6.2.11
LXVI (Re)leituras -- Chico Xavier, mandato de Amor, da União Espírita Brasileira, por André Bandeira
Esta edição comemorativa do grande personagem da cultura e da espiritualidade brasileiras, em Minas Gerais, Chico Xavier, vem confirmar no fundo aquilo que o recente filme, protagonizado por Nelson Xavier, nos tinha mostrado. Chico Xavier, concordemos ou não com os seus pressupostos kardecistas, de Espiritismo cristão, revela-se um personagem fascinante e tranquilizador, neste mundo um pouco agitado. Para quem não o conhece em Portugal, Chico Xavier foi um um Espírita do interior de Minas Gerais, responsável pela escrita de cerca de 400 livros, que obtiveram edições em todo o mundo, em 40 milhões de exemplares, entre novelas, ensaios e poemas, constituindo, por isso, um caso inédito na História da Literatura. Chico Xavier recusou quaisquer direitos de autor deste fenómeno editorial, dando-os sempre para a sua obra espírita e viveu modestamente toda a sua vida, porque considerava que o que escreviA era ditado pelos Espíritos, nomeadamente de Escritores famosos e, portanto, nada lhe pertencia. Ainda não examinei a sua obra, mas estou muito curioso sobre aquilo que lhe foi inspirado por Antero de Quental. Não discuto os pressupostos de Chico Xavier, personagem de quem basta contemplar as fotografias, para perceber que era um homem com uma alma muito boa. Porém, Chico Xavier representa também algo de maravilhoso: uma Cultura lusitana universal que não teve provavelmente os instrumentos da arrogânica partilhados por outras, para se impôr, mas que viveu nas pessoas humildes e profundamente sensíveis, como uma sementeira de enormes abundâncias, as quais explicam como é que um território de fundo da Europa, com recursos muito limitados, criou um império de espiritualidade tão vasto. E lembro que um índice recente fazia dos Portugueses as pessoas menos detestadas no Mundo, onde perderam o lugar para...os brasileiros. E não resisto a contar uma cena verídica do filme biográfico deste vulto maior da espiritualidade brasileira, para a contar aos Portugueses de Portugal europeu: quando era homenzinho, o padrinho que o recebera duma vida miserável e cheia de sofrimentos, resolveu levá-lo a uma dessas «Casas fechadas», para ser iniciado. Enquanto o padrinho, cliente habitual, falava com a madame e, depois de ter sido atribuída a Chico Xavier, uma jovem profissional bem atraente, um silêncio enorme foi-se impondo da sala ao lado. E depois, um rumor. Antes de ser expulso para sempre, o padrinho e a Madame foram ver o que se passava e viram Chico Xavier, de mãos dadas com todas as prostitutas que ali trabalhavam, de joelhos, em roda, rezando a Avé Maria. E pronto.
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