29.4.06

São os Petrodólares, Estúpido!


O governo de Teerão lançou a arma "nuclear" final que pode destruir o sistema financeiro do império americano. Essa arma é a Bolsa de Petróleo baseada em procedimentos que implicam o pagamento de petróleo em euros. Em termos económicos, é uma ameaça muito maior do que a de Saddam em 2000, que começou a exigir euros pelo petróleo do Iraque. Se a Bolsa pegar, o dólar será marginalizado, pois Europa, Japão, China e Árabes têm cada um as suas razões para pagar em euros e aliviar a carga dos petrodólares que são a taxa indirecta imperial criada pelos EUA.

O dado financeiro elementar a ter em conta é que uma nação lança impostos sobre os seus cidadãos, enquanto um império lança impostos sobre outras nação-estados. Pela primeira vez na história, com a inflação, os EUA criaram um sistema de taxar indirectamente outras nações, de forma não coerciva mas incontornável. Nunca obrigaran ao pagamento direto dos impostos - como os impérios precedentes - mas entregaram a outras nações a sua própria moeda, o dólar americano, em troca de bens, com a perspectiva de inflacionar e desvalorizar o dólar e pagar mais tarde cada dólar com menos bens económicos - a diferença ganha representa o imposto da hegemonia imperial dos EUA.
Hoje, o império americano sente as suas dores. Allan Bloom, um straussiano para que fique claro o diagnóstico, escreveu desde 1989 sobre o “fechamento do espírito americano”; Paul Kennedy escreveu desde 1994 sobre a sobreextensão militar e Chalmers Johnson sobre o Blowback criado pelas 1000 bases no exterior. E o financiamento do império, e da guerra do Iraque em particular, que Joseph Stiglitz já calculou custar de 1 a 2 triliões de dólares, conforme os critérios de curto ou longo prazo, é conseguido pelos velhos métodos matreiros de depreciação da moeda da moeda corrente e de um comércio externo com deficits imensos. Ou seja, a América é uma economias sem poupança, uma nação devedora, e é o resto do mundo quem a financia. Se o resto do mundo sair do sistema dólar e terminar com o crédito aos americanos, o império desmoronará? (O assunto segue em próximos posts… naturalmente)

4 comments:

Unknown said...

Digamos que podemos vir a ter doláres-nucleares.

Estou bastante curioso para ver qual será desta a posição dos países da União Europeia. De um lado, temos o sempre fiel Reino Unido que não aderiu ao Euro, ferindo também um dos príncipios da União Europeia, o da igualdade de todos os estados-membros. Do outro lado teremos os estados-membros que aderiram ao Euro e que na invasão dos EUA apoiaram Bush nas suas pretensões, Portugal, Espanha e Itália... Teremos ainda os pesos pesados da União Europeia e do Euro, Alemanha e França, que de certeza irão ser contra a invasão do Irão... Estou muito curioso, aí isso estou!!!

Abraço!

Vítor Ramalho said...

Esperemos pelas cenas dos próximos episódios. Também estou curioso.

Anonymous said...

O Restaurador está equivocado.
Ao contrário do que se passou no caso iraquiano, a UE (particularmente a França e a Alemanha) estão completamente do lado dos EUA.
Basta consultar (e reflectir sobre) as declarações dos líderes desses países.
Até a Rússia já serve de rampa de lançamento (literalmente) para satélites espiões de Israel para vasculhar o irão.

Quanto á famigerada Bolsa de Teerão, at+e agora, não passou de um bluff e, muito provavelmente, não passar+a disso mesmo, pois o Irão está a ter lucros astronómicos com o petróleo caro.

Anonymous said...

A Ciência é tão exata quanto o comentário. A medida que o mundo migra para o EURO como vimos há três anos o Dollar perde valor de mercado, naturalmente a moeda deve ser intercambiada, a única maneira de trocar o dollar com o Banco central é comprando mercadorias americanas ou diretamente com títulos do tesouro. Com a migração de títulos para o mercado americano teremos novamente um elevado aquecimento da industria e inflação, ficando cada vez mais difícil competir com a mercado americano.
O segundo ponto importante é a capacidade dos democratas de mentir, criar uma nova mentira está cada vez mais difícil, e em breve os americanos voltarão a criar investimentos internos que é o limitante da econômia no momento.