15.9.06

Umas Mulheres ideais, por André Bandeira


Morreu Oriana Fallaci, morreu Susan Sontag. As mulheres de Pereira, uma cidade na Colômbia, decidiram usar o seu "direito ao próprio corpo" e não dormirem com os seus maridos ou amigos quadrilheiros, enquanto estes não renunciarem às armas. Nem Oriana Fallaci se reconciliará com a Humanidade, nem Susan Sontag venceu a sua batalha final contra a doença , nem as mulheres de Pereira poderão vencer eternamente os seus "padilleros", nem saber se eles usam armas ou não, quando mais um cadáver dos que aparecem em Pereira, diáriamente, aparecer outra vez, depois de uma breve interrupção.
Muitos gatos aparecerão mortos, só por desporto, em Pereira e em outros lugares. André Glucksmann lembrou em "O Poder da Vertigem", há muito, que Freud dizia uns se dizem pacifistas porque se sabem violentos e outros seguem a violência porque procuram a paz.
A Paz é uma chatice e o corpo dá-se a batalhas massivas por cada hora que passa.
Contudo... que fique este sinal de paradoxo, esta interrogação em sorriso de Mona Lisa e que faz essas mulheres pobres de Pereira, menos produzidas que as Venezuelanas e menos castiças que as cubanas provarem o seguinte: pode-se não ser tudo e viver com um pouco menos, só por honra ao firmamento estrelado e uma noite tranquila.
E assim o nosso nada se acrescenta ao sorriso de Deus.

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