27.9.06

Reconciliação, por André Bandeira



Estive a ver uma entrevista de Brigitte Bardot, no canal Le Monde, Vies Publiques, Vies Privées. Parece que faz hoje 72 anos.
Que bonita que é Brigitte Bardot, agora. E que bonita que é por dentro.
É bom que se saiba que, nem tudo na entrevista parece verdadeiro, e que Brigitte Bardot nos apresenta uma vida falhada. Sim, falhada...
B.B. diz-nos que sabia desde pequena que era uma mulher só. E sabia-o muito bem ( eu demorei a saber e não o sei bem ainda, ou não quero). Mulher de coragem extraordinária, não deixou por isso de tentar a sorte que sabia não ter. Foi ríspida, à medida que via a sorte fugir exponencialmente, deixou alguns homens magoados a fundo pelo meio, sabendo que ela se iria ainda magoar mais, mas poupando contudo a dor toda de uma vez só, pelo dever que tinha de viver. Foi egoísta mas não foi trágica. Reconhece-se que é ainda muito sensível, depois de trinta anos de solidão que disse ter dedicado ao sofrimento dos animais. Vendeu a casa para a sua Fundação, parece que Mitterrand lhe deu algo que a permite viver num apartamento. Dá dinheiro a outras causas como, por exemplo, a de um negro americano, Farley Hetchett, que foi executado, no Texas, no passado dia 12. É contra a pena de morte mas acha que os que assassinam crianças devem ser executados e admite a contradiçao ( B.B. nunca conseguiu ser mãe). Elogiou Lionel Jospin e lutou por Le Pen. É de Direita porque foi educada assim. Ainda se levanta às vezes a chorar e lamenta o seu envelhecimento. Disse que, algumas vezes, o desespero foi tão grande que roçou o suicídio. Mas escolheu viver (quando me lembra da notícia de há uns anos -- que suscitou a intervenção de Mitterrand -- de que B.B. fôra detida, zonza, pela estrada, na Côte d'Azur, a tentar comprar serviços de homens, já não me envergonho dela). Disse muitas coisas contraditórias mas afirma que a vida é impiedosa e duríssima, pelo que não a chega a amar mas detesta a morte. Avisa contra a celebridade que diz que faz os outros estabelecerem relações artificiais connosco, as quais depois se pagam e, segundo, B.B., tudo se paga na vida.
Esta mulher teve a enormíssima sorte de poder pagar. E está a fazê-lo, porque teve a coragem de enfrentar o seu próprio destino.
Espero que as mulheres que amei e que conheci, ou talvez as que queira amar ainda, as veja agora como Brigitte Bardot nos ensina, ou seja que uma Mulher ou um Homem, antes do legítimo direito ao Amor e à Felicidade, tem o direito a ser eles próprios. E que ignorar quem somos, em nome da Felicidade, é egoisticamente trágico. A Tragédia que nos pode aparecer se decidirmos viver, ao menos não será nem cega, nem egoísta.
Reconcilio-me hoje, um pouco, com a minha infelicidade.
A minha infelicidade como a de muitos dos que me lêem, é bonita como Brigitte Bardot, porque é uma dádiva. Deus deu-nos ao Mundo, a ti e a mim, como a deu a ela.

Mona Lisa por André Bandeira

Dizem as notícias que o segredo do sorriso misterioso de Mona Lisa era o de ter tido o seu segundo filho, pouco antes de posar para Leonardo da Vinci. Entretanto ouvi outras, como a de que era o auto-retrato dum feminino Leonardo, que os cientistas lhe tinham calculado vários dentes quebrados por trás do sorriso (eventualmente da lavra do marido) ou até aqueles que tinham medido o sentido esotérico da geometria exacta, desenhada por trás da pintura a óleo, em parábolas e elipses. Todas estas, tirando, claro, a explicação decisiva de que Mona Lisa era um extraterrestre.

Esta novíssima explicação não explica nada. E estavam quase a deixar Mona Lisa em paz...

Sim, deixem Mona Lisa em paz e concentrem-se nas pessoas reais de todos os dias, que, entre o silêncio e as palavras, entre a morte e a vida, passam pelo Tempo, com sentimentos e pensamentos, passam pela vida com uma “alma”. Por trás de um rosto ( e também do focinho de um animal ou por trás de uma paisagem) existe algo que vem do fundo dos tempos e se prolonga para além deles. Podem dar-lhe um nome que seja vosso, podem até dar-lhe uma segunda cara, meter-lhe uma auréola ou um turbante em volta e depois fazer umas jihads e umas cruzadas pelo meio mas sobretudo, deixai as pessoas em paz. O que vêdes é apenas um insecto chocando contra o vidro que vos rodeia. E já agora: rezar também faz bem, porque pode transformar muita coisa, sendo certo que 100% do que existe, existe para os nossos olhos.

25.9.06

Coisas Feias de Segunda-Feira


"Atentado contra o Papa" Titulo do romance entre os actuais best-sellers na Turquia. O subtítulo também diz muito: "Quem matará o Papa em Istanbul ?"
Mein Kampf também está na lista dos best-sellers turcos. E ninguém esqueceu Os Lobos, um romance e filme sobre um massacre de americanos por tropas turcas.
É só emoções fortes, lá para os lados do Bósforo.
É mesmo preciso reler a posta anterior do André.

24.9.06

Coisas bonitas dum Domingo, por André Bandeira


Shalom, ao meu amigo Waldemar, porque é ano novo. Celebramos daqui, o Roshe Shana, até ao Yom Kippur, o dia do perdão universal. E à minha amiga Latiffa porque se iniciou o Ramadão. Como João Paulo II tinha pedido, em 2001, fiz um dia de jejum em homenagem aos meus irmãos muçulmanos. É o tempo da Grande Jihad, a da luta contra nós proprios. Fazer jejum, até de fumar, de ver imagens excitantes ou estimulantes na Televisão. O Concílio do Vaticano II, citando um texto de Gregório XVI ( séc. VII D. C. ) diz que nós, cristãos, estimamos os nossos irmãos muçulmanos, adoradores do Deus único, o Deus misericordioso e omnipotente, pela oração, pela esmola e pelo jejum e que eles procuram de um ponto de vista moral submeter-se inteiramente aos decretos de Deus, mesmo aqueles insondáveis, como quando Abraão partiu, com a morte na alma, para a montanha, com seu filho Isaac, seu único filho, disposto a sacrificá-lo. Os nossos irmãos muçulmanos que não aceitam Jesus como Messias, mas que acreditam que nasceu da Virgem Maria e que desapareceu no céu transformado em luz. E mesmo que o Valdemar não acredite em nada disto, poderemos admirar todo o saber de Amor, na tradição do Rabi Hillel, que Jesus ensinou e também a sua justa rispidez, como o Rabi Schammai ensinava.Tudo isto numa história que não tem fim. Vi que em Espanha há uma menina de 7 anos que ensina a sua velha vizinha, D. Pepa, a ler. E que há uma organização nos EUA, chamada Project Innocence que está já a tratar de 8000 casos de tipos no corredor da Morte a quem nunca fizeram as provas de DNA mas que se crê estarem inocentes. E sei que, neste momento, um médico exausto se bate pela vida de um seu paciente, num lado qualquer. Vi algo sobre os orfanatos na Roménia, onde havia cerca de 700.000 mil crianças tão abandonadas que algumas até se tinham cegado a si próprias para chamarem a atenção de um afecto que nunca tinham sentido. Sei que os estão a reduzir, a colocar em famílias de acolhimento, romenas, mas também a reduzir as Instituições onde algumas trabalhadoras têm mais tempo para eles e numa delas vi até um menino que tinha uma cara tão feliz só por ver a Instrutora a cantar-lhe e a dar-lhes um copito de sumo, todos alinhados em torno da mesa como um Jesus e os Apóstolos em miniatura. Mas também ouvi uma miúda da rua, que se veste de rapaz para não ser abusada, a chorar em frente à Câmara como se ainda reivindicasse o direito a um afecto que nunca conheceu. Dizem os especialistas que a entrada da Roménia na União Europeia vai ajudar os jovens pais a serem mais assertivos e a não deixarem os filhos ao Estado, à primeira dificuldade ( que às vezes é bem grande). Vi que os bébés abandonados têm algo de adulto nas suas caritas, não porque tenham sofrido como adultos ( são demasiado pequenos para adoptarem expressões correspondentes) mas porque ficam nos lábios e nos olhos com o torpor ou o espanto de adultos que não conseguem vencer os obstáculos. E depois, balançam continuamente, quando a solidão se tornou absoluta...balançam como um devoto hebreu ou muçulmano recitando versos dos seus textos sagrados.
E vi outras coisas muito bonitas, e muita gente boa e honrada. E ouvi até a história dum rapaz adoptado, do Mali, que quando chegou a adolescente, encorajado pelos colegas, quis ser muçulmano como fora ainda até aos oitos anos, antes de ser adoptado. Foi ter com o Iman, da sua mesquita em Paris e este disse-lhe: " O Corão manda que respeites os teus pais. Os teus pais são quem te adoptou, eles são cristãos, não podes reconverter-te se os ferires. Por isso, não voltes cá".

22.9.06

The Killing News by Globetrotter

Chavez made his speech. But he overlooked the rules. He doesn’t even know the limitations of the spoken word, since the dawn of times, especially in the place where he pronounced them…this said, in our times. Clinton referred that Chavez’s words won’t do any harm to the United States, but only to him and his country. What did he mean? Not Chavez who was crystal sharp, but Clinton, who could be interpreted has if he meant that everybody knows Bush Jr. for a demon and the enunciation of that fact doesn’t skip the duress of keeping him in power. Chavez had in his hand a book of Noam Chomsky, a genial Linguist who happens to be an idol of the 68’s generation. But that was only a coincidence, since Chavez doesn’t need a Linguist to make the headlines and Chomsky doesn’t need to weigh his words to have an impact. Reading we are: we even read the models’faces to guess whether their bodies are skinny enough not to pass the exam of Spanish catwalks…because we cannot avoid thinking of their tempting bodies, since “we like it like that”, as Kylie Minogue sings. Reading we go: the Pope’s speech and an old Byzantine Emperor’s words. As Chavez is in rage, so was the Emperor. Ali Sistani, the Shiite ayatollah of Iraq who avoided a bloodbath just after the invasion of that country was once declared as a Nobel Peace prize pretender and some images of him, had been, then, divulged, depicting the old man while reading the Qur’an. He smiled. That’s why holy Books are sacred: God speaks through a century-old tradition and often reveals Himself to the good-faith reader.
But we read too much. Nothing is definitely coded in the things we chase. Jesus didn’t have a personal Library. In Qanah he was happy once, earthly happy in the middle of the other’s happiness. He even performed his first miracle, after scolding His Mother, because He thought that His time hadn’t arrived yet. But He didn’t know that His time had indeed arrived. He didn’t have a personal computer with a pre-programmed pre-emptive signal.
A nun was liquidated in Somalia. So was her Somali body guard. News says that it had nothing to do with the outrage at the Pope’s words. Three Christians were executed in Indonesia, after five years of trial on the genocidal riots with Muslims in 2000. The courts in Indonesia are not great, neither the respect for Human life. And on we read. After being aware and informed, we find ourselves in a line of battle which engulfed us, unawares. Do we want it? Do we really think that there are not ways to settle things without killing or providing good kills? Killing doesn’t happen any time – one has often to have inculcated in his mind that he’s just defending himself. When was the last time we purified our thoughts and impressions, or, at least, put them in order? We certainly have the right to have and express an opinion. But we have the duty of living and allow living.

20.9.06

Fé, Oração e Universalidade, por André Bandeira

Três Cruzes no portinho da Arrábida (foto Lucy Pepper)
Há um pedreiro italiano, Ulberico Lambertucci, que descobriu a corrida aos 50 anos. Já lá vão outros anos, tem-se dedicado a correr por esse Mundo fora, primeiro com a sponsorização dos seus amigos de paróquia ou seja umas palmadas nas costas e uns abafadinhos, depois, com pouco mais do que isso, de modo que só lhe fizeram uma reportagem na TV, depois de ter atravessado a Ásia.

Foi a correr até Fátima mas primeiro até Loreto, do Santo Padre Pio, aquele das chagas nas mãos. Quando chegou a Loreto, passou pelo padre e pelos amigos que o esperavam, sem dizer nem xim nem mim e entrou na Igreja. Depois voltou aos amigos e disse, "primeiro Nossa Senhora, depois os amigos".

Entretanto viu que João Paulo II tinha problemas com a China, a Igreja subterrânea, o juramento de fidelidade da Igreja oficial à Constituição, as prisões, etc. Calou-se e foi a correr até à China. Demorou 180 dias, teve uma festazita no Kazquistão em que a gente de lá lhe deu o que pôde, o Governador recebeu-io dizendo o que admiravam a Itália e seguiu.

Perguntaram-lhe o que faz a maior parte do tempo que corre, por essas estepes, nevões e lamaçais, sózinho. Ulberico responde: 'a maior parte do tempo, rezo".

19.9.06

Banqueiros: be afraid!

Banqueiro em Kabul. Para lembrar que é este o início de todos os impérios financeiros; uma banca para trocar dinheiro, seja o que for que vai em redor; a "bancarrota" é quando o banco era partido por falta de pagamento ou corrupção. Entre o homem de KAbul e Rothschild a financiar as guerras napoleónicas e anti napoleónicas; ou o First Mannhatan Chase a financiar empréstimos do FMI e WB não há diferença. BE afraid! Primeira reacção; ser anti-plutocrata, a reacção saudável

16.9.06

Com Atraso indesculpável, MCH


Quando souber carregar o PPT que adaptei, carrego....

"A bolha um dia terá de estourar", Moniz Bandeira

11 de Setembro - Cinco anos
ENTREVISTA / MONIZ BANDEIRA - Publicado em 11.09.2006

O professor baiano Luiz Alberto Moniz Bandeira, um amigo de Portugal, é considerado um dos maiores estudiosos da história política internacional, e fala do lançamento de seu livro "As relações perigosas: Brasil - EUA (De Collor a Lula)".

Eleito pela União Brasileira de Escritores o Intelectual do Ano, em 2005, o cientista político e escritor baiano Luiz Alberto Moniz Bandeira é um crítico ácido da política externa americana. Em Formação do Império Americano, ele adverte que, mais dia, menos dia, o sonho americano vai virar pesadelo. "A bolha um dia terá de estourar", prevê o vencedor do Troféu Juca Pato, da Alemanha, de onde conversou com o Jornal do Commercio, por telefone e por e-mail.

JORNAL DO COMMERCIO -Em seu livro Formação do Império Americano, o senhor cita a previsão de dois senadores norte-americanos a respeito do domínio dos Estados Unidos sobre o mundo por, pelo menos, 25 anos. Esta "profecia" vai se cumprir?

MONIZ BANDEIRA - Não se trata propriamente de uma profecia, mas de um cálculo. É claro que os Estados Unidos já não são mais hoje uma estrela de primeira grandeza, como no tempo da Guerra Fria, em que se confrontava com a União Soviética e congregava todos os países do Ocidente e outros sob sua liderança. Hoje as áreas de contestação à sua hegemonia estão a aparecer em todos os continentes e os Estados Unidos não se mostram capacitados a responder aos desafios com que se defrontam. Na América Latina, o antiamericanismo cresce. A Venezuela está em confronto com os Estados Unidos, que não conseguiram impor a ALCA, em virtude da oposição do Brasil e da Argentina. A eleição de Evo Morales na Bolívia comprova essa tendência, que também se manifesta no Equador e no Peru. E o Plano Colômbia não conseguiu estabelecer a paz no país, onde as Farc dominam cerca de 40% do território. Foi outro fracasso. A Coréia do Norte e o Irã são outros focos de contestação e que não se curvam às pressões e ameaças dos Estados Unidos. A invasão do Afeganistão e do Iraque foi outro fiasco. Os Estados Unidos não venceram a guerra pela simples razão de que não conseguem estabelecer a paz. A luta continua nos dois países. E Israel, que serviu aos propósitos dos Estados Unidos ao atacar o Hezbollah no Líbano, fracassou também no seu objetivo. Não destruiu o Hezbollah e perdeu sua autoridade moral, em virtude da fúria devastadora de seus ataques, dos bombardeios indiscriminados, matando civis e destruindo a infra-estrutura do Líbano.

JC - A hegemonia dos EUA está com os dias contados?

MONIZ BANDEIRA - Não posso dizer com os dias contados. Mas o fato é que ela se esgarça, perde força cada vez mais, em decorrência não apenas de fatores externos, mas também de fatores internos. É lógico que o terrorismo não constitui um fator de coesão, como o foi o comunismo, representado pela União Soviética, o Bloco Socialista e partidos comunistas em todos os países. O terrorismo é um método de luta que os Estados Unidos, inclusive, sempre usaram, como, por exemplo contra Cuba, e usam. E, do ponto de vista econômico, os Estados Unidos continuam a emitir dólares sem lastro para comprar energia e manufaturas e os países que lhes vendem usam os mesmo dólares sem lastro para comprar bônus do Tesouro americano, financiando assim o déficit da conta corrente do balanço de pagamentos, que no último mês ascendeu a mais de US$ 900 bilhões. Ao mesmo tempo, apesar da desvalorização do dólar, os Estados Unidos não conseguem reduzir seu déficit comercial, que conflui com o déficit fiscal e entram em um círculo vicioso. O enfraquecimento do dólar produz a elevação do preço do petróleo, do qual os Estados Unidos importam metade do seu consumo diário, bem como de outras matérias-primas e bens de que necessitam, o que não permite uma redução substancial do déficit comercial. Por outro lado, o engajamento nas guerras do Iraque e Afeganistão e as necessidades militares em todas as regiões do mundo não lhe permitem cortar drasticamente o déficit fiscal. Os Estados Unidos possuem hoje uma economia de guerra e sem guerras não podem sustentar o seu funcionamento. Daí que necessitam consumir suas bombas e outros armamentos, em guerras diretas ou através de Estados-clientes, como Israel, de modo que possam fazer novas encomendas e manter o complexo industrial-militar, nível de emprego etc. Como conseqüência, o déficit fiscal não pode ser reduzido e tende a aumentar. O cenário que o professor Paul Krugman e o financista George Soros vislumbram, assim como o Asian Development Bank, é o colapso do dólar, algo como o que sucedeu com a Argentina, talvez menos intenso, mas que abalará toda a economia mundial. Alguns economistas entendem que o dólar está sobrevalorizado e pode sofrer uma queda brutal de 15% a 40%. O que ainda afasta essa possibilidade, mas não a elimina, é o fato de ser o dólar a moeda internacional de reserva. Mas não se deve esquecer que a maior parte do petróleo mundial é comercializada em dólar e o colapso do dólar sem dúvida acarretará uma enorme alta no preço do petróleo, o que também poderá ocorrer se o Irã for atacado ou os Estados Unidos tentarem desestabilizar o governo presidente Hugo Chávez na Venezuela. Daí porque há rumor de que certos contratos de petróleo tendem a passar para o euro o que acentuaria depreciação mais rápida do dólar. Naturalmente, que um colapso da economia americana, afetará gravemente todos os países do mundo e provocará mudanças radicais no panorama internacional. De qualquer modo, mesmo que não ocorra a curto ou a médio prazo, o colapso, ou que não ocorra, o fato é que se prevê que até 2030 a China vai superar os Estados Unidos e a tendência do mundo é para a multipolaridade. O Brasil, se construir a Comunidade Sul-Americana de Nações, pode constituir outro pólo, ao lado da União Européia, Rússia, Índia, Estados Unidos e China.

JC - Que países poderão fazer frente à atual potência hegemônica?

MONIZ BANDEIRA - A hegemonia americana é atualmente um fato. Sua economia é da ordem de US$ 12,36 trilhões, mas sua participação no PIB mundial está a decair, superada pelo conjunto das economias da China, Índia, Brasil e Rússia. Os EUA, porém, ocuparam militarmente alguns territórios da extinta União Soviética, e dos Estados que integravam o Bloco Socialista. A estratégia da ocupação desses territórios pelos EUA no Báltico, depois a Europa Central, a Ucrânia e a Bielorrússia, até os Bálcãs, e culminou na Ásia Central, com a invasão do Afeganistão, e em no Oriente Médio, com a invasão do Iraque. As bases militares americanas estão espalhadas por todas as regiões. Conforme salientou o professor José Luís Fiori, elas controlam quase todo o "Rimland", considerada por Nicholas Spykmana área geopolítica mais importante do mundo para o exercício do poder global e os EUA já construíram um "cinturão sanitário" separando a Alemanha da Rússia, e essa da China, a evidenciar que estes países já são, no século 21 considerados e tratados como os verdadeiros concorrentes dos EUA. A União Européia continua aliada dos EUA, mas a fratura já foi exposta pela guerra no Iraque. E ela somente poderá assumir um papel mais ativo e independente, quando construir sua própria força militar, separada da OTAN.

JC - As fragilidades da economia americana são o seu calcanhar de Aquiles?

MONIZ BANDEIRA - Os EUA são um império altamente dependente. Dependem de petróleo e gás e de capitais para financiar a conta corrente do seu balanço de pagamentos, o que só têm conseguido, artificialmente, mediante a emissão de dólares sem lastro. Seu consumo diário de petróleo era de 20,03 milhões de barris em 2003, mas tinha de importar mais da metade, cerca de 13,15 milhões de barris. Se houver qualquer ataque contra o Irã e/ou a Venezuela, o preço do petróleo pode disparar, saltar para US$ 200 ou mais. E acontecerá com os EUA? O maior adversário não é, portanto, nenhum país nem o terrorismo islâmico, mas a própria fragilidade de sua economia, em que os déficits-gêmeos não poderão ser sustentados indefinidamente. A bolha um dia terá de estourar. A recessão pode estar começando. Mas, nos EUA se aguça o problema social. Nos Estados Unidos, com uma população da ordem de 298,444,215 (junho de 2006), há cerca de 12% vivendo abaixo da linha de pobreza. O desastre de Louisiana, em virtude de furacão Katrina, demonstrou-o o estado miserável em que vive grande parte da população americana.

15.9.06

Umas Mulheres ideais, por André Bandeira


Morreu Oriana Fallaci, morreu Susan Sontag. As mulheres de Pereira, uma cidade na Colômbia, decidiram usar o seu "direito ao próprio corpo" e não dormirem com os seus maridos ou amigos quadrilheiros, enquanto estes não renunciarem às armas. Nem Oriana Fallaci se reconciliará com a Humanidade, nem Susan Sontag venceu a sua batalha final contra a doença , nem as mulheres de Pereira poderão vencer eternamente os seus "padilleros", nem saber se eles usam armas ou não, quando mais um cadáver dos que aparecem em Pereira, diáriamente, aparecer outra vez, depois de uma breve interrupção.
Muitos gatos aparecerão mortos, só por desporto, em Pereira e em outros lugares. André Glucksmann lembrou em "O Poder da Vertigem", há muito, que Freud dizia uns se dizem pacifistas porque se sabem violentos e outros seguem a violência porque procuram a paz.
A Paz é uma chatice e o corpo dá-se a batalhas massivas por cada hora que passa.
Contudo... que fique este sinal de paradoxo, esta interrogação em sorriso de Mona Lisa e que faz essas mulheres pobres de Pereira, menos produzidas que as Venezuelanas e menos castiças que as cubanas provarem o seguinte: pode-se não ser tudo e viver com um pouco menos, só por honra ao firmamento estrelado e uma noite tranquila.
E assim o nosso nada se acrescenta ao sorriso de Deus.

Biocombustíveis

A potência energética mundial passa pela possibilidade de ampliar a produção de biocombustíveis que são biodegradáveis. Além do etanol e do biodiesel, as pesquisas com o bioquerose, que atrai parceiros da aviação. O Biodiesel é produzido a partir de gorduras animais e óleos vegetais. O Etanol a partir de madeiras, caruma e matos da floresta. Em Portugal, o projecto industrial está no papel há sete anos, desde que o empresário Pedro de Avillez o tentou introduzir com a Abengoa, de Sevilha. No Brasil vai florescente e tem blog.

14.9.06

Interpretação do 11 de Setembro, por André Bandeira


Vi hoje o caso de Joaquín Martinez , um espanhol que estava no corredor da morte em Miami e conseguiu provar que era não-culpado de um duplo assassínio pelo qual fora condenado. Uma família unida e ibérica juntou-se, um bom Rei, um honrado cônsul, um homem bom, advogado norte-americano …

Vejo que as pessoas que entraram nas Torres Gémeas no dia 11 de Setembro de 2001, entraram no corredor da morte sabendo que eram inocentes. Os mesmos do 11 de Julho em Madrid e noutros lugares . Os miúdos que entraram no refúgio em Qanah, onde viriam a ser esquartejados, durante o sono, entre um canhão do Partido de Deus e um míssil do Povo de Deus, esses sabiam, por não saberem, serem um pouco culpados, ao andarem e terem nascido em fuga há muito tempo e, sobretudo, por serem inocentes.

Quem não tem, por definição, nenhuma culpa, é culpado, porque não entrou ainda no Mundo asfixiante da culpa. Eu matei um gatito prêto quando era miúdo e, apesar de o tentar ainda salvar, quando ele me agitava a sua patita, paralisado por uma dor que o seu mundo breve, de um barranco e uma lixeira entre a poeira não explicavam, nunca me esquecerei da sua carita desolada, de boquita aberta, tentando estender a patita talvez para pôr direito esse Mundo que se virara, brutalmente ao contrário. Deus sabe que nunca conseguirei ultrapassar esta dor dentro de mim, visto que não posso ressucitar este gatito e adormecermos os dois numa tarde de Verão, sózinhos, um velho adiado com um gato zarôlho nos joelhos, que só se têm um ao outro. Posso tentar ajudar animais, ser vegetariano, como já tentei, mas nunca ultrapassarei esta dor que me há-de acompanhar até ao fim da vida. E que Deus e vós me perdôem…

Assim é o mesmo com as pessoas que entram nos vários corredores da morte, sejam da Existência ou da História, sabendo-se culpados ou desconhecendo-o completamente. Vão para o corredor da morte como quem se mete numa escada rolante. Lembra-me dum casal de dois velhitos chineses, agarrados um ao outro, rindo um pouco envergonhados a tentarem meter o pé numa escada dessas e a retirarem-no várias vezes, sem conseguirem.

Descubro então que a única defesa para não cometer mais crimes, estejam eles ou não inscritos nos meus genes, é a de ter saudades e amar toda a abjecção duma vida falhada, obscura, disléxica e até anedótica se não fosse tão torta. Tenho a certeza que uma vida assim, me fará suspirar, quando vier o tropêço final, a brisazita de não fazer grandes disparates. Posso até somar os deveres de todas as religiões, tentar loucamente cumpri-los, perder a razão na penitência de pecados imaginários, fazer até tropeçar o pé esquerdo no pé direito que tropeçara antes, julgando sem saber bem que até pus o diabo tôlo.

Mas quantas pessoas por esse Mundo fora, apagadas e de quem já o vento se esqueceu, são a vitória definitiva contra todos os tortos e disparates que não chegámos a cometer ? E saber que essas pessoas rodam com o silêncio da Terra pelo Universo, pelos séculos dos séculos, adormecidos na colcha luminosa do Tempo, serena enfim meu coração.

Ah, enganei-me na tecla. Que bom chegar ao fim e tropeçar mais uma vez…

12.9.06

The widening Atlantic, Financial Times


Every year the annual “Transatlantic Trends” opinion survey provides a fascinating, if often alarming, insight into the state of transatlantic relations. The latest report, organised by the German Marshall Fund, has just been released. It deserves particular attention given the impending fifth anniversary of 9/11. It will not make for happy reading in Washington. But it is unlikely to cheer up the leaders of Iran either – there is surprisingly strong European support for the idea of military strikes against Iranian nuclear facilities.

The big picture is that European sympathy for the United States and support for US global leadership fell precipitately in the wake of the invasion of Iraq – and is still in the doldrums. In 2002, 64 per cent of Europeans saw American leadership in world affairs as “desirable”; by 2004 that had fallen to 36 per cent, and this year the figure is 37 per cent. Mention George W.Bush explicitly and approval ratings fall even further. Just 18 per cent of Europeans approve of his handling of world affairs.

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Behind the big picture there is a wealth of fascinating detail. There are four points that strike me as particularly interesting:

1) The sharpest decline in support for America has come in the most traditionally Atlanticist countries such as the Netherlands, Britain and Portugal. At a popular level, the traditional distinction between the pro-American British and the anti-American French no longer really holds. A chart of “Who supports the US most” shows the Romanians as the most pro-American country polled and the Turks as easily the most anti-American. The UK and France are grouped next to each other in the middle, with the British only marginally more supportive than the French.

2) Perhaps the most surprising and counter-intuitive trend is that all this European suspicion of American global leadership will not necessarily translate into opposition to military strikes on Iranian nuclear facilities. Both Americans and Europeans regards military strikes as the worst option available. But on both sides of the Atlantic, lots of people are prepared to contemplate military strikes as a last resort, “if diplomacy fails”: 53 per cent of Americans support military action under those circumstances, as do 45 per cent of Europeans. The French are actually marginally more bellicose than the Americans: 54 per cent of French people would support military strikes as a last resort.

3) Something strange and disturbing is happening in Turkey. For the first time ever less than 50 per cent of Turks (44 per cent to be precise) are prepared to accept the idea that “Nato is still essential”. Turkish support for joining the EU is still above 50 per cent - but only just. It stands at 54 per cent compared with 73 per cent two years ago. And Turks are dramatically out of sympathy with America. Asked to rate their feelings for other nations and groups of people out of 100, the most popular group are the Palestinians (47), followed by the EU (45), Germany (44) and Iran (43). America is down at 20, beaten in the unpopularity stakes only by Israel on 12.

4) Finally, although anti-Americanism in Europe is often dismissed as an elite phenomenon, a separate “European elites survey” suggests that exactly the opposite is true. GMF polled a large group of members of the European parliament and officials working for the European Commission. They found that 73 per cent of parliamentarians and 75 per cent of Commission officials were prepared to say that US leadership is “somewhat desirable”, compared with less than 40 per cent of the general public. Mind you, only one out of 50 Commission officials polled had a positive view of George W. Bush. Presumably that individual will now have to be found and sacked.

10.9.06

Ler Marx em Setembro, por André Bandeira


Porquê ler Marx? Agora, por Humanidade, a qual sobrevive sempre aos cataclismos ideológicos. E porque a sua voz dogmática, metálica, o seu desprezo pelos patuscos, burgueses ou revolucionários, sobrevive decerto ao marxismo.
É curioso recordar uma hipnose feita de corridas e aventuras, algum sexo, muita demagogia e irresponsabilidade e uma demorada orgia de Poder. Isso do materialismo histórico e do materialismo dialético estão sempre vivos, não é qualquer um que volta agora atrás a uma fase que se já passou, nestes ricorsi de Vico, ao tempo dos heróis de teatro. Biólogos e Físicos, nos EUA são todos marxianos, mesmo sem serem marxistas. O mais brilhante teórico de Relações Internacionais de hoje em dia, o norte-americano Wallerstein, é marxista. Só os economistas não são, porque esses estão a investir na Bolsa e são suficientemente discretos ou mentirosos a respeito do que sabem, para não irem para a cadeia. Aliás, o Mundo ficou marxista. Está todo socializado, cheio de oportunidades de prazer para as seduções e fumo de charuto de novos Marx. Marx seria o primeiro a aprovar o bombardeamento de Teerão. Deixem-se de doutrinas porque Marx por ele mesmo, como nos deu o receoso Raymond Aron ou descontrolado Louis Althusser, estão bem vivos nos estilos de Richard Branson da Virgin ou outros empresários de sucesso, que vivem como as plantas sensitivas, ao foco da Televisão. Felizmente que os primitivos russos e os chineses já se deixaram de interromper o processo deste carril de História que nem nos deixa piar. A doce transição para o socialismo está aí a ser feita pelos melhores individualismos e efeitos virtuais do Ocidente, senão mesmo pelos soldados americanos no Médio-Oriente, com as suas modas liberais, pragmáticas e despachadas, como a pilula ou a meia de nylon. Marx, no fundo, ao contrário do incestuoso maluco Bakunine, queria um Partido de fato e gravata, dentro da Lei. Detestava a Comuna de Paris e, por isso, talvez Brasillach e Rebatet, que eram fascistas, homenageavam regularmente o muro dos federados onde os operários e miseráveis de Paris morreram de peito aberto às balas, gritando frases de raiva variadas e incompreeensíveis. Marx é rebelde, inteligente, sedutor, não perdoa, tem muito de mediterrânico. O amor que sempre demostrou pela própria família revela um homem quente e bem vivo. É até digno de pena, a pena que ele não teve senão pelo Proletário ideal que o levaria ao estrelato, tão certo, como uma fórmula matemática, que só existia na sua cabeça e no coração vingador de Lenine, o qual tivera um nobilíssimo irmão. Há um Santo Marx, como ele gozou com o "Santo Bruno Bauer" e o "Santo Max Stirner"? Há sim. O Santo do Espírito de Hegel que sempre me fez desconfiar do erotismo balzaquiano das sessões de espiritismo. Tudo o que é real é o nosso espírito, as nossas teorias, as nossa verborreias de café e de engates galantes, os nossos ismos construídos em bibliotecas. Um espírito sempre a correr, necessáriamente para cima, como se a realidade fosse apenas uma anti-matéria impertinente da Razão. Este Santo é um Santo do Mal, com a foice do genocidio ou o cordel da guilhotina, na mão.
Realmente eram melhores, em vez do trocismo e do sectarismo de Marx, da sua vaidade e da sua irresponsabilidade, os revolucionários genuínos, pobres ou ricos, como Émil Henri ou Ravachol, que viveram a sua tragédia pessoal até ao fim, seguindo a sua consciência. Esses teriam lugar no perdão dos que foram sedentos de Justiça e não, como Marx, que, apesar do seu apurado sentido de Justiça, tinha era ambição de honrarias. Felizmente que o seu amor pela família, bem pouco eficaz, o salvou, no coração, antes de morrer. Morrer por ser incapaz de viver sem a mulher e a sua filha, ambas de nome Jenny ou ter um amigo como Engels até ao fim, não sei se todos teremos essa consolação.

5.9.06

News of the World, by Globetrotter


The poor Irwin died. But his death was registered in video, as most of his life. He was a good, benevolent ape-man, who decided to climb back the genealogical tree of other erect apes and try to live in harmony with Nature. His legacy remains, as the snapshot of his sincere, childish face, tenderly rubbing a baby crocodile, does. Australians are some of those outcasts from the western world, who were unfortunate and fortunate enough to sleep tight in Nature’s arms. They got a little bit of kangaroo, ostrich and of crocodile; they found their identity in a Continent where Nature managed to stay in a closed circuit for many years of the historic era. In the meantime, another ailing ape-man says that the worst is already gone, but not for his ailing people. Hunger and humiliation may justify shooting but never a State, except in a rough mind, could justify the death of a single man. And this ailing Fidel, now, flows in the cheering and tears he didn’t shed for the lonely losers he pushed to the execution wall, at desolate dawns. We should do everything we can to get him a nice wheel-chair and a nice sailing to a peaceful port of exile: he’s about to fight his worst battle, the one we all have to fight alone. There will be no chaos, after his departure and, at least, this rough and heartless ruler would be absorbed by the Past, which is a generous kingdom. Guenther Grass should be laughing at life. What an actor he was, how vivid, almost real he played! Will he find courage enough to say something in front of a mirror that doesn’t shed a second image, the one of Faust? I know the world is cynical but should the cynical go on receiving Nobel Prizes? They say that only mediocrity sticks to coherence, but he has been always coherent, a coherent liar. The Taliban are fighting back. They do not want to be free. They want to be themselves. Nobody wants to be free before being himself. In Israel everything is in turmoil. There are suspicions that the President himself and the Minister of Justice have raped or harassed someone. But P.M. Olmert justified the track of war because people were losing the pleasure of life, out of Hezbollah’s rockets. I guess there are many more reasons for the Israelis, who have the sacred right to live and exist where they deserved to be, for being depressed. And clap your hands, clap your hands! The British, French, Italian and German soldiers who have been summarily executed in the end of the First World War, on grounds of cowardice, have been finally rehabilitated. The news was discreet but the lesson stays. Some rebelled but these ones suffered alone in a living hell. May we finally hold their livid and desolate hands. Notorious women are running for Presidents. Behind a Great woman, there is always a cupid man.

3.9.06

Aphorisms at the end of Summer, by André Bandeira



1 - The sight of Beauty may cause some hormonal expectations which lead to the rejection and repugnance of ugliness. That's why ugly people do not bring with them, the so-called luck. They cut short, at sight, a certain degree of satisfaction which comes before fruition.

2 - The murder of God caused a creeping void. Now, that everybody is shouting and evoking God, we became colloquial with Him and we even deduce many deities from the word. That's why some Sun freaks take the Sea for a god. The Sea is unaccountably old, constant, and big. That's a god...

3 - Sensualism is very strong. We even call it Intuition.

4 - Between the world of facts and the one of words, we don't really need a cover-code, but we do need an intermediate code. We need a translator, not a dictionary. There is an ocean of complexity in between, we are part of it, every step of the way.

5 - The Ethics of Responsibility goes round in circles, even when it sums up the complexity of causes and consequences. At a certain point it spreads as the ondulatory concentric circles on the surface of a pond, which has been splashed by a stone. Every ethics becomes incorporated, embedded within facts. That's why the surface of the pond becomes quiet again. The one to change, that's the way we see it, not the pond.

6 - Identifying Reality by means of dividing it into things, certainly breaks the ungraspable flux of the mind. But this flux has made a thing out of us, long before we were tired of riding it.

7 - The feeling of Guilt, as any other Attribute, doesn't require a case to be there, in order to make itself conspicuous. There wouldn't be really anything without attribution. But the feeling of Guilt, in abstract, is just a Symbol of the wish for happinness, in rough times. In darkness, a diamond feels like a stone.

8 - Pan-sexuality, as they call it now, will be soon expanded to children. It has to do with the relentelessness of an unfulfilled desire. Is it possible to live unsatisfied, just for the sake of Beauty? Yes, it is. Because Desire is Life kicking inside our veins and more important than the statue of Venus, that's the Sunlight which sets it on.

9 - "Let's have lunch together", says a businessman to the the other, on the phone. Regular meals should be avoided by people who love and have to behave as urban guerrillas to go on loving.

10 - Masculine, that's the nature of willing. Fulfilment is feminine. Half of the world is waiting for the willing of the other half, to manifest. But Will doesn't come up for the sake of fulfilment.

12 - In the current state of affairs, where some master is manipulating pendulums and procedures to tame and lead any kind of awareness, it is good to have a constant point of view, even if it is the wrong one.

13 - Decision doesn't mean mastering the world. As a matter of fact, the one who decides, proceeds to the ablation of a part of the world. And he stays aside. That's why decision is not from this world, and requires a world beyond this one, which is never proven and which doesn't make part of the decision. Is it only a fiction? No. It is pure imagination. But without imagination we would never be able to decide and make our own, human world. Furthermore, we make it human precisely because it is not decided and made, neither in the same state of mind, nor in the same wave length of the world. When some say that deciding the wrong way is better that not taking a decision at all, they are not sating on the content of the decision, they are saving the face of humans, who have no ultimate reason for their actions. Humans are just essentially insufficient and decision only means the reconcilitiation with this insufficiency.