20.11.06

Bem vindos à Globália, por Rui Matos


GLOBÁLIA - é uma fábula visionária sobre a globalização da autoria de Jean-Christophe Rufin. O autor traça um retrato do presente através da sua projecção no futuro, e é isso que faz de Globália uma história de aventuras que continua a tradição de grandes romances de antecipação tipo Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley ou de 1984 de George Orwell. Mas sem o seu fulgor e mestria, é claro. Nessa linha, aproveitámos o título e nada melhor do que o 10 de Junho para, sob a égide do grande Luís Vaz de Camões - promover aqui textos, reflexões, críticas e outros citrinos relacionados com valores que nos são caros: Liberdade, Segurança e Prosperidade. Porventura, os três valores mais importantes da contemporaneidade e, também, os mais difíceis de realizar no interior das sociedades, já para não falar no sistema internacional, onde nunca reinou lei nem roque.
Aqui, como no romance, todos somos do mesmo Estado: a Globália; todos falamos a mesma língua, o anglo-global e só a limitação da realização daquela troika de valores (Liberdade, Segurança e Prosperidade) pode restringir a nossa actuação. Este é um espaço do "fora" e do "dentro", da razão e da emoção, a recortar os caminhos da reflexão e da intervenção crítica e cívica na blogosfera. Mais um espaço transversal - sem fronteiras...
Neste tempo futuro em que se situa a Globália, haverá espaço para o romance?

Há um lugar central. A defesa da leitura e em particular da ficção é qualquer coisa de essencial, porque é o único verdadeiro acesso individual à expressão. A única liberdade directa é escrever. A possibilidade de escrever, de escrever histórias, é verdadeiramente uma liberdade individual. O cinema já não é assim. Depende do meio, o controlo político, social. O livro é o último meio revolucionário ao alcance de todos.

Em português com sotaque do Brasil, o escritor francês confessou sentir-se um aluno em vésperas das férias grandes. Entre as Maurícias e Lisboa, com uma paragem em Paris, chega ao fim de um mês de viagens de avião. É tempo de voltar ao novo romance, cuja escrita foi interrompida há três anos, quando assumiu a presidência da ONG Action Contre la Faim (RUI MATOS)

1 comment:

Anonymous said...

impoirtante isto do anti-globalismo esperto