nick Berg ou do pobre diplomata egípcio: que não seja para servir uma “Grand Strategy” de quem se arma que não há que compreender o Mundo mas sim transformá-lo (Kagan-Kaplan-Perle).
Que, depois desta asneira monumental do Iraque, se reconstrua um Iraque digno e árabe como alternativa a um Irão, governado por um MRPP desfazado, equipado com bombas atómicas. Sim, um Iraque árabe, feito por árabes e ao modo deles ( não à nossa moda, que - nunca é demais dizê-lo - aquela é a terra deles).
De outro modo, o modelo da potência secundária emergente ( resultante da luta entre EUA e URSS) de Wallerstein, não será a Europa, mas o Bloco do Terceiro Mundo. E isso será muito pior que pedir desculpa ou invocae a lei das consequências imprevistas...
Porquê Londres, Porquê Agora?
Dos mais de 40 mortos e 700 feridos em Londres no 7/7 não pode haver justificação moral. O acto deve ser condenado e os terroristas que o realizaram julgados em tribunal. Deve haver compaixão para com os que sofreram e esperança nos esforços das forças de segurança para o futuro. Mas é imperativo que a narrativa que vai emergir do massacre de Londres não pertença à al Qaeda nem aos neoconservadores
O sincronismo do ataque com a cimeira G8 é significativo. Parece que o G8 com Blair à frente queria secar o pântano da pobreza e “mexer na mudança de clima”. Isso golpeava o coração do extremismo islâmico. Melhorar a eficiência dos transportes e substituir os combustíveis fósseis como fonte da energia, retira importância ao Médio Oriente e aos extremistas islâmicos. A luta contra a pobreza global, também "drenava o pântano” dos terroristas.
A Inglaterra foi atacada por ser aliada da política americana no Médio Oriente. O medo é o grande objectivo dos ataques terroristas. A violência é o meio eficaz. Não se pode responder com a cultura securitária e a paranóia do medo aos ataques do terror em democracia. Os jornais ingleses estiveram muito bem em perceber isto.Mas
necessitamos de uma resposta.
Há grandes probabilidades que os terroristas tenham querido mudar o sentido do progresso, que a cimeira G8 deveria produzir. Os terroristas querem deter a luta contra a pobreza e a mudança energética. Tinham prometido golpear a GB e fizeram-no no momento que mais lhe interessa. Atacam poucas vezes mas de modo certeiro.
Infelizmente, vai ser difícil impedir que os neoconservadores americanos venham reclamar um “bom velho ataque” ao Irão e Síria. A al Qaeda tem os seus “melhores inimigos” na direita americana. A luta contra a pobreza e a mudança energética ficarão para depois.
7.7.05
RON HILTON - AFRICAN SUMMIT : DISGUSTING
RONALD HILTON: The African summit in Libya hosted by Qadhafi went off smoothly, but it was a disgusting affair. He is up to his old business of posing as the leader of Africa. The group refused to condemn the monster Mugabe. It demanded that the aid offered by the Blair-sponsored summit be given without restrictions, and rejected any reference to the obvious corruption of many of its leaders. It demanded that aid be given to all African countries, not just to the poor ones. As a result of all this, my low opinion of African leaders has sunk even deeper, and I am questioning Blair's judgment.
MENDO HENRIQUES: My warmful support to Ron's appreciation of African Leaders and specially the disgusting dear leader Green Book Greenbuck Qadhafi boy. Last Summer, I was invited to teach a university course in Luanda, Angola. My 5 star hotel had the web in the room. The street in front was not paved. African oligarchs abuse of the absence of a middle class in Africa. Transparence is not enough to correct corruption because the patrimonialist tradition of African population admits the enrichment of leaders, even at their own expense. Africa needs will of justice, be it dispensed by churches, the only civil society over there, or by civic movements. Perhaps masons should dedicate more attention to Africa. ( I am not a Mason)
4.7.05
Aromas de Xangai, por André Bandeira
Os aromas de Xangai
Fui a Xangai fazer uma Conferência a alguns estudantes na Universidade de Fudan, a mais velha da cidade que era capital do Mundo nos anos 30. Depois dei um salto a Pequim, onde vivi dois anos. Sou um tipo viajado. As viagens formam a juventude (ouvi eu, uma vez, dum peruca, num filme francês). Mas eu já não sou muito jovem e vejo tanta gente a viajar, com camisas de palmeiras que acho que “cantigas de malteses/ são como barcos no mar/ vão de um porto para outro/ com riscos de naufragar” ( adaptação mundialista de uma quadra de Fernando Pessoa). Vou ficando deformado pelo fuso horário e, quando voltei, vivi uma tarde de Verão, sem fim , pairando sobre a Sibéria, onde eram sempre três da tarde, com uma brisazinha abençoada. A Sibéria, no Verão, é verde, com bosquezinhos benfazejos. Nunca vi tantas disposições de azul e de flocos brancos de nuvens, como se o céu quisesse dizer qualquer coisa. Passei dez horas a contemplar o céu, enquanto os filmes todos que perdi no Cinema me passaram ao canto do olho. A turbulência foi grande, de Pequim até Irkutsk e as horas amargas deram-me lições de humildade e de Gratidão sem fim…
Passei pelo “Bund” e fui comer ao Hotel da Paz ( o heping fanguar) onde paguei 8 contos por um bife e um shuibi ( sprite) porque tive medo de me lançar logo nos pauzinhos e arriscar uma dor de barriga. Estava calor, cheio de água no ar, o Huangpu corria com aquele nome que me fazia lembrar a Academia militar de Wampoa onde Chiang Kai-Chek, de bota alta prussiana e Chue-En Lai, de brilhantina francesa , sonhavam fazer bem ou mal à China, até tomarem o freio nos dentes e fazerem mal a si próprios, mais a tudo o que se movesse em torno. Chu-en Lai, apesar de tudo, poupou muitas vidas. Por isso, quando o povo o foi enterrar, chorou-o sinceramente. Só ficou a “Pequena Garrafa” Deng que, ao querer que as respectivas cinzas fossem dispersas pelo Oceano, como Rock Hudson - que morria de Sida, ao mesmo tempo, do outro lado do Pacífico -mostrou ter salvo um pouco da sua alma, que escondia na Longa Marcha, com bebedeiras sem fim…
Suave, é linda a curva do Huangpu em frente ao Bund. Toda a gente vai lá ao fim da tarde. Toda a gente está lá de manhã a fazer Tai-chi ou a dançar. Foi bonito o sonho de pôr tanoeiros e metalúrgicos a dançarem o pasodoble sob a chuva tropical, na curva do rio. Tive em tempos uma amiga, filha duma chinesa refugiada que dizia que nunca poderia casar com um homem que não soubesse dançar. Em Zorba, o Grego, Anthony Quinn explica a Alan Bates que quando lhe morreu o filhinho, teve de dançar. É uma bela cena.
Agora vão milhares de pessoas para o Bund. Uma rapariga invectiva-me em bom inglês sobre quantas vezes estive em Xangai. O namorado olha-me como se o facto de eu não responder seja o mesmo, no Ocidente, que eu meter-me com a namorada de alguém, nas suas barbas. Respondo e minto, porque, ali, não ter ido pelo menos dez vezes a Xangai faz sentir qualquer um, parôlo. Ao lado, uma mulher interessante, discretamente vestida, olha o horizonte sem qualquer noção de pecado, deixando as saias esvoaçarem pandas ao vento sobre as pernas cruzadas, numa pose digna e segura como uma feminista do tempo de Sartre.
Os estudantes confundiram-me. Talvez deliberadamente. Quando citei o caso da antiga Primeira-Ministra da Suécia que teve de renunciar à chefia do Governo e do Partido porque se esqueceu de reembolsar um cartão de crédito oficial, no prazo, em doze contos de flores oferecidas a um Homem e chocolates comprados para os filhos, a única Doutorada, além do anfitrião ( mulher que me pareceu, de trabalho e leal) olhou-me com entusiasmo.
Os outros disseram-se neoconservadores. Excitados com os próximos programas, em Uppsala ou em Princeton, compararam o recuo sistémico do Poder em Pequim como um ‘neo-conservadorismo” chinês, cheio de heroísmo liberal e de moralismo civilizador mas sem os arrojos imperialistas de Kagan, Kaplan ou Perle. Admiravam a América, de um modo anódino, não pelo sistema, nem pela gente, mas por serem os que ainda fazem a vanguarda do Mundo. Um dia serão eles, um dia a China brilhará para todo o Mundo, mais atraíndo que dominando, mais seduzindo que conquistando. E se nunca será imperialista – crêem eles – é porque a China “ tem uma enorme vontade de se federar”.
Alto lá. Ora eu pensei que a China fosse um país. Um país que passava Taiwan, se estendia à Indonésia ( onde 80% da riqueza se concentra em 3% de chineses) chegava ao Havai onde Sun Yat-sen se exilou e se estendia aos americanos nativos, vindos pela ponte de Behring, que eram todos asiáticos. Mas não é. Aí suspeitei que me enganavam: “os Chineses querem-se federar” não porque estão a partir-se, como quis Lee Teng-Hui ou o induz o Dalai Lama, mas porque Taiwan e Pequim se têm que unir.
Isto não quer dizer que os estudantes estivessem inconscientes da fragilidade de barro que tem a China continental, ou a China “amarela”. Claro que o sabem mas estão ainda seduzidos pelos ‘ amanhãs que cantam”.Existe um materialismo, como uma insónia sem fim, uma comichão sem origem, que não tem rosto, nem Pátria, nem conteúdo. É apenas uma fogo-fátuo, uma estrêla que se persegue incessantemente. É como uma espécie de eterna juventude sem velhice grata, sem morte tranquila, é um quarto de tortura permanentemente iluminado. Mas que posso fazer? Afinal estes sonhos de Luz nem sempre são maus, mesmo quando políticos, quando quem os sonha não tem todo o Poder na mão. Podem dar às pessoas uma certa Esperança, por mais imberbe que seja.
O Professor olha para os dois convidados na minha mesa de honra. Ambos são dirigentes estudantis, uma rapariga e um rapaz. Não conhecem mutuamente as respectivas ideias. Subtilmente, ela diz-me que a estátua de Mao, à volta da qual se reúnem os estudantes graduados dizendo em pares aquilo que não foram capazes durante o ano inteiro ( isto é mais universal que o imperativo categórico!) tem a mão levantada: “ está a chamar um taxi”, diz ela. Certamente para sair dali, penso eu. E era isso que ela queria dizer.
O rapaz diz-me que o número de vítimas do Maoísmo foi superior a 70 milhões. Aí eu compreendo: a luta interna do comunismo chinês foi tão aventurosa, nem desafiante como a mais espantosa liberdade democrática. Aí, eu vejo claramente, a virtude da Democracia: não é por ser a menos má, mas por ser a sociedade política menos verdadeira, onde corre menos sangue.
O Professor diz-lhes: “Isso é bom, vocês serem dirigentes estudantis! É bom para chegar longe. Também o nosso conterrâneo Hu Jintao chegou alto!”
“ Sim”, diz-lhe o estudante” Mas Você, Professor, também foi!”
“ Ah, mas eu progredi profissionalmente. Não foi à conta da juventude!”
À noite, na Nanjinlu, a rua que levava das concessões estrangeiras, sem cães nem chineses, para a capital Nanquim, passeio por um cenário de Hong-Kong ( com 17 milhões de habitantes laboriosos, Xangai voltará a ser a capital do Mundo) enquanto Pudong exulta de néon. Vejo famílias de trabalho que gozam um pouco o seu bem-estar e estrangeiras loiras em esplanadas, ainda um pouco contraídas. Sou abordado por três prostitutos e três prostitutas. A última é uma rapariga com o ar educado por 5000 anos de civilização mas um corpo pequenino de rapariga que foi mal alimentada na infância. Agradeço-lhe delicadamente como se a uma estudante de boa família a distribuir volantes publicitários pela rua.
No comboio para Pequim, três velhos ( como serei em breve) falavam, como falam nos hutongs, com paixão e sabedoria, um californiano, um do Interior, um mais jovem, afinal, todos de Pequim.
Em Pequim, numa casa de banho de luxo, no Centro Lufthansa, um empregado dá-me toalhas para eu limpar as mãos no lavatório. O meu coração surpreende-se por ver aquele Homem da minha idade, várias horas por dia no ar húmido e obscuro de uma casa-de-banho, a fazer aquilo, na Pátria que quis libertar o Homem para sempre.
Volto em mente para o meu combóio, onde os três pequineses falam eternamente pela noite fora, sem nunca se desentenderem, sem nunca se magoarem. Adormeço ao lado, em paz, doce é o sono num combóio chinês, porque as árvores que passam ao lado são antigas.
Falo de noite, e choro, dilacerado pelos meus pesadelo ocidentais de guerras, ambicções e ressentimentos. De manhã, um dos velhos, que me ouviu, olha-me em silêncio com terna discrição.
3.7.05
PUTIN AGRADECE A PORTUGAL
O Presidente da F Russa, Vladimir Putin, falando de Portugal, disse hoje que “a cooperação desenvolveu-se consideravelmente ao longo dos últimos 30 anos. Mas é evidente que não tencionamos parar aqui. As excelentes perspectivas para a expansão da nossa cooperação foram confirmadas durante as nossas reuniões em Portugal em Novembro último”. Acrescentou : “Eu gostaria de realçar que estamos gratos aos líderes da Bélgica e de Portugal pelo seu apoio consistente no fortalecimento da parceria de igualdade entre a Rússia e a União Europeia. Como sabem, é uma das nossas políticas externas chave”.
Não existe eixo lisboa moscovo. O que se está a passar foi sintetizado por Alexander Zinoviev: para que haja democracia nas relações internacionais, têm que existir diversas potências e contra-poderes.
2.7.05
CHINA E EUA - Formosa será o Teste
Washington ProFile apresentou recentemente um estudo conduzido pela RAND Corporation. O estudo trata das potencialidades das nações. A avaliação foi baseada em três critérios: recursos e oportunidades de um país; taxa de eficiência do país em usar os recursos para a administração, taxa de eficiência do país em usar as oportunidades de política externa. Por resultados os EUA têm 20% da potencialidade do mundo, a Europa e China 14%. Índia tem 9%; Japão, Rússia, Brasil, Coreia do Sul 3%. A América diminui após ter alcançado o pico em 2015. A E perde potencialidades ao contrário de China e Índia.
Os EUA estão já a usar as suas bases militares em Uzbekistão e em Kyrgyzstão para "finalidades anti-Chinesas." Solicitaram aos governos desses países para aceitar aviões espião AWACS nas suas bases. Os E. U.A estão em negociações com o Vietname para aluguer a base ex-soviética em Kamrang, para monitorizar as áreas do sul de China.
Washington ProFile reflecte a posição do governo dos E. U.A perante aumento do relacionamento da Rússia com China, e a possibilidade de acções coordenadas por Rússia, RPChina, e Índia. Na recente reunião de Vladivostok os três países empenharam-se na paz "em todo o mundo" e em promover o desenvolvimento de um mundo multipolar sem hegemonia, nem terrorismo. Não aprovam a política externa dos E. U.. Pequim segue a situação internacional que pôde ter um impacto na segurança da China porque E. U.A e China são os concorrentes geopolíticos principais do século XXI. A luta invisível entre as duas nações já começou. A luta ficará mais esclarecida quando e como o problema da Formosa for resolvido.
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