29.1.06

Visconde de Santarém, -17 Janeiro

Comemoro aniversário duplamente atrasado, no dia de calendário e no ano. A 17 de Janeiro de 2005, cumpriram-se 150 anos da morte do 2º Visconde de Santarém. 18 de Novembro de 1791. f: 17 de Janeiro de 1855.
Historiador e estadista, foi o cultor da cartografia, criando o termo numa carta de 8 de Dezembro de 1839, de Paris, ao historiador brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen. Acompanhou com 16 anos o Príncipe Regente na viagem para o Brasil de 1807-08 e deixou uma das melhores biografias do rei. Ao contrário da lenda negra que o dava com "frangos nos bolsos" e repimpado a ouvir canto-chão" D. João era um hábil governante de cujo inventário de meios constava o fazer-se passar por estúpido. Quando o 2º Visconde de Santarém reproduz a frase que escutou ao rei, a bordo da nau, à partida de Lisboa "Preferia morrer naufragado que deixar-me capturar por Napoleão", vemos o quem era o Bragança. E após a chegada ao Brasil repetia "eu não emigrei; transferi minha Corte de uma parte do meu reino para outra" pelo que percebemos o alcance desse acto.
Após 1820 foi um dos poucos apoiantes cultos da orientação política de D. Miguel, juntamente com Ribeiro Saraiva e Acúrsio das Neves. Ministro dos Negócios Estrangeiros de D. Miguel, era favorável a um entendimento com os liberais, mas foi demitido por D. Miguel para, meses depois, ser despedido de Guardião da Torre do Tombo pelos liberais triunfantes. Exilou-se em Paris e aí viveu até à morte, trabalhando sempre na história portuguesa, fazendo estudos para sustentar e apoiar a Política Ultramarina dos Governos Liberais, frequentemente a pedido destes. Em 1842, o governo aproveitou o seu talento e para o encarregar de publicar uma das suas obras principais, o “Quadro elementar das relações políticas e diplomáticas em Portugal com as diversas potências do mundo”. Em 1855 escreve “Demonstração dos direitos que tem a corôa de Portugal sobre os territorios situados na costa Occidental d'Africa, entre o 5.º grau e 12 minutos e o 8.º de latitude meridional. Sá da Bandeira pediu-lhe que regressasse a Portugal; nunca o fez. António Sardinha, no auge do Integralismo Lusitano, prefaciou-lhe as “ Memoria para a historia e theoria das Côrtes geraes, que em Portugal se celebraram pelos tres estados do reino; ordenadas e compostas no anno de 1824, Parte I, Lisboa, 1827; Parte II, 1828

3 comments:

Je maintiendrai said...

Oportuno. Já agora poderia sistematizar a questão da defesa dos direitos históricos, e épica operação em conjunto com o Conde de Lavradio em Londres destinada a sustentar a questão de Macau. Veja-se AV Saldanha, "A Memoria sobre o Estabelecimento dos Portugueses em Macau do Visconde de Santarem", IPOR, 1995

mch said...

CAro Maneo, mansi, mansum:
Bem, ajude-me! Não conheço o episódio.
Obrigado. mendo Henriques

Je maintiendrai said...

Apenas uma nota modesta a acrescentar ao seu muito oportuno post: na obra citada (talvez a ultima dedicada ao VS) recordo-me que ha uma boa sistematizacao das repetidas intervencoes em prol dos direitos historicos. O caso dos direitos portugueses em Macau e uma situacao ai esquadrinhada com copia de elementos ineditos.
Vale!