30.4.06

Links Petrodólares

1. *Petrodollar or Petroeuro? A new source of global conflict
<
http://www.feasta.org/documents/review2/nunan.htm>**, Cóilín Nunan*
2. *Petrodollar <http://www.energybulletin.net/7707.html>** Warfare:
Dollars, Euros and the Upcoming Iranian Oil Bourse
<http://www.energybulletin.net/7707.html>**
William Clark *
3. *Dollar vs EURO -- Weapons of mass destruction, Think & Ask
<http://www.thinkandask.com/news/thedollar.html>*
4. *Trading oil in euros ­ does it matter?
<http://www.energybulletin.net/12463.html>by Cóilín Nunan*
5. *What was the Oil-for-Food program?, ONU
<http://www.oilforfoodfacts.org/faq.aspx>*

29.4.06

São os Petrodólares, Estúpido!


O governo de Teerão lançou a arma "nuclear" final que pode destruir o sistema financeiro do império americano. Essa arma é a Bolsa de Petróleo baseada em procedimentos que implicam o pagamento de petróleo em euros. Em termos económicos, é uma ameaça muito maior do que a de Saddam em 2000, que começou a exigir euros pelo petróleo do Iraque. Se a Bolsa pegar, o dólar será marginalizado, pois Europa, Japão, China e Árabes têm cada um as suas razões para pagar em euros e aliviar a carga dos petrodólares que são a taxa indirecta imperial criada pelos EUA.

O dado financeiro elementar a ter em conta é que uma nação lança impostos sobre os seus cidadãos, enquanto um império lança impostos sobre outras nação-estados. Pela primeira vez na história, com a inflação, os EUA criaram um sistema de taxar indirectamente outras nações, de forma não coerciva mas incontornável. Nunca obrigaran ao pagamento direto dos impostos - como os impérios precedentes - mas entregaram a outras nações a sua própria moeda, o dólar americano, em troca de bens, com a perspectiva de inflacionar e desvalorizar o dólar e pagar mais tarde cada dólar com menos bens económicos - a diferença ganha representa o imposto da hegemonia imperial dos EUA.
Hoje, o império americano sente as suas dores. Allan Bloom, um straussiano para que fique claro o diagnóstico, escreveu desde 1989 sobre o “fechamento do espírito americano”; Paul Kennedy escreveu desde 1994 sobre a sobreextensão militar e Chalmers Johnson sobre o Blowback criado pelas 1000 bases no exterior. E o financiamento do império, e da guerra do Iraque em particular, que Joseph Stiglitz já calculou custar de 1 a 2 triliões de dólares, conforme os critérios de curto ou longo prazo, é conseguido pelos velhos métodos matreiros de depreciação da moeda da moeda corrente e de um comércio externo com deficits imensos. Ou seja, a América é uma economias sem poupança, uma nação devedora, e é o resto do mundo quem a financia. Se o resto do mundo sair do sistema dólar e terminar com o crédito aos americanos, o império desmoronará? (O assunto segue em próximos posts… naturalmente)

27.4.06

Parabéns Inês

A 24 de Abril estive no lançamento do livro da Inês Almeida, o seu primeiro livro, intitulado "Canto e Castro - Vou Contar-te Uma História". A apresentação foi no Teatro da Trindade e depois de algumas palavras dos directores, editores e J. E. Agualusa, coube a Francisco Moita Flores proferir a apologia do visado, da autora e do dia a seguir. Moita Flores sabe ter a emoção do actor falhado que confessou ser para citar Antero, e fazer viver os bons e os maus tempos do teatro português, agora que está imerso na gastronomia escalabitana. A Inês, que foi minha aluna, estreia-se com uma biografia de um actor a quem dá segunda vida. Espero que possa vir a colaborar comigo e com a PS e a MJM num projecto que temos de um genéro radicalmente diferente.

26.4.06

Caminho de Santiago, por André Bandeira

A certa altura, o Pensamento começa a ficar o que é: pensamento. E, por isso, começa a ficar silencioso.

A certa altura, o bom pensamento começa a ficar acção, silenciosa. Porque as palavras, muitas vezes suscitam a desconfiança de quem aprendeu a lei de que quanto mais se prega uma coisa, menos se a faz. E, se as palavras dão a volta ao todo, as acções ficam-se pela parte, mais humildes, menos conhecidas. De A a B, o caminho é comprido. Talvez Santiago nunca tivesse estado em Compostela, talvez Nossa Senhora de Fátima fosse a filha do Profeta. Mas, do caminho que o peregrino faz sózinho, nem um passo se perde, nem uma gota de suor, nem um espasmo de costas são em vão. Por isso, o melhor filósofo não é o jovem febrilmente inteligente e alguns dos maiores filósofos não deixaram uma linha escrita.

As palavras têm que ter ritmo, para dar ritmo ao pensamento. E o pensamento, por fim, cessará de nos cansar, de perseguir a própria cauda. Dará lugar talvez ao Verbo Daquele que é e que foi. E que será. E faremos uma tenda para ficar ao pé Dele. Eu sou! Um ser humano. Eu sou! Um ser humano. Diz o canto comanche. E outro diz: Todo o dia é bom. Porque estás vivo. Todo o dia é bom. Porque estás vivo.

Bendito seja o caminho de A a B, que nunca terá reconhecimento. Muitos se encontram pelo caminho. Uma senhora que tenta passar à frente, aflita e que, depois, de passar, fica para trás de todos, correndo com o seu saco pesado. Dá-lhe a mão. Mesmo que te atrases, pois o momento da tua chegada é outro.

Na fila para comprar bilhetes, um africano jovem dá o golpe. E um velho romeno quase perde as estribeiras, na força da idade, quando teve que ser trôlha num país estranho. Um jovem rico pergunta a um japonês se ele espera na fila para comprar um bilhete para a China. Depois, o japonês, humilhado, ameaça com um gesto de artes marciais (que se vê que domina como andar a pé) o africano, que invoca a mãe doente, para ultrapassar quem espera há horas. Eu sou. Um ser humano. Eu sou. Um ser humano.

Venho dali e vou para longe. Como é pura a concha que o peregrino de Santiago leva sobre o peito. E puro é o mar que deposita esta sua pérola na solitária montanha.

São Tiago: peço-te que salves a minha amiga Mílvia. É o único amparo do meu amigo Roberto. Sim, que era fascista e filho de fascista, e tremeu com o pai, de espingarada na mão, contra os partigiani. E que chegou a vice-Director dos Correios de Roma e que se recusou a acatar a ordem de não dizer a uma centena de funcionários, que iam ser despedidos. E que, mal saíu da sala, sabendo o que o esperava se o fizesse, chamou os delegados sindicais e disse-lhes que dissessem aos seus associados o que ia acontecer. E que, a dois anos da reforma, acabou como caixeiro. Mas que ainda hoje, o delegado socialista e o comunista, o vão visitar e se pegam a discutir pela tarde inteira.

Santiago, do caminho solitário, Romeiro dos Romeiros, Deus deu-lhes uma vida difícil. Um filhito que nasceu prematuro e não mais filhos, quando morreu. Uma casa para pagar que os fez passar fome.

Santiago, salva a minha amiga Mílvia, como a batalha da ponte de Roma em que todos, não apenas Constantino, vimos uma Cruz no céu.

25.4.06

Foge a boca para verdade - Khalilzad


25 de Abril, Borzou Daragahi, Los Angeles Times
Talvez impante pelo pequeno sucesso de Al-Maliki ter formado governo iraquiano após seis meses de impasses, o embaixador Khalilzad dos EUA veio advertir da estadia longa no Iraque, e comparar o esforço para impor a democracia no Médio Oriente com esforços dos EUA para “reconstruir Europa e Ásia” após a 2GM. É a perversão da Diplomacia e o recionhecimento do Proconsulado.

BAGDAD, Iraque - "Nós devemos, talvez relutantemente, aceitar que temos de ajudar esta região a transformar-se numa região normal, da maneira como ajudámos a Europa e a Ásia noutros tempos", afirmou o embaixador Zalmay Khalilzad em entrevista. "È nesta área, do Paquistão a Marrocos que devemos centrar-nos”. O embaixador incitou os americanos cansados da guerra a preparar-se para uma estadia longa a fim de transformar o Iraque e a “região circunvizinha”. O esforço americano a longo prazo para "dar forma ao futuro desta região" continuará “não obstante que Partido controla a Casa Branca, quanto tropas permanecem no Iraque e que tácticas e estratégias são empregues. “Querendo ou não, este é nosso destino, dada a nossa preponderância no mundo, o nosso papel no mundo e por causa dos nossos sucessos."
NOTAS
1) Khalilzad, – O monopólio globalista – O “imigrante afgão” tem advogado um esforço agressivo para impor a democracia ao mundo muçulmano, um sinal do globalismo americano entregue a representantes cada vez mais desamarrados do “Ocidente” ou seja da aliança europeia. (Condoleeza Rice, Gonzalez, Petroleiros variados).
2)
como ajudámos a Europa e a Ásia noutros tempos” – A América ajudou-se a si própria na 2ª Guerra Mundial.
3) “Esta região” – A ignorância globalista: “do Paquistão a Marrocos” não é uma região. É evidentemente uma área ideológica, a do Islão, com imensas diferenças internas e dinâmicas próprias. A democracia tem lá o seu caminho e será a deles.
4) “…não obstante que Partido controla a Casa Branca” – O “determinismo globalista” Ninguém muito interessado em empregos no Ohio, na vida local “small is beautiful” que fez a democracia americana. O Globalismo está a devorar a América.
5) “Este é o nosso destino” – Enésima versão do manifest destiny. As élites governantes americanas levarão mais uns anos até reconhecer que são apenas o último império moderno.

23.4.06

Jonas Savimbi, por Eric Margolis

This column can now confirm that Gen. Jonas Savimbi, the late leader of the UNITA movement in Angola, with whom I spent much time in the 1980’s bush war against the communists, was assassinated in a joint murder operation conducted by the US, Israel’s Mossad, and the Angolan communist regime. Savimbi was standing in the way of US domination of Angola’s oil and a deal between its Marxist regime and the US.
Eric Margolis,

January 30, 2006

21.4.06

Neo-liberalismo é como o SIDA, por Jean Ziegler

A obra "Os Novos Senhores do Mundo" vale a pena ser lida. Para Ziegler os lugares das grandes batalhas actuais são as bolsas de valores e as bolsas de matérias primas. Tóquio apaga-se para abrirem Francoforte, Paris, Zurique e Londres e depois Nova Iorque abre o pano. O capital virtual actualmente em circulação é 18 vezes mais elevado que o valor de todos o bens e serviços produzidos durante um ano e disponíveis no planeta. É a economia Y€S. A velocidade de circulação encolhe o mundo e abole o tempo. E como disse Pierre Bourdieu, o neo-liberalismo é como o SIDA : destrói o sistema imunitário dos Estados que o praticam. (Contre-Feux, vol. 2 , Paris, Raison d’Agir, 2001)
Jean Ziegler vai analisando o mundo actual e refere que um homem com emprego precário não é um homem livre. Não basta a existência de uma democracia formal: se temos medo de exprimir o nosso pensamento, pois podemos ser condenados ao desemprego, não somos, de facto, homens livres. Para além disso tornamo-nos egoístas pelo medo; em vez de solidários somos cada vez mais solitários, procurando resolver os problemas sem os outros... Na página 86 da obra, Ziegler cita Rousseau: "Estão perdidos se esquecerem que os frutos pertencem a todos e que a terra não pertence a ninguém". Mas, como um dia disse Blaise Pascal, "todas as boas coisas já foram ditas, mas não foram feitas."
Jean Ziegler, "Os Novos Senhores do Mundo e os seus opositores",Lisboa, Terramar, 2003.

20.4.06

Novos Blogs

Acrescento hoje os blogs Rititi, a bem da animação, e Bodeguim e Eu Sou Jornalista com óptimos links.

17.4.06

Notícias do Passado, Francisco Franco

Francisco Franco

Mestres do Nosso tempo, Bernard Lonergan1904-1984

« Le problème de la connaissance de soi auquel se heurte l’être humain n’est plus de l’ordre d’une préoccupation individuelle inspirée par un sage de l’Antiquité. Il a pris les dimensions d’une crise sociale. Il est légitime d’y voir l’enjeu existentiel du vingtième siècle. »

16.4.06

Che Guevara - Mito e Facto, INSITUTO mILLENIUM



Documentário - Ernesto “Che” Guevara

Publicado originalmente no site do Instituto Millenium.

“Fusilamientos, sí. Hemos fusilado. Fusilamos y seguiremos fusilando mientras sea necesario.”

TRADUZIDO POR pEDRO sETTE câMARA, Brasil

Assim, com a voz de Che Guevara, inicia o documentário Che: Anatomia de un Mito, que pode ser descarregado diretamente em formato WMV (Windows Media Player; o arquivo tem 71 MB). O vídeo para o computador está muito pequeno, mas vale a pena ver ex-correligionários de Che Guevara contando a verdade sobre ele: fazia comentários racistas, anti-gay, não tomava banho, nunca hesitava em matar pessoas sob quem pesasse a mínima suspeita, e possuía uma incompetência singular no comando das guerrilhas. Não sou eu que estou dizendo. São as pessoas que conviveram com ele.

Há também dados históricos indisputados que você pode buscar em outras fontes. Há o livro mais recente de Alvaro Vargas Llosa, The Che Guevara Myth and the Future of Liberty. Quem quiser informações agora pode ler sua matéria sobre Guevara feita para a New Republic ou simplesmente ler o curto artigo Ten Shots at Che, em que desfaz dez dos principais mitos a respeito do maior vendedor de camisetas de todos os tempos: tornou Cuba subserviente à URSS, destruiu a economia cubana – os racionamentos que duram até hoje começaram quando Guevara era ministro da fazenda – , executou no mínimo centenas de inocentes, tomou para si uma enorme mansão assim que o regime de Fulgencio Batista caiu, recomendava o roubo a bancos e, declarou que Cuba seria proporcionalmente mais rica dos que os EUA. Deve ser por isso que as pessoas preferem enfrentar um mar infestado de tubarões em jangadas a ficar ali.

Se todos os dias eu visse alguém com uma camiseta de Hitler, eu ficaria muito preocupado. É por isso que fico preocupado ao ver pessoas com camisetas de Guevara: estão cultuando um assassino, que só difere de Hitler pela extensão de seus crimes, não pela natureza. Mas nossa sociedade permite que assassinos que estão do lado de Stálin, sendo nominalmente comunistas, sejam objeto de culto e veneração. Se isso não é sinal de uma gravíssima patologia social, não sei o que pode ser. As civilizações de fato morrem por suicídio, não por assassinato.

13.4.06

Vietnam, por André Bandeira

‘Quod bellare semper peccatum est”
S. Tomás de Aquino
“ A Guerra é um Sol negro que murcha as almas”
Jean-Marie Le Pen

A Primavera está aí e até soterrados a sentimos.Que tempo maravilhoso para viver e como a nossa memória é curta. Por isso, façamos como se fôssemos deuses: nem Passado, nem Futuro! Falemos da Guerra no Vietname e da sua estória que é um Passado que desaparece no Presente e reemerge no Futuro. Estão todos vivos, até os mortos, menos o Jimmy Hendrix.

Dizem que a Guerra é a Primavera da História...

Ora a Guerra entre os Vietnames do Norte e os do Sul, saídos dos Acordos de Genebra de 1954, já foi confessada ter sido provocada pelo ataque forjado dos Serviços secretos dos EUA, sob nome de código OPLAN34, infligido sobre o seu próprio navio Maddox, para pretextar os bombardeamentos sistemáticos acima do paralelo 17, sobre o território de Hanói e de Ho Chi Min, Giap, Le Duc Tho. ‘Rolling Thunder”! Assim, entre 1964 e 1972, Washington mandou deitar o dobro de toneladas das bombas largadas durante toda a Segunda Guerra mundial. Morreram mais de um milhão e meio de pessoas, foram feridas ou decepadas muitas mais e deixou não sei quantos milhares a lutarem com sombras e demónios pelo resto das suas vidas. Recordações também para o Napalm e o “Orange Agent” que desfolhou milhões de hectares de floresta equatorial, matou de cancro não sem quantos soldados dos EUA, fez gerações inteiras nascerem e cresceram em cidades debaixo da terra onde muitas vezes se morria asfixiado com gás mostarda. Lembremo-nos de Dien Bien Phu, uma década antes, onde Legionários Estrangeiros, com nomes Kurt e Fritz, sobreviventes de desminarem a Normandia, depois das salamandras lhes passearem sobre as feridas, se arrastavam para combater, já sem uma perna, ou sem um braço.

Mas a Guerra renova o mundo...

Lembremo-nos dos soldados vietnamitas que arrastavam toneladas de artilharia durante a noite, se deitavam debaixo das lagartas dos tanques quando estes adornavam na lama, que se organizavam em pelotões suicidas para atacarem o reduto francês de Tonquim. Recordações para a Ofensiva de Tet, começada em Janeiro de 68 com um ataque suicida dum guerrilheiro VietCong, na porta da Embaixada Americana em Saigão, e que levou logo 7 atrás de si. E ainda dos 20.000 mortos vietcongues desta vitória americana. E ainda de Khe Sahn, onde os marines venceram com perdas de batalhões inteiros numa só hora, ou apenas alguns minutos ( um batalhão tem cerca de 800 homens). E da batalha corpo a corpo nas ruas de Hue, a Guimarães dos Vietnamitas, outra vitória americana. E do monge budista que se suicidou como uma tôcha humana em 54, num episódio que a cunhada do presidente Diem, de Saigão, católico e personalista, chamou de “barbecue”. E depois do religioso norte-americano, Quaker, que fez o mesmo em frente ao Pentágono. Recordações para os 12 milhões de dólares em papel higiénico que apareceram a crédito nas contas da Guerra e nunca a débito. Do Presidente Lyndon Johnson que parece ter impedido pessoalmente o médico de John Fitzgerald Kennedy, assassinado em Dallas, de lhe fazer a autópsia. O mesmo Johnson que sonhava, como Democrata, em fazer dos EUA uma “Great Society”, com Justiça Social e as minorias integradas mas que teve de acabar por renunciar, um dia, ao sonhar com o seu antecessor Wodrow Wilson, entrevado por uma embolia cerebral, implorando à mulher para lhe administrar o Gabinete. E lembremo-nos do jovem Procurador-Geral Robert Kennedy, que se batera sem quartel, contra a Máfia, candidatando-se em 66 à nomeação do Partido Democrata, mas anunciando “que se iam passar coisas más”. E passaram: Luther King gritou que 13% de Negros não podiam ser 28% de baixas no Vietname, com apenas 2% dos Oficiais e morreu. Kennedy morreu pouco depois e Norma Jean foi ser bonita e triste para o Paraíso, assassinada. E, enquanto o Senador esquerdista McCarthy perdia a nomeação para Hubert Humphrey, apesar dos seus amigos Rubin, o Judeu pobre, e Dellinger, o académico remediado, que faziam as primeiras manifestações contra a Guerra ( juntando, uma vez, os primeiros “Veteranos contra a Guerra”, de medalhas obtidas por heroísmo em combate nos seus casacos rôtos, marchando na fila da frente), Richard Nixon porfiava a nomeação no Partido Republicano, com um plataforma de retirada, que deixava Saigão responsável pela sua própria Defesa. E foi o mesmo Nixon, segundo o seu fiel Chefe de Gabinete Robert Haldmann (o mesmo que foi enterrado vivo com o caso Watergate) quem se aproximara da China, para fazer frente à expansão soviética.Haldmann disse logo no processo que o “garganta funda”era Gordon Liddy ( para quem trabalhava este, afinal?).

Mas a Guerra é a parteira da Civilização...

E lembremo-nos do Ministro da Defesa de Kennedy, Mc Namara, o obsessionado pelos factos, a quem Johnson, que já fôra médico legal, diagnosticou um colapso nervoso, se teve de demitir, foi para o Banco Mundial e só voltou a piar em 81, e falar na primeira página do International Herald Tribune, 17 anos depois, vangloriando-se (!?) de que a Guerra fôra totalmente inútil. Ou do Almirante Westmoreland, que depois de repelir com êxito os vietcongues, se propôs descobrir o que o fazia perder na frente interna de Saigão, se era a prostituição, ou o narcotráfico, ou o crime organizado e a tirania, para receber logo o bilhete de regresso a casa.

Já na altura se criavam factos, se cozinhavam as notícias, se faziam ataques “preventivos” e “cirúrgicos” que só faziam o tumor saltar a correr da cama do hospital e disfarçar-se de cirurgião-chefe, na hora das visitas.

Mas a Guerra, mas a Guerra....ah! Calem-se...

Foram no Outono mas deviam ser na Primavera. As manifestações como aquela no Pentágono, com Timothy Leary e Joan Baez, mais a fotografia do seu marido que se recusou a combater por objecção de consciência e do Doutor Benjamim Spock que disse que não andava a ensinar as mães americanas a criarem bébés para que os filhos fossem morrer no Vietname. Quando as raparigas começaram a meter flores nos canos das espingaradas dos Guardas Nacionais e rebentou a maior violência civil da América depois da Guerra da Secessão, deixando quatro estudantes mortos, no chão do Ohio. Nixon disse que uma das raparigas mortas era “lixo”. O pai dela foi à Televisão e só disse, sem chorar e sem se aperceber que ela já não estava entre os vivos: ”A minha filha não é lixo”.

E quando vejo uns desgraçados a caminharem em cuecas num sítio do Mundo, expulsos duma prisão para o deserto ao qual, como dizia Tácito, chamaram Paz, lembro-me de Shylock, o Judeu que todos somos, pela voz de Shakespeare:

“Não tem um judeu olhos? Não tem um judeu mãos, orgãos, dimensões, sentidos, afectos, paixões? Não é alimentado pela mesma comida, ferido pelas mesmas armas, sujeito às mesmas doenças, curado pelo mesmo Inverno e pelo mesmo Verão que um Cristão? Se nos picais, não sangramos? Se nos envenenais, não morremos? E se nos fazeis mal, não nos havemos de vingar?...se um judeu faz mal a um cristão, onde está a Humildade? A Desforra…Porquê? A Desforra!

"A baixeza que nos ensinais, sou eu quem a executa!”

O Blog da Rititi


Não sou adicto de blogs, nem sequer do meu que partilho com o caro André Bandeira. Também não adiro à teoria da Clara Ferreira Alves de que os blogs são para frustrados; essa menina não percebeu nada de como a blogosfera liquidou definitivamente qualquer tentativa de big brother, o que não significa que não deixe à solta uma vaga de bacorinhos(as) a farejar um misto de informações, argumentos e ruminações simultaneamente divertidas e perversas.

Vem este parlapió todo a propósito do blog da rititi, um clássico no género orgiástico, para lhe dar uma classificação qualquer que faça pensar que andei a pensar muito no assunto, o que não corresponde de todo à verdade. Tecnicamente a rititi é o blog de uma “gaja”. Na nossa “sociedade-qualquer-coisa pós-moderna” a rititi cumpre funções semelhantes à de uma sacerdotisa dos templo pagãos de Diana, uma geisha conceptual, capaz de trocar os desejos sexuais de leitores e leitoras por caprichos intelectuais: não conheço a senhora para acrescentar vice-versa, e não me comprazo em difamações infundadas.
No caso vertente tem a “ gaja” ou senhora ( bem... até pode ser menina porque eu desconheço idade, estado civil e mais normativos da rititi - e não preciso conhecer para me pronunciar) tem, dizia eu, boas técnicas, como a de introduzir um i-pod com as músicas EURO-TRASH ! “a que os parolos chamam pirosas” do festival da Eurovisão. E comenta a senhora: “Selecção histórica da Eurovisão: para que nenhum europeu se possa ficar a rir dos demais.” O que é absolutamente verdade e lapidar.
Também gostei dos comentarios contra a globalização a propósito dos chineses e há muito de verdade na contraposição de portugueses e espanhóis com o cristiano ronaldo a andar com a mersha romero. Eu seria incapaz de me meter assim na vida dos outros, ainda que interpretativamente e com isto não quero referir qualquer metáfora fálica. Mas a Rititi é uma intelectual, convém não esquecer, senão não se dava ao trabalho de dissecar com bastante graça mas, a meu ver, com excesso de inuendos, a espuma dos dias.
Só para terminar com mais uma erudição. Há aqui na rititi qualquer coisa do expressionismo alemão dos anos 20; a realidade é tão ligeira que até a arte parece mais grave. Deve ser impossível ter razão em qualquer debate com a rititi, porque não é de razão que aqui se trata; mas sim dos tais impulsos, digamos, elementares.
Com tudo isto, o blog não é mau: a realidade que desmistifica é pior.

12.4.06

A Democracia Divide - Eleições em Itália, Por André Bandeira

Bernardo Provenzano foi preso. Quem traíu o Chefe ?

Santapaola tinha sido preso em 1992. Toto Riina, pouco depois. Portanto, Provenzano era Imperador sozinho, como todos os Imperadores.

Alguém lhe disse: andas demasiado livre e sozinho. A Liberdade é um perigo para as coisas sérias. Nós, senadores, sabemos (e queremos) do fundo da fossa humana que ninguém é livre. Vais ter de crescer e multiplicar-te na cadeia. E Provenzano foi dentro no dia em que caía Roma. Provenzano não se vende. Só compra. Por isso sabe que não é livre e obedeceu.

A Democracia está a chegar aos limites, empanturrada de contadores da alibís. Como se isso não fosse patente num bilião de muçulmanos, num bilião e meio de confucionistas, nas vagas globais sem rosto nem voz, nas rave-party que destroem tudo numa noite só, mostrando os dentes sem rir, no frenesi sexual, na confusão dos géneros, no desrespeito dos velhos, na Religião de moeda na ranhura e alavanca na mão.

Mas Roma caíu por engano. Escorregou virada de costas, empurrada por uma coligação feita de costas, trazendo aos ombros alguém que estva dentro porque esteve fora e irá para fora, porque esteve dentro. Roma caíu e o Imperador, mesmo no chão é volumoso. Ele, que pagava a todos os clientes porque tinha dinheiro é a maior estátua, no meio das ruínas. Só lhe tiraram o pedestal, a estátua ficou de pé.

Todavia Roma tinha caído há muito mais tempo. A Democracia divide todos, em dois, e dois em três e três em quatro, divide a personalidade, o voto na Primavera e o voto no Outono, as famílias, as Nações. As eleições, ou melhor, o resultado delas é a mãe de todas as divisões. Não são um momento de verdade, são um modificação no Contrato, são sempre emendas. O Eleitorado diz timidamente qualquer coisa, nunca diz tudo, cada vez diz menos, um pouco para se defender dos senadores, um pouco para se aproveitar deles, visto que não confia em si próprio, ele, eleitorado, que foi inventado pelos acrobatas dos quocientes. Votando, julga que se liberta de qualquer coisa, como quem lança uma bola sem pontaria, até lançar todas as bolas e não ficar nenhuma. Por isso não há legitimidade nenhuma em impôr o jogo a quem não quer jogar, ou nunca jogou porque é tudo uma distracção lúdica, contra a consciência, que exige maturação.

Mas o Imperador proclamou-se quando os senadores estavam todos com as mãos entaladas nas bolas, depois de lincharem o Imperador Negro, Mussolini, que nunca ninguém fôra tão amado. Assim, o Imperador da venda pagou para que se calassem as vozes à volta do vazio. E, agora, mesmo caído, tem a estátua mais volumosa, que não cai, de tão redonda, entre as ruínas.

Que interessa saber quantas ruínas há, se mais à esquerda ou mais à direita, conforme a enxurrada do Inverno as dispõe ? Como se pode fazer a unidade do Mundo, contando-o ? Quem dá o divisor não é o ingénuo palerma que quer sempre mostrar que sabe contar e dividir. Além disso, a estátua de um Imperador não faz das ruínas, um Palácio.

Os desolados e saudosos das ruínas juraram tanto fazer a terra rasa, que, para brincarem com as ruínas, arranjaram um Imperador de brincadeira. Por isso Provenzano obedeceu e se entregou. Vai comçar agora um grande processo sobre o acasalamento das ratazanas que medram nas ruínas. E o Imperador continuará de pé, mesmo fora do pedestal para distrair os olhos das ruínas, onde as ratazanas se desenfiarão, como sempre.

E o mais triste é que os saudosos dos palácios continuarão a fazer filmes, a ganhar óscares, a deixarem crescer o nariz como o Pinóquio e a atiraraem pedras ao Imperador de Brincadeira, quando o seu próprio egoísmo, que chamam ternura e o seu cinismo, que chamam beleza, os aborrecerem de morte.

Oh Roma ! Já não és Itália, tu que dizes que não és qualquer. Os Gigantes já não têm força para te levarem à montanha. O Santo dos Alpes, Teresio Olivelli, camisa negra, camisa vermelha, entregou-se por um qualquer, que vinha de longe, aqui e agora, não se entregou por ti, que não existes, que não és nada, só malícia pretendente.

10.4.06

como um canto comanche, por André BAndeira

Vim de Talinn, capital da Estónia e que se chama assim, em estónio, ou seja « lugar dos dinamarqueses ». Depois fui a Rabat, onde as crianças jogam à bola na rua e os sumos de laranja, num copo de palmo de altura, são naturais e custam uma ninharia. Em Talinn ouvi uma guia que falava do seu país, apesar de três vezes duzentos anos de ocupação ( dinamarqueses, suecos e russos). Ah, e ainda os alemães…Um americano tentou dar-lhe uma gorjeta, em frente a toda a gente. Ela baixou a cabeça e emitiu um « não, obrigado » como quem indica a um homem que se enganou na porta da casa-de-banho. A Estónia tem dois milhões de pessoas mas tem mil ilhas e pode sobreviver pelo Turismo. Admiro a sua independência.

Em Rabat, um meu conhecido marroquino, disse-me que queria ir visitar o Algarve em Agosto. Eu disse-lhe que, se fosse, em Agosto, tinha um desgosto. Aconselhei-lhe o interior. Contei-lhe que as muralhas, a vegetação e o cheiro do quarto de Hotel eram o mesmo, desde Urumqi, na China, até ao Algarve. Ele disse-me profissionalmente que se tratava do mesmo tipo de Magia.

Um holandês falou-me em português. Tinha sido cooperante em Moçambique e pusera os afrikanders na ordem, pois lá por ser holandês não era supremacista branco. Contei-lhe o que sabia : que os boers eram uma cultura africana, que o luteranismo deles era um espécie de xangô branco, que tinham chegado ao Cabo sessenta anos antes dos xhosa de Nelson Mandela, que tinham sido os locatários dos primeiros campos de concentração da História Moderna onde foram deixados morrer aos milhares e se cruzaram com zulus, trazendo os rebentos com eles, quando, finalmente, venceram a guerra aos ingleses. Como este holandês era católico, lembrei-lhe da luta desigual da Polícia sul-africana contra a onda de crimes satânicos que percorreu a população branca, antes de passar o poder ao ANC. Disse-lhe que ouvira uma vez, um comissário Boer, de cabelo, olhos e barba negra como um latino, o qual, ao descrever esses horrendos crimes duma população em suicidio espiritual, conseguia passar ainda assim, uma belíssima imagem de consolação na luta eterna contra o Mal, seja em que circunstâncias for. De facto, houve pais que mataram os filhos antes de se suicidarem, filhos que massacraram a família toda. E aquele Comissário, Hugenote perdido no tempo e na História, ainda assim, dava testemunho, erguendo-se contra o vento mau do Universo, sózinho perante Deus, como os melhores luteranos.

Que há de comum em tudo isto ? ( pensava eu dormitando nas traseiras do hotel porque Deus me deu uma hora de descanso, ouvindo as crianças a jogar à bola e perfumado pela brisa do Atlântico africano) . O marroquino não me disse tudo o que pensava – pois talvez pensasse que há um Imperio latente, desde o Turquemenistão chinês, até Silves e que o Afecto o restaurará um dia. O holandês porque não era suficiente para aquelas coisas e me disse o que a sua dupla condição de minoritário ( cooperante holandês e católico) não deixará marca senão no reino das intenções e dos belos gestos.

Depois encontrei Stephy, artesão belga saudoso de Mussolini e rezingão como um francês, ressentido contra os jovens que contestam Villepin. Ele explicou-me que já não havia patrões, mas apenas burocratas multinacionais que nos faziam comer sintético e que contagiavam aos filhos a arte de não trabalhar. E, depois, aterrou-me uma mulher egípcia ao lado que dizia que quando era pequena, saltava para os ombros do pai quando este chegava a casa à noite e agora eram os filhos que lhe faziam o mesmo ( « desforra de mulher », disse ela, enquanto um francês comentava firmemente que « eu e a minha mulher não competimos assim »).

Que há de comum entre isto tudo ? De Talinn a Rabat vai uma onda de ressentimento, de gente que insiste em que é pela revolta e pela desforra que se muda a Vida. Gostava de ter um foto do Dalai Lama assinada, o Homem que pergunta: como podemos desarmar o Mundo se não nos desarmarmos por dentro ? Ah ! A brisa do mar em Rabat, no meu modesto quarto, dando para umas traseiras abandonadas, onde chegavam os gritos dos meninos, como quando havia tempo, na minha infância, foram um presente do Alto …não precisam de ir a Rabat, na Primavera, nem fazer aquilo que o vosso pai não fez, para que as delícias da paz vos toquem …como um canto comanche, que diz apenas : eu sou um ser humano.

9.4.06

Joseph Stiglitz contra os Bombeiros-Pirómanos

"This time, the war is bad for the economy in both the short and long run."
Felizmente, a América do Norte é um grande país de liberdade de expressão.
Stiglitz: The only people benefiting in this war are Bush's friends in the oil industry. He has done the American economy and the global economy an enormous disfavor, but his Texan friends couldn't be happier. The price of oil is up, and they make money when the price of oil goes up. Their profits are at record levels.
Sem sair das baias do economicismo, o Prémio Nobel de Economia de 2001, Stiglitz está cada vez mais contra a manipulação norte- americana das instituições multilaterais saídas de Breton Woods. Afinal Stiglitz conhece bem os bombeiro-pirómanos do FMI; de lá desertou como ex-Vice Presidente para atacar o antigo patrão porque aprendeu com a crise económica mundial de final dos 90.
Stiglitz é conhecido por acusar o FMI de agravar as crises financeiras dos países africanos e asiáticos a que concede créditos. Primeiro são os créditos especiais concedidos para evitar a falência de Bancos, Fundos de Pensões e Fundos de Investimentos e de especuladores privados em todo o mundo. Depois o remédio de cavalo aplicado às populações locais : austeridade orçamental, redução drástica das despesas sociais e dos créditos às empresas. Vale e pena ler no seu site, o famoso exemplo da equipa do FMi que aplicou ao país X de áfrica a receita com base nos dados estatísticos do país Y." Smart people are more likely to do stupid things when they close themselves off from outside criticism and advice".
Agora no terceiro aniversário da "Libertação de BAghdad" e da Guerra do Iraque, numa entrevista ao Der Spiegel, Stiglitz divulga os resultados do estudo que fez com Linda Bilmes, da Universidade de Harvard. Conforme se usem critérios moderados ou radicais, a Guerra do Iraque pode ter custado até agora de 1 a 2 triliões de dólares. Não arruina os EUA cujo PIB anaul é de 13 triliões de dólares ( com muita indústria ligada À guerra). Mas é de uma incompetência e de uma ilegitimidade atroz querer resolver os problemas do mundo com a ocupação da Mesopotâmia quando a ajuda mundial aos países menos avançados (PMA's) é da ordem de 50 biliões de dólares. 20 ou 40 vezes esse dinheiro foi gasto na guerra em vez do desenvolvimento.
Toda a entrevista vale a pena ler.
April 5, 2006 Print | Send this article | Feedback
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SPIEGEL INTERVIEW WITH NOBEL LAUREATE JOSEPH STIGLITZ

"The War Is Bad for the Economy"

Nobel Prize winning economist Joseph Stiglitz, 63, discusses the true $1 trillion cost of the Iraq conflict, its impact on the oil market and the questions of whether the West can afford to impose sanctions on Iran.

Novos Blogues

Ficam hoje apontados novos blogues que tenho lido e reciprocado. O Corta-Fitas que dá umas boas tesouradas. O Interregno e O Restaurador da Independência para as bandas de Vila Viçosa, no espaço e metaforicamente. E a Cidadela dos Incultos.
Passei a colaborar n' O Expressionista de meu amigo Diogo Chiuso, de Santos, Brasil, com uma coluna dizem que sobre literatura.

7.4.06

Índia: conversões em perigo

Jaipur, 7 April (AKI/Asian Age) - Rajasthan, India's largest state, ruled by the Hindu Nationalist Bharatiya Janata Party (BJP), enacted a law on Friday to stop religious conversions by means of allurement, greed or pressure. The state Assembly (parliament) passed the Religious Freedom Bill amid protests by the oppposition Congress party. Minority communities and human rights groups have also opposed the law.

The Assembly passed an amended version of the law with cosmetic changes. The new law contains stringent provisions and, under the law, anyone found engaging in conversion activities by means prohibited by the new law will be liable to be jailed for between two and five years. The act also has a provision to impose a fine of up to 1,124 dollars. It will be a non-bailable offence.

Websites sobre o Irão secularista

Roozbeh Farahanipour, Chairman, Marze Por Gohar Party (Iranians for a Secular Republic) calls attention to these websites giving information about developments on Iran:
www.marzeporgohar.org
http://iranfreedomproject.blogspot.com
http://forthefreedomofiran.blogspot.com/
http://freethoughts.splinder.com/
http://hezbemarzeporgohar.blogfa.com
http://smccdi.motime.com/
http://www.drshahinsepanta.persianblog.com/
http://www.apfariana.com/

Fernando Henrique Cardoso, o Presidente Acidental

Wall Street Journal (4/6/06).

"A Leader Who Got Real" By Mary Anastasia O'Grady

One mid-November afternoon in 1889, three Brazilian military officers marched into the palace of Emperor Dom Pedro II in Rio de Janeiro and ordered him into exile, ending centuries of royal mismanagement and setting the country on a better path. Or so it was thought. Over the course of the next century, Brazil's economy would indeed grow into one of the world's largest. But too many of Brazil's citizens would remain impoverished, and its government would fall far short of a model democracy. The republic born in 1889 survived a mere 40 years. In 1930 Getúlio Vargas seized power on the grounds of election fraud and held it as an autocrat until 1945. Vargas returned to power, as an elected president, in 1951, only to kill himself in 1954 in the midst of a scandal. For the next 30 years, Brazil was ruled by a succession of ineffectual strongmen. In international circles it was reduced to a cliché: "Brazil is the country of the future and always will be."

Then, in the 1980s and early 1990s, borne along by liberalizing trends in South America, Brazil began a turn back to its republican dreams. The turn accelerated notably in 1994 with the election, as president, of Fernando Henrique Cardoso. He was re-elected in 1998 for a second four-year term. By telling his own story in The Accidental President of Brazil -- it includes his grandfather's role as one of the three young officers who sent Dom Pedro II packing -- Mr. Cardoso accidentally helps to explain part of Brazil's difficulty: its lack of a classical liberal tradition, including the idea of limited government.

Mr. Cardoso -- himself a believer in big government and statist programs -- has tried to make his country a just, tolerant and prosperous place. As president, he accomplished a great deal simply by setting into motion a process of modern institution-building -- e.g., reforming the fiscal and monetary bureaucracies. His achievements are all the more amazing when his academic upbringing is taken into account -- a steady diet of Latin-left pabulum. Mr. Cardoso was born in Rio in 1931 into "a perfect upper-middle-class existence" that included a French tutor and a father who "distrusted big business, financial markets or any kind of profiteering, as he believed that money corrupted people." Having been thus "educated" at home, the young Mr. Cardoso took up sociology at the University of São Paulo, doing field work in the city slums. As he trudged through "seas of mud" in a white lab coat, he and his classmates -- "perhaps more interested in being socialists than sociologists" -- were appalled at the legacy of Brazilian slavery.

But he made little progress in understanding the "mystery" of Brazilian poverty. In 1967 he published Dependency and Development in Latin America, a book that he calls his "finest academic work." Fans of political polemic may recall that it was named by the authors of The Perfect Latin American Idiot (1999) -- a critique of statist and socialist thinking -- as one of the region's top-10 idiot-producing works.

We should remember that neither Mr. Cardoso nor most of his countrymen, at the time -- and often since -- recognized the connection between economic freedom and prosperity. In January 1961, Jânio Quadros took the oath of president. Six months into his term, he pinned the Order of the Southern Cross on Che Guevara. A month later he quit the presidency. His vice president, João Goulart, took his place but did not last long. Most Brazilians were "terrified" of Goulart because of his unspecified plan for land reform. Mr. Cardoso plays down the role of the Cold War in all this but by March 1964, a military coup -- with public support -- removed Goulart from office.

The end of the military government in 1985 ushered in chaos. "Many Brazilians had believed that democracy alone was enough to solve our problems," writes Mr. Cardoso, " -- in fact it was creating new ones." The draft of the constitution in 1987 was packed with party favors. Special-interest demands were never refused, "no matter how ridiculous." In the end, nearly 2,000 amendments were whittled down to a mere 697. Still, the constitution "guaranteed outlandish 'rights' that Brazil could simply not afford," writes Mr. Cardoso, "creating laws and expectations that would haunt the country's politicians for years." These included life tenure for public-sector workers after two years of employment. By 1993 inflation had reached 2,500%, and President Itamar Franco asked Mr. Cardoso to become the country's finance minister, a seemingly thankless job.

But Mr. Cardoso, assembling a team of sound economists and introducing a new currency called the real in 1994, turned his tenure into a triumph. "Inflation slowed to only 2% in July, the month the real was launched," he writes. Mr. Cardoso became a hero, not the least to the underclass whose members suffered the most from hyper-inflation. Though never intending a political career, the professor soon launched his bid for the presidency.

It is true that the "real plan" collapsed five years later -- the country failed to convince markets that it could pay its debts -- but in the meantime Brazilians had tasted price stability. Mr. Cardoso's reforms had, in effect, poured cold water on the spending maniacs in Brazil's congress. By the time that the real went to a managed float in 1999, life in Brazil had changed: Market realities and the political cost of inflation were well understood. Transparency in public accounts had become the cornerstone of Brazilian democracy.

Given Mr. Cardoso's intellectual background, it's not surprising to find him hard-pressed, in these pages, to condemn the region's leftist repression. Of Fidel Castro he writes: "I was always surprised by how polite, curious, good-humored and soft-spoken he could be." Still, Mr. Cardoso mentions a telling moment at a 1999 summit meeting in Havana. When the heads of state were alone at a luncheon, one said to Castro: "Damn it Fidel! What are you going to do about this lousy, piece-of-**** island of yours? We're sick of apologizing for you all the time, Fidel. It's getting embarrassing."

The anecdote shows how disingenuous Latin governments can be when they remain silent about the Cuban dictatorship. But for Mr. Cardoso the outburst merely points up the errors of U.S. policy. Are 11 million Cubans living lives of repression, as the luncheon guest implied? Never mind. The U.S. "panders" to "influential" Cuban exiles, Mr. Cardoso laments, "rather than show true leadership in the region."

Even by his own account, Mr. Cardoso comes across, at times, as a sort of "Being There" president, reminiscent of the Peter Sellers character who accidentally came upon success. But he deserves enormous credit, not least for the intellectual honesty that allowed him to abandon collectivist ideals as the world changed.

4.4.06

Argélia anda para trás - Backwards Algeria


Algiers, 23 March (AKI) - The Algerian parliament has approved a law punishing anyone trying to convert a Muslim to other religions with up to five years in jail. The law, which was drafted by the government, states that anyone "attempting to call on a Muslim to embrace another religion" can be sentenced from two to five years in jail or is liable to pay a fine of up to 10,000 euros.

The government has said the law is aimed at banning clandestine organisations it claims are secretly trying to convert Muslims. However, press reports have said the cabinet is attempting to win over Muslim radicals ahead for a general election next year.

The cabinet announced earlier this month that it was freeing over 2,000 Islamic militants under a national amnesty aimed at promoting national reconciliation - the most significant more than a decade after the outbreak of civil war in the 1990s.

2.4.06

Afinal eu tinha razão, por MB

É minha convicção de há alguns alguns anos que a incompetência prolifera nas corporações de bombeiros.

Não bastante o voluntarismo e até mesmo o altruísmo, quando se aplica. É preciso estudar, é preciso aprender. É preciso conhecer o “business”.

O que acontece é que a maioria dos comandantes dos bombeiros comportam-se como caciques e usam a função para gerir poder e influência, o que não se enquadra exactamente no combate aos incêndios.

Os bombeiros que anda ressabiados por terem militares a mandar neles e a afirmar que a rapaziada da tropa não percebe nada de incêndios, ao menos aprendam o que é um comando territorial e um comando operacional e tirem daí as devidas conclusões.

Que os comandantes da corporações façam a gestão da sua casa e deixem o combate aos incêndios para os comandantes operacionais.

O problema é que não conseguem distinguir uma coisa da outra.

Eis que me confronto com a notícia em attachment no Público. Os “camones” que vêm ensinar à plebe como se combatem incêndios (temos de ter sempre uns iluminados que nos expliquem as coisas, porque não temos cabeça para pensar por nós próprios) dizem exactamente aquilo que eu penso há anos, com muito mais propriedade. Afinal eu tinha razão.

Silêncio, por André Bandeira

Fra Angelico (Florentin0, 1400?-1455)

S. PEDRO MÁRTIR

San Marco, Florença

Assisti à despedida de um Coronel Americano dos Bombardeiros. Ele chorou várias vezes. A certa altura eu também estava a chorar. E, com ele, milhões de iraquianos que suportaram uma guerra imposta pelos Poderes, na região e, agora, uma imposta pelos Poderes e pelas Mentiras.

Conhecera aquele Coronel muito antes. Era como um menino do Texas, que nunca perdera a cara de menino, apesar dos muitos sofrimentos que teve. Certamente ter bombardeado Hanói, quando era novo, e quando a Defesa anti-aérea de Hanói era das melhores do Mundo e lhe deitou abaixo alguns dos 50.000 americanos que não puderam estar na cerimónia de despedida, nem eles, nem um milhão e meio de vietnamitas, nem – diz-se – cerca de 100.000 iraquianos.

Mas só Deus julgará Tony Blair. Mas Kennedy foi um mártir, apesar de ter ordenado a morte do seu Aliado Diem, Presidente do Vietname do Sul até 1966, morto como um cão, quando diziam que o iam levar para o Aeroporto, em direcção ao exílio.

Sei que este Coronel teve um problema enorme, a certa altura, qualquer coisa como uma viuvez a seguir a uma doença súbita ou um divórcio semelhante a uma viuvez, pois ele teve que criar as duas filhas. Uma delas disse mesmo que não se casaria para ficar com ele. Sei que ele era um rapaz do Sul dos Estados Unidos, do campo, como aqueles que resolveram ridicularizar no filme « Brokeback Mountain ». Sei que desenvolveu uma imagem do Mundo, como quem tem que levar a Cruz do Mundo a levantar vôo, como um avião e tem de fazê-la descer e aterrar, como se ainda quisesse salvar o crucificado, em cima dela. Neste Mundo, talvez sobre o Pacífico, desenvolveu como que uma segunda Natureza, como se calhar os Argonautas da Antiguidade desenvolveram um mundo nómada, dentro das suas cabeças e nos conveses dos navios, longe de todo o Mundo vivo.

Mas Lyndon Johnson, era Democrata, queria fazer todos os americanos serem iguais e felizes, dando uma lição ao Mundo de Justiça e Liberdade. Contudo esmagou os malditos comunistas no Vietnam, também com Mentira e Napalm, porque era um Nobre Igualitário e sabia pôr a Casa do Mundo em Ordem, cumprir o seu dever e libertar o Mundo de radicais ( que, por acaso, no Vietnam, eram comunistas, como podiam ter sido budistas, ou benfiquistas, mas eram sobretudo irmãos das árvores e dos bichos em que os seus avós tinham nascido).

Este coronel foi elogiado longamente por um General que parecia cantar num côro e que sabia toda a sua biografia. Este coronel foi ajudado por duas mulheres-sargento, como as suas duas filhas e que ficaram, depois de ele sair, porque, homens como este, passam e ficam as mulheres a comandar as armas, a leccionar nas universidades, a ordenar ataques de B-52, sobre lugares sujos e velhos, onde homens primitivos ainda querem mandar nas mulheres e imitar o que um maluco qualquer, há vários séculos, disse ter ouvido de um Anjo quando, se calhar estava era mas é drogado.

Mas Nixon foi um grande lutador. Nixon veio do nada, subiu a pulso com esforço e valor, até ser Presidente do maior e mais livre país da terra. E o seu genial Kissinger é ainda o grande génio do Progresso do Mundo, do caminho do Mundo para a Democracia ( apesar da sua vaidade, da sua falsidade, da sua total e completa irresponsabilidade humana).

No fim, um Reverendo abençoou-nos todos. Sem Deus, o Coronel nunca teria chegado vivo àquela sala. E alguém invocou a bênção do Povo Dakota, que já é escasso na terra daquele coronel.

Chorei e ri como um bébé. Senti, como a vida de uma Corporação pode substituir a vida de um Homem e até as suas funções vitais, pôr-nos a rir e a chorar como se vivêssemos constantemente à beira de um ataque de nervos e, nisso, se medissem as nossas forças.E como se as nossas forças fossem o Bem e o próprio Deus.

Ah, quando veio a bênção lembrei-me que Deus também é silêncio, um silêncio terrível e que este terrível silêncio, como a Sombra da Irmã Noite, é uma das Suas maiores manifestações de Amor.

Bendito seja o Silêncio.