30.8.06

A Grande Mentira do Islamofascismo




A incompreensão do softpower que se apoderou dos neoconservadores de Washington leva-os a usar termos venenosos como Islamo-Fascistas para referir o Hizballah e o Hamas. O termo é um explosivo emocional, digno de Goebbles, e uma arma na guerra de informação contra essa outra ficção que é o “califado muçulmano”. Os termos são inventados para desumanizar ou demonizar os adversários e negar-lhes motivações políticas racionais. Assim, não é preciso ouvi-los nem falar com eles. Sem cair no paradoxo de Peter Ustinov que dizia que “o terrorismo é a guerra dos pobres, e a guerra é o terrorismo dos ricos.”, terrorismo e ‘fascista' são termos que perderam o significado original.

Uma boa definição de fascismo, como a de Robert Paxton, exige 4 ou 5 condições: 1. um sentido da crise fora das soluções tradicionais; 2. o sentimento de vítima, a justificar qualquer acção sem limites jurídicos ou morais; 3. a autoridade de um chefe acima da lei, que confia nos seus instintos; 4. o direito a dominar outros; 5. medo do contágio estrangeiro. O fascismo exige guerras de conquista, e ameaças para manter a nação em estado de ansiedade e hipertensão patriótica. Os que discordam são traidores. Os fascistas aliam-se sempre aos partidos conservadores tradicionais, e ao complexo militar-industrial.

Como escreveu Andrew Bosworth, o fundamentalismo islâmico “é um movimento transnacional oposto ao pseudo-nacionalismo necessário ao fascismo. No mundo muçulmano, nada há que se assemelhe aos estados fascistas ocidentais. A sociedade islâmica tradicional, com estruturas fragmentadas de poder, lealdades locais e tribais, e tomada de decisão por consenso, está muito longe do fascismo do estado industrial ocidental. O mundo muçulmano, além de algumas democracias razoáveis e funcionais, tem algumas ditaduras brutais, algumas monarquias semi-feudais, e alguns estados falhados e corruptos. Mas nenhuns destes regimes, se ajusta ao padrão do fascismo. Muitos regimes conservadores e militaristas não são fascistas. Que o diga Washinton ao falar com a Arábia saudita e os Principados do Golfo.

Os grupos militantes islâmicos (`terroristas' na terminologia ocidental) não entram nesta grelha delirante querem libertar territórios de ocupação estrangeira, derrubar regimes não-Islâmicos, quebrar a influência ocidental na região, e, nalguns casos, instaurar uma teocracia baseada na democracia islâmica. O “califado islâmico mundial” é uma fantasia digna de Bin Laden e dos lobbies frenéticos da direita de Washington. O único grupo fascista no Próximo Oriente era os Falangistas cristãos dos anos 30, no Líbano e aliados de Israel nos anos 80.

É grotesco que Bush e Blair mantenham a pretensão de travar uma nova guerra mundial. OS EUA travam uma guerra de terceiro mundo ou uma guerra de quarta geração (contra adversários não-estatais) dentro dos cânones do “ interesse nacional”. Mas a direita da América está a infectar a nação com as emoções políticas da Segunda Grande Guerra; no fundo projecta no exterior, os ódios racistas e religiosos que ainda tem pudor de usar no interior. Na Europa, o ódio anti-semita, a velha marca dos partidos de direita, passou do anti-judeu para o anti-muçulmano. Viu-se isso com a exploração dos cartoons da Dinamarca (que nem sequer eram grande coisa os publicados, não os efectivamente circulados no Médio Oriente).

Na América, ( e em alguns caniches europeus) não faltam tendências neo-fascistas em direitistas rambos. Advogam ataques preemptivos contra inimigos potenciais, captura dos recursos da outra nação, derrube de governos não cooperantes, domínio militar global, ódio aos Semitas (muçulmanos, para já, depois se verá), controlo policial intenso. Abusa-se do manto sagrado do patriotismo para promover o complexo militar-industrial. Incita-se à guerra nos órgãos do propaganda. E agora está na hora de chicotear a febre da guerra contra a Síria e o Irão como uma fuga para a frente, uma profecia auto-cumprida, após os desastres no Afeganistão, Iraque, Somália e Líbano.

25.8.06

The half of it, by Half-man


By halves we live. Half-way of a marriage, we desire somebody else. Half-way of desiring somebody else, we get involved with a third one, behind a counter or hanging from the same bar.
Half-way between the neck and the heels, there is a butt we phantazise about. Since the butt brings back less responsibilities, we know for the better, that being gazed back by eyes, which gaze over a shoulder, from the edge of a body which turned its back on us, is much more exciting. A body with no face means the ultimate nakedness, the one which we don´t even need to obtain.
By halves of halves we suffocate.
I met on the street, yesterday, a Portuguese, a retired one, one of those left-behinds in August. But this one was left on his own, many Augusts ago. He stated and he proved that he lives on 40 Euros a month. Since he had to retire after being run over, by a car, in the city, he's still discussing a compensation with the Insurance company. The Insurance takes time because this man is already on the eve of a fifth operation and his problem could be cut short. He also asks for alms. His name is Augusto Santos Sousa and he lives in Rua das Gaivotas, n. 28, 1362-Lisbon, P-Portugal. I gave him the 50 Euros I had in the wallet and decided to have a cold dinner, composed of left-overs, sitting by the fridge and thinking on the half of a sardine can a day, Augusto is getting by. He also raised his voice telling that he hadn't studied ( the equivalent of the sixth grade, quite a feat for a guy of his generation and background) to live through that humilliation. But he calmed down and stated he was going to have a substantial meal, after speaking to me. He tried to kiss my hand.
The day before I saw four men around a trash bin. One was an aged Nigger, with his penetrating, almost laughing look, the other was an Ucranian with his shaved head and his fraternal gesturing, and his leaning ahead attitude, as a man ready to work even if he didn't have eyes or legs. The other two were asians, dark and short as anguish. They were partitioning a bunch of fresh sardines that somebody had thrown away. In four parts.
They were living by quarters.
And soon we'll be living by less than quarters. In the abyss of selfishness and total madness, we'll be partitioned in much more than quarters.

23.8.06

A Iha dos Amores, AB



Que há de novo num traseiro? Ele há-os de diferentes carácteres. Deve-se mesmo fazer um código no mundo da moda para negociar a entrada de um novo carácter destes, ao léu.
Ora eu tiro o chapéu ( e só ele) a Elsa Rapôso, empresária também de si mesma, que aparece como uma estátua de bronze nos léus deste Verão, entre as giestas do Barão Brei...
Os casamentos ilustres já não fazem capas porque, para serem ilustres, têm de ser para a vida. Mas um divórcio para todos os Verões, isso é de encantar. Há algo de progressão lateral de uma equipa de râgueby, em campo: do marido, para o amante, do amante para o amigo, do amigo para a onda e da onda para o Barão. Não havendo já categorias nupciais para tanto ensaio, tudo me leva a crer que a nossa léu da semana, está em guerra com o mundo. E bem podia descansar um bocado para variar.
Mas uma mulher ultrajada é imparável. Excepto quando é ultrajante, porque temos que a parar. Não, a D. Elsa, não é o "corpo". E Portugal não é a Ilha dos Amores, para andarem por aí, mães de filhos, aos saltos, nuas, pelas giestas, mesmos que sejam as do barão.
Dorsos ebúrneos e peitos dourados, onde jazem duas opalas verdes como o Índico e o Pacífico, não são canto para o nosso poema épico. Cesse de nos olhar Sra. Elsa, porque essa técnica de fixar um homem até ele começar a rabiar, repetida milhares de vezes pela Imprensa, não é uma provocação, é uma falta de coração.
Tenha ao menos a noção higiénica que a emersão dos traseiros e peitos dourados é como qualquer coisa de casa-de-banho de Gare e de quartel, às sextas-feiras. E, se as opalas verdes brilham do anel dourado, na frescura do abismo, também depressa se transformam em dois oxiúros furfurescentes numa espiral de m... ao som do autoclismo. É esta a rima que lhe dedico, a si, que só consegue capas de revista, porque nem um poeta zarôlho lhe é capaz de achar graça.
Em suma: deixe de ser louca, poque não é o traseiro deste Verão e, muito menos "o Traseiro". Afinal, um traseiro, não tem carácter.

22.8.06

From Guns to Grass, by André Bandeira

Guenther Grass did what he wanted to do, when it pleased him so.
Somebody else allowed his silence, on condition he didn't touch some points. So he could make fire at random, at his will.
One of those obscure points was the possibility of interrogating Germany without a shadow of a doubt on his side. As a matter of fact, only a guy which had a big stain on his shirt, but a big cafetan all over, could work as the emperor's joker and pose questions freely. Everybody knows that freedom is only a starting point and, this way, he had a solid starting box under his feet.
He provided a service to the self-imagery of Germany, after the war, for many years long, and he did it as if following a series of mortgage instalments.
Only a volunteer, as he once was, and a not very well chosen one, would be able to do it and make business out of it.
Now, he payed all his bill, after he accomplished this unloading.
But a liar in late is so bad as a non reliable source.
We do not care about Grass´s guilt. There is an entire nations' too.
We certainly acquit him. But we'll never trust him again, even after his death. We shan't advice his books to young people, and young people won´t find charisma in his work. He cared so much about his own aftermath but he only managed to be a consumated successful actor.
He was funny as Democracy is.
They say that Democracies don't fight each other. But Mars, the god of war is older than Athena. He hits, and runs. Maybe Grass was only a Cold War Institution...

Líbano? Hanói ou Hong-Kong?


There is a duality that has defined Lebanon. Would Lebanon choose to be Hanoi or Hong Kong? That is, an international symbol of militancy and armed struggle, or a business entrepôt, a bastion of liberal capitalism and ecumenical permissiveness?

Lebanon today lies ravaged, its inhabitants suffering the consequences of Hezbollah's hubris and Israel's retribution. Beirut seems empty.
Israel may have hoped to unite the Lebanese people against Hezbollah. But as recriminations over the war spread, the delivery of aid across group lines will become more difficult, frustration will mount.
Coexistence, freedom and entrepreneurial drive had been the state of the country between independence in 1943 and the start of the civil war in 1975 and even beyond.

Many of the clichés were true: a neighborhood firefight might break out between militias in the morning, but by the end of the day people would be repairing their damaged properties. The Lebanese could be infuriatingly anarchic, stupidly selfish, but they were also determined to take initiatives and embrace new departures.
From the moment of Hariri's assassination on Feb. 14, 2005, it was clear that the Shiite political parties, particularly Hezbollah, did not share in the national distress. Shiites represent perhaps 35 to 40 percent of the Lebanese population. Hezbollah had gradually won over a large majority of the community, particularly poorer Shiites
In the early 1980's, the ''Party of God'' was a loose collection of groups organized and trained by Iran's Revolutionary Guard and dedicated to fighting Israel. After vanquishing its Shiite rival, the Amal movement, in fierce street fights, Hezbollah established in the southern suburbs of Beirut. When the civil war ended in 1990, it was virtually the only armed group allowed to retain its weapons. Syria had its own reasons to keep Hezbollah armed: as it negotiated with Israel for the return of the Golan Heights, the Assad regime wanted all the military leverage it could get

14.8.06

Guenther Grass serviu nas SS


Numa entrevista publicada dia 12 no Frankfurter Allgemeine Zeitung, Guenter Grass admitiu que serviu nas Waffen SS durante a segunda guerra mundial. O Prémio Nobel de 1999 debate memórias da sua juventude que deverão ser publicados no próximo mês Ofereceu-se para os submarinos aos 15 anos, mas não foi aceite. Foi chamado aos 17 para a 10ª divisão blindada "Frundsberg das Waffen SS em Dresden. Questionado porque fazia a divulgação, disse."Pesou em mim. O excesso de silêncio todos estes anos é uma das razões pela qual escrevi este livro. Tive que me confessar, finalmente."
É assim o porta-voz de uma geração dos alemães que cresceram na era nazi e sobreviveram à guerra. Tem sido activo na política de esquerda como apoiante crítico do partido social democrático, e considerado uma voz moral contra a xenofobia e a guerra.
A admissão de GG está a dividir a Alemanha. Para uns “não teve maneira de defender-se da propaganda nazi” disse o ensaista judeu Ralph Giordano. Mas Michael Wolffsohn, um historiador militar criticou uma espera tão longa. “O trabalho da sua vida é desvalorizado pelo seu silêncio persistente," escreveu Wolffsohn no Netzeitung.

Afinal GG é talvez uma vítima inesperada da Guerra do Líbano. Toca a todos, admitir os pontos fracos. Toca a alguns saberem deles redimir-se. Grass levou tempo demais para ser credível.

13.8.06

The memory of a Dictator, by André Bandeira


Seeing his photos causes me cramps. In the eylids, from the edges where some smile or grimace is supposed to begin. But what makes me worse is the number of people interviewed on the streets of Havana, who wish him rule for more fifty years. The obscenity of dicators has no limits. Maybe that's why we invented an after-life. This man has sent to a certain death, thousands of innocent people, who didn't feel the same way about Cubaness, or Democracy, or even Socialism. He orchestrated rallies, which worked as People's Courts where a guy, if he ever had the opportunity of defending himself, was bound to emerge as a target in the backyard's wall. But, at least, this things were held in the open air, under the sunny caribbean sky with a latin bluntness, full of words and saliva.
This man is celebrated as a rebel who managed to implement his own stance, against all odds, against the most powerful neighbour. But it is his is style, with no scruples, celebrating a way of doing Politics, with demagoguery, ruthlessness, death squads and latino-lover steps, a thing very much appreciated among all rebels who presume to have the right, as he had, of shaping the future according to their will. They call it Freedom, and New World, the world of dreams where those who know the nightmares are indians who got silent long, long ago.
It is his macho style the thing that remains and that every fool loves. I hope he'll recover quickly, the way his victims didn't. This time, History won't acquit him.

11.8.06

Quem era Franco? por André Bandeira

Consegui ler de uma assentada o livro "Franco - un balance histórico" de Pío Moa, que não e nenhum pássaro da N. Zelândia mas um jornalista espanhol. O assunto é perigoso, do ponto de vista de um portuga, com um vizinho tão grande e tão parecido de quem pouco o diferencia senão esse anel de noivado com a Liberdade que se chama Nação e que não se tira nem frente ao assaltante que nos diz que corta o dedo. Desta vez é um livro de Direita e de Direita democrática. Pouco conta que Moa tenha sido do PCE, em 75 e do PCE(E) GRAPO, depois. Não o esconde, porque-- penso -- nos cega com um foco de luz em cima. Moa distribuía,como dirigente destas formações, por capricho, os famosos panfletos que inundaram as ruas de Madrid, com o poema de mau-gosto, de Neruda em que este amaldiçoava Franco agonizante. O livro defende a tese que a democracia de Espanha, hoje em dia, se deve a Franco. Joga com números, nomeadamente de mortos, mas a correr, porque o seu livro é um Editorial. E é perigoso agora que os contadores de corpos, nos EUA estão a querer contar os de Franco ( é que a gente de Rifkin, jurou desenterrar tudo, até os assassinos de Tutankamon e a ideia não me horroriza). Para ele, Franco tinha ganho num instante, se não fosse aURSS a roubar o ouro de Madrid e a pôr no terreno bom material de guerra e comissários de élite. Mas também porque Franco sabia que pondo os seus legionários a combaterem nas ruas de Madrid, iria antecipar a Guerra do sec.XXI, a que nunca acaba,porque a gente das pedras e das torres é tão digna como a dos vales e das montanhas. Pontos interessantes: Franco consentia a monarquia mas, ao contrário do seu irmão Ramón, seguia a Lei e só se meteu contra a República, separando cuidadosamente as suas convicções pessoais do seu comando militar, quando a República chegou ao insuportável. Tem todos os pontos dos textos oficiais do regime franquista, com conclusões, remates e recomendações, de tal modo que o autor, ex-Grapo, parece que se esqueceu das alienações próprias das Ditaduras. Cita até a inteligentíssima resposta de Franco, a Vernon Walters, de que o seu monumento maior seria a "classe média espanhola" quando este enviado de Nixon,trocado em miúdos, lhe foi perguntar quando morria. Cita também a resposta a D. Juan de Borbón em que Franco lhe diz muito explicitamente que a revolta militar ( nacional e não nacionalista porque umCatólico segue sobretudo a Deus e evita o endeusamento pagão da "Nação") não foi monárquica nem tinha a intenção de restaurar a monarquia. Franco, aqui, separa o seu cuidado político,de novo,das convicções pessoais, apesar de querer, oportunamente, sacudir as lições do Rei.
Parece-me que o livro, vindo dum antigo anti-franquista, arqui-radical, a quem irritam sumamente as divisões da Espanha, venham elas da Direita regional ou da ultra-esquerda regionalizada, cai nos mesmos pecados da democracia radical, apesar de todas as suas profissões de fé anti-comunista. Para mais, diz que os actuais anti-franquistas, ou fizeram a carreira graças a Franco, ou contestaram-no de boquilha, nos cafés. Ele, Moa, é que sabe, que foi GRAPO.
Numa altura em que querem retirar as estátuas e as lápides de Franco, além de outras medidas legislativas que geraram enorme celeuma entre a Sensatez, os argumentos de Moa, que já têm um ano nas bancas, andam à volta do seguinte ponto: se fossem os oposicionistas a fazerem a transição para a Democracia, e não Franco, tinha acabado tudo noutro banho de sangue.
E Moa tem razão. Porque os oposicionistas eram pouco credíveis e os exilados tinham sido tão maus que até tinham vergonha de aparecerem à luz do dia. Parece que sim, que, em 1946, quando os maquis espanhóis, que eram parte substancial da Resistência francesa, se infiltraram em Espanha, a População os rechaçou e até denunciou.
Mas não pelo que Moa pensa. Um portuga sabe bem o que sopra de Espanha, em certas alturas, seja vermelho ou azul o pó que levanta. Por isso, o portuga não quer ser espanhol.
É que Franco foi bem mais sensato que outros ditadores do mesmo estilo, na época. Mas foi bem sanguinário também,como o não foram, nem Mussolini, à sua esquerda, nem Salazar, á sua direita. Ou foi-o suficientemente para dizermos que, se no testamento Franco se reclama verazmente católico, há sérias dúvidas sobre a sua Cristandade.
A razão porque a transição correu bem foi porque os espanhóis sabem bem o Monstro que é uma Guerra sobretudo civil. E Franco limitou-se a prolongar a sua ditadura militar indefinidamente, dando lugar a uma Monarquia que retomou a sequência da história espanhola, depois de uma República miserável.
Mas isso não significa que se legitime um Ditador que excedeu largamente -- apesar da sua prudência e inteligência superiores -- o seu mandato de militar em estado de excepção. A legitimidade de um ditador é, na origem, ilegítima e só se legitima com o tempo mas aí não sabemos como teriam corrido as coisas porque ele não deixou que elas acontecessem. E este Moa mete-me pena com o seu desencantamento. O mal dos radicais é que começam no Poder e acabam no Poder. Por isso, o Poder lhes parece sempre legítimo.
Por fim, fica-me uma grande interrogação sobre quem era Franco. Sobre a sua prudência e sobre a sua incapacidade de se legitimar. Que aprendeu ele com a gente do deserto? Pergunta bem actual, nesta guerra absurda dos cem anos em que nos querem meter: que foi que o fez calar, para sempre, o mesmo que fez os templários mudarem de religião? Não, não foi o saber secreto gnóstico que sobreviveu no Islão. Foi simplesmente o simples facto de que não se viaja impunemente. E isso não é mérito de um homem. É mérito da Humanidade.

9.8.06

FRANÇOISE GIROUD, por Maria Luísa Paiva Boléo


Há trinta anos atrás, nos anos 70, a minha cultura política internacional passava muito pelas páginas de "L'Express" de Servan-Schreiber e Françoise Giroud. Não me apercebi que ela morreu em 2003. Um bom texto de Maria Luisa Paiva Boléo lembra a escritora, a resistente e a mulher que foi FRANÇOISE GIROUD, de seu nome France Gourdji (1916-2003)

"Jornalista, escritora, cronista, ensaísta e política francesa, de origem suíça. Mulher de acção, combatente e militante, esteve na Resistência contra a ocupação da França na 2ª Guerra Mundial. Foi presa pela Gestapo e encarcerada em Fresnes. Manifestou-se já depois da guerra contra a Guerra da Argélia e foi uma acérrima defensora da causa das mulheres jornalistas. Em 1932 escreveu o guião do filme “Fanny” a que se seguiram “A Grande Ilusão” e “António e Antonieta”. Foi directora da revista Elle e co-fundadora com Jean-Jacques Servan-Schreider, seu grande amor, o semanário francês L'Express, de que foi directora de 1953 1974, quando passou a ser secretária de Estado do Governo de Jacques Chirac. Depois passou a secretária de Estado da Cultura de Raymond Barre. Teve uma intensa vida política até 1979. Em 1983 passou a editora do Nouvel Observateur. Fez crítica literária e publicou uma biografia de Alma Mahler(1988) e do casal Karl e Jenny Marx, 1992. Escreveu «Mon très cher amour» numa noite. Dentre as suas frases cheias de sabedoria disse "O discurso é o que distingue o ser humano do animal e o democrata do bruto" e ainda "O mais insuportável não é a infelicidade suportada, mas a infelicidade imaginada". Foi uma talentosa jornalista e como escritora deixou-nos biografias de grandes mulheres como Lou Salomé, Cosima Wagner, Marie Curie e Alma Mahler, entre outros. Escreveu um livro autobiográfico com o título "Arthur ou le bonheur de vivre" (1997).

8.8.06

IRAN: DA VINCI CODE BANNED

Tehran, 26 July (AKI) - The Iranian culture ministry said in a statement issued on Wednesday it was banning the Farsi edition of Dan Brown's bestseller The Da Vinci Code. The decision was reportedly taken after the Organisation for Islamic Communication - a body controlled by Iran's supreme leader Ayatollah Ali Khamenei - protested against the book which was denounced as "an offence to Christianity." The ban also concerns the film based on the novel.

7.8.06

Never again, one more time, by Johnny Bravo

I do not flirt with Death. She is a married one, despite widowing all the time. I know that if one gets "betrotted" to her, hey man, it's for life!
So, I don't count on her body in my bed, or I'll find myself to be counting bodies till I'll have to look for the smartest bomb and stop it! I'm not smart, nobody ever called me that, but I get the chicks all by myself, and smart bombs, only those ones with the big boobies... I tell them I'm the thoughest of the block and there we go, just the two of us, I do not kick the girlie-boys just because they're not as lucky as I am. You know, it's all in the pelvis.
So, don't count on me to fall into Mrs. Death devices. I don't look back, nor I smile to her. Sooner or later she will come after me, I know, but I don't feel like seeing my mother, or my cousin, or even that chick who switched me for another guy, fall into her arms 'cause it could happen to me and hurts to the bone before you go, only you and her, to the dark room.
Pain is not a marriage for life, and you can even divorce, on mutual consent.
I have no simpathy for the one who revenges better and the question of who began all this, is not my bizz. So, do not dress for Mrs. Death. She is of the marrying kind and you'll get married even before you undress. I told you, pal: she is of the marrying kind and she's widowing all the time, every step of the way. She doesn't need flowers or white frocks to get you caught. 'cause she is never alone. Better stay alone if ain't no chicks around...

5.8.06

Argonauts of the modern world, by "Margaret Mead"

One should have a look to the probably award-winning report of Sorous Samura, a cameraman from Sierra Leone, which is being broadcasted, these days, on the CNN. It is a report on illegal immigrants, come up from deep Africa, who wait in the bushes, for so long as three years, to cross to Ceuta,or Melilla, in Morocco. It is better than a good book, more calling than a sudden rush of blood to the head, or a theological tale.
Samura goes all the way down from the snowy bushes in Morocco, to the trailers entering England, where an illegal immigrant may try his luck and his life, hanging between the wheels or struggling against sleep in the fridges. Some swim all their way to Ceuta, after months warming up in camp-fires, sleeping under shreds of newspapers, running away from the Police and eating whatever.In Calais they count on some charity and they meet whichever human zeros from the world, be it from China, Kurdistan or Latin America. They cannot return, some of them will be killed. I've done the same, 30 years ago, somewhere between Spain and France. The dance is the same, but the sleepless night never ends.At some point, the guys celebrate Christmas in the bushes. They find a short pine and they decorate it with coloured newspaper rags and empty cans. They pray, for their children and wives they left behind. Some are sick and will never make it.
These guys are the mythological heros of our times, although they may offer no resistance when they are kicked to death by skin-heads in a night hole of Europe.Their dark faces are covered with the skin of God. We cannot let all of them in, but we have to do something now and right about them. We cannot take care of their frail lives and bomb others in any other place. Unless we want to rot in the deepest pit of hell.

Beirute sul, antes e depois


Um quarteirão de Beirute, antes e depois. A diferença entre Ahmadinejad é Olmert é que o presidente Iraniano actua pelo interposto Hizballah enquanto Olmert tem planos directos para apagar uma cidade do mapa.

2.8.06

Um livro útil de Timothy Garton Ash


Creio que Timothy Garton Ash dispensa apresentações. É o melhor que a consciência sociaç-democrata ainda possui para dizer que os ocidentais são melhores porque não são incorrigiveis. é uma mistura de Churchill e George Orwell. Claro que não é tão bom como nenhum dos dois, em agir e em pensar. MAs ninguém é perfeito. E dele acabei de ler o “Free World” 2004, agora na edição de 2005 da maior editora do mundo, a Random House, comparada pela Bartelsmann que em Portugal tem o Círculo de Leitores e agora comprou a Bertrand. E pensar que Bartelsmnann é um gnóstico que começou por vender livros que transportava na traseira do seu Volkswagen, na Alemanha do pós-guerra.

Ao longo de oito capítulos em sanduiche com prologo e epilogo, Garton Ash (cinzas) enuncia o seu programa modesto de "liberdade, bom governo, leis justas, e descanso" para um mundo livre. "Descanso", porque a política é muito limitada. E conclui este programa com dúvidas sobre o consumismo Ocidental: “Quem visita Burma, vê uma ditadura miserável mas também uma sociedade que conserva no traje, nos costumes, e na religião uma maneira tradicional de vida. Quando caem os ditadores, avançam os exércitos do consumismo Ocidental à espera na fronteira, com bens baratos chamados e técnicas avançadas para fabricar desejos novos do consumidor. Esta força da invasão é mais irresistível que o exército vermelho, ou o exército dos EUA.”

1.8.06

Evil as mainstream, by ‘Hannah Arendt”


The constant footage of innocent children, slaughtered by bombs ( as well as their severed limbs, even before beginning to decompose, which makes them look like toys parts), of old women crying, once more in a thousand times, after having lost the few they had, as well as blood pounds in the ground, may lead to a moral nightmare. One finds himself, more and more watching these things on TV, at the same time he’s having a chat with his family or even eating. Paradoxically, the profis of Death in Battle, the Soldiers, are only shown in mourning ceremonies.

This doesn’t mean that the work of journalists is not one of the most valid in our times, and there are no words, grateful enough to emphasize the mitigating role they have, some of them at the cost of their own lives, as they make public and denounce atrocities on civilians such as themselves. In a way, the mainstream of journalism, pulls to the stage, mainstream people, everyday life which is not taken seriously in historical decisions.

But, if the most outrageous things go on pouring into our private lives at this pace, one will tend to take them as only one more matter of observation. That means that the horror which should determine the change from notation to action or refusal, within our minds, will be reduced to the self-exam of an opinion. In other words: the adolescent extracted from the rubble in any place won’t be a terrible loss but a liability. This leads to a nightmare, the one that someone is counting bodies within our head and that he dictates when and where to count. Instead of an Attitude, you’ll end up having an Account.