10.2.11

LXX - (Re)leituras -- Tiradentes, de Oilian José, por André Bandeira

Eis aqui um livro de uma grande autor, mineiro, sobre um grande Homem, universal. O autor completou ontem 90 anos de idade, sendo o Decano da Academia mineira de Letras, na sede da qual foi devidamente homenageado. Pois hoje homenageio-o eu, como leitor desta obra sintética e completa sobre o mártir da independência brasileira e talvez um dos primeiros portugueses de um Portugal universal. Pena é que, para ler o livro com calma, ele me tivesse sido emprestado pelo próprio autor, pois já não se encontra, nem em Alfarrabista. O livro foca sobre a biografia e o itinerário de Joaquim José da Silva Xavier, cognominado o «Tiradentes» e -- para os portugueses que não conhecem a multifacetada História do Brasil -- ele foi o único executado da primeira grande revolta secessionista contra Lisboa, em 1789, a Inconfidência mineira, com centro em Ouro Preto. O que torna o livro do Professor Oilian José diferente dos outros, sobre o mesmo tema, é aquilo que o Tiradentes tinha de pessoa do seu Tempo: a criatividade e o idealismo. Dos seus ideais, na forma como se comportou durante o julgamento e interrogatórios preliminares, Tiradentes não reage como um herói de romance. Ele reage como um mártir cristão, cumprindo o que jurara, não denunciando absolutamente ninguém e assumindo a culpa sobre si, ao ponto de ir cumprimentar os outros réus quando todos, excepto ele, na manhã seguinte a serem condenados à morte, foram absolvidos. Tiradentes não era provavelmente o líder da revolta (se esta questão estava já definida pelos inconfidentes), onde nomes como Tomás António Gonzaga, ou Cláudio Manuel da Costa, pelo lado civil, e Freire de Andrade, pelo lado militar, se encontravam muito acima dele em prestígio e experiência. Há um ideal de cristianismo redentor na conduta do Tiradentes, bem expressa no símbolo triangular da Inconfidência Mineira, que representa a Santíssima Trindade, sobre fundo branco, a cor dos que reinvindicavam a Legitimidade, em sua época. Uma outra coisa interessante é averiguar, em História das Ideias, que ideia de Res Publica aquela gente procurava, uma ideia que, por exemplo, na Europa do Séc. XIX, era comum a Presidentes como Abraham Lincoln, ou Soberanos como a Rainha Vitória. E, nesse aspecto, estou em crer, que um homem multifacetado como foi Joaquim José da Silva Xavier, o qual idealizou o moderno sistema de distribuição de água do Rio de Janeiro, tem algo mais interessante a dizer que essa alma nobre e antiga, a de Tomás António Gonzaga.

3 comments:

Anonymous said...

Informatinormalização, do tu-lá-dá-cá.

Luc

marcos said...

Para quem leva a série a História de Minas Gerais,é aconselhável comprar os livros do historiador Oiliam José,principalmente a edição:"A Propaganda Republicana em Minas",editado em 1960.Estou a procura do livro:A Abolição em Minas,do mesmo autor.Fico feliz de saber que ele ainda vive,será que ele mora na grande BH?.

marcos said...

Para quem leva a série a História de Minas Gerais,é aconselhável comprar os livros do historiador Oiliam José,principalmente a edição:"A Propaganda Republicana em Minas",editado em 1960.Estou a procura do livro:A Abolição em Minas,do mesmo autor.Fico feliz de saber que ele ainda vive,será que ele mora na grande BH?.